sexta-feira, fevereiro 22, 2008

NOTÍCIAS DO PAU XII



NO JORNAL DO PAU NÃO HÁ PITAGÓRICOS

Há dias no jornal do pau estavam todos descontentes com a falta de chuva para fazer nascer, crescer e encher as favas semeadas no quintal da casa. Agora que já choveu bastante parecem bem mais contentes e dizem que, agora pode vir sol e depois mais chuva para haver um bom faval no hortejo caseiro.
Entretanto estava lendo "Ísis e Osíris, os Mistérios da Iniciação" de Plutarco quando encaro logo no cap. 5 que, "... os sacerdotes de Ísis sentem horror por tudo o que é segregado, que chegam a abster-se não só da maior parte dos legumes como da carne de cordeiro e porco". Nos legumes vem logo como do piorio as favas pois segundo Heródoto, "...Em todo o Egipto não se semeiam favas , se são servidas não se comem nem cruas nem cozidas. Os sacerdotes não suportam o seu aspecto por considerarem esse legume impuro". Segundo Plínio, "...As manchas quase pretas da flôr das favas era considerada como característica de luto".
Já tinha lido algo parecido acerca de Pitágoras que parece copiou tais preceitos dos egípcios quando por lá andou e legislou sobre eles em Crotona. Fui consultar os meus arquivos sobre os pitagóricos e realmente lá estavam as recomendações contra as favas. Aristóteles em "Sobre os Pitagóricos" diz que, " ...Pitágoras prescrevia a abstenção de favas , tanto por elas se asemelharem às partes pudendas, como por serem destrutivas ou serem oligárquicas dado que os governantes eram tirados à sorte por meio das favas". Indro Montanelli na sua superficial "História dos Gregos" diz , " ...Porque é que embirrava tanto com as favas , nunca ninguém percebeu: se calhar porque ele não gostava". Depois conta a história mitológica de Pitágoras que "tirano iluminado de Crotona" foi alvo duma revolta do povo, e perseguido fugiu em cuecas e foi parar justamente a um campo de favas. Com o ódio que tinha às favas recusou esconder-se nelas, foi descoberto e morto". Tinha 80 anos e posto a salvo os seus "Comentários".
2500 anos depois, aqui no jornal do pau, bem podia Pitágoras vir pregar os malefícios das favas que nem um único seguidor achava. Aqui, todo o mundo acha as favas à nossa moda, um delicioso manjar dos deuses e sem o perigo de engordar para que a alma não seja entalada e apertada pelo peso do corpo, como consideravam os sacerdotes de Ísis do Egipto. Realmente aqui não só não há pitagóricos como nem sabem o que isso é, assim poderão continuar a deliciar-se à vontade todos os anos de bom sol e boa chuva propícios aos favais.

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