NOVE DE ABRIL DE 2022; 104 ANOS DEPOIS
Francisco Pedro das Neves
José Pinto Contreiras
António Cebola
Joaquim Alexandre
Manuel Viegas
Joaquim Madeira Grou
Estes são alguns dos combatentes gorjonenses identificados da Grande Guerra 1914 -1918 que estiveram na tristemente célebre batalha de trincheiras na frente de La Lyz na Flandres em França no dia 09 de Abril de 1918, faz hoje, precisamente, cento e quatro anos.
Trincheiras, também tristemente célebres para os portugueses incorporados no comando inglês, pois segundo ouvi da boca do combatente José Pinto Contreiras, a certa altura, devido à falta de regular e normal alimentação, os homens nas trincheiras quando apanhavam um rato gordo chamavam-lhe um "petisco".
O último, identificado pelo seu filho Armando Grou, o Soldado Joaquim Madeira Grou foi feito prisioneiro e esteve num campo de prisioneiros alemão durante 10 meses sem ninguém saber o seu paradeiro, quer as entidades oficiais quer a família.
A sua esposa nos Gorjões, isolada do mundo, nunca teve qualquer notícia ou informação oficial acerca do marido e, pensando que o seu homem havia morrido na batalha de 9 Abril em La Lyz, tomou-se como viúva e andou vestida de preto e a rezar missas durante dez meses até o combatente, dado como desaparecido, lhe bater à porta um dia.
Talvez por ter sido combatente feito prisioneiro e não desertor, como foram a maior parte que debandaram com a fuga dos oficiais face ao bombardeamento contínuo durante vinte e quatro horas dos alemães, o Joaquim Grou recebeu uma indemnização de guerra em dinheiro que, segundo o filho Armando ouviu da boca dos pais, lhe deu para comprar uma pequena parcela de terra chamada "terra da vinha" no caminho de pedras para bestas dito do "Zé Cuco" porque nele morava um habitante com essa alcunha.
Tal sorte não teve o Soldado Combatente José Pedro Pires que, tendo sido gaseado pelo bombardeamento alemão de gases paralisantes e destruidores da mente e memória, completamente despersonalizado e de vida vegetativa, sobreviveu largos anos como uma figura vegetal a quem o povo chamava o "maluquinho" porque passava os dias descalço num vai e vem permanente entre a casa da irmã que o albergava e o lugar do "Alto", sem nunca receber qualquer ajuda oficial, pedir alguma coisa ou dirigir uma única palavra a quem quer que fosse, até morrer.
Etiquetas: 1ª grande guerra e La Lys
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