domingo, julho 29, 2012

VEVA, IN MEMORIAM


Recebemos entusiasmados, via correio, o último livro do poeta concreto e amigo Armando Silva Carvalho enviado pelo próprio, com dedicatória e tudo, ao qual titulou "De Amore" que inclui um segundo conjunto poético titulado "42 Canções Entre 2 Portas".
Tudo dedicado a VEVA, In Memoriam.
Belíssimo salto do pensar e saber poético para o coração orfão e deste derramado tinta preta de luto sobre a página branca, como que usando traços negros de uma dor infernal para falar de um um anjo.

"De Amores", uma corrida da sexualidade da vida com memória, desde Adolescente quando Tornado que foi público/o seu acesso ao sexo, a sua forma de pensar por entre/a gente até atingir o cume de ser de Gente Madura e Pendurada das Árvores gritando; Falemos dos amores, dos gritos/de álcool/do coração amarrado às patas turbulentas/do desejo e por fim descer do cume vigoroso ao tempo Vazio no Meio do Mar, um Tempo que se curva/Com o início nos joelhos dobrados na infância/na mãe obsessiva/e vem/como de onda em onda /transportando as dores, até este rochedo/que me suga os anos/e morde, devagar, a memória/da vida.

Se "De Amores" é o percurso poético de dor da ferida resplandecente e logo murcha da flechada de Eros, "42 Canções Entre 2 Portas" é a dor imediata e depois longa do luto pelo amor maternal. O tal que arrelia quando presente e toca o ser todo quando desaparece e já não há remédio. Então Choro a irmã, acolho este coro de vítimas/e sigo tropeçando num rebanho/de cegos, de vesgos/de criaturas que a vista não consegue abarcar/num espaço trágico.

A vida é sempre uma tragédia onde no final restam sempre e só uns quantos amigos. Aos amigos também lhes cai em cima a dor dos amigos e compete a estes continuarem amparos amigos dos amigos para além da dor de cada amigo.

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