quinta-feira, abril 28, 2016

CLUBE TÉNIS LOULÉ, TORNEIO FUTURES 3 - 2016

segunda-feira, abril 25, 2016

ABRIL SEMPRE CADA VEZ MENOS


O dia antes
Era o tempo de lobos e cães  
epidémicos, anónimo bufedo
olhos e voz única de charlatães,
bocas mudas olhos de medo,
lágrimas de viúvas e mães
de filhos levados à morte cedo.

O dia
Soltou-se bravo antes do Sol
nascer feito faca mata-esfole
do dia antes, de tirar pele,
manhas, garras e dentes,
soltar presos medos e mentes,
as esperanças, que liberte e vele

as liberdades mordaças e toucas,
pare a guerra e os choros,
ponha paz e cantes nas bocas,
alegria e vivas na rua aos coros,
erga o país de pé, alto e visível
com alma de fogo imperecível.

O dia depois
Julgámos atingido o dia, o tal
justo e seminal parido de fuzis
floridos plantando dias abris
sempre. Ó ingenuidade fatal
do homem aluno de aprendiz
da liberdade à solta no arraial

montado na praça e à nua mesa
pretendentes pintavam a presa:
será rosa, será rubro o tónico
da cor sem jogo democrático?
Pé ante pé o capital pragmático
veio; tom sujo disse, salomónico.

O dia hoje
Sem amanhãs, sonhos e utopias
os dias hoje correm indecisos.
Abril escapuliu-se, nenhum messias
nos acode nem troca paraísos
por chão pobre. As mais valias
somos nós, os valores, os juízos.

O dia amanhâ
 Tivemos os Henriques e João II.
     Recusai ser o eterno cu do mundo.


                                                                                  José Neves
                                                                                  Gorjões, 20.04.2004

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quinta-feira, abril 21, 2016

FIGURAS GORJONENSES 10 - Ti ZÉZINHA DE BRITO

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sábado, abril 09, 2016

LA LYS, O 9 DE ABIL E O "ZÉ DA BARBA PINTA"; O "PARVINHO" E HERÓI TRÁGICO



"Quando caçávamos na trincheira um rato grande era um petisco de luxo, à grande"

Assim ouvi o meu pai falar a outro combatente de La Lys um certo dia de 9 de Abril, durante uma das grandes festas comemorativas que aqui nos Gorjões, muitos combatentes locais e próximos, organizavam todos anos nesse dia simbólico.
Mas o saborear um rato, mal cozinhado nas insalubres trincheiras da frente de Flandres, como se fora um manjar inesquecível só era possível face a uma fome tal que até qualquer bicho repelente sabe a delícias. 
E tal ainda era possível dias antes desse inesquecivelmente triste dia 9 de Abril de 1918 pois que, nesse dia, os ratos foram os próprios combatentes que nas trincheiras eram cozinhados "assados" pela poderosa descarga alemã de gás, ferro e fogo durante horas e horas ininterruptamente. 
Dos que aqui festejavam e comemoravam sua sobrevivência, quando os alemães se aproximaram em massa, uns fugiram seguindo os seus oficiais, outros foram feitos prisioneiros e alguns fugiram da guerra.
Quem nunca cá veio comemorar foram os que tombaram sob a metralha e havia um gorjonense a quem introduziam na festa mas ele não sabia da festa nem sequer de si próprio; fora gaseado e, sem capacidade mental, perdera a razão e conhecimento de existir e ser gente.
Foi sempre, depois de regressar, o "parvinho" que percorria invariavelmente o mesmo caminho de casa ao Alto e volta, roto e descalço, olhando fixa e unicamente para o chão sem pedir nada ou pronunciar uma única palavra.
Não obstante uma irmã que cuidava dele com o quase nada que tinha e a caridade do povo local sofreu, além da perda de ser pessoa pelo gaseamento, o abandono total do país que o enviara para a guerra; foi um herói duplamente trágico.

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sábado, abril 02, 2016

FIGURAS GORJONENSES 9 Catarina Correia (Ti Cat'rina Xerena)

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