sábado, novembro 27, 2021

UM POEMA PARA O MEU ANIVERSÁRIO

 

SEGUNDO UMA LEITURA FEITA ÀS AVESSAS

 Ontem foi dia de anos de aniversário 

 que escrito e lido ao contrário

 seriam, como num jogo de espelhos,

 anos de jovem e não de velhos,

 tempo de ter sonhos e um ideário,

 um rumo, uma meta, ser usofrutuário

 da idade verde e humores vermelhos.

 

 Segundo uma leitura feita às avessas

 teria ainda vida longa e sem pressas,

 feito a guerra além-mar e curso do IIL

 tudo ainda se vivia em dias pré-Abril,

 iniciava a vida activa, uma dessas 

 carreiras técnicas bem expressas 

 no vencimento com odor a sex-appeal.

 

 Numa falsa leitura feita do inverso

 era outro e não um velho em processo

 decadente em vias da inutilidade

 da peste grisalha cuja elevada idade

 rouba futuro aos novos dado o excesso

 pensionista, pelo que seria um sucesso

 eutanaziá-la, segundo quer a maldade.

 

 Mas a vida é um destino sem manuais,

 é um percurso oculto de vias e finais,

 é um indeterminado com término certo,

 é um prazo dado sem longe nem perto,

 uma corrida até não poder correr mais,

 uma luta falhada dos loucos mortais

 tão inútil como pregar à lua no deserto.

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