UM POEMA PARA O MEU ANIVERSÁRIO 2
SEGUNDO UMA LEITURA DA IDEIA DE VIDA
Comemorar aniversários é viver mais um ano de vida
ou retirar mais um ano à vida por viver atribuída?
É acrescentar vida ao vivido ou ao contrário, é
retirar quinhão de vida ao total disponível, ou até
tudo não passe de um falso filosófico paleio
tal qual como no copo meio vazio ou meio cheio
indecifrável dependente do nosso desejo, nossa fé,
nossa labuta diária pela vida numa luta forte e feio.
Viver é um enigma e tempo de vida idem, idem,
fazer anos é um bem e uma lástima também.
Viver é uma criação da natureza, fazer anos
é um dado civilizacional, criação dos humanos.
Somar anos é também subtraí-los; aniversários
são mais uma heráclita harmonia dos contrários,
uma soma nula de dá e tira, jogo de enganos
entre vida e morte de manos gémeos adversários.
Festejar e acumular anos feitos é como a alegria
tola do drogado guloso quando engole dia a dia
pó de vida intensa sabendo que cada momento
desses lhe rouba vida corrente e a cada intento
lhe encurta os tempos opostos de ser e não ser,
ser pó e alma perdida, ser nada de muito querer.
Querer somar anos é viver rápido como o vento,
inverso de cuidar da vida e deixar o tempo correr.
Etiquetas: poema para o meu aniversário 2
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