IIL, LISBOA ''VALENCIANA'' 09 11 2024
Etiquetas: IIL eléctrotecnia & máquinas 1963-1967, Lx. 09.11.2024
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DA APRESENTAÇÃO
Espectáculo épico e crítico sobre os descobrimentos, numa incursão anacrónica pelo universo de um grupo de mendigos, no qual o espírito de Luís Vaz de Camões se revela através das tormentas de um deles. Um olhar sobre a memória, a velhice e o esquecimento, inspirado na visão satírica do maior poeta português. Esta é uma viagem de idas e voltas nas ondas do mar, onde tempestades se misturam com realidade, ficção e canto das sereias.
DA APRECIAÇÃO
Conhecendo de perto mas não intimamente o Grupo de Teatro JAT, Janela Aberta Teatro, penso saber o suficiente para afirmar que é um Grupo que pensa o Teatro de uma forma aberta e moderna que privilegia o mimetismo em detrimento do diálogo. Que usa o diálogo só quando não é possível representar o sentido da trama pela gestualização do corpo, braços, mãos, pés, andar, modo de estar e mexer-se em palco, etc. Também a utilização da música adequadamente como acentuação do registo do enredo dá o tempo e reforça a possibilidade da interpretação mimética. Todo este modo singular de representar cria uma estética em movimento com vida para além da composição plástica em si que faz que estejamos permanentemente com os olhos pregados no palco. Pois há em palco um contínuo de incerteza e complexidade.
Daquilo que tenho lido sobre o teatro trágico grego, esse teatro nascido dos 'ditirambos' gritados pelo corso das festas dionisíacas de antes de Ésquilo (Frínico, Aríon?), faz-me imaginar que este teatro do JAT vai nesse sentido quando estava em palco apenas um ator, um coro trágico e o flautista ou flautistas que obrigava ao ator único sobre o palco, a interpretar e transmitir a trama trágica da peça, fosse brilhante no diálogo mimético com o público o coro e os músicos, sucessivamente. Igualmente se diz na apresentação da peça que se trata de um "Espetáculo épico" (camoneano) tal com o eram todas as peças da antiguidade grega baseadas nos mitos épicos de factos já perdidos no tempo.
Para cada um dos espetadores nunca haverá peças perfeitas pois haverá sempre algum pormenor ou gosto que não coincide com o critério da representação da peça. No meu caso achei a primeira cena que transforma as históricas navegações portuguesas num desafio de futebol algo deslocado da anunciada trama épica e mais como um facilitismo menor ao apelo do pagode pimba do futebolísmo. No meu caso especial também por razão de experiência vivida na guerra colonial. Foi assim;
Na tomada de Nambuangongo em julho-agosto de 1961 haviam três colunas militares, cerca de 1500 militares, a convergir para o objetivo central que era a ocupação da povoação de Nambuangongo num dos mais altos planaltos de Angola com floresta densa. Artur Agostinho um reputado jornalista, em especial reconhecido e famoso por ser relator de jogos de futebol, recusou ir incluído numa das colunas pois, dizia, queria filmar a chegada da coluna que primeiro chegasse ao povoado de Nambuangongo, símbolo da ocupação do norte de Angola e resistência do inimigo. Claro que Artur Agostinho não podia estar em Nambuangongo antes das tropas ocuparem a povoação, então, o relator profissional de futebol tomou um pequeno avião militar, o DO 27 Dornier para relatar do ar, à maneira de um jogo de futebol, a chegada a Nambuangongo do Batalhão 96 a 9 de agosto de 1961. A minha Unidade chegou no dia seguinte. Mais tarde o mesmo Artur Agostinho do futebolismo repetiu na TV, na rádio e escreveu em livro que aquela operação militar lhe tinha parecido um desafio de futebol Benfica-Sporting. Nunca achei justo tal analogia pois que, para mais, nessa caminhada todas as três Unidades militares envolvidas nessa operação já tinham vários mortos tombados em combate, muitos feridos evacuados e dezenas de feridos ligeiros; isto é, muito sangue derramado.
