domingo, maio 26, 2013

CORES DA PRIMAVERA 2013

quinta-feira, maio 23, 2013

INDIVÍDUO, SOCIEDADE, LIBERDADE


Todas as utopias são na sua grande parte de fundamentação, de forma e substancia, generalistas. São estruturadas, defendidas e pragmatizadas sempre segundo a prática geral de amar todos por igual na sociedade perfeita em abstrato mas duvidar ou detestar cada um em particular na sua vizinhança de relações pessoais. No fundo têm um fundamento prático na filosofia que Pacheco chamou a lei do filho da puta: amar todos em geral e odiar cada um em particular.
À minha volta vejo isso correntemente na vida prática diária de personalidades conhecidas. São acérrimas defensoras e lutam partidariamente pelo máximo de igualdade entre os humanos em sociedade contudo, são imcapazes de praticar, promover e conseguir um mínimo de fraternidade mesmo dentro de portas.
Uns não conseguem evitar que os próprios filhos se desentendam por pequenos interesses e motivos fúteis. Outros, mal contratam trabalhadores para fazer trabalhos em suas casas entram em litígios ferozes às vezes apenas por opinião diferente sobre a execução do trabalho, ou muito pior porque o trabalhador exige os seus direitos. Outros ainda praticam um individualismo insubmisso mas dizem estar dispostos à servidão em nome da igualdade social, esquecendo que o adversário de uma verdadeira liberdade é um desejo excessivo de segurança. Outros muitos, porque as suas faculdades são menores, refugiam-se na igualdade que lhes dá lucros individuais pois aí serão iguais aos melhores.
Também há os casos de ingenuidade, talvez a maioria, que por prática de costumes de honestidade e valores morais, defendem a bondade e retidão e tomam-na como sinónimo de igualdade, contudo são avarentos na defesa dos interesses próprios. Lembro-me sempre do meu sogro, que não colhia um figo, uma amêndoa, uma alfarroba nem uma azeitona, contar que no tempo da guerra 1939-45 e do miserável "racionamento", ir pedir a um agricultor vizinho tido por igualitarista que lhe vendesse um litro de azeite e este lhe pedir um preço muito superior ao valor do mercado "racionado". Dizia o meu sogro que ficara vacinado para a vida contra palavras a favor de actos.
O problema insolúvel, para além das desiguais faculdades intelectuais de cada ser, está que cada pessoa relaciona-se com outras de modo pessoal e individual através das suas genéticas qualidades de inteligencia, caracter e personalidade únicas e não de grupo para grupo, conjunto para conjunto, ou sociedade para sociedade dado que estes não possuem personalidade, qualidade ou caracter único ou unificado. Quando o grupo, conjunto ou sociedade dialoga com parceiro igual fá-lo através de indivíduos pessoas representantes e são as "impressões digitais" dessas pessoas que fazem a marca das "impressões digitais" deixadas em cada interlocutor.
Desde Heraclito que se sabe que as diferenças e a lei dos contrários (Marx chamou-lhe a luta de classes) provocam o conflito e este é o motor da civilização. Também desde Protágoras ficámos a saber que é o homem indivíduo que é a medida de todas as coisas e não a sociedade humana.
Esta, a sociedade humana, é que deve ser a decidida pelos homens individualmente livres e permanentemente medida e avaliada por eles para evitar ou corrigir caminhos errados. 
A humanidade foi um ganho civilizacional e a sociedade será tanto mais humana quanto mais o homem indivíduo for livre e próspero para se organizar em estádios de sociedade cada vez mais elevados de bem-estar.   

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sábado, maio 18, 2013

O ÊXTASE DE CAVAVO



Tenho para mim que ninguém percebeu bem, ou então fingiu não perceber tomando-a como mais uma baboseira parola, que também foi, para assim poder fazer chacota fácil com tal figurante de opereta de cordel.
Contudo o dito cavaquista, ou melhor o dito "mariani", acerca da intervenção milagrosa de Nª Sª de Fátima para aprovação da 7ª avaliação da troika contém todos os ingredientes do mais puro carácter de desconfiado mesquinho auto-convencido de uma grandeza pessoal que só o uso manhoso do cargo lhe permite fingir e manipular para enganar os ignorantes.
O Cavaco tal como o Portas e muitos políticos da direita são crentes apenas por conveniência própria face à defesa de suas imagens perante a sociedade moralista existente. Eles só acreditam em si próprios e no jogo escondido que subterraneamente lançam à luz do dia sempre no propósito de sua defesa e auto-promoção.
Cavaco nem utilizou um ar de santinho para dar consistência à sua beata afirmação mas sim propositadamente o mais informal do seu ar doutoral. Isso porque a intenção era passar a ideia aos portugueses que onde ditara "talvez, Fátima" deveria ler-se "fui eu, foi graças a mim". A mensagem que, através duma ironia sub-reptícia, verdadeiramente Cavaco queria deixar era: pensarão os ingénuos portugueses que foi a mão divina de Fátima e não a mão oculta do Presidente? A tal mão escondida atrás dos arbustos dos jardins e gabinetes presidenciais.
Cavaco quis dizer que se houve ou haverá o cheque da 7ª avaliação e consequentes ordenados e pensões é a ele que os portugueses devem agradecer. Aliás as notícias depois confirmariam que se deveu à imposição do Presidente o acordo entre Passos e Portas.
Cavaco, finalmente, está nas suas sete quintas vivendo em êxtase afiado: é quem define as regras do jogo e é o próprio árbitro do jogo. Está feliz, sem forças de bloqueio nem limitações de poder, atingiu a sua máxima altura. Ele sim, deve pensar em milagre pelo facto de chegar onde está. E os portugueses devem pensar como foi possível um indivíduo sem estatura chegar a tão elevado poder pessoal.
Há, contudo, na lei não escrita da vida que quem mais alto sobe de maior altura será a queda.

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terça-feira, maio 07, 2013

MADURO BICHOSO




Este governo de mentira tem ensaiado todos os golpes baixos de que há memória para impor e fazer passar o seu plano ideológico de neoliberalismo puro e duro onde tudo é submetido à ordem do capital, incluindo as pessoas.
Durante os tempos de "estamos preparados para governar com a troika", "o memorando da troika é o nosso plano de governo", "o memorando da troika não é suficiente, é preciso mais"," queremos ir além da troika", "não é preciso mais tempo nem mais dinheiro" e outras fanfarronices feitas com certezas "made in gaspar", o governo tinha a força beligerante do ministro-equivalências Relvas e a malabarice cínica do paulinho.
Actualmente o mesmo governo está no tempo do "memorando inicial mal desenhado", do "memorando que Passos queria mais lato e com mais dinheiro mas foi impedido de negociar", "do memorando que é preciso executar custe o que custar" e muito especialmente "do memorando que exige um consenso alargado" e outras cobardices feitas pelos monumentais falhanços "made in gaspar", o governo tem a força consensualista do cagão ministro-académico outro maduro estrangeirado caça-títulos e tem o paulinho elevado a PM paralelo.
O cagão ministro-académico mal chegou ficou maduro tal qual o governo: ontem nos prós-e-contras o ministro sacou logo da sua ciência académica ditando que "a austeridade não é de direita ou de esquerda" como que a certificar a sua neutralidade e aplicação necessariamente. Claro a austeridade não tem esquerda nem direita como não têm a igualdade, a liberdade, a felicidade, a tranquilidade, a maldade, a santidade, a credibilidade e os seus contrários. O que tem esquerda e direita meu sofista são a forma, o conteúdo, a dose e a justiça como se aplicam essas qualidades.
Outra tese de académico-cagão vendida foi a de que o cumprimento subserviente faz que o país tenha credibilidade junto do "norte" para poder ser o interlocutor mediador junto do "sul". Onde estavas quando ainda há poucos dias os irlandeses chamaram "ministro da troika" ao gaspar? Para que querem os países do sul um mediador português para defender a opinião ética-protestante do norte se já lhes basta e sobra a poderosa Alemanha? Essa não é de ministro maduro, essa é de ministro já bichoso.
No resto o cagão ministro-académico que ainda há pouco criticava medidas deste governo mal lá assentou o rabo não faz mais que repetir integralmente a cartilha actual do agora seu governo.  

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quarta-feira, maio 01, 2013

1º 1º DE MAIO, FOTO ORACULAR


Em 1974 o 1º de Maio já tinha esta unidade, ou consenso como se diria hoje, que está fulminantemente patente nesta foto do 1º 1º de Maio.
Pela vista do Largo do Areeiro ao fundo, quem quer que tenha tirado esta foto, estava próximo de mim naquele momento pois, também eu esperei aquela manif naquele local onde havia um grande edifício em construção pejado de gente e uma senhora a oferecer água com um jarro na mão que enchia continuamente.
Mas a foto é, sabendo nós hoje o que se seguiu, duma clareza elucidativa brutal. 
Um, de cravo ao alto vivendo e comungando efusiva e afectivamente da alegria da liberdade do momento com o povo na rua, completamente alheio e ausente de qualquer pensamento interior fora do estado de alma que lhe está estampado no rosto.
O outro, de rosto impassível e impenetrável como uma máscara carregada de mistério, como um ícone  sagrado saído da sombra da clandestinidade para acender o fogo prometeico. Um símbolo assim, carregado de sagrado, não pode abrir-se quanto mais saudar ou sorrir ao povo-chão, imitando-o. Não, não está ali para imitar o povo-chão sendo como eles, está ali como guia supremo para indicar o caminho carregado de dificuldades e trabalhos duros mas redentores amanhã, logo, como profeta do caminho luminoso o seu porte e pose tem de expressar o simbolismo da impassibilidade e impenetrabilidade religiosa, face aos fiéis.
Contudo, apesar desta aparencia conveniente face à austera convicção teoideológica, era imensamente superior aos seus discípulos actuais. Percebia com nitidez as diferenças entre as classes político-ideológicas actuantes no espaço político português e no mundo. 
Foi capaz de perceber, sem tergiversar um segundo, a diferença entre dois candidatos a  Presidente e  optar, impondo, sob força de vontade e em cima da hora, pelo lado que sabia ser melhor para o seu partido.
Coisa que a pobreza mental e medo mesquinho, apesar de parecerem mais povo-chão, os seus discípulos actuais não são capazes de perceber e empreender. 

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