sexta-feira, janeiro 26, 2007

MARAFAÇÕES IX

ABORTO II

Afinal, também um homem religioso e dignitário da igreja católica como D. Dantas, bispo de Beja, concede (Público,20.01.07) que o embrião «não é pessoa humana, porque não tem consciência dos seus actos. Não tem alma». Contudo tal concessão é feita apenas no plano do humano, isto é, do compreensível pela consciência da pessoa social, a que é ou não responsável pelos seus actos perante os outros. Para certificar que assim é, que tudo se passa no plano da terra e não do céu, retirou a alma do embrião, portanto, neste não há qualquer intervenção do divino, tudo é do domínio do livre-arbítrio dos humanos.
Até aqui parece estar de fora o homem religioso da revelação e vir ao de cimo a pessoa que compreende os problemas revelados pela existência. Mas um crente convicto, um bispo, apesar de conhecer e viver entre os problemas reais da vida do dia a dia, olha e vê no céu a causa primeira de tudo, o princípio imutável. Pode ter compreensão pelos humanos nos controversos casos entre a lei adaptada e a lei revelada, entre a adaptação à necessidade e a sujeiçao à imutabilidade, mas opta sempre pela ordem sobrenatural tomada como irrepreensível.
E tanto assim é que, após condescender baixar-se à compreensão da condição humana, logo se eleva para o alto, de bíblia na mão, para lembrar que esta coloca o começo da vida «antes da sua concepção», um fundamento, diz, «que ultrapassa a conpreensão humana». Remete portanto a questão para o incompreensível e por conseguinte inapreensível pelo entendimento racional. Ora se esse fundamento(ou mandamento?) é vedado ao nosso conhecimento como podemos tomá-lo em conta nas nossas decisões?
Para o nosso bispo do sim a vida começa antes da sua concepção biológica, o que pressupõe uma concepção imaterial à priori, exterior ao homem e mulher os quais apenas são actores da trama divina. Mas para muitos do não a vida só começa 10 semanas após a fecundação, porque o sistema nervoso central assim, porque a formação ainda assado, etc. Então a vida é algo que surge de repente no feto às dez semanas em ponto? Às dez semanas e um segundo há vida e às dez semanas menos um segundo não há vida? Onde estava ela guardada e programada para penetrar a carne e de repente torná-la viva? Vindos do lado oposto, estes do sim, concebem a vida de forma análoga aos do não, pela via milagrosa.
É evidente que a vida começa com a reunião de células, que por sua vez já tinham vida própria, e depois por um processo biológico(metamorfósico?) passam a ser uma só carne e vida com identidade única. E desde esse momento não só existe vida como existe uma promessa de ser humano. Mas, como diz D. Dantas, um feto não é pessoa humana porque não tem consciência dos seus actos. Provavelmente nem terá ainda qualquer consciência de que existe antes de lhe ser cortado o cordão umbilical.
O imperativo natural da luta pela preservação e conservação da espécie obriga a sociedade a organizar-se no sentido da sua perpétua continuidade e nunca ao contrário. A lei geral é esta embora em casos particulares pareça que não; são excepções. As guerras, as pestes, os massacres, os terramotos, as condenações, os êxodos, os milhões de crianças e adultos que morrem em África todos os anos, etc., jamais impediram o crescimento constante da população mundial. Uns dizem que estes males são castigos de Deus que é ético, outros que são regulações da natureza que é pragmática.
O homem, cada vez mais, na sua relação com os outros é primeiramente pragmático para sobreviver e à hora da morte ainda é pragmático; joga mão do arrependimento para salvar-se do desconhecido.

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sexta-feira, janeiro 19, 2007

GORJEIOS II

SANTA BÁRBARA DE NEXE, a História, a Igreja e a Memória
A MONOGRAFIA

Dada uma olhadela rápida pela História contada no recentemente(10.12.06) apresentado trabalho monográfico da nossa Freguesia, ficamos logo decididos a uma leitura passo a passo, atenta e gostosa, acerca dos antepassados que, com o seu rasto inscrito, deram uma ajuda preciosa para saber-mos donde viemos, quem fomos e o que somos.
No livro, coordenado por João Rocha Bernardes e Luis Filipe Oliveira, reconhecemos imediatamente um trabalho sério, competente e esforçado de pesquiza de campo e de arquivo para encontrar os nossos rastos, tarefa nada fácil dado as poucas pégadas ainda existentes. Ficou muito bem entregue o encargo deste trabalho em boa hora decidido pelo colectivo da Junta de Freguesia. Sem dúvida uma excelente idéia; este estudo, apesar dos escassos vestígios, consegue, com rigor, dar-nos alguma identidade própria no contexto da região circundante.
Também a boa organização e exposiçao dos assuntos, a redacção concisa e limpa de artifícios, são elevado contributo para o convite a uma leitura agradável através da história dos nossos avós familiares. Até os sempre enfadonhos gráficos, mapas, quadros e números ilustrativos, implantados a propósito e adequadamente, não perturbam nada a leitura agarrada, uma vez que os quadros mais pesados foram remetidos para os anexos. Dou a minha impressão elogiosa, contudo, ela pode estar contagiada de sentimento, pois sinto-me parte interessada na história que o livro conta, não o vejo de fora com distanciamento e isso ajuda ao preconceito.
Ficámos a saber que a 1ª referência documental a Nexe está no diploma de D. Dinis de 26 de Junho de 1291(tempos medievais), e que em 1458(tempos de Reforma) houve uma importante reunião algarvia em «Çanta barbara». Em 1479 aparece a 1ª referência ao apelido «Gorjam» no nome de seis importantes contribuintes, sendo um deles o sacador das contribuições para um elevado empréstimo aprovado em Lisboa. O apelido desta importante família gorjonense, segundo hipótese de José Pedro Machado(Ensaio sobre a toponímia do concelho de Faro) que os coordenadores corroboram, terá dado origem ao nome Gorjões.
A tradição oral aponta para que o nome seja muito anterior e com origem numa abundante existência local de pássaros gorjeadores natos, que por esse motivo, os de fora, passaram a chamar terra dos gorjões. Regra geral, um apelido familiar dá nome a um local quando é a 1ª família a implantar-se nesse local. Ora a existência de seis famílias ricas em terras, gado, cereais e frutos secos no local, pressupõe a existência de muitas outras famílias remediadas ou pobres no mesmo local, e portanto um lugar já povoado muito anteriormente. A riqueza possuída pelas seis famílias ricas, naquele tempo, certamente durou séculos a criar-se, não nasceu expontâneamente como hoje acontece.
Aliás, não parece razoável que após quase dez séculos de ocupação romana seguidos de mais cinco séculos de ocupação islâmica, ainda subsistisse locais próximos do mar sem designação. Em Estoi estava o mar e uma figura importante da hierarquia romana. No «Algarão da Goldra» foram encontrados rastos humanos do Calcolítico, os romanos deixaram rastos na Silveira e Poço do Canal, os islâmicos também deixaram rasto no Poço do Canal e deram nome a Benatrite, locais próximos. Sabemos que estes dois povos eram, civilizacionalmente, os mais avançados na época, e se andaram por aqui, não chamaram nomes aos locais?
As hipóteses do nome Gorjões proceder do nome «gorjão», pássaro ou apelido de família, é um produto de imaginação, e como esta é maior que Deus, pois este criou um mundo e eu pela imaginação posso criar quantos mundos quizer, imagino que o apelido «dos Gorjões» ou «a dos Gorjões» é consequência e não causa.
Mas a discussão é irrelevante perante o facto novo de, a partir de agora, haver uma postigo aberto para o nosso passado comum.

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quinta-feira, janeiro 18, 2007

GORJEIOS I

SÃO SAUDADE

Um português são dois na prática,
é alma, terra pedra fixa apática,
é corpo, carne sangue a ferver,
desta ligação antagónica
faz o português a sua crónica
de vida feita desta maneira de ser
dois e diferente,
de ser dois e toda a gente
filhos dests elástica dualidade
entre o deixa andar e o tumulto,
entre ser vilão ou ser vulto,
entre o génio e a boçalidade.
entre Aljubarrota e Quibir,
entre ser ou não ser, lutar ou fugir.

Entre descobrir mundos, índias, brasis
ou descobrir imundos "bidonvis",
entre alma mole e corpo de genica
passa os dias o nosso ser paradoxal,
marcado desse pecado original
dum corpo que parte e uma alma que fica
penélopiando em espera dependente
do corpo desejado ausente.
Com a alma perdida, o corpo sem sina
ou vontade própria, corre ao Deus dará,
estrebucha, luta, é escravo ou marajá
fixado no regresso à unidade uterina.
Noutros povos corpo e alma são unicidade,
no português corpo e alma são saudade.

Do livro Gorjeios

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EQUIPA DE FUTEBOL DO NEXENSE ANOS 50

EUIPA DE FUTEBOL DO NEXENSE DO INÍCIO DOS ANOS CINQUENTA
JOGO REALIZADO NA MESQUITA

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

EQUIPA FUTEBOL DOS GORJÕES ANOS 50

EQUIPA DE FUTEBOL DOS GORJÕES DE FINAL DOS ANOS 50
PARA JOGO NA FESTA DA SOCIEDADE RECREATIVA
GORJONENSE NA TERRA DO JOSÉ BENTO.

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terça-feira, janeiro 16, 2007

MARAFAÇÕES VIII

O HOMEM PROGRAMADO II

Em editorial de Domingo, dia 14, o jornal "Público" pela pena do seu director, a partir da repentina corrida à exposição de Amadeu de Sousa-Cardoso conclui que os portugueses, tal como em Madrid, Paris, ou Londres, também acorrem e sabem apreciar uma boa exposição de pintura ou outra manifestação de arte desde que haja uma política coerente de programação e promoção. Serve-se deste exemplo e alguns mais para criticar os "criadores" que vivem de subsídios e cujos espectáculos não atraem público.
Deixemos de parte a teoria demagógica de que só o que tem público imediato é que é bom. Caso contrário tinhamos de concordar que a "Maria" é óptima e o "Público" é medíocre. E como justificar Camões, Fernando Pessoa, Bach, Van Gogh, A.Vaviações, Mozart, etc., que só tiveram público depois de mortos? E em vida suportaram dezenas de críticos bota abaixo de língua muito mais afiada que actualmente. Que dizer dos belissimos filmes de M.Oliveira em Lisboa com 3 espectadores e uma rectrospectiva de filmes em Loulé de Tereza Vilaverde com 2 espectadores e um terceiro a ressonar mais alto que a banda sonora do filme?
Em Portugal e em maréria cultural a repentina corrida em massa, e à última hora, a uma exposição de pintura só revela o total alheamento dos portugueses face ao acto cultural. Essa corrida não significa uma actitude cultural, uma vontade nascida de dentro para fora, um impulso intelectual, o desejo de observar e tentar interpretar uma obra de arte para enriquecer o seu mundo interior e admirar a capacidade do homem para embelezar o mundo exterior. JMF diz que é preciso uma coerente promoção e programação que responda à solicitação dos públicos que existem, isto é, adequada à mentalidade portuguesa.
Ora se a promoção da exposição, como é timbre da Gulbenkian, foi bastante visível desde o princípio como se justifica que a corrida fosse à última hora? Só pode ser pela mentalidade tablóide programada, pavlovianamente, através da publicidade das tvmaria especialmente telenovelas, programas e notíciários repletos de entrevistas a heróis da bola, das novelas, do pimba jet-set caseiro, dos drogrados, presos, prostitutas, dos dança comigo, das rasquíssimas entrevistas de rua, das passereladas e amores dos cabides-modelo, etc. que subvertem todos os valores que a escola nos ensina sobre história e heróis.
Nos últimos dias, tal como na Expo'98, os media tvmaria deram em propagandear, ao estilo de passeio alegre, a exposição e bastou a Fundação anunciar que estava aberta noite e dia ao fim de semana para despertar o espírito de carreiro. Todos foram a correr em romaria não para ver a exposição mas porque, desencadeada a movida, tinham de confirmar a sua presença imitando-se uns aos outros, e com sorte até podiam aparecer na tv. Enfim, por uma vez, podiam fazer a festarola fora das docas ou centros comerciais, com pretexto fino, à maneira das elites. Algum destes visitantes, movidos a corda, terá ficado apanhado para se dedicar, por si próprio, a visitar e tentar compreender a arte? Se sim, está de parabens quem na Fundação percebeu qual o clic que faz mover o português em fila.
A corrida à exposição não significa qualquer súbito reconhecimento do valor da arte ou o acordar de um gosto adormecido no subconsciente, pois essas qualidades só se obtêm pela frequência regular e estudo. Deu-se porque as trombetas tocaram a reunir naquele local e o homem programado foi a toque. E porque o homem programado é sinal de vida em ciclo helicoidal decadente, um dia, tornado subsidiodecadente será atirado ao caixote de lixo da história.

