O ELOGIO DE QUARTEIRA
Quarteira já não tem à beira mar chalés de praia
das famílias louletanas élites espanto da arráia
miúda. Mas tem democráticas "torres feias"
divididas ao mm2 para comportar marés cheias
de gente povo. Já não tem meninos sobre o areal
em grupinhos à parte filhos da classe doutoral.
Mas tem de molhe a molhe, canto a cantinho,
cobrindo a praia uma multidão de zé-povinho.
Já não tem esplanada para noites divertidas
de meninos bem noite fora. Mas tem avenidas
verdes longas largas ruas novas e calçadão
cobertas de gente de norte a sul e toda condição.
Já não tem a típica praia dos pescadores paleta
de barcos redes velas remos gente de pele greta
da salgadeira e esforço sobre as ondas a remos
movidos a força bruta de braço. Mas havemos
em troca a beleza redentora dum seguro porto
de pesca à prova de intempéries um mar morto
inofensivo para segurança de barcos a motor
bens homens uma paleta nova sem o folclore
coitadinho. Já não tem a natureza rural bucólica
dos quintais e hortas viçosas nem a eólica
vela sobre o mar não é mais a piscatória aldeia
adro da igreja matriz nem é mais uma ideia
canónica de culto estético definido ou preconceito
de laboratório elaborado desenhado pelo sujeito
bem pensante sobre o que é ou não é o belo
ou pelo artista iluminado criador de um modelo
conceptual de beleza sob formas académicas
sem discussão sem concessão sem polémicas
sobre se o povo também pode produzir arte
quando as suas peças desconexas parte a parte
inorgânicas criam forma de conjunto ilógico
nunca visto nunca estudado logo demagógico
ao olho do esteta estudioso de formas vistas
autor de mais do mesmo a retoques ilusionistas.
Quarteira já não tem a tipical beleza estatuto
de atraso social não é mais lugar pobre de luto
sob mar revolto não é mais beleza privilégio
de élites rurais senhores de quase domínio régio
sobre vistas de praia e mar. E tem colado aposto
o anátema carimbado pelos donos do bom gosto
que lhe decretaram a horrorosabilidade eterna
com a convicção irreal dos enganados na Caverna
de Platão os mesmos que acham máximo o pouco
que é tão só uma única cor sobre tela de Rothko.
Quarteira tem hoje uma repartida beleza plebeia
por todos quantos querem mergulhar na sua veia
com dispensa de rótulos estéticos de fealdades
infernais entrevistas e propaladas por sumidades
sob congeminações metafísicas de arte e beleza
ignorando a útil e bela arte criada pela Natureza
sob o signo da Necessidade. Quarteira felizmente
tem hoje uma beleza repartida para toda a gente
do Minho ao Guadiana vinda em familiares claques
tornando-a praia portuguesa de todos os sotaques
falados no país e aqui nas ruas esplanadas no areal
espalhada faz dela o micro-cosmos do ser nacional.
Praia de todos os remediados viril beleza de favela
rica como nesta dos terraços varanda ou janela
das torres e prédios de pedreiros sem assinatura
pode qualquer apreciar a beleza que é a mistura
de mar praia ruas praças casas povo que fervilha
alegre e feliz por sentir-se em casa uma maravilha
de arte nascida do caos tal como no infinito cosmos
do caos nasceram os astros para dar beleza a todos.
das famílias louletanas élites espanto da arráia
miúda. Mas tem democráticas "torres feias"
divididas ao mm2 para comportar marés cheias
de gente povo. Já não tem meninos sobre o areal
em grupinhos à parte filhos da classe doutoral.
Mas tem de molhe a molhe, canto a cantinho,
cobrindo a praia uma multidão de zé-povinho.
Já não tem esplanada para noites divertidas
de meninos bem noite fora. Mas tem avenidas
verdes longas largas ruas novas e calçadão
cobertas de gente de norte a sul e toda condição.
Já não tem a típica praia dos pescadores paleta
de barcos redes velas remos gente de pele greta
da salgadeira e esforço sobre as ondas a remos
movidos a força bruta de braço. Mas havemos
em troca a beleza redentora dum seguro porto
de pesca à prova de intempéries um mar morto
inofensivo para segurança de barcos a motor
bens homens uma paleta nova sem o folclore
coitadinho. Já não tem a natureza rural bucólica
dos quintais e hortas viçosas nem a eólica
vela sobre o mar não é mais a piscatória aldeia
adro da igreja matriz nem é mais uma ideia
canónica de culto estético definido ou preconceito
de laboratório elaborado desenhado pelo sujeito
bem pensante sobre o que é ou não é o belo
ou pelo artista iluminado criador de um modelo
conceptual de beleza sob formas académicas
sem discussão sem concessão sem polémicas
sobre se o povo também pode produzir arte
quando as suas peças desconexas parte a parte
inorgânicas criam forma de conjunto ilógico
nunca visto nunca estudado logo demagógico
ao olho do esteta estudioso de formas vistas
autor de mais do mesmo a retoques ilusionistas.
Quarteira já não tem a tipical beleza estatuto
de atraso social não é mais lugar pobre de luto
sob mar revolto não é mais beleza privilégio
de élites rurais senhores de quase domínio régio
sobre vistas de praia e mar. E tem colado aposto
o anátema carimbado pelos donos do bom gosto
que lhe decretaram a horrorosabilidade eterna
com a convicção irreal dos enganados na Caverna
de Platão os mesmos que acham máximo o pouco
que é tão só uma única cor sobre tela de Rothko.
Quarteira tem hoje uma repartida beleza plebeia
por todos quantos querem mergulhar na sua veia
com dispensa de rótulos estéticos de fealdades
infernais entrevistas e propaladas por sumidades
sob congeminações metafísicas de arte e beleza
ignorando a útil e bela arte criada pela Natureza
sob o signo da Necessidade. Quarteira felizmente
tem hoje uma beleza repartida para toda a gente
do Minho ao Guadiana vinda em familiares claques
tornando-a praia portuguesa de todos os sotaques
falados no país e aqui nas ruas esplanadas no areal
espalhada faz dela o micro-cosmos do ser nacional.
Praia de todos os remediados viril beleza de favela
rica como nesta dos terraços varanda ou janela
das torres e prédios de pedreiros sem assinatura
pode qualquer apreciar a beleza que é a mistura
de mar praia ruas praças casas povo que fervilha
alegre e feliz por sentir-se em casa uma maravilha
de arte nascida do caos tal como no infinito cosmos
do caos nasceram os astros para dar beleza a todos.
1 Comments:
Como Quarteirense respondo com Luís Vaz de Camões:
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades."
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