segunda-feira, outubro 21, 2019

CATALUNHA: INDEPENDÊNCIA OU...


Os povos das "Colónias" do mundo rico revoltaram-se e lutaram pela independência e liberdade por serem pobres, explorados, viverem na miséria permanente e rejeitarem assim continuar.
A Catalunha revolta-se e luta pela independência por ser rica, a mais rica do país a que pertence e assim continuar querer sendo e rejeitarem ser contributo liquido para os mais pobres da sua comunidade de povos.
Trata-se de lutas separatistas por causas opostas; uns porque são os mais pobres e outros porque são os mais ricos.
A História da humanidade está repleta desta dialéctica dos opostos que foram causas de grandes confrontos, revoluções e guerras brutais que o tempo apaziguou mas nunca apagou da história própria desses países nem da memória desses povos.
Do lado da trincheira de cada povo contam-se e erguem-se estátuas aos heróis desses confrontos, enquanto se consideram terroristas ou contra-revolucionários os heróis do lado oposto dessa trincheira. E destas memórias inscritas na pedra ou letra de forma no papel, de cada lado, se constroem as tradições e identidades comuns dos povos que unem os indivíduos e os tornam cidadãos que dão coesão aos Estados. 
A luta separatista apoia-se sempre em ideais de liberdade, independência e democracia política mas será mesmo assim ou os ideais proclamados são, em muitos casos, para esconder o desejo de poder e ganância de elites oportunistas.
As antigas colónias exploradas pelos seus donos imperiais revoltaram-se por uma boa razão social e moral, contudo, ainda mal libertadas do colonialismo e independentes já lutavam contra as elites locais que se apoderaram do poder e o usaram em proveito próprio. 
A história destas independências fazem-nos crer que a luta catalã, para mais, promovida e comandada por uma alta burguesia local terá um destino de futuras lutas internas porque a independência, de per si, não só não apaga a dialéctica social entre ricos e pobres como, neste caso, tem tudo para agravá-la. Porque, neste caso, a independência terá como motivo fundacional o mau augúrio social de recusa de solidariedade com os mais pobres da sua comunidade de povos peninsulares. Povos companheiros do mesmo mercado comercial de trocas sem barreiras durante séculos que, certamente, contribuíram para a riqueza e grandeza catalã para além de, provavelmente, terem sido protegidos pelo poder central dado o maior peso reivindicativo que foram adquirindo.
Se não estão para ser solidários com os seus povos-irmãos companheiros sócio-comerciais de séculos como estarão futuramente dispostos a ser solidários internamente entre a classes sociais em oposição, uma senhora de quase tudo e outra senhora de quase nada? 
Os ideais puros de independência e liberdade gritados por multidões nas ruas e praças de uma comunidade fazem parecer e iludem o povo de que obtidos esses objectivos depois virá a igualdade e solidariedade para todos sem exclusões e o leite e o mel correrá pelas mesas de todos igualmente; emoções fortes são muros mentais que se opõem à corrente livre dos pensamentos claros, racionais.
A Espanha perderá grandeza e a Catalunha ganhará pequenez no concerto global e hegemónico das actuais grandes nações imperiais.    
E o povo raso catalão, passada a euforia da independência nacional, acordará um dia a perguntar a si mesmo; afinal para que serviu a nossa luta!

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