O ELOGIO DA SOMBRA 2
DIÁLOGO ENTRE ALMA E SOMBRA (CONT.)
Alma:
Todos julgam que sim e tentam parecer que têm mas nunca têm tamanhos nem carácteres iguais. As almas grandes são as que possuem o fogo e o brilho que iluminam à volta e provocam a sombra. As almas pequenas apenas comportam mesquinhice, inveja, intriga, vingança, possuem vileza e maligna astúcia de sobra para provocar injustiça e indignidade em todos os sentidos. Produzem nódoas cinzentas, provocam não sombras mas assombros. Normalmente não vingam, descobrem-se a sí próprios pelas suas actitudes velhacas, contudo insistem sempre. São almas venenosas, picar e morder é a sua condição. Eu sou uma alma grande, tenho consciência disso e o percurso do meu vôo prova-o.
Sombra:
Pensava eu que tinha a mais desditosa existência, pelo que me dizes mais vale ser sombra que ter uma alma pequenina. E embora me arraste, e ainda mais se sujeito a uma alma grande, falo-ei de bom gosto quando se consegue ser sombra de uma alma grande como tu. Talvez ser sombra de uma alma cheia de grandeza, pura e nobre, ainda infunda algum respeito mesmo sendo dela apenas uma mancha preta. Muitas vezes a sombra toma a forma da figura e outras vezes confundem-se, vistas de fora parecem uma só e a mesma coisa.
Diz-me Alma, uma alma muito grande como uma montanha acima das nuvens, e a sombra tão longe que nem se avista, não pode levá-la a confundir-se com Juno?
Alma:
Uma alma grande feita de experiência de vida e enobrecida pela reta sabedoria de conhecimentos sabe auto-dominar-se e controlar-se, evitará sempre cometer exageros promovidos sempre pelo rápido sucesso mundano que por sua vez promove excessos de vontade irracional.
Uma alma que não se apôe nestes dois pés, experiência e sabedoria, está desequilibrada e, chegando a grande, quer ser sempre mais grande e mais grande ainda e sempre. Aí pode perder a noção das proporções e tomar-se por Juno ou pelo próprio Júpiter. O desequilíbrio tira-lhe a visão correcta, a vontade incontrolável tira-lhe a racionalidade e fá-la avançar até perder-se no caminho e de sí própria.
O mortal, às portas do Olimpo, enlouquece e perde-se, jamais lá entrará. Já alguns tentaram assomar-se a tal porta, como um tal Empédocles de Agrigento, e afinal caiu nas profundezas da Terra pela boca de fogo do Etna.
Mas diz-me sombra, falas das almas acima das nuvens perdidas da sua sombra, que queres dizer?
Sombra:
A sombra é uma impressão preta vazia, sem espessura nem alma, informe, que não vê, não ouve, não sente. É um fantasma rastejante cujo sentido visível é dar compamhia à alma, mostrar-se sempre junto, ligada e solidária, ser inseparável representação do outro lado da alma, aquele que lhe faz ver que por muito alto que suba, a sua representação está cá em baixo, também imaterial mas visível, avisando os humanos.
Alma:
Dizes, sombra, que és o outro lado de mim? O fantasma de mim que me aponta a Terra e não o Céu?.
(continua)
Todos julgam que sim e tentam parecer que têm mas nunca têm tamanhos nem carácteres iguais. As almas grandes são as que possuem o fogo e o brilho que iluminam à volta e provocam a sombra. As almas pequenas apenas comportam mesquinhice, inveja, intriga, vingança, possuem vileza e maligna astúcia de sobra para provocar injustiça e indignidade em todos os sentidos. Produzem nódoas cinzentas, provocam não sombras mas assombros. Normalmente não vingam, descobrem-se a sí próprios pelas suas actitudes velhacas, contudo insistem sempre. São almas venenosas, picar e morder é a sua condição. Eu sou uma alma grande, tenho consciência disso e o percurso do meu vôo prova-o.
Sombra:
Pensava eu que tinha a mais desditosa existência, pelo que me dizes mais vale ser sombra que ter uma alma pequenina. E embora me arraste, e ainda mais se sujeito a uma alma grande, falo-ei de bom gosto quando se consegue ser sombra de uma alma grande como tu. Talvez ser sombra de uma alma cheia de grandeza, pura e nobre, ainda infunda algum respeito mesmo sendo dela apenas uma mancha preta. Muitas vezes a sombra toma a forma da figura e outras vezes confundem-se, vistas de fora parecem uma só e a mesma coisa.
Diz-me Alma, uma alma muito grande como uma montanha acima das nuvens, e a sombra tão longe que nem se avista, não pode levá-la a confundir-se com Juno?
Alma:
Uma alma grande feita de experiência de vida e enobrecida pela reta sabedoria de conhecimentos sabe auto-dominar-se e controlar-se, evitará sempre cometer exageros promovidos sempre pelo rápido sucesso mundano que por sua vez promove excessos de vontade irracional.
Uma alma que não se apôe nestes dois pés, experiência e sabedoria, está desequilibrada e, chegando a grande, quer ser sempre mais grande e mais grande ainda e sempre. Aí pode perder a noção das proporções e tomar-se por Juno ou pelo próprio Júpiter. O desequilíbrio tira-lhe a visão correcta, a vontade incontrolável tira-lhe a racionalidade e fá-la avançar até perder-se no caminho e de sí própria.
O mortal, às portas do Olimpo, enlouquece e perde-se, jamais lá entrará. Já alguns tentaram assomar-se a tal porta, como um tal Empédocles de Agrigento, e afinal caiu nas profundezas da Terra pela boca de fogo do Etna.
Mas diz-me sombra, falas das almas acima das nuvens perdidas da sua sombra, que queres dizer?
Sombra:
A sombra é uma impressão preta vazia, sem espessura nem alma, informe, que não vê, não ouve, não sente. É um fantasma rastejante cujo sentido visível é dar compamhia à alma, mostrar-se sempre junto, ligada e solidária, ser inseparável representação do outro lado da alma, aquele que lhe faz ver que por muito alto que suba, a sua representação está cá em baixo, também imaterial mas visível, avisando os humanos.
Alma:
Dizes, sombra, que és o outro lado de mim? O fantasma de mim que me aponta a Terra e não o Céu?.
(continua)
Etiquetas: diálogos
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