Na minha opinião o relato de futebol poderia ser bem substituído pela fala do Velho do Restelo usando do mesmo jeito futebolístico ou outro mais épico, sobre o palco. Outra nota simples que pensei da representação é que o Vicente devia ter emprestado o seu vozeirão ao Pedro para dar mais corpo e extensão ao Camões sem-abrigo. No mais, tudo irrepreensível e magnífico quanto a luzes, música, atores e representação como é de marca com o Grupo JAT. Os meus parabéns.
Etiquetas: cabo das tormentas, teatro jat
O político ou filósofo ou político-filósofo ou filósofo-político da nossa praça académica disse que:
«O Manifesto alerta para riscos reais de violação do Estado de
direito. Mas teria muito mais autoridade se também se revoltasse contra o
abuso do Estado de direito que contribui para a ineficácia do combate à
corrupção».
Ora, o defeito do Maduro é pensar, tal como os ditadores e tiranos ou
candidatos a ditadores e tiranos assim como também a maioria do pagode
ignorante, que é possível acabar com a corrupção no mundo por deliberada vontade,
decreto ou lei e respetivas duras punições; provavelmente, Maduro, revê-se naqueles estados totalitários que julgam acabar com a corrupção com punições de dezenas de anos para um pilha-galinhas ou delito de opinião e com a pena de morte com tiro na nuca por um qualquer delito político-económico considerado crime pelo regime do tirano.
Maduro é dúbio quando se refere ao "abuso do Estado de direito" sem indicar expressamente quando e em qual sentido o Estado pratica abuso relativamente ao cidadão; isto é, não diz e parece omitir deliberadamente se é o Estado de direito que abusa do cidadão ou se, ao contrário, é o cidadão que usa e abusa do Estado de direito e suas leis de proteção e garantias do cidadão perante os possíveis perigos de um absolutismo conferido ao sistema judicial do Estado de direito.
Dado que se refere à "ineficácia do combate à corrupção" parece querer dar a entender que se trata de assinalar e denunciar o excesso de garantias processuais dadas aos cidadãos o que, desde logo, o coloca do lado de uma certa direita que acredita que o combate à corrupção não vai por excesso de garantias mas sim pelo excesso exemplar de punições à la carte, intimidatórias. Maduro, ao contrário do espírito da lei e da civilização humana acha que é preferível um inocente preso do que um culpado à solta.
Contudo, a realidade é que a corrupção, tal como a liberdade, é inerente à condição humana; é uma dependência da existência e circunstâncias sociais humanas que lhe criam necessidades que conduz o homem a vender-se legal ou ilegalmente; quer vender a sua força de trabalho quer vender a sua força de influência. Onde há dois homens um tenta corromper o outro pela astúcia, saber ou conhecimento; nas sociedades primitivas o “mágico” ou bruxo curandeiro tomava conta do poder corrompendo os humildes desgraçados; na sociedade romana de milhões de humanos a corrupcão tomou a forma de “pão e circo” e na sociedade moderna de biliões a corrupção tomou a forma de “ópio do povo” como lhe chamou Marx e, contemporaneamente, a corrupção está iniciando-se sob a forma de “inteligência artificial” que é outro e novo “big-brother” cujos atributos estão para além do humano tal como o foi a ideia de deus e seu uso prático na terra sob o reino do céu.
Entre nós a “atividade paralela” que é na totalidade corrupção perante a
lei é ao longo do tempo de cerca de 25% o que significa que,
praticamente, todos os portugueses praticam ou já praticaram um qualquer
ato de pequena ou grande corrupção. A própria urgência da necessidade
de atuar perante um caso vital obriga, quase sempre, a um qualquer tipo
de corrupção; a própria lei reconhece tal quando deixa que ambulâncias,
bombeiros ou carros particulares com feridos circulem com excesso de
velocidade; a guerra ou o Estado de sítio da nação obriga a meter leis na gaveta; tudo que colide com a existência se torna transcendental e as leis contra a corrupção e outras se tornam, de súbito, absoletas.
A corrupção sempre existiu e existirá no interior da sociedade dos
homens, é uma necessidade natural que nasce das condições sociais
criadas pelo próprio homem derivadas da sua existência e, por
conseguinte, lhe é inerente.
Quando alguém ou grupo social, político, religioso vem proclamar na praça pública que quer “acabar” com a corrupção está-nos a enganar profunda e propositadamente e tem, tão somente, um propósito o qual é de transferir para si todo o poder de corrupção protegido pelas próprias leis que vai tomar em nome do combate anti-corrupção; neste caso dá-se uma transferência do poder do indivíduo poder praticar a pequena corrupção à sua escala individual para a cúpula do poder total central praticar, à escala do Estado, governo, partido único, poder económico, etc., a corrupção à vontade e à grande, impunemente.
Vimos como Salazar distribuiu o poder económico para um pequeno grupo de famílias enquanto acumulava ouro no banco e deixava na miséria um povo submisso pelo terror policial. Como ditador temente a Deus omnipresente quis esconder a corrupção do regime encarregando a gente da União Nacional da prática da corrupção do regime; para ele reservou o gozo beato do poder de ditar ordens e distribuir poderes no interior da União nacional, partido único permitido. Deste modo, face ao povo analfabeto do tempo criou a impressão de pessoa pobre e honesta tal como preconizava aos miseráveis portugueses. Ainda hoje os oportunistas anti-democratas proclamam querer "acabar" com a corrupção copiando e usando o mesmo método de aparências. Contudo, a maior parte dos ditadores no poder usam desse poder absoluto para se tornarem rapidamente em mais um "homem dos mais ricos do mundo" sem hesitação e descaradamente. Transformam o Estado numa oligarquia de amigos ou familiar organizado à semelhança mafiosa.
Toda a proclamação partidária que promete "acabar" com a corrupção é uma farsa de quem, tão somente, quer o poder e o uso da corrupção para usofruto próprio e apaniguados.
Só a Democracia, como em todas as circunstâncias da vida é, e será sempre,
o regime que tenta, pela dialética política, gradualmente, diminuir a corrupção elevando o nível
do estado social e condições de vida das pessoas para além de melhorar a
lei adaptando-a de acordo com a evolução social em cada tempo
histórico.
Etiquetas: ''acabar" com a corrupção
O que se vê por interposta mediação e interpretação política do dia a dia no mundo dos grandes negócios entre países e das
conveniências ditadas pela necessidade dos acontecimentos à época não é
o que faz a história ou de mais importante ela regista; historicamente
os acontecimentos globais de hoje são jogos táticos determinados pela
conjuntura da atualidade. Tais táticas sazonais não passam de aparências
a longo prazo porque, a nós, que não vivemos o tempo suficiente para assistir à história
as tomamos como história definitiva.
A China tem uma fronteira de muitos milhares de Kms com a Rússia ao longo de
toda a Mongólia e península de Vladivostok e sempre houve disputas fronteiriças pelo controlo
desses territórios entre ambos. Ainda em nosso tempo, finais de anos'60 do Séc passado a URSS (Brejnev?)
teve uma guerra com a China (Mao, Ping?) nesse local por questões de
disputa étnico-fronteiriças. E toda a península de Vladivostok a China nunca deixou de olhar para lá e de tempos a tempos faz lembrar que tal território já lhe pertenceu. A Rússia é um país bicontinental, ao
contrário da China, e basta olhar para o mapa para ver que esta quase
que contorna ou como que abraça a China pela ponta de Vladivostok para além desta conhecer a
milenar história imperial dos czares. Aliás, se olharmos o mapa com atenção podemos pensar que tanto a Europa como o resto da Ásia são como que pequenas penínsulas da Rússia gigantesca, incluindo a China. Agora, com a invasão da Ucrânia a Rússia volta a demonstrar a sua necessidade de espaço vital, ou
seja, precisa necessariamente de espaço habitado, com gente, populoso, para ser,
efetivamente, uma potencia global económica e militar que conte. Ora, a
China, que já é essa potência global que conta olha, hoje, para a Rússia
como submisso parceiro de negócios rentáveis para si mas vê-a
historicamente como um potencial adversário futuro. Segundo uma realidade histórica futura à China não interessa nada uma Rússia que compita consigo comercialmente e muito menos militarmente. Certamente Xi Jiping tem muito mais receio de uma Rússia super-potência chefiado por um qualquer czar ditador como Putin do que uma Europa feita de cacos ligados por agrafes de pontas democráticas. Se um dia a Rússia volta a ocupar o espaço populoso da antiga URSS ou ainda superior na Europa, não só meterá medo à Europa como à vizinha China e ao mundo em geral; quererá ser a potência única a ditar ordens no globo terrestre.
