SALTAR O 9º ANO
JÁ TEM OS DETRACTORES HABITUAIS
Já andam à fartazana pelos jornais e mesas de café as piadas sobre a possibilidade de um aluno de mais de quinze anos a frequentar o 8º ano poder fazer uma prova de exame, e se passar, matricular-se no 10º ano. Paulo Portas até já lançou, por mercados, praças, feiras e claro nas tv cloaca aberta, a inevitável campanha demagógica popularuncha à cata dos votos da estultícia.
E o que faz pena é ver pessoas esclarecidas, ou que tinham o dever de pensar um pouco sobre o assunto para poder entender que o percurso mental até à maturidade intelectual dum indivíduo não é uma linha recta paralela, sobretudo na adolescência. Posso invocar um caso que serve exemplarmente para explicitar, por experiência de observação própria, o que aprendi a entender sobre tal assunto. Em meados dos 50's, tinha quinze anos, chumbou no 4º ano e o pai tirou-o do Liceu, tal como tinha prometido face a um chumbo, e foi trabalhar para "aprender um ofício". Aos dezanove anos, e meses antes dos exames, alguém lembrou que podia ir fazer o 5º ano ao Liceu como auto-didata. Não era preciso sequer frequentar qualquer colégio, como era usual nesse tempo, para ser proposto a exame pelo colégio como sendo do "ensino externo", como se dizia.
É verdade, bastou o pai assinar a responsabilização da candidatura como auto-didata e foi aceite para fazer a "secção de ciências" do 5ºano no mesmo Liceu que tinha abandonado quatro anos antes. A lei do ensino fascista já permitia a oportunidade de poder dar o salto escolar, em consonancia com o salto intelectual e de responsabilidade que pressentia o seu desenvolvimento mental já dera também. E assim foi que fez aquela secção com nota 13,6 que o dispensou da oral. No ano seguinte, acabado de ser alistado na recruta da tropa fez a "secção de letras", sob a mesma modalidade de auto-didata. E ainda fez outro exame ao ensino médio como auto-didata durante a guerra colonial e outro ao ensino superior como aluno estudante em plena vida profissional.
Portanto, meus amigos galhofeiros, anedotas de passagens facilitistas para estatísticas de maus alunos aos quinze anos, tratados como maus alunos o resto da vida, não passa do ridículo de auto-certificados. Em parte dos casos, é-se mau aluno por juvenil desconhecimento do dever de ser aluno, por naquela idade se gostar mais de jogos do que de estudos, por motivo de uma cultura rural circundante que despreza o estudo, de uma marginalidade de bairro dormitório que despreza os livros, ordem e comportamento, de uma tradição familiar anti-social e anti-conhecimento.
É difícil para os alunos passar em tal situação como diz Guinote, talento parasitário. Pois é, mas ultrapassar difuldades pela convicção e demonstração no valor próprio é que pode criar gente capaz de acrescentar valor à sociedade e não parasitá-la.
E o que faz pena é ver pessoas esclarecidas, ou que tinham o dever de pensar um pouco sobre o assunto para poder entender que o percurso mental até à maturidade intelectual dum indivíduo não é uma linha recta paralela, sobretudo na adolescência. Posso invocar um caso que serve exemplarmente para explicitar, por experiência de observação própria, o que aprendi a entender sobre tal assunto. Em meados dos 50's, tinha quinze anos, chumbou no 4º ano e o pai tirou-o do Liceu, tal como tinha prometido face a um chumbo, e foi trabalhar para "aprender um ofício". Aos dezanove anos, e meses antes dos exames, alguém lembrou que podia ir fazer o 5º ano ao Liceu como auto-didata. Não era preciso sequer frequentar qualquer colégio, como era usual nesse tempo, para ser proposto a exame pelo colégio como sendo do "ensino externo", como se dizia.
É verdade, bastou o pai assinar a responsabilização da candidatura como auto-didata e foi aceite para fazer a "secção de ciências" do 5ºano no mesmo Liceu que tinha abandonado quatro anos antes. A lei do ensino fascista já permitia a oportunidade de poder dar o salto escolar, em consonancia com o salto intelectual e de responsabilidade que pressentia o seu desenvolvimento mental já dera também. E assim foi que fez aquela secção com nota 13,6 que o dispensou da oral. No ano seguinte, acabado de ser alistado na recruta da tropa fez a "secção de letras", sob a mesma modalidade de auto-didata. E ainda fez outro exame ao ensino médio como auto-didata durante a guerra colonial e outro ao ensino superior como aluno estudante em plena vida profissional.
Portanto, meus amigos galhofeiros, anedotas de passagens facilitistas para estatísticas de maus alunos aos quinze anos, tratados como maus alunos o resto da vida, não passa do ridículo de auto-certificados. Em parte dos casos, é-se mau aluno por juvenil desconhecimento do dever de ser aluno, por naquela idade se gostar mais de jogos do que de estudos, por motivo de uma cultura rural circundante que despreza o estudo, de uma marginalidade de bairro dormitório que despreza os livros, ordem e comportamento, de uma tradição familiar anti-social e anti-conhecimento.
É difícil para os alunos passar em tal situação como diz Guinote, talento parasitário. Pois é, mas ultrapassar difuldades pela convicção e demonstração no valor próprio é que pode criar gente capaz de acrescentar valor à sociedade e não parasitá-la.
Etiquetas: crónica comentário, educação
1 Comments:
Parabens.assino por baixo e revejo-me.
DCS
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