domingo, dezembro 05, 2021

UM POEMA PARA O MEU ANIVERSÁRIO 2


              SEGUNDO UMA LEITURA DA IDEIA DE VIDA

            Comemorar aniversários é viver mais um ano de vida

            ou retirar mais um ano à vida por viver atribuída?

            É acrescentar vida ao vivido ou ao contrário, é

            retirar quinhão de vida ao total disponível, ou até

            tudo não passe de um falso filosófico paleio

            tal qual como no copo meio vazio ou meio cheio

            indecifrável dependente do nosso desejo, nossa fé,

            nossa labuta diária pela vida numa luta forte e feio.


            Viver é um enigma e tempo de vida idem, idem,

            fazer anos é um bem e uma lástima também.

            Viver é uma criação da natureza, fazer anos

            é um dado civilizacional, criação dos humanos.

            Somar anos é também subtraí-los; aniversários

            são mais uma heráclita harmonia dos contrários, 

            uma soma nula de dá e tira, jogo de enganos

            entre vida e morte de manos gémeos adversários.

 

            Festejar e acumular anos feitos é como a alegria

            tola do drogado guloso quando engole dia a dia

            pó de vida intensa sabendo que cada momento

            desses lhe rouba vida corrente e a cada intento

            lhe encurta os tempos opostos de ser e não ser, 

            ser pó e alma perdida, ser nada de muito querer.

            Querer somar anos é viver rápido como o vento,

            inverso de cuidar da vida e deixar o tempo correr.

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