quarta-feira, junho 08, 2022

GUERRA RÚSSIA - UCRÂNIA 2

A ladainda putinista anti-democrática continua cada vez mais sonante e refinada no intuíto de enganar os mal informados quer pela net, quer pela má leitura ou não leitura da história política, científica e filosófica da civilização, pela propaganda do totalitarismo russo, chinês e outros menores ou, porque ignorantes recentes de repente engoliram acriticamente a ideologia nacionalista identitária dos regimes totalitaristas que os fascinam vendo no seu pensamento redutor único e forte simbologia uma sabedoria que lhes fornece argumentos contestatários que os fazem sentir-se gente com pensamento próprio.

Erradamente, porque constituída à base de falsos argumentos que o ignorante não detecta ou, como no caso do ressentimento dos oportunistas vencidos ou falhados, que foram rejeitados e remetidos ao lixo pela democracia; é exemplar o comentário de um putinista que li num blog onde dizia, acerca dos pulhas empresários milionários ddt na democracia, que todos usavam os Off-Shores para esconder o dinheiro e os negócios escuros e que ele só o poderia fazer se um dia ganhasse o "Euromilhões". Logo, o problema não era a existência de Off-Shores ocultos criados, precisamente, para facilitar negociatas sujas e menos limpas e fugas aos impostos de forma legal mas, sim, o facto de o próprio não poder usufruir dos ditos criativos bancos secretos para fazer o mesmo, isto é, por pura inveja.

 A ladainha usual é uma caricatura dos miúdos que colecionam cromos pois, têm sempre uma acção retirada da história, recente ou não, acerca do Ocidente (leia-se USA, Nato, Europa, Democracias) para a troca com a atual acção de invasão russa tal como os tais miúdos colecionadores fazem com os cromos da bola. Qualquer acção de qualquer tempo histórico e civilizacional serve de argumento para justificar a invasão russa actual; para o putinista nenhum passado prescreve nem a civilização evolui e, como tal, para tal gente até a barbárie dos tempos arcaicos faz parte da actualidade. 

Os mais lidos ou intelectualizados fazem-no de outro modo mais sofisticado, procurando exemplos dos gregos clássicos, da literatura ou filosofia especificamente da marxista ou stalinista neo-revisionista. O exemplo típico deste género é o intelectual Coronel Matos Gomes, uma desagradável surpresa, que vai tirar exemplos enviesados, mal estudados e amanhados dos gregos esquecendo o acto inaugural da aplicação da justiça contra a barbárie que foi o novo tempo iniciado com o panteão olímpico chefiado por Zeus, como está claramente inscrito na peça "Euménides" de Esquilo onde se diz que as "as leis novas vão alterar as antigas"; as novas leis que alteravam a justiça das Erínias que consideravam justa e aplicavam a justiça cega de vingança de sangue pelo sangue ou de Ares que se julgava justo por "matar os que matam", sem mais. Desde então as Erínias foram dadas como Euménides ou Benevolentes por, pela persuasão racional, aceitarem o julgamento pelo povo ordenado como tribunal.

Os novos deuses olímpicos, há já cerca de 3000 anos, terminaram com os julgamentos por vingança de sangue, isto é, aquilo que foi um argumento de Putin e continua um argumento contínuo dos putinistas o qual diz que a Rússia se viu obrigada a uma guerra contra os ucranianos por que estes matavam os russófonos ucranianos e pelos vistos pretendem fazer da bárbara "lei antiga" arcaica das Erínias uma lei actual para recuperar todos os territórios russificados pela antiga URSS. Para já andam a plantar "Républicas Populares" em territórios conquistados a outrem pela guerra, designações de "Estados" com sentido e significado claramente insinuando o regresso à URSS recém caída de podre. Talvez esteja em mente que a grandeza devida ao culto de personalidade do novo Czar seja a criação da "Républica Popular da União Europeia".    

Outra falsidade muito usada, inclusivamente pelo referido Coronel é a de que o Ocidente, leia-se as democracias liberais, querem impor ao mundo um "pensamento único". Ora é nestas Democracias que está instituída a liberdade de opinião e expressão ao contrário dos regimes totalitários onde o que está instituído é o delito de opinião aplicado com tais severidades que vão até à acusação de traidores à pátria com penas tão elevadas como se tratara de assassinos. O facto de Generais, jornalistas, analistas e cientistas políticos, qualquer um académico da guerra ou da política, anónimos das redes sociais, etc. e até o dito Coronel, podem declarar e exercer o seu direito de opinião sem serem molestados por qualquer polícia política ou outra, é a prova real de que, não é possível evitar que haja uma presente e forte opinião pública diversificada,  precisamente, o contrário do que se passa nos regimes totalitários, especialmente no regime putinista e muito mais agora face à guerra que iniciou.

Mais do que uma falácia, é tentar inverter a racionalidade lógica do pensamento, ao afirmarem que é o Ocidente que quer impor ao mundo um pensamento único. Não, o pensamento único é uma condição necessária à implantação interna e sobrevivência do totalitarismo e é uma condição prévia necessária para lançar um guerra de invasão decidida por uns quantos chefes com total desrespeito e desconsideração pela opinião pública dos seus povos. 

Aliás, é o totalitarismo que necessita criar, invariavelmente, um inimigo e até uma guerra para manter o povo sob estado de massa em movimento guerreiro permanente decidido, controlado e apontado ao inimigo, declarado pelo partido único. Nos totalitarismos o estado de guerra é a situação necessária ideal para prender ou liquidar inimigos políticos e manter o povo apavorado de medo por temer ser alvo de delação pelo vizinho por ter opinião diferente, precisamente, do pensamento oficial único.

Ou já se esqueceram da nossa ditadura e do salazarismo!

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