domingo, março 07, 2010

POVO DE GORJÕES


QUE UM SONHO TE TENTE

Escondido entre cerros e matos foste posto
nascido, o pássaro gorjão te deu nome.
Sem mar, da terra vive e nela se consome
revolvendo a terra-pedra a terra-mato,
terra-seca, terra dura, campo ingrato.
Noiva em Janeiro dá frutos secos em Agosto,
pão temperado a suor salgado, o doce gosto.
 
Erigiste templo a Catarina padroeira e vigia
do povo antigo, criáste centro artesão no Alto,

emigráste repartido, com carta ou a salto,

com a Sociedade, puseste a modernidade em dia.

Erguete edifícios, pontes, caminhos, estradas,

inscreveste a tua terra entre as mais assinaladas,

enobreceste-te e às gentes que aí lutava e morria.

Caváste cerros e matos em profundo sucalco

ao rugido da pólvora, alavancas e guilhos

arrancando a pedra bruta, pão dos teus filhos,

esculpida calçada, cantaria, por mãos como basalto.

Tu, que com querer e vontade, outrora fizeste tanto

vives agora adormecido, nesse inútil desencanto

apagado e triste, que não te deixa sonhar alto.

Ó terra a ver passar deslocalizados, dormente,

que inércia é essa que te peia e mal andas?
Agarra no destino, mostra ao futuro que mandas,

que também sabes ser gente entre gente.
Imita os antigos, seu exemplo, feitos e facetas,

sacode o marasmo, traça rumos, aponta metas,
levanta-te, ergue a cabeça e que um sonho te tente.

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1 Comments:

Blogger Diogo Sousa said...

Talento não se compra.
Quem o tem e canta seu povo é obra!
Bem hajas
Abraço
Diogo

5:48 da manhã  

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