quarta-feira, outubro 31, 2007

MARAFAÇÕES XXXI


MARADONA, MÃO DE DEUS

O come e caga futebolismo por todos lados Snr. Daniel, locutor e director, ou vice, ou ex, da RTP no noticiário do meio dia, de olho arregalado, nas fintas do Maradona, embevecido sobre o melhor do mundo, o génio, o..., não resistiu à patacoada de nos impingir que o dito génio ..."só não conseguiu fintar a droga".
Então o Snr. Daniel que engoliu todos calhamaços escritos e falados, publicados e não publicados, sobre futebolismo, não sabe que Maradona tem uma "mão de Deus", aquela que meteu o golo à Inglaterra? E que quem mete a droga na boca de Maradona é essa precisa "mão de Deus"? Acha Daniel que se pode fintar os desígnios de Deus? O futebolismo é ateista?

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AS GUERRAS DE JOAQUIM FURTADO III


3ºEPISÓDIO

Neste episódio JF mantem a explicação da guerra através dos depoimentos posterioes dos combatentes dos dois lados. Tomada e ideia de relatar o início das hostilidades enquadradas apenas na política caseira colonial, nesta altura, desencadeadas as operações no terreno de parte a parte já não faria sentido outra coisa que não analisar as motivações, armamento, condições, modos de actuação, tácticas e estratégias de cada lado. O filme de JF até este episódio mantem um equilíbrio notável de rigor e honestidade histórica, montando os fios filmicos e documentais condutores do desenrolar do teatro de início da guerra ordenadamente nos momentos certos, o que torna a leitura e compreensão dos factos, fácil e acessível a todo o povo português. Sobretudo aos portuguêses que estiveram lá, foram intérpretes dos factos, são testemunhos vivos de muitas das acções relatadas e até hoje ainda ninguem lhes tinha ajudado tanto a entender a guerra em que se viram envolvidos.
O novo episódio incide especialmente no sentimento dramático e de vingança que se apossou, justificadanmente, dos portuguêses de Luanda após os relatos dos sobreviventes acerca do tribalista bárbaro massacre empreendido pela UPA em 15 de Março de 1961 no norte de Angola.
As primeiras tropas são recebidas como salvadoras e aconselhadas pela população anónima a retaliar da mesma forma sobre os pretos indígenas, mas também encorajados oficialmente e até prescritos os procedimentos de cortar cabeças e exibi-las para exemplo. E realmente a resposta da primeira tropa foi igualmente irracional e bárbara, foi a tentativa de devolver no espelho da guerra uma imagem igual para a UPA e de resgate e segurança para Luanda. A mortandade feita pela nossa tropa com o infantil pretexto de mostrar "que bala de branco mata mesmo", ou com o cínico pretexto de "tirar o retrato", que levou ao arrasar de sanzalas inteiras, foi a principal causa da fuga das populações para a mata. A partir daqui estas populações foram enquadradas pela forças rebeldes que passaram a contar com mulheres, homens e filhos na rectaguarda para educação independentista e recrutamento para a guerrilha sem parar.
Depois desta primeira tropa enviada em socorro para conter e evitar que os sublevados nativos fossem carregar sobre Luanda e aliviar as tensões que lá se viviam desesperadamente, foram enviadas novas tropas em barcos literalmente entulhados, que vão desenvolver, já operacionalmente coordenadas por estados maiores militares, operações planeadas para ocupação de todo o norte ocupado territorialmente pela Upa.
Ressalta ainda deste episódio, a candura cínica de Adriano Moreira, que logo após o falhado golpe de B.Moniz, foi nomeado por Salazar para preparar e dirigir o Ultramar em guerra, quando depoia que "é fácil alimentar uma esperança o difícil é concretizá-la". Por acaso quando apoiou a ida para a guerra não lhe veio à cabeça tão sábia sentença? Sendo um dos altos responsáveis vivos pela guerra e pelos seus 9000 mortos e muitos mais feridos, vem sofísticamente quase auto elogiar-se porque alimentou uma esperança vã. E não tem vergonha de o vir proclamar públicamente.

