sexta-feira, janeiro 04, 2008

A CIDADE E O CAMPO


Em Lisboa

Então filha, tens o jantar quase pronto? Ainda não, estou preparando o que a empregada deixou meio feito, vou pôr ao lume e tu vai com a milú à rua para fazer cocó e xixi enquanto acabo isto. Já vim mais cedo por isso mesmo, até a rececpcionista me perguntou, então Snr. Dr. hoje sai mais cedo, ao que me desculpei que tinha um serviço particular importante a fazer. E vou já, olha onde estão os guardanapos para apanhar o cocó do passeio?

Então filho, a milú fez alguma coisa, parece que ela anda adoentada, ainda um dia destes tens de tirar um dia para ir ao veterinário com ela. Sim parece que não está bem, faz força, faz força e não sai nada. Bem, então pensa nisso que eu não posso, esta semana tenho de preparar a lição da faculdade, fazer o trabalho do mestrado e ir ao cabeleireiro para o fim de semana. É verdade, olha já me esquecia, mas este fim de semana vamos lá abaixo ver o meu velhote, está só e pediu para ir vê-lo. A propósito, também temos de resolver de vez o caso do teu pai, o melhor é pô-lo num lar de acordo com o rendimento dele.


No Campo

Pai, o pai já não consegue governar-se sozinho, se lhe acontece qualquer coisa e os vizinhos não dão por isso morre abandonado, o melhor é ir para um lar uma vez que a gente não tem vida para o ter em Lisboa. Filho, trazes um cão ao colo e a mim queres pôr-me num lar? Pai, tenho a milú ao colo, senão o cão grande do pai, o carocho, mata-a com uma dentada. Ora aí está uma boa idéia, solta essa pulga cabeluda que eu prefiro ser milú na tua casa.