terça-feira, janeiro 18, 2011

O HOMEM PREVISÍVEL

CARICATURA DE LUIS SILVA

O mais fingido "não-político" da nossa democracia é exactamente o mesmo que mais tem feito uso da política. E usa-a correntemente e de modo constante para se auto-elogiar como político emérito, como economista sábio, como exemplo ímpar de carácter honesto, sério, incorruptível, como liberto de pecado, como espírito moral franciscano, e até, e sobretudo, como detentor de uma verdade "verdade" de tipo religiosa, dogmática, bíblica.

No meio desta imensidão de qualidades incomuns num homem só, o quase ungido candidato Cavaco acima dos portugueses, usando o argumento dos seus correligionários que, ou o detestam secretamente e querem enterrá-lo, ou muito mais que ingénuos são sobretudo estúpidos de grosso calibre, veio, o dito quase ungido candidato, fazer valer o argumento da sua providencial previsibilidade.

Disse ele na tv à Judite que os portugueses sabem o que podem esperar dele, que era um homem previsível e que portanto todos podem estar descansados que com ele nada de novo, ou imaginativo, ou criativo, ou golpe de asa, ou rasgo de ousadia, ou muito menos qualquer toque a rebate para emocionar, entusiasmar e galvanizar os portugueses ao trabalho e sacrifícios necessários para alevantar Portugal do coma financeiro.

Foi precisamente por se ter apercebido da instintiva previsibilidade dos animais que Pavlov descobriu o seu famoso conceito dos reflexos condicionados.

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