sexta-feira, dezembro 03, 2010

INDIVIDUALIDADE, SOCIEDADE, LIBERDADE


Lê-se nos jornais que:

Havana autorizou a abertura de pequenos negócios em 178 tipos de actividades, incluindo profissões como mecânico, jardineiro, encadernador, vendedor de frutas e legumes, relojoeiro, palhaço e contabilista. Estas medidas visam aligeirar o efeito do desaparecimento de 500 mil postos de trabalho na função pública, uma de várias medidas de austeridade aprovadas no Congresso do Partido Comunista, em Abril.»
Há tempos tinham falado, os jornais, da privatização dos barbeiros e quiosques de gelados e que também o governo de Havana havia mandado criar juntas de bois dada a falta de dinheiro para comprar tratores.

Também nos jornais se tinha lido há dias que Fidel Castro aprovava, sem dúvidas, as medidas do irmão acerca destas pequenas privatizações face ao descalabro e miséria da economia cubana, e desabafara desiludido, mais ou menos o seguinte(cito de memória): nós pensávamos que sabíamos o que era o socialismo e quais as medidas certas (científicas?) para implantá-lo facilmente numa sociedade capitalista.

Por cá, elites livrescas de fino recorte existêncial burguês, que acerca do socialismo não evoluiram uma palha para lá da cartilha proféctica vulgarizada de Marx, da pretenciosa sociologia científica de Engels e da teoria anti-democrática da tomada do Estado de Lenin, fazendo-se passar por proletários através do discurso crítico sob a visão moral marxista, sempre de grande efeito fácil atractivo, quando sobre as contradições da acção política do dia a dia que, obrigatória e inescapavelmente, se tem de mover e sobreviver no interior do imbrincado novelo de relações de força e interesses internos e externos e que são a pedra de toque do regime democrático, arregimentam tais elites, massas de trabalhadores de colarinho branco nas quais vêem, tomam e tentam organizar como se fôra a nova classe de proletários ao serviço da elite, vanguarda, guia e educadora da classe, para a tomada revolucionária do poder.

Foi o "socialismo real" da URSS que em 1989 caiu de podre simbolizado pelo derrube do muro de Berlim, foi o "maoismo" socialismo real ultra-radical que virou paulatinamente no capitalismo mais desumano do planeta(semelhante ao mesmo que Marx tinha contemplado em Inglaterra na primeira industrialização) e lhe dera inspiração para a formulação crítica da história económica e o seu sistema sócio-ideológico, foi a experiência de Pol Pot, um verdadeiro holocausto em sacrifício de mais uma ideia científica cobaia para instalar o verdadeiro "socialismo real", é na Coreia do Norte que está instalada outra aberrante forma de "socialismo real" onde um regime ultra-despótico mantem um exército mostruoso que consome tudo e é usado ao limite do confronto nuclear como forma de mendigar esmola junto dos países ricos, enquanto o resto da população morre à fome ou vive para sobreviver como num goulag, e é agora o modelo existente de "socialismo real" cubano que a própria nomenclatura, ao mais alto nível, começa a dizer ao mundo que falhou, contrariando a tese propalada de que era tudo culpa do embargo norte americano.

Apesar das evidências históricas de maus resultados e sofrimentos infligidos às massas de população desses países que experimentaram o "socialismo real", por cá não desarmam as tais elites que prometem remédio para todos os males sociais, precisamente, pela aplicação de receitas à base de doses, mais ou menos maçiças, de "socialismo real".
Servindo-se fraudulentamente da atracção e fascínio que a moral igualitarista suscita sobre as camadas mais atrazadas das populações, usam e abusam da oferta, já para amanhã, dessa utopia igualitária para esconderem que o percurso para tal desígnio vai directo ao igulitarismo na servidão.

O "socialismo real" ao coartar os homens de elememtares liberdades individuais castra-os da livre iniciativa individual e do racional conflito de ideias entre sí, chama humana que ilumina e donde brota a capacidade criativa dos homens. A falta de liberdade é o caminho em linha reta para a amputação de uma essencial condição humana: a idividualidade.
Sim, porque o homem livre contém inerentemente duas essencialidades que interagem dialécticamente: a interior ou componente individual e a exterior ou componente social. Se uma delas é aniquilada o homem fica refém da outra: amputado da sua individualidade fica servo do exterior social e vice-versa.

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