terça-feira, abril 07, 2009

MARAFAÇÕES LXXIV


MACARICES
Pior do que ser um inábil convencido fanfarrão por desconhecimento é a pessoa que, por atrevimento e falta de concorrente à altura, se alcandorou a lugar de poder e por tal se auto-convenceu de esperteza acima dos mortais. Duma superficialidade cultural magazinesca colada à pressão, são fáceis admiradores do novo-riquismo piroso ostentatório. E usando esse modelo de apresentar obra de "grandezas" aos vizinhos e amigos de igual gabarito e bom gosto, são tomados como exemplo de gente moderna o que na verdade não passa de gente modernaça.
Vem isto a propósito da nova proposta do candidato Macário, de acabar com a actual estação ferroviária "que está ali há mais de 100 anos", a troco de uma grande e vistosa estação "intermodal" fora da cidade. Quase de certeza está pensando na venda especulativa dos terrenos da velha estação para arranjar os meios finamceiros, e deste modo especar neles umas torres "arquitectónicas" de "multiplas funcionalidades" e muitas "formosidades" viradas para a plena fruição da Ria Formosa.
E porque não arrasar a muralha da Cidade Velha, essa velharia mourisca, que já lá está há mais de 1000 anos? E por que não todos os palácios, palacetes, igrejas e casas com mais de 100 anos? O próprio edifício sede municipal e substitui-lo por um "Siza Vieira" ou "Souto Moura" ou outro famoso, com placa à porta informando os vindouros: "mandado executar e inaugurado pelo insigne Predidente Macário Correia"? Porque não criar um terramoto artificial para arrasar a "cidade velharia com mais de 100 anos" e dela fazer surgir uma cidade grandiosa e moderna pelo engenho do novo Marquês?
O grande problema é que muitos farenses alinham neste modo de pensar e consequente modelo para a Cidade. Não lhes passa pela cabeça que a cidade deve crescer e alargar-se integrando todos os constitutivos elementos sedimentados ao longo de séculos os quais lhe dão a sua identidade própria. Que a Cidade deve crescer e progredir de tal forma que atravessá-la seja como quem lê a sua história desde a origem. Alguém viu Lisboa, Paris ou outra qualquer capital ou cidade com História destruir as suas velhas (e notabilizadas por isso mesmo) estações ferroviárias? Pelo contrário, embelezaram-nas enquadrando-as nas respectivas praças a condizer, e integraram-nas na rede de transportes urbanos interligada à rede nacional. Por que carga de água uma futura linha e estação intermodal fora da cidade (até quando?), não pode compatibizar-se com a linha ribeirinha citadina e turisticamente bela para turistas e cidadãos? Os meios técnicos hoje em dia à disposição das necessidades do desenvolvimento devem servir precisamente para que se possa preservar cultural e históricamente a Cidade como um museu vivo. Uma Cidade sem memória viva de sí própria é letra morta.
Andamos arqueológicamente à procura de restos de cidades desaparecidas e ao mesmo tempo fazemos desaparecer arqueológicamente as cidades que temos e onde vivemos. O Macário, depois da tirada ecológica do beijo ser como lamber o cinzeiro, depois da tirada de como 1ª edil responsável duma cidade, fazendo alarde de uma tão elevada cidadania e solidariedade, mandar a frota camarária atestar a Espanha para poupar uns trocos, vem com esta nova proposta de Presidente com "olhões" tapar os olhinhos dos farenses. Quem quizer que compre.

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1 Comments:

Blogger Diogo Sousa said...

Nada a acrescentar.Muito bem visto.alternativas procurao-se.
Diogo

4:07 da manhã  

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