segunda-feira, junho 15, 2009

O NOSSO LUGAR COMUM



TERRA ÁSPERA, SEQUEIRO MORTO

Ó terra seca Barrocal à saída das hortas
da igreja quinhentista e torre altaneira,
abre os olhos acorda dessa pasmaceira,
ergue-te, liberta-te do molho de portas
abertas, parasitagem sentada no teu colo
do Rossio, piscando o olho de vitrina
mostruário de oferta troca e rapina
grossa de compra e venda de casas e solo
avoengo a deslocalizados. Ó terra de sol
fruto seco coroado de Nexe vertical
altivo sem idade, pai e mãe inicial,
origem limpa e única desta ínclita prole
gentílica que subiu alto e está em perda
inclinada, já pouco tens que te marque,
nem a tua estrada é tua: é do parque
do futebol onde foi o parque da merda.
Ó terra áspera, sequeiro morto às portas
do declínio sem rumo, o teu fútil critério
social único é juntar todos no cemitério,
cegos calados, comício de línguas mortas,
serviço raso a defuntos-mortos por utentes
defuntos-vivos de sonho e vontade ausentes.


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