Algo semelhante se passa pelas estratégias de futuro a sul entre a China
e a Índia: o poder é que conta e este está acima de tudo e é preciso
preservar a todo o custo como já aconselhavam os sumérios, Confúcio e
Maquiavel.
Etiquetas: a atual ''amizade' china-rússia
Na madrugada quando se deu o 25 de Abril de 1974 já tinha ultrapassado os trinta anos de idade e estava deitado a descansar do dia de trabalho anterior. Trabalhava em Lisboa na Efacec na Rua Rodrigo da Fonseca, próximo do Hotel Ritz e do Rádio Clube Português e morava em Queluz onde tinha comprado casa no Monte Abraão. Cerca das 07h15 da manhã toca o telefone e um colega e amigo, que já tinha sido alertado por outro seu colega e amigo, muito excitado me informa; - pá! não saias de casa, não venhas para Lisboa que está cercada por militares que não deixam entrar ninguém na cidade; ouve a rádio, o Rádio Clube Português que está a transmitir comunicados à população sobre a revolta dos militares e pedem para todos ficarem em suas casas -. Cerca das 07h30 tentei ligar para o meu irmão mais velho que vivia em Lisboa e já não havia telefones, os CTT-TLP, tal como a TV e todas as estações de Rádio, tinham sido ocupadas e silenciadas pelos militares revoltados contra o regime. Pensei que, pelo visto, a batalha da informação já tinha sido ganha pelos militares revoltosos.
Claro, a partir dessa hora, também o resto da população do país estava a ser informada dos acontecimentos, e já ninguém dormia, pelo que se via na vizinhança, onde as luzes das janelas se acendiam umas a seguir às outra e os moradores começavam a vir para as varandas como que a querer "escutar" algum som de guerra especialmente aqueles que, como no meu caso especial, já tinham feito a Guerra Colonial.
Os comunicados do MFA eram animadores e, realmente, anunciavam um contínuo de tomadas de controlo de posições chave sem oposição. Tudo indicava que o regime caía aos bocados de podre sem apoios e incapazes, sequer, de enfrentar as tropas rebeldes quanto mais detê-las ou vencê-las. Para mais, dado a insistência dos comunicados do MFA em pedir às populações que não se dirigissem à cidade nem se juntassem às colunas militares, tudo indicava que o povo de Lisboa aderira espontaneamente à revolta apoiando, como importante segunda linha, as tropas revoltosas.
Por volta das 10h00 da manhã em Queluz também já se ouviam cantos e grupos de gente com bandeiras no ar. O povo começara a vir para a rua e comentava alto com sorrisos e vivas à liberdade. Uma vontade crescente começara a alimentar a ideia de ir ver a Revolução onde ela estava a acontecer, no centro histórico de Lisboa. Falei com a mulher acerca de que devíamos ir ver a Revolução ao vivo e ela ficou surpreendida pois a rádio aconselhava o contrário. Contudo o povo na rua em Queluz engrossava e as notícias do RCP eram cada vez mais entusiasmantes.
Por volta das 11h00 acabámos mesmo por montarmo-nos no Escort e fomos para Lisboa. Chegados ao Alto das Amoreiras uma barragem de militares do MFA não nos deixou passar. Do Alto das Amoreiras víamos e ouvíamos grupos de gente, cantando e envergando bandeiras, atravessando o Marquês de Pombal em direção à Baixa. Agora, voltar atrás era imperdoável; descobrimos um buraco-lugar para deixar o carro. A pé, descemos pelo jardim das Amoreiras até ao Rato e daqui dirigímo-nos para Avª. da Liberdade que descemos com um enorme grupo de gente entusiasmada que dava vivas à liberdade e agitava bandeiras diversas. A Avenida estava já tomada por grupos como o nosso que descia para o Terreiro do Paço onde o Capitão Salgueiro Maia começara a tomar conta dos diversos ministérios, especialmente, o Ministério da Defesa e tinha tido alguma confrontação com militares situacionistas que se renderam e juntaram aos revoltosos.
