quinta-feira, março 20, 2008

MARAFAÇÕES XLVII

APAGÃO
Passar uns dias fora do país sem jornais, rádio, tv, ou qualquer mediática informação do nosso rectângulo bicudo, para quem é viciado em estar diáriamente atento aos acontecimentos politico-económico-sociais correntes, é como de repente ficar às escuras quando se abre um jornal, ou falta "a luz" a um adepto prenho de clubite quando está a ver o seu clube na tv. É um mal-estar que custa a passar, uma espécie de "apagão" no processo contínuo da nossa atenção que já se tornara automático devido à rotina.
Contudo, passados os primeiros dias, com a ajuda das coisas novas e diferentes que os lugares desconhecidos proporcionam à nossa contemplação e sentimentos, a nossa imaginação vai gradualmente substituindo e mudando a nossa atenção crítica diária para o novo ambiente circundante. Neste aspecto, tal "apagão", representa um afável safanão brusco para acordar da rotina e eventualmente retomar forças e repensar. Cheguei esperançado que durante esta interrupção do curso da minha atenção corrente normal, proporcionado pelo "apagão" de mim do meu país, algo bilhante tivesse acontecido neste rectângulo bicudo que tivesse apagado o "apagão" iluminando-o com alguma idéia luminosa.
Ao retomar as correntes leituras mediatizadas caseiras, constato que neste manhoso rio de lágrimas, onde e quando quer que se retome o seu curso, haja apagões ou não no seu percurso, as suas águas lacrimais continuam imutávelmente a correr para o velho lago pessimista que Camões situou no Restelo mas enxameia pelo país.

RECUAR
Agora é péssimo recuar. Quer-se fazer crer que recuar é uma fraqueza, uma inconsequência, um acto de insensatez, por conseguinte são más medidas e mau governo. Até a esquerda leninista, faz tal acusação fazendo-se esquecida da célebre táctica revolucionária de dar dois passos em frente e um atrás para poder avançar passo a passo.
Parece ser este o pensamento e táctica do governo, exige forte e feio à partida para depois de conseguir aceitação no essencial poder ceder no pormenor. Na educação já atingiu esse ponto.

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1 Comments:

Blogger João Brito Sousa said...

Aló GORJÕES.

Estou de acordo com a mensgem do texto.

Um abraço

João Brito Sousa

7:20 da manhã  

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