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domingo, janeiro 14, 2007

As crónicas de JBS são um encanto de ler pelo seu estilo comunicativo livre, tipo Vitorino Nemésio, encadeando os diferentes e díspares episódios sem se dar por isso mantendo permanente a nossa atenção.Claro, se discorre sobre coisas boas da nossa memória ficamos encantados a ler e reler.
Texto completo: aqui.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

MARAFAÇÕES VII

ABORTO

Já é perfeitamente nítido que a linha de separação entre sim e não está entre religiosos crentes e religiosos cépticos ou indiferentes.Cada lado esgrime dados científicos, morais, éticos e ultimamente joga-se com dados económicos.Vê-se, contudo, que sob as várias capas da argumentação trocada pelas partes, está sempre subjacente o efeito religioso.
Os do não são pela vida, a anunciada, que começa com a fecundação,a partir da qual existe um ser independente e intocável.Os do sim são pela vida,a existente,que deve determinar, por si, de sua consciência, o destino do que tráz em si e é seu.
Nos do não vê-se de caras o credo eclisiástico e a alma religiosa do crente. A mulher apenas acolhe dentro de si um novo ser que não lhe pertence: pura imagem pura de Maria.A mulher é apenas o receptáculo Escolhido, pela graça divina que pré-determinou, nela ,a criação de vida. A nova vida não foi fecundada pelo amor entre homem e mulher, ela foi criação do amor sobrenatural, já pré-existia antes da concepção humana, na conceptora mente divina.Logo é sacrilégio tocar e, sobretudo alterar, aquilo que é a vontade e criação do divino.Nem a mulher Escolhida, pois esta apenas é delegada responsável pelo transporte e cuidado do novo ser, sem qualquer direito sobre ele.
Nos pelo sim há matizadas motivações conforme são crentes cépticos, indiferentes, agnósticos, etc., isto é, conforme ao seu grau de religiosidade.Embora com diferenças de opinião reúnem-se todos pelo sim, pois a sua religiosidade não alcança as subtilezas da vontade divina, nunca vista nem ouvida, e ainda por mais sempre transmitida através dos homens devotos que se auto-excluem da experiência da fecundaçao humana.Estes discordam da salvação do homem pelo sofrimento, não estão dispostos a nenhuma forma de martírio para alcançar o céu, preferem levar da vida na terra quanto puderem que depois logo se verá, à boa maneira portuguesa.Para estes a felicidade deve construir-se e viver-se cá em baixo, pelo que exigem da sociedade que se organize para esse fim.Ora quem dirige a sociedade são homens e mulheres já seres feitos e não por fazer ou em vias de ser.Deste modo só aos humanos viventes maiores cabe a decisão de determinar o que é melhor para si, enquanto é vivo, e deixar aos filhos vivos, que deseje ter, como herança.
A discussão actual sobre o aborto é a continuação da eterna discussão entre o humano e o sagrado, entre o corpo e a alma.Para os do não o embrião já é corpo e tem alma própria, para os do sim o embrião é promessa de corpo e depende da alma da mãe.
Eu que me tenho por pessoa humana vulgar, um mortal sem qualquer graça ou conteúdo sagrado, votarei como tal.