Quando chegámos ao Terreiro do Paço o grosso das tropas de Salgueiro Maia com os carros de combate de tipo AM45, Paton, minha especialidade quando fiz o serviço militar em 1960/61 em Santarém e depois em Stª. Margarida, já se tinha deslocado para o Largo do Carmo onde o 1ºM Marcelo Caetano se tinha refugiado no Quartel do Comando da GNR. A multidão de populares que enchiam o Terreiro do Paço e percorriam as ruas circundantes em correrias deslocavam-se, agora, para o Largo do Carmo, e nós também. Pelo caminho algumas mulheres com um braçado de cravos ao colo ofereciam-os aos populares que passavam em passo apressado ou a correr. Assim, o cravo, tornou-se bandeira hasteada ao alto nos braços do povo e no cano das espingardas dos militares tornando-se, assim, símbolo da Revolução.
No Largo do Carmo as tropas do Capitão Salgueiro Maia estavam estacionadas frente ao Quartel do Carmo. Tinha acabado de se dar o confronto, frente a frente, entre a coluna do Regimento de Cavalaria 7, apoiantes do regime, e a coluna da Escola Prática de Cavalaria, ao serviço dos revoltosos, vinda de Santarém e comandada por Salgueiro Maia. Não houvera fogo mas uma dura parlamentação entre as partes e até ordens de fogo dadas às tropas dos apoiantes marcelistas mas, os militares milicianos recusaram-se a disparar o que obrigou as forças do regime a dar meia volta e recolher ao quartel.
Todos os objectivos propostos tomar pelo MFA tinham sido concretizados e, além de uma posição dúbia acerca de uma fragata posicionada no Tejo frente ao Terreiro do Paço, a questão militar estava resolvida. Salgueiro Maia, frente ao quartel do Carmo, ao megafone, gritava pela rendição dos GNR e abertura dos portões do quartel ou abri-los-ia à bomba. Após uns disparos para a frontaria do quartel um oficial GNR apareceu a comunicar que Marcelo Caetano propunha-se entregar o poder ao General António Spínola afim de que o "poder não caísse na rua". Marcelo desconhecia totalmente a admirável organização e disciplina militar feita, não de RDM, mas de companheirismo e fraternidade entre os jovens capitães que fora a constituição do MFA na clandestinidade.
Consultado o Posto de Comando dos revoltosos, no Quartel da Pontinha, os Capitães de Abril maiores responsáveis pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), concordaram com a solução proposta e comunicaram-na a Salgueiro Maia que a transmitiu ao comando do Quartel do Carmo. Foi uma espera longa até que uma "chaimite" blindada com o General Spínola entrou pelas traseiras do Quartel do Carmo por entre uma multidão de populares aos "vivas à liberdade" e, após a assinatura de rendição, saiu levando dentro o Marcelo Caetano que seria depois enviado para a Madeira e, de seguida, para o Brasil.
Quando a multidão de gente saía do Carmo surgiu um grupo de populares a gritar que os "pides", refugiados na sede na Rua António Maria Cardoso, ali perto ao Chiado, haviam disparado das janelas sobre a multidão postada na rua em frente e feito mortos e feridos. Foi uma correria louca para a sede da polícia política e perante o engrossar da multidão a querer derrubar os portões os pides refugiaram-se no interior. Esta situação durou muito tempo até surgir um corpo de marinheiros fuzileiros que derrubaram portões, prenderam os pides e ocuparam o edifício. Alguns pides conseguiram fugir por portas esconsas meio secretas. Talvez tenha sido esta a única falha do MFA e que, anos depois, já em democracia voltaria a ser caso político com a condecoração de pides, pelo governo democrático, em detrimento do maior herói da Revolução, o Capitão Salgueiro Maia.
Hoje, passados 50 anos 50, os democratas inconscientes ou distraídos protestam incessantemente pelo que falta fazer ignorando que a Democracia é um ideal sempre inalcançável, pelo que, o que falta fazer nunca acaba.
Etiquetas: 25 abril 2024, 50 anos.