quinta-feira, abril 24, 2014

25 ABRIL 2014



Abril que foi o dia necessário,
que foi o dia inicial e claro
de nossas vidas, momento raro
de bem do belo, dia libertário
das bocas mudas, do medo
das sombras, das possibilidades
abertas, de vivas e liberdades,
de todas as esperanças soltas,
o que és hoje, em que enredos,
por que veredas andaste e voltas
deste que te perdeste, e tonto
errante voltaste ao ponto
de antigamente,
ferido de mente,
ferido de asa, de voos rasantes
restas tal como eras d'antes,
prisioneiro do engano, do fútil,
do inútil, das mil leis do funil
amordaçantes, humilhantes,
que hão de ressuscitar-te, Abril.

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terça-feira, abril 15, 2014

PORTUGAL, O NOVO ELEFANTE BRANCO.

 
Ao longo da vida conheci três grandiosos empreendimentos iniciados com pompa e circunstância e depois, conforme as vicissitudes político-económicas e os humores dos governos, remetidos para estudos de rentabilidades várias, andaram longos anos ao sabor do pára-arranca ou deixados ao abandono, e como tal considerados "Elefantes Brancos".
Um, foi a Barragem de Cabora Bassa em Moçambique, obra de propaganda do regime salazarista lançada no final dos anos'60 para marcar internacionalmente a grandeza da bondade da política colonialista a bem das províncias ultramarinas e do indigenato.
A grande barragem hidroeléctrica, sobretudo dirigida para servir necessidades da África do Sul, foi justificada como sendo a varinha mágica do desenvolvimento moçambicano.
Construída já em pleno decurso da Guerra Colonial, esta grandiosa obra, simbiose da natureza e da engenharia, foi um "Elefante Branco" durante cerca de quarenta anos.
Só recentemente, passados 40 anos, entrou em funcionamento e exploração plena.

Outro, lançado já em tempo de agonia do regime salazarista com Marcelo Caetano ao leme, consistiu na decisão de construir um gigantesco "Complexo Industrial e Portuário " em Sines.
Dada a crise petrolífera de 1973 e depois o 25 Abril, seguido da independência das colónias, especialmente Angola da qual o petróleo era a base do empreendimento, de imediato o projecto foi mandado parar para revisão do projecto face às novas circunstancias.
Durante os governos provisórios e depois nos constitucionais até aos anos'80 o projecto andou aos solavancos: uns eram pelo abandono do "Elefante Branco", outros pela recuperação e assim se foram concluindo as obras principais até que no início do Séc. XXI o projecto adquiriu uma arquitectura definida e foi relançado sem reservas como polo estratégico para o país.
Foram precisos 30 anos para concluir da importância da obra hoje considerada a menina dos olhos do país a quem são devidas todas as obras de acesso e escoamento como futura porta de entrada da Europa.

O outro, lançado em 1976, já pelo regime democrático logo após uma incipiente estabilização social, foi a Barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa.
Concebida como obra de grande envergadura de áreas de regadio e produção hidro-eléctrica destinar-se-ia a polo de desenvolvimento do Alentejo interior. Com apenas as infraestruturas preliminares efectuadas logo se entrou na discussão técnico-financeira do dá-não-dá, no serve-não-serve, no pára-arranca-pára-arranca até se concluir a barragem propriamente dita e fechar as comportas em 2002.
Durante este período e também depois de 2005, data da decisão de concluir e aumentar a potencia instalada e áreas de rega e até 12 de Janeiro de 2010 quando a albufeira atingiu a altura da cota máxima, isto é, durante 34 anos, o projecto do Alqueva é tratado pelos seus detractores como o novo "Elefante Branco" de Portugal.
Finalmente, com a central hidro-eléctica de potencia reforçada a produzir, a rede de águas a alargar-se para extensas áreas de regadio, as enormes potencialidades de reserva de água e turismo náutico, os detractores imobilistas calaram-se e, face ao aumento de exportações agrícolas graças à obra, os mesmos detractores agora cantam hossanas ao Alqueva.

Resolvidos pelos portugueses e a bem de Portugal estes gigantescos casos de "Elefantes Brancos" eis que toma posse, em 2011, o XIX governo da República.
E imediatamente resolve parar, desmantelar, riscar, rasgar, apagar, destruir, arrasar todas as iniciativas existentes quer nas obras públicas tradicionais ou inovadoras quer no conhecimento e investigação, o que provocou a paralisação da economia e um desemprego impensável.
Então:
As autoestradas e estradas ficaram às moscas.
Empregados ficaram desempregados e andam aos caixotes do lixo.
Os empregados não ganham para sobreviver e andam no banco alimentar.
Os velhos e pobres morrem envergonhados fechados em casa por falta de alimentos e abandono.
Os filhos dos desempregados matam a fome nas cantinas escolares.
Os doentes morrem enquanto esperam pelas consultas e falta de medicamentos.
Os melhor preparados, jovens e menos jovens, partem revoltados e de mal com o país.
Os casais férteis não querem filhos porque não têm meios de os