quinta-feira, março 12, 2009

LOULÉ, CARNAVAL 2009 I



Mesmo o que se designa hoje por "tradição", para além do acontecimento em sí, da vaga carga simbólica que ainda insere, pouco significa da fundadora tradição original. Como tudo o mais, o Carnaval de Loulé é uma boa amostra de como os "modos" de interpretar a festa do entrudo acompanha o progresso dos "modos" de pensar das populações. Não é por acaso que antigamente todos conheciam a festa carnavalesca de Loulé por "Batalha de Flores" e hoje se abrasileirou para corso, desfile na Avenida ou simplesmente o standardizado, carnaval de.
De resto, a única analogia com o outrora ainda são os carros alegóricos, cada vez menos, totalmente cobertos de flores de papel de fabrico manual, que os decoravam com motivos e gostos populares integrados na crítica de costumes e problemas locais. Para lá dessa réstea de identidade local, a Batalha de Flores de Loulé, é mais um desfile urbanizado de grupos de figurantes, mais ou menos pintados, travestidos ou despidos, saracoteando-se vigiados e mantidos fora do contacto com o público, como estrelas de telenovela, por vigilantes auto-autoritários, qual asae velando pelo assepticismo manso da nudez ou plumas alegóricas de sambódramo.
Vale, alguns "espontâneos", que por meios rudes directos e não tecnológicos, ainda se arriscam a dar uma amostra da antiquissíma natureza pagã dionisíaca da original festa do entrudo, subvertendo com o burlesco do real humano, o burlesco da realidade de plástico.

Etiquetas: