terça-feira, dezembro 24, 2013

NATAL E NATAL E PRENDAS DE NATAL


Houve um tempo que as prendas desconhecidas de Natal vinham do Menino Jesus que entrava pela chaminé e depositava-as nos sapatinhos dos meninos. Os meninos acreditavam.
Nesse tempo os pais eram oficiais de uma profissão e desejavam que os filhos fossem também herdeiros dessa profissão familiar. Alguns, como manifestação desse desejo colocavam nos sapatinhos à chaminé, além dos habituais chocolates e guloseimas, os instrumentos representativos de sua profissão como sinal da profissão que lhe estava destinado. Os meninos tinham o destino marcado.
No tempo actual as prendas a pedido de Natal veem directamente do shopping trazidas pelos pais e avós e são entregues aos meninos em mão. Os meninos sabem que é assim e são eles que escolhem e exigem as prendas. Os meninos depois fingem que acreditam na história do Pai Natal.
E já ninguém se atreve sequer a insinuar que o menino vai ter uma daquelas velhas profissões com designações como pedreiro, padeiro, barbeiro, carpinteiro, etc. Porque os meninos hoje querem ser todos doutores, engenheiros, arquitetos, cientistas, futebolistas, etc. que afinal é também da vontade dos pais que os meninos vão mais além que eles próprios.
A contradição está à vista: como podem os pais querer mais para os seus meninos se os governantes querem cada vez menos para os pais, avós e familiares?  Como querer ser mais tendo cada vez menos? E como vão os pais e os meninos, que amanhã serão homens, encarar esta regressão em salto que os atira para o fundo dos perdidos e desqualificados?

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