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segunda-feira, outubro 29, 2007

O MEU LUGAR V


O LUGAR POBRE DE PEDRA E MATO

Da caminhada fatigado, o lugar
pobre de pedra e mato escuro
reluziu a teus olhos encanto
de mulher amada de ver e tocar
noite e dia, fecundar o futuro
com mãos de calos e de santo
empunhando cabos de matar
corpo e alma onde penduro
sonhos de searas, e num canto
da lavra a casa branca de caiar
cheia de mulher e amor maduro,
de choro e riso de criânça, e tanto
sonho por força de tanto sonhar.

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sábado, outubro 27, 2007

O MEU LUGAR IV


FECUNDO DE GORJEIOS

Decidiu o caos terreno
corresses mundo
por terra, rios, mares,
para descobrir ameno
abrigo de sol inundo,
luz azul e olhares
de horizonte pleno,
límpido, e ter no fundo
superficial, impares
locais de rude obsceno
mato bravio, fecundo
de gorjeios e cantares
felizes, sinal nazareno
de nosso lugar oriundo.

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sexta-feira, outubro 26, 2007

O MEU LUGAR III


E HOJE RUGE O FERRO

O caos organizado, decorridas
gerações de bicharocos
macacóides até ao erectus
sapiens, de patas inseridas
no chão e braços equivocos
no ar, corpos peludos e nus,
organizou as quatro hesíodas
idades idas, desde os poucos
anos de ouro que o seduz
à perdição, viu despedidas
o sapiens, a de prata, os loucos
de bronze, heróis, e hoje ruge
o ferro onde misérias, fadigas,
bem e mal são dos dias trocos.

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quinta-feira, outubro 25, 2007

O MEU LUGAR II


DÁ-TE UM LUGAR

A gravidade te agarra o vaidoso
corpo de carne ao mundo, segura
te a pele dos pés à terra agreste,
prende-te ao mato seco espinhoso,
à erva fofa fresca, à pedra dura,
à seara, ao fruto silvestre,
ao rio liso, ao mar ondoloso,
cola-te ao vale, à encosta, à altura,
pega-te ao bem e ao mal, veste
te de doênça, dor, prazer, gozo,
de liberdade ou escravatura,
dá-te um lugar infernal ou celeste,
o teu lugar de vida e tempo cioso
para viveres de criatura a criatura.

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quarta-feira, outubro 24, 2007