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domingo, janeiro 07, 2007

MARAFAÇÕES VI

SADDAM

Em cada homem já existe uma luta permanente de correlação de forças entre alma, espírito, coração, razão, necessidade, existêmcia, consciência, memória, que actuam sobre a súbdita carne do corpo, o executor dos planos saídos dessa luta travada no pensamento. Durante a aplicação, ao vivo, do plano, nenhuma das forças actuantes abdica da sua posição, atenta ao desenrolar dos acontecimentos e pronta a tornar-se predominante e alterar o plano. O homem é, por esse motivo, uma contradição permanente em sí e uma confusão incompreensível para o outro, o de fora. Tentando libertar-se desta permanente contradição e confusão que ele próprio é, refujia-se no preconceito que toma como o bem.
A morte de Saddam é merecida mas o enforcamento não é justo. Este é o alibi de meio mundo bem pensante para aliviar a consciência. Os mestres opinadores caseiros, J.M.F., P.P., e M.R.deS. e muitos muitos mais, são contra a pena de morte, por princípio, como tal são contra o horroroso enforcamento de Saddam. São porque são, como princípio, mas não o são como meio nem como fim. Se, como aonteceu com os filhos, uma bomba teleguiada lhe tivesse caído em cima da cabeça, era normal e tudo limpo. Se lhe enfiassem no corpo um carregador de balas quando o capturaram como fizeram com Savimbi, era perfeitamente normal e tudo limpinho. Como se houvesse mortes boas e mortes más. A vida é que tem coisas boas e más mas a morte é o mal absoluto onde não há distinções de qualidade. Do ponto de vista do morto que interessa a forma da morte se todas matam a esperança?
Aqueles senhores e muitos, muitos mais, apoiaram a invasão do Iraque feita por duzentos mil soldados equipados com espingardas, canhões, e bombas. Pensariam eles, nessa altura, que aqueles homens assim equipados iam para o Iraque caçar borboletas? Ou coçar as costas dos iraquianos e fazer festas na cabeça do Saddam? Por acaso pensaram alguma vez nos milhares de mortos que a guerra ia provocar? E que na guerra as vítimas maiores e verdadeiras são as pessoas inocentes, apanhadas entre os senhores da guerra que defendem interesses próprios?
No seu conforto condicionado longe do campo de batalha, eles defenderam a guerra e a inevitável consequente mortandade. Morreram milhares despedaçados sob balas, bombas, fogo, explosivos, seviciados e até degolados, mas estas mortes, por princípio, não têem mal em si, são normais mortes limpas de guerra justa. Nunca se debruçaram saber se estas milhentas mortes eram merecidas e o meio aplicado era justo. No preconceito de guerra não arrepiam as mortandades que esta faz e como faz, no preconceito de morte arrepia a forma.
Sobre a guerra os gregos diziam: -Ares é imparcial, mata os que matam-. Hoje o povo diz: - quem com ferro mata com ferro morre-, isto é; quem horrorosamente mata horrorosamente morre. Nestas afirmações não há o minimo vislumbre de quaquer idéia conveniente(preconceito) de piedade acerca da morte.
A barbaridade não está na forma de matar, está no matar.

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sexta-feira, janeiro 05, 2007

CAPA INTEGRAL LIVRO GORJEIOS

quinta-feira, janeiro 04, 2007

MARAFAÇÕES V

BUROCRACIA EM TRÊS ACTOS(GERAL)

A burocracia é como uma ópera bufa em três actos e os actores dispôem de três máscaras prontas a usar. Primeiro acto; o burocrata, mascarado de mona lisa esfíngica dita ao guichet o rol de comprovativos de que necessários para que. Segundo acto; o burrocrata,(o que carrega com a burocracia) sob o peso enorme do rol de comprovativos exigidos, esconde-se atrás duma esquiliana máscara trágica, submetido sem contestação ao peso do destino. Terceiro acto; o burrocrata volta transportando uma pasta de documentos e enverga uma aristofânica máscara cómica, submetido ao riso da comédia humana.
Estes actos podem repetir-se várias vezes até que o burocrata se dê por satisfeito e diga: -daqui a seis meses pode vir buscar o seu "certificado de português"-.


