sábado, abril 28, 2007

MARAFAÇÕES XVIII

INDEPENDENTES, ISENTOS E ANJINHOS

Acabado de ver os cinco do "Eixo do Mal" na isenta SIC/EXPRESSO do anjinho Dr. Balsemão, onde três deles são jornalistas e os outros dois jornalistas das Produções Fictícias que trabalham para as televisões e suplemento "Inimigo Público" para o jornal Público do também anjinho Snr. Belmiro, não me contive de beata admiração perante tão imaculada família jornalística. Para aqueles senhores todas as ligações dos políticos, e especialmente os do governo, são duvidosas, perigosas, mafiosas, etc., mas as ligações evidentes das notícias com interesses de negócios dos patrões dos meios de comunicação são apenas produto do dever profissional e obrigação do jornalismo de mãos limpas.
Na vida prática do dia a dia toda a gente que tem emprego sabe que precisa trabalhar de acordo com instruções do patrão para manter e progredir na carreira, contudo no jornalismo querem fazer-nos crer que os empregados agem por conta própria, que são independentes de quem lhes paga, que são isentos perante patrões com simpatias evidentes ou filiação partidária, que os patrões da indústria ou comércio investem milhões em meios de comunicação, às vezes com longo prejuizo de caixa, só para dar trabalho a jornalistas incolores e assépticos como a cal da parede, isto é que os patrões dos media são anjinhos. Até têm o despudor de argumentar com o exemplo de Balsemão, também impoluto jornalista antigo, mas que mandou embora o director Marcelo quando este se meteu a criticar o 1º ministro Balsemão e mais tarde atirou borda fora o Carreira Bom por insubordinação jornalística.
E porquê os tais jornalistas branquinhos dão umas notícias e não outras? Porque investigam ministros, políticos, presidentes de câmaras, altos funcionários, etc., mas nunca investigam os milhentos negócios das empresas proprietárias dos media? Porque certas notícias saltam para a rua em tais momentos e não noutros?
Na tal parede que os jornalistas nos querem impingir branca asséptica, com tinta mais ou menos visível, estão sempre escarrapachadas pinturas murais de cores vivas signaléticas.
Ainda uma palavra para a gozação que os cinco brincalhões fizeram com o vídeo do Busch dançando e mimando em palco com um grupo musical negro num espectáculo que, segundo me apercebi, era de ajuda a uma causa justa. O desgraçado até quando representa honestamente a sua pobre humanidade e mostra que é feito da mesma massa vulgar que todos os homens normais, é motivo de grande chacota pela pequenez rasteira.

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