AS GUERRAS DE JOAQUIM FURTADO II


2º EPISÓDIO

Confirma este 2º episódio que JF quiz mesmo fazer um filme sobre a nossa guerra colonial a partir das intrigas e determinações de carácter dos homens políticos e militares que a impuseram e dirigiram. Pura e simplesmente, segundo JF a nossa guerra não tem precedentes históricos, nem "ventos do tempo", dá-se pela vontade e teimosia de Salazar e sua escolta de duros ainda mais teimosamente quando Kenedy exige um programa, a prazo lato, para a independência das nossas colónias, ou apoiará a sublevação dos movimentos nacionalistas. É uma opção jonalística respeitável na medida em que os relatos directos dos intervenientes são explícitamente claros e colocados de forma imparcial, honesta e adequadamente inseridos na crónica filmada, por um lado. Por outro lado, sabe-se como as contextualizações, dado o seu carácter subjectivo, se prestam a manipulações ideológicas. Supondo que grande parte dos portugueses hoje, já entenderam bem os imparáveis tempos de mudança da altura, é muito bom e elucidativo que fiquemos agora a conhecer as motivações políticas e pessoais dos mesquinhos chefes caseiros.
Ficámos a saber como Kaulza "fura" a revolta por não "gramar" o Botelho, como este face à sua demissão inesperada não é capaz de organizar as tropas e impôr-se pela força e cede, mesmo com a protecção americana, como C.Gomes está na situação de golpista e depois vai ser situacionista ou anti-situacionista em todas as situações, sem nunca enfrentar de frente e corajosamente qualquer situação, como A.Moreira aparece e apoia o contra-golpe e hoje passeia pelo país o seu estatuto de "senador da pátria", sem ninguém lhe pedir responsabilidades pelos 9000 mortos para nada. Enfim, ficámos a conhecer melhor estas figuras de comédia rasca que conduziram o país à dolorosa tragédia da guerra.
Com este episódio, eu próprio fiquei a perceber e sentir na pele como o povo está de parte e é joguete e carne para canhão, no jogo de personalidades, entre estes senhores presidentes e generais sem envergadura humana. À altura do rapto do Santa Maria, passei algumas noites deitado no chão num "ninho de metralhadora" nos terreiros do quartel de Santa Margarida, então soldado miliciano. Passados uns tempos, já cabo miliciano, aquando da tentativa do golpe do B.Moniz, passei três noites a dormir dentro do carro de combate (Paton AM44) entre outros, colocados em fila frente à porta de armas do quartel, em estado de prontidão total para avançar. Para que lado dos contendores ia avançar? Em que trincheira ia combater? Ainda hoje não faço idéia.
Sei é por força de corpo presente, que passados mais uns meses estava mobilizado para a guerra de África, contráriamente ao incialmente previsto e anunciado de ir para o leste europeu integrado em forças Otan, e um mês após a mobilização já estava participando na operação Viriato para a tomada de Nambuangongo, com risco de vida 24 horas por dia. Para os senhores da guerra, sempre com o rabo de fora, a participação dos cidadãos é limitada ao cumprimento de ordens de serviço e guias de marcha.

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terça-feira, outubro 23, 2007

MEDIATIZAR É PRECISO?


Que leva um chefe máximo de uma instituição pilar da democracia a denunciar publicamente, via jornais, os problemas internos da própria instituição que lhe compete dirigir e impôr dentro da lei o que está fora da lei? Há grupos de interesses próprios organizados à sombra da instituição que não controla? Não tem poderes suficientes para impôr-se democráticamente a quem investiga e faz escutas por conta própria? Tem algo a recear sobre comportamentos que possam servir de chantagem sob moeda de troca ou outro tipo?
Um PGR não faz, impensadamente, tais afirmações àcerca de desvios comportamentais individuais ou de grupo, que em 1º lugar lhe compete a ele pôr nos carris. Teria o PGR já colocado a situação "acima" sem resultados, daí a táctica de mediatizar? Mas expôr a própria roupa suja no estendal público resolve o seu problema, ou resolve o problema? Os recentes casos mediatizados até ao enojamento apenas têm servido para lançar informação do género; o que o público gosta de ouvir, tipo "discos pedidos", criando e alimentando claques à maneira do futebolismo. Pela mediatização interesseira, comercial ou política, nemhum esclarecimento racional do problema será equacionado, nenhuma solução adequada será encontrada, dessa cloaca não saem ovos.
Então o que levou o nosso PGR por tal caminho? Mistério que esperemos o desenrolar do caso vá desvendando. Aguardemos.

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segunda-feira, outubro 22, 2007

O MEU LUGAR I

SE FEZ REI DA BICHARADA

Uma eternidade de caos
explodiu em big-bang
de cacos e caos ordeiro
gravítico dado ao céu, aos
astros feitos bolas esfrang
alhadas de fogo primeiro,
depois de larva e calhaus,
água,plantas,seiva,sangue,
por fim pôs num carreiro
uma fila de bichos maus
assaltantes, qual gang
chefiados por tal guerreiro
astuto, de mente tão afiada
que se fez rei da bicharada.

