sábado, março 28, 2020

O VÍRUS QUE INVADIU O MUNDO PARA GLÓRIA DA CHINA.

Muito mundo bem pensante como muito povo do mundo normal e vulgar parece ter-se virado a olhar a China como o país herói que numa penada venceu o vírus que ataca o planeta.
Uns fazem contas ao número de mortos, infectados, curados num lado e outro, China e UE, e obtêm resultados exaltantes e exultam com a vantagem do país do oriente contra os velhos países da Europa.
Outros olharam o modo e rapidez do ataque ao vírus, sua contenção e vitória imediata já garantida, e viram tal ataque em defesa do povo pelas pessoas, apenas e só, como seres humanos sem mais.   
Outros ainda, o pessoal normal e vulgar,  basta-lhes o modo e rapidez do ataque eficaz para suster e acabar com o maldito vírus e salvar o povo para, sem mais, concluírem pela superioridade do regime chinês pujante e decidido contra a Europa velha, tonta e decadente.
Com esta visão indirecta, superficial e simplista acerca do relato oficial sem contraditório acerca dos acontecimentos, directa ou indirectamente, objectiva ou subjectivamente, todos estão fazendo propaganda da bondade e eficácia social do regime totalitário chinês em contraponto com o capitalismo da UE que, dizem, por motivos económicos tolhe, complica e torna ineficaz qualquer combate contra factos desta grandeza.
Mas vejamos o fundamento dos argumentos dos três grupos de apologistas pró-China.
O grupo dos "contabilistas" que fazem contas comparativas sobre infectados, tratados e mortos que trabalham com números oficiais. Certamente os dados estarão certos suficientemente mas serão mesmo os reais de qualquer dos lados para além da dúvida que subsiste sempre acerca dos números oficiais de qualquer regime totalitário? Os métodos de contagem são idênticos ou permitem comparar coisas diferentes? Tudo está já controlado e acabado e não há mais focos de transmissão a partir da origem do vírus? O vírus chegou e contaminou rapidamente e em força a Europa a partir da China e não chegou a mais nenhuma região chinesa fora de Wuhan? E na vizinha Coreia do Norte nem um cheiro de vírus existe?
De qualquer modo concedo que o regime chinês, quando viu a porca a torcer o rabo, foi decidido e eficaz e até admito que os números sejam favoráveis ao regime chinês.
O grupo dos "humanistas" que defendem que o regime chinês actuou como actuou apenas em favor da salvação das pessoas independentemente da economia, ao contrário da UE que coloca a economia à frente das pessoas esses não têm argumento mas uma vontade de crer, uma fé. Tal ideia advém da vontade de querer ignorar que no regime chinês vigora o mais puro e duro capitalismo da actualidade; um capitalismo forçado e regulado visando antes de tudo a produção em massa, essa mesmo, que em poucos anos transformou a China na "fábrica do mundo" puxada pela força de trabalho de homens mulheres e crianças sem horários nem regalias sociais.
Neste contexto e modo de ser fábrica do mundo a actuação, "rapidamente e em força", imposta ditatorialmente pelo regime só pode ser vista ao contrário do que pensam tais humanistas; a imposição de um combate feroz ao vírus teve como motivação determinante, precisamente, a economia pois as máquinas das fábricas não funcionam sem homens ao comando logo, como no capitalismo à americana, "the show must go on". Aliás é da lógica da concorrência capitalista quer dos USA quer Chinês ou da UE, que a produção e exportação de bens são o leitmotive do crescimento e riqueza das nações e, ser "fábrica do mundo" necessita muita mão de obra e não de doentes em casa logo a "cura já" foi o tema geral imediato e único.
A actualidade da resposta imediata de ajudas e vendas maciças de material médico ao mundo é a prova de que a "fabrica" funciona na perfeição segundo o planeamento.
Quanto ao pessoal comum "normalizado" limita-se a ouvir e traduzir mal a opinião das tv e das redes sociais de mass-média. Ouve dizer que a China "acabou" com o vírus em "três tempos" e imediatamente capta tal mensagem porque é esse o seu grande desejo perante o grande medo que sente face à pandemia.

Provavelmente, dado este "teste" prático protagonizado pela China e valorizado pela opinião pública mundial e face ao descalabro dos USA e desconcerto da UE, a China rapidamente poderá ascender à categoria de nova primeira potência mundial e consequentemente surgir como o novo imperialismo hegemónico. Contudo tal imperialismo será inevitavelmente sob a forma de um capitalismo ainda mais tecnicamente planificado e socialmente mais imposto, vigiado, interdito à iniciativa individual e à liberdade.
Todos os impérios, sucessivamente, foram sendo sempre uma tentativa de mudança para melhor e na realidade a vida dos povos e pessoas melhorou sempre desde o império persa, depois o grego, o romano, o europeu, o URSS e o USA actualmente: então a esperança é de que o novo império planetário continue essa senda.    

Estaremos de volta aos tempos contraditórios pós revolução Russa de Outubro?
Espantosa contradição é o facto de serem, os que daqui exaltam o plano de combate imposto sob rigorosa observância das medidas sanitárias e de interdição de qualquer protesto ou comentário fora das leituras oficiais acerca desse combate ao vírus por parte das autoridades chinesas, afinal os mesmos que por cá, aqui no seu país, mais se dedicam a analisar, comentar, contestar, protestar e mal-dizer em público e em cima de cada medida de acerto tomada diariamente concernente ao plano de combate decidido pelo governo português.
E se alguma autoridade legítima os interpelar gritam aos quatro ventos aqui d' El Rei que estão atacando os seus direitos e garantias individuais invocando sem cessar a liberdade de opinião inscrita na Constituição do Estado de Direito. 

Realmente a liberdade é um valor inato do homem que nasce livre e quer ser livre e como tal é um conceito abstracto, metafísico, do foro ontológico apenas apreendido e compreendido no decurso da nossa existência; quando a temos é da nossa natureza e nem damos por ela, quando não a temos ou a perdemos sentimos a nossa natureza amputada e a consciência fortemente activa na procura dessa parte perdida.

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