A UTOPIA DE JOSÉ PINTO CONTREIRAS 5
SALÃO DA ANTIGA SOCIEDADE RECREATIVA GORJONENSE
ACTUALIZAR A MODERNIDADE, MANTER VIVA A UTOPIA (1)
Após a 2ª
Grande Guerra os Gorjões tornara-se um dos sítios mais populosos da Freguesia
não só pelo bom rendimento proporcionado pelos frutos secos nesse tempo mas,
sobretudo, pelo desenvolvimento local de uma classe de empreiteiros de estradas
que, iniciada pelos "Estancos" fez escola, foi depois continuada
pelos descendentes, parentes e vizinhos que tendo sido discípulos encarregados
e capatazes dessa escola de obras de estradas, se lançaram a concorrer a obras por
conta própria, fazendo-se também empreiteiros de obras de caminhos, estradas e
pontes.
Esta escola
de empreiteiros de caminhos, estradas e pontes por todo o Algarve e Alentejo
criaram novas categorias de trabalhadores remunerados acima dos trabalhos do
campo. Eram trabalhadores especializados nas várias artes de construir obras de
arte como pontes de arcos e estradas pelos perfis ondulados das serras; foram
os capatazes gerais, os capatazes de trincheira, os espalhadores,
cilindradores, niveladores e alinhadores, os especialistas em abrir furos na
pedra e fazer disparos de pólvora, os carreiros, os pedreiros, canteiros e
calceteiros de pendor artístico.
Entretanto o
Estanco, homem de que falamos, que já criara as “Casas de Vendas” e as “Casas
dos Mestres” e era fundador da Sociedade Recreativa instalada na sua “Casa dos
Altos”, obreiro de transformações de natureza comerciais e sociais tais que tornaram o
lugar do “Alto” na nova centralidade dos Gorjões até hoje, embalado nos seus
sonhos modernizadores mantinha todo o potencial de sua imaginação visionária criativa
com vista a actualizar e melhorar, com novas obras únicas, a sua terra natal de
três séculos e quatro gerações.
Em plena guerra, ano quarenta e quatro do Séc.XX, insatisfeito com o espaço adaptado e apertado,
face ao sucesso da Sociedade Recreativa Gorjonense, lança-se na construção de um moderno “Salão”
próprio e adequado a bailes, teatro, festas, homenagens e outros acontecimentos
sociais do sítio.
Este “salão”,
situado num terreno do pai em frente às “casas de vendas”, com a dimensão de
20x10m, incluía várias inovações dos tempos modernos: um largo bufete com mesas
de mármore servido por empregado de mesa vestido de casaca branca, pano e
bandeja na mão onde já havia cerveja e pela primeira vez se servia café; um
balcão sobre o salão de baile com mesas e cadeiras servido pelo bufete;
“retretes” para homens e mulheres com esgotos e água canalizada; uma bacia de
cerâmica com torneira, servida pela água canalizada, para lavar as mãos; um palco
no salão de baile que permitia saídas para duas salas contíguas e trocas de
entrada e saídas dos actores através do fosso sob o mesmo palco, este também
equipado com abertura para o “ponto” de teatro.
(continua)
(continua)
Etiquetas: a utopia, josé pinto contreiras
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