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sábado, outubro 20, 2007

AINDA O FUTEBOLISMO, PARTE II


"FUTEBOL E RESISTÊNCIA" EM EDUARDO GRAÇA

O texto de EG sobre "Futebol - Fluxo e Resistência" está, nostalgicamente, salpicado de termos como "lugar de resistência", "papel de resistentes", "espaço de resistência", "manifestações de resistência", tal como num primeiro comentário ao futebolismo dizia que o futebol não podia ser apenas isso porque " ele tem também o seu lado de resistência".
O próprio conceito de resistência retirado do seu texto, legitíma a ideia de que o futebol de hoje não é mais o mesmo da nossa juventude, ao crer que nas pequenas ilhas da Culatra aos Açores, da rua à pequena colectividade de bairro, ainda persiste e se pratica o autêntico jogo, o verdadeiro, e que estes espaços são ilhas de resistência em contraponto aos grandes clubes e modernos estádios. Ora, se o que existe nos grandes centros urbanos e grandes países, já não é o futebol original tal como nos habituámos a gostar até com paixão, é porque o que lá se pratica, já é outra coisa ou tende para para coisa diferente. E é normal dado que tudo flui, tudo está em inapreciável mudança permanente, e não é por acaso que os velhinhos clubes se vão tranformando em SADs, os "peões" em cadeirões, os estádios em salas de espectáculos, os jogadores em valores mobiliários. A essa nova coisa em que se vai transformando o futebol antigo, já nítida e visível à vista desarmada, é que eu chamo o futebolismo. E exactamente porque está em marcha um processo de mudança dos valores do futebol pelo jogo, para uma visão do futebol como um plantel cotado em bolsa, que todos nós que vivemos os tempos genuínos de amor e dádiva à camisola, sentimo-nos defraudados e reagimos intelectualmente por fidelidade à tradição, à pureza original, à antiga alegria do jogo.
Em mecânica, resistência é uma força que se opõe ao movimento, no pensamento de EG será uma força que se opõe ao deslizar do futebol para o futebolismo. A saudade faz nascer em EG a ilusão de que existe uma resistência e trincheiras de resistência algures. Pura ilusão, a mudança é imparável, o futebol foi das primeiras actividades a internacinalizar-se globalmente, isto é, a globalizar-se, sem ter nascido com propósitos globais como os jogos olímpicos. O futebol hoje pode considerar-se como o paradigma da globalização total, em marcha acelerada, e nenhuma resistência a travará, nenhuma força nostálgica saudosa a fará regressar à origem. Mesmo nesses escondidos lugares onde EG vê espaços de resistência, não existe mais que meninos e rapazes, a imitarem as estrelas, a querer ser como elas, a pensar como elas e os respectivos pais mais preocupados com a aprendizagem futebolística dos filhos que a escolar.
O futebol actual perdeu a honra mas mantem muito do seu fascínio, dado que o ingrediente prindipal dentro do estádio, para o grande público, ainda continua sendo o elemento jogo, a imprevisibilidade do resultado, o rasgo de habilidade individual, a beleza das triangulações colectivas, o golo ou o falhanço inesperado, etc. Mas cada vez mais isso vai sendo substituido pelo calculismo, pelas tácticas defensivas, pela violência premeditada, pelo fraude teatral estudada e planeada, pela batotice da droga, mas também e sobretudo pela hierarquização do poder de compra dos clubes. Não se trata apenas do poder de compra de jogadores, que só por si, quase invariávelmente, dita o vencedor à partida, mas também esse poder de compra, por grosso, da massa de agentes que mexem no jogo. Actualmente, por sobre o jogo de futebol, sobrepõe-se o jogo de apostas de resultados do próprio futebol, o que está contribuindo, a alta velocidade, para a compra de jogadores não pela sua habilidade mas pela sua falsidade. E qual pescadinha rabo na boca, as empresas de apostas nos resultados financiam o futebol através da publicidade. O perfeito fluxo em moto-contínuo.
Um dia até esse fascínio que mantem viva a paixão das multidões empilhadas dos subúrbios das metrópoles, e que provoca os fluxos de massas humanas e monetárias e a ilusão de resistência em quem pensa intelectualmente o futebol, tambem definhará, murchará e tranformar-se-à em outras fascinações, igualmente necessárias para a reprodução, em boa ordem, da força de produção do trabalho humano.
Tudo isto a mediatização e seus serventuários escamoteiam e a razão pura transcendental não revela, mas a razão prática apreende fácilmente.

