domingo, junho 21, 2009

OS ECONOMISTAS DO RESTELO

Um grupo de economistas, quase todos ex-ministros responsáveis por áreas da economia e finanças de Portugal resolveram botar avisos sobre o perigo do fim do país se as grande obras não pararem e forem reavaliadas, claro, segundo os seus pontos de vista de ilustres e doutos economistas. Os mesmos doutos economistas que ainda há um ano não só não tinham dúvidas sobre o sistema financeiro em vigor, como achavam que era o melhor do mundo e tudo girava livre, natural e magnificientemente sob o controlo automático da "mão invisível" e da douta supervisão de reputados e doutos economistas inquestionáveis. Mas, tal como na Wall Street os doutos economistas e impolutos supervisores já se haviam passado para o lado dos bandidos assaltantes de bancos, também por cá se passava coisa semelhante há anos, contudo nenhuma destas eminências deu por nada ou viu coisa alguma. Alguns andavam lá por dentro e muitos pelas bordas, contudo tão preocupados e farejantes do futuro não lhes cheirou nunca nada o presente em que viviam.
Chefia este grupo de economistas o ex-ministro Cunha que, sem ir a votos, ainda mal sentado na cadeira ministerial quiz logo, a partir das finanças, ditar o programa do governo substituindo-se ao PM eleito. Como bom portuguesinho que é, deve ter pensado do alto da sua cátedra: mas quem é este analfabeto engenheito técnico para quem eu, catedrático, tenho de trabalhar e prestar contas do que faço? Não foi caso único, já vira na televisão um, igualmente esperto, advogado de província tentar gozar o novato Secretário de Estado do ambiente a quem julgava e tratava como aprendiz de sapateito: pouco depois, devidamente alertado e admoestado, já estava respeitosamente dialogando. O ministro Cunha foi despedido e ficou calado, ou fez oposição surda, enquanto a governação cuidava do déficit e fazia render a economia de forma estrutural: desde o rebentar da crise farta-se de ser oposição e traçar planos de governo, marcando o seu espaço de economista ministeriável de grande gabarito.
Todos foram responsáveis de governação do nosso país: alguém se lembra de uma ideia económica ou de gestão inovadora, de uma tomada de posição que marcasse o seu tempo, de um feito ou acto social, técnico, financeiro, económico ou outro que ficasse inscrito na nossa memória ou História recente? A pequenez e mediocridade desta gente, mais velhos e retrógrados que os célebres "Velhos do Restelo", só sabem puchar dos galões bolorentos para retardar, parar e por fim tentar inverter qualquer tentativa e ousadia de se criar uma ambição, um desígnio que nos inscreva no mundo. Como economistas, não saberão eles que os portugueses têm mais que dinheiro para fazer as obras do TGV e as outras que se impôem para modernizar o país? Não sabem eles que um país galvanizado pode agigantar-se e deixar marcas maiores que o seu tamanho? Não sabem eles que um povo disposto a fazer sacrifícios em prol do seu país pode vencer todos os obstáculos para estar ao lado ou à frente dos outros países? Sabem, certamente, contudo o que fazem? Metem medo aos portugueses, amedrontam os portugueses, arreiam as calças aos portugues, castram os portugueses.
Terá esta gente medo que Portugal pereça ou terá, antes, medo que os sacrfícios necessários lhes belisque o bem estar de actuais bonzos bem instalados na suas condições de ex-ministros, ex-banqueiros, ex-administradores do Estado ou grupos económicos, reformados e conselheiros altamente pagos pelo conhecimento e conhecimentos que adquiriram à custa do Estado? Filhos da educação salazarista do "pobrete mas alegrete", não conseguem libertar-se da visão paroquiana, da limitação da sebenta onde não cabe o sonho, do pavor ao futuro que se borram de medo ter de o enfrentar, do seu arranjinho e consolo familiar que o que mais desejam é que o tempo pare, da sua xoxa importância adquirida à custa do nosso obscurecimento que, em detrimento do país, o que mais lhes fere a alma é o facto de poder surgir o dia de ninguém mais lhes ligar e serem apeados do seu pedestal de videntes feitos pitonisas. Infelizmente parece que ainda não é a geração de Sócrates que se verá livre deste pensamento virado para o pessimismo, para o desânimo e para a desgraça. O beato e misterioso exemplo histórico de D. Sebastião matou até hoje, qualquer veleidade de Portugal voltar a sonhar.

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