BUROCRACIA EM TRÊS ACTOS(PARTICULAR)

ACTO I
Em 2004 requeri a isenção de contribuição autárquica para uma casa dentro da zona histórica
de Lisboa que por tal localização beneficiava desse direito. Entre a mais diversa documentação foi preciso um certificado passado pela Segurança Social que comprovasse que eu não tinha qualquer dívida à Segurança Social.
Perfeito. Usar apenas a máscara da comédia humana.

ACTO II
Passados largos meses fui compensado com uma isenção temporalmente até à geração 4000 depois de mim, aproximadamente. Mais precisamente 7998 anos que decorrem de 2002 até ao ano 9999. Confirma-se pelo documento oficial abaixo,




Perfeito, mas durará a comédia humana actual ainda 7998 anos?

ACTO III

Sobre uma pequena factura que entendo abusiva requeri um processo de contestação em Maio de 2005. Em Junho do mesmo ano fui informado que o processo seguia para a Secretaria Geral de Injunção para efeitos de distribuição. Em fins de Novenbro de 2006 sou informado para pagar 89,00 euros de multa + 44,50 euros de Taxa de Justiça Cível, tudo por "Omissão do pagamento da taxa de justiça inicial-486º A CPC". Seis meses para descobrir e aplicar, sem aviso pévio, mais esta taxa além da estampilha designada Taxa de Justiça de 22.25 euros, "Um quarto de Unidade de Conta", que fora colada ao processo. E mais a ameaça de nova multa nunca inferior a 10 UC.

Sendo trágico, deve-se contudo usar máscara de comédia com sorriso amarelo.

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segunda-feira, janeiro 01, 2007

MARAFAÇÕES IV

O MELHOR DE 2006

Jogador magnífico é Zidane, o autor da mais bela cabeçada do futebol de todos os tempos.
Ele podia ter feito jogo à maneira Latino-Americana, iniciando a sua revolta com cuspidelas, socos, pontapés, joelhadas, como um vulgar futebolista, mas não, como verdadeiro artista da bola, visionado imensas vezes em inúmeros grandiosos estádios cheios ele, apesar da ira repentina, manteve a sua grandeza de jogador e fez como mandam as regras, jogou com a cabeça.
De uma finura e elegância a jogar, passar, fintar, chutar, cabecear a bola, Zidane, naquele momento, foi divino ao lançar-se, com a sua esbelta cabeça de galgo, contra o peito do italiano. Este ou um português, no seu lugar, arremeteria de cabeça em riste aos queixos e dentes do adversário, mas Zidane não, cabeceou precisamente o peito, o preciso lugar donde tinha saído a ofensa imperdoável. O italiano fez um passe sujo fora das regras, pelo ar, e Zidane respondeu dentro das regras, cabeceando o golpe sujo. E fê-lo só e apenas, num golpe felino e único, sem mais. Podia ter continuado com os pés logo após o italiano fingido se atirar para o chão, mas não, ao passe sujo correspondeu com um único golpe de cabeça certeiro. Foi arte de improviso e jogo limpo do francês contra o jogo sujo premeditado do provocador italiano.
Zidane deu a mais bela cabeçada no futebol pulha que hoje em dia vemos diária e minuciosamente em grandes planos e, o árbitro puniu o artista em pincelada exaltada deixando em campo o pincel sujo atirado ao chão. Ao não mandar o italiano para o caixote do lixo do balneário, deixou que um jogador sem escrúpulos manipulasse o resultado, a seu favor, por meios ilícitos e jogo sujo.
Obrigado Zidane, naquele instante inapagável aplicaste justa e artisticamente a nossa indignação e sobretudo puseste a nu toda a batotice do futebol, ainda por cima em quadro derradeiro com pincelada imortal.

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