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sexta-feira, outubro 19, 2007

POESIA E TERTÚLIA NO CAFÉ ALIANÇA


Ontem à noite, dezenas de poetas algarvios, encontraram-se no Café Aliança para ler, dizer e falar de poesia. Encontro promovido pela equipa organizadora das tertúlias no Aliança (Bivar) e pela Sulscrito. De acordo com o próprio, "Sulscrito - Circulo Literário do Algarve é uma ideia em movimento, um grupo informal de autores, nascidos ou residentes no Algarve, que decidiu desenvolver acções de divulgação da escrita e da leitura na sua região, o Sulscrito pretende funcionar como um

ponto de encontro da literatura, das ideias e dos autores ao Sul".

Para além dos poetas convidados, outros da assistência também criadores de poesia ainda na gaveta, disseram poemas seus e alimentaram a tertúlia poética defendendo seus pontos de vista sobre o que é e qual o objectivo da poesia. Claro, dada a intimidade da poesia, cada um a faz conforme o seu olhar e intelecto vê e sente e, depois, a sua cultura a exprime. A poesia é um estado de alma, um sentimento interiorizado e por conseguinte para cada um a sua poesia, a sua necessidade de poesia, a sua definição de poesia. Já era esta a minha percepção e foi esta, novamente, a conclusão que tirei desta noite de tertúlia poética.
Sendo a poesia um monumento em permanente construção, cada encontro tertúlia como este, acrescenta mais um tijolo ao nosso edifício poético.

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quinta-feira, outubro 18, 2007

MARAFAÇÕES XXX

Dona Leonor Pinhão, na sua habitual crónica do Correio da Manhâ do passado dia 15, dava continuidade às afirmações de Dona Catalina Pestana que "explicou com meia clareza" que um dos artigos do novo Código do Processo Penal, fôra "para safar uma rede de pedófilos com bom nome da nossa praça" Depois declara alguma pena por Dona CP só querer revelar os nomes daqui a 25 anos, no sentido em que era preciso denunciar já tais bandidos pedófilos.
Dona LP é espertinha, põe tudo na boca de CP e cita Joaquim Manuel Magalhães, fora do caso, para arranjar o visual do ramalhete cronicado, e salvaguarda-se no "explicou com meia clareza". Dona LP sabe que os nomes que CP tem em mente são os que os míudos-graúdos da Casa Pia lhe piaram intoxicados pelos insuportáveis(EPC dixit) pedo-psiquiatras dos meninos, por Dona CP feita pastora dos meninos e outros oportunistas políticos e mediáticos pela notoriedade (monetariedade). Tudo isso Dona CP já o disse e redisse bastas vezes e sabe que, passados alguns anos, nova repetição mesmo sem nada de novo, serve para aparecer e ter eco nos tradicionais tablóides sempre à cata da sujidade.
Claro que os nomes cantados pelos miúdos-graúdos da Casa Pia, no contexto emocional da altura, sugerido e embalado por quem rodeava "os meninos", tem tanto valor como as fotografias que lhes puseram na frente para identificar os pedófilos. Estas fotos incluiam as mais altas personalidades do Estado à semelhança dos nomes soprados, por manipuladores interessados, para a rua, afim de percorerem o povo de de orelha a orelha. Os "meninos" acusadores pela boca de CP, pedo-psiquiatras, advogados manhosos e outros moralistas de ocasião, que também pelas mesmas bocas viviam desesperados, definhavam cheios de doenças psiquiátricas à beira de suicídio, já não são a preocupação central de CP e até o "menino" acusador de Jaime Gama, chamado a provar a acusação desapareceu da vista. Cada vez mais enredada nas contradições proferidas em inúmeras conferências encenadas com pompa de estadista, Dona Catalina continua repetindo as suas catalinárias antigas e gastas num último esforço de prova de vida. E cúmulo da desfacatez vem dizer que o mesmo estado de coisas continua no interior da Casa Pia depois de tantos anos como máxima responsável pelo bom funcionamento da Instituição. Pior é impossível.
Dona Leonor é pessoa bem informada, certamente tem ou devia ter noção da realidade e da sua representação, uma vez que até é ficcionista de guiões para filmes. Estará ela esperançosa no aparecimento de um caso estilo "Carolina Salgado", metendo corrupção, sexo e política para um futuro êxito de bilheteira?
Seja como fôr a Dona CP deveria ser obrigada imediatamente a dizer, perante os tribunais, os nomes dos pedófilos que os "meninos" denunciaram e que ela anda há anos insinuando serem "figuras gradas", sem as mencionar, lançando lama indiscriminadamente para cima de toda a gente grada de responsabilidade neste país. Piedosamente armada em defensora dos "meninos" quer agora armar-se em defensora dos "gradosões" e portanto só revela os nomes a alguém que os guarde durante 25 anos. Esta é outra demonstração do carácter insuportávelmente mesquinho desta personalidade que espera lançar o opróbrio sobre mortos, impossibilitados de se defenderem, atirando-os eternamente para o inferno à boa maneira dos diabos medievais.

