POVO DE GORJÕES
QUE UM SONHO TE TENTE
Escondido entre cerros e matos foste posto
nascido, o pássaro gorjão te deu nome.
Sem mar, da terra vive e nela se consome
revolvendo a terra-pedra a terra-mato,
terra-seca, terra dura, campo ingrato.
Noiva em Janeiro dá frutos secos em Agosto,
pão temperado a suor salgado, o doce gosto.
Erigiste templo a Catarina padroeira e vigia
do povo antigo, criáste centro artesão no Alto,
emigráste repartido, com carta ou a salto,
com a Sociedade, puseste a modernidade em dia.
Erguete edifícios, pontes, caminhos, estradas,
inscreveste a tua terra entre as mais assinaladas,
enobreceste-te e às gentes que aí lutava e morria.
Caváste cerros e matos em profundo sucalco
ao rugido da pólvora, alavancas e guilhos
arrancando a pedra bruta, pão dos teus filhos,
esculpida calçada, cantaria, por mãos como basalto.
Tu, que com querer e vontade, outrora fizeste tanto
vives agora adormecido, nesse inútil desencanto
apagado e triste, que não te deixa sonhar alto.
Ó terra a ver passar deslocalizados, dormente,
que inércia é essa que te peia e mal andas?
Agarra no destino, mostra ao futuro que mandas,
que também sabes ser gente entre gente.
Imita os antigos, seu exemplo, feitos e facetas,
sacode o marasmo, traça rumos, aponta metas,
levanta-te, ergue a cabeça e que um sonho te tente.
Etiquetas: gorjões
1 Comments:
Talento não se compra.
Quem o tem e canta seu povo é obra!
Bem hajas
Abraço
Diogo
Enviar um comentário
<< Home