terça-feira, novembro 19, 2019

JOSÉ MÁRIO BRANCO

1942 - 2019
Estava-mos em pleno 1975 com o PREC no auge e eu tinha um espaçoso Renault 16 branco de 2ª mão que tinha trocado em 1973 pelo meu 1º carro, um Ford Escort de sete anos.
Nos escritórios da empresa, próxima do Hotel Ritz, todos os dias a revolução parecia estar chegando e entrar pelas janelas vinda dos lados da Rotunda do Marquês de Pombal.
Certo dia uns amigos da Comissão de Trabalhadores colegas de trabalho, de várias esquerdas revolucionárias, entram de repente pelo gabinete e encarregam-me, sem discussão, de ir levar uns cantores da revolução ao estaleiro da empresa em Carnaxide onde estavam reunidos em plenário muitos trabalhadores das obras.
Fui buscar o carro estacionado no jardim das Amoreiras e, ali próximo, na Rua Artilharia 1 junto do edifício do GAS, Gabinete da Área de Sines apanhei os ditos três cantores; O José Mário Branco, o Vitorino e outro que já não consigo precisar quem era também porque este não chegou a cantar dado o adiantado da hora.
Metidos os três e os sacos com as violas no banco de trás do R16 mais dois trabalhadores desenhadores da empresa (divisão onde havia mais revolucionários), lá fomos todos apertados no espaçoso carro.
Como disse, dado que se fez tarde, cantaram o José Mário Branco e o Vitorino e de novo transportei o mesmo pessoal até ao Largo do Rato onde fomos petiscar algo no restaurante-casa de pasto-café, ainda com mesas de mármore carcomido e barris ao balcão, que havia na esquina da Rua Politécnica com o Largo do Rato.
Também aqui o petisco foi rápido pois os grandes cantautores da revolução já tinham programado vários dias seguidos com concertos em outros estaleiros em plenários de operários.
Foram grandes entusiastas e colaboradores da revolução naquilo em que eram Mestres e, abortada a revolução, tornaram-se verdadeiramente únicos e grandes através das suas composições imortais.
 

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