quarta-feira, outubro 17, 2007

AS GUERRAS DE JOAQUIM FURTADO


Iº EPISÓDIO

Pela amostra deste 1ºepisódio parece que JF quer conciliar, dar uma perspectiva conciliatória, das três guerras que se travaram no Ultramar, que sendo uma só, tem designações conforme a trincheira de cada combatente. E também pela abertura do filme, com arranque de depoimentos dos três lados e respectivos pontos de vista, sobre pormenores de actuação e horror no terreno de guerra, parece indiciar que se quer "dar um filme sobre a guerra" e não um "filme da história da guerra".
Num filme da história da guerra este iniciar-se-ia com uma análise circunstanciada do estado do mundo e sua dinâmica política e social desse tempo no conjunto do jogo da guerra fria, enquadrando e explicando a guerra no espírito da época. Parece que também aqui, ao inclinar-se para um filme da guerra e não para um estudo histórico da guerra, evitando salientar e esclarecer históricamente o gradiente de responsabilidades, vai no sentido de uma perspectiva conciliatória das três frentes. Ora, com grande parte dos intervenientes ainda vivos, pode esta guerra filmada contribuir conciliatóriamente, mas será pequeno contributo. Veja-se que passados mais de trinta anos cada parte refugia-se na sua designação que dá à mesma guerra e isso tem um significado divergente preciso.
Também este episódio revela a esperteza dos nossos políticos, polícia política e colonos. Face a indícios e "panfletos" que circulavam nas vésperas do 15 de Março de 1961, preferiram sempre apostar na fidelidade dos indígenas perante o branco. Até a Pide, sempre tão atenta à oposição interna, descansou na confiança e nos 500 anos de submissão dos "pretos", e perante papéis e dados públicos duvidosos, preferiu vigiar os brancos em Luanda. Os políticos face aos relatórios disseram nada, os colonos face à necessidade de protecção militar pediram armas para si que era quanto bastava. Não contavam com a inteligência dos nativos e estes pura e simplesmente na noite do assalto, quando os fazendeiros dormiam, roubaram-lhes as armas. E foi o massacre.

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terça-feira, outubro 16, 2007

O ESQUADRÃO 149 E A GUERRA II


DEPOIS DAS BALAS, DEPOIS DE (x)

Depois das balas e carne rasgada
quem de pronto nos acudia?
Depois das feridas e estilhaços
quem de mão firme e armada
de garrotes, lancetas e cirurgia
sarava buracos, cosia pedaços?

Depois de meses de mato e mato
e queda mental quem nos protegia?
Depois da moral em baixo e fadiga
física das batidas, que mãos e trato
humano nos animava e nos valia,
nos devolvia a alma na mão amiga?

Depois d'afugentar mortes a lanceta
quem salvou vidas quase alminhas?
Depois de salvar soldados à morte
quem foi noite fora dar à Mãe Preta
menino preto, pretinhos e pretinhas
salvas por suas mãos saber e porte?

Depois de tanta guerra e tanto bem
distribuir, quem foi herói imparcial?
Depois de tanta vida e tanta luta
nobre a dar a mão e levantar recém
almas caídas, quem foi umbilical
cordão entre vida e morte em disputa?

Depois de tanta guerra e vida veloz
a zelar vidas, resta apenas o coval?
Depois do derradeiro combate
pode o céu levá-Lo, que para nós
será memória viva, que a Um Tal
Homem nenhuma morte há que O mate.

José Neves

Gorjões,10.10.2007

(x) - Poema lido na confraternização anual do Esq. Cav. 149, este ano de homenagem ao Dr. João Alves Pimenta.
Évora em,13.10.2007


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quinta-feira, outubro 11, 2007

AINDA O FUTEBOLISMO


O "FLUXO FUTEBOLÍSTICO" DO EDUARDO GRAÇA E O MEU

Tenho andado fora e por conseguinte afastado deste espaço. Voltando, encontrei no ADF uma reflexão do Eduardo Graça, "Futebol - Fluxo e Resistência" sobre o meu tema "O Futebolismo Continua" publicado no mesmo ADF. Saúdo a coragem do EG pela sua reflectida e racional incursão por este fenómeno tão infiltrado socialmente, tão macivamente vivido e tão individualmente sentido que se tornou o assunto mais publicitado, lido e discutido em Portugal.
Mas vamos tentar dissecar a idéia exposta de "fluxo-futebolístico".
Nos princípios do século xx, estava o desporto na infância, foi muito elogiado por desenvolver a boa ética do "desportivismo" para além da ética grega da "mente sã em corpo sã". Fundamentado por estas éticas maiores e muitas mais menores, o desporto foi acarinhado e apoiado pelos Estados, criaran-se organismos e instituições para superentender e gerir o desporto. Independentemente de nascer como uma necessidade organizativa e mostrar trabalho promovendo e desenvolvendo a actividade, sabe-se que toda "Instituição" que paga bem centenas de empregados, toma logo como seu principal objectivo, quase automáticamente, o controlo feroz pela auto-sobrevivência e expansão, atirando o objecto da sua actividade para segundo plano e ao serviço do objectivo principal. A partir desta contradição fundacional entre objectivo-actividade, qual pecado original, vão desenvolver-se as contradições, cada vez mais confusas e dissimuladas entre amador - profissional, amador - alta competição, futebol - futebolismo, olímpico - olimpismo, etc.
Paralelamente, com o desenvolvimento industrial e económico pós-guerras, a sociedade rural passou-se para a cidade. Esta massa analfabeta desenraizada, atirada para subúrbios lúgubres intelectualmente desertos, cresceu espiritualmente alimentada a 3F, "fado, futebol, fátima". Esta massa de gente deserdada, abandonada e perdida na cidade encontrou nos relatos, depois aos domingos no campo de futebol e durante a semana na taberna, o seu consolo espiritual, a sua emancipação social. Foi, quanto a mim, esta massa anónima e simples, sem futuro à vista mas sobrevivendo religiosamente com esperança, que constituiu o primeiro "fluxo futebolístico" que depois virá a engrossar espantosamente.
A "Instituição" futebol engordou para todos os lados e sobretudo para o lado do cofre e, com este a abarrotar, a pequena corrupção tambem engordou. O monstro agora tornado "rei" tem de manter o trono e alimentar os súbditos barões e pajens e manter ordeiramente, dentro dos limites sociáveis, o dito "fluxo-futebolístico".
Em menos de cem anos o desporto-futebol perdeu a honra se bem que não o seu fascínio. E exactamente é quando não existe o mínimo de honorobilidade no futebol que ele se tranforma na "honra nacional" de alguns países. EG fala de jogo-espectáculo, jogo-ilusão de jogo, pois aí está uma das contradições filhas, a não verdade do jogo futebol e por consequência a sua desonra. Mas outras contradições descendentes, filhas e netas, se têm igualmente desenvolvido e são socialmente graves e até anti-sociais: a criação de bolsas de jogadores e sua venda em hasta pública (épocas de abertura de mercados de jogadores), retrato de negreiros agora sob a forma de escravatura dourada; a corrida de abertura de escolas de futebol para onde os pais correm a meter meninos em desfavor e oposição à Escola de Educação e Ensino para a necessária formação integral do homem; a criação de claques organizadas que integram gente do moderno submundo "lumpen"e fomentam a violência já imbuidos duma filosofia totalitária racista com intuitos políticos; a criação de tribunais especiais desportivos por entidades particulares com juizes seus funcionários (UEFA), à margem dos tribunais e leis gerais dos países; a cada vez maior corrida dos "artistas da bola" à droga para conseguir em campo as victórias exigidas (performances à Marion Jones e Maradona); o comportamento obsceno dos jogadores a cuspirem-se na cara, encostarem a cabeça como dois carneiros prontos a marrar, as fraudolentas simulações de faltas e aleijados, como exemplo e estudo dos meninos das escolas futebolísticas que os irão imitar e suplantar ainda com mais estudo, engenho e arte teatral, etc.
Heraclito, o pré-socrático, que a partir da observação de que ninguem se banha duas vezes na mesma água do rio, descobriu e desenvolveu o conceito filosófico do fluxo, de que tudo flui, tudo está em mudança, e provávelmente o grande inspirador de Darwin, foi apelidado de o "obscuro", no seu tempo, pela sua linguagem hermética que os conterrâneos não entendiam. Tambem eu, agora, talvez ainda não entenda o conceito de "fluxo futebolístico" do EG. À maneira de Heraclito entendo que o actual fluxo futebolístico, tal como o correr da água do rio, são as massas humanas que vão cantando para os estádios e regressam chorando, vaiando, guerreando, violentados e violentando, por um lado. Por outro lado e invisivelmente, as avultadas massas bancárias que correm encobertas de cofre em cofre, de algibeira em algibeira, num circo(lo) mafioso. Com um esforço de imaginação penso que EG com a idéia de um "fluxo futebolístico no qual o que se consome é o próprio fuxo", estará a pensar na caudalosa torrente de imagens repetidas e repetidas, discutidas e discutidas, marteladas e marteladas quase ininterruptamente, por pomposos afofadinhos auto-cientistas sábios das banalidades da bola e que se tornam, pavlovianamente, o alimento e consumo diário em doses de cavalo do fluxo futebolístico real, o de carne e osso. Não é por acaso que a imagem repetida até à exaustão é usada e abusada na publicidade(propaganda), que o futebolismo igualmente usa e abusa para condicionar o consumidor. O homem da caverna de Platão, obrigado a apenas poder ver as sombras do real, tomava as sombras pelo real, a imagem passava a real como idéia. Assim no futebolismo, a imagem passa a ter a força e substância do real e por conseguinte , pronta para consumo.
Na reflexão de EG existem dois conceitos-força que são o de "Fluxo Futebolístico" e o de "Resistência". Como para blog, já vai longo o texto para explanar o que entendo sobre fluxo futebolístico, oportunamente direi o que penso sobre o conceito de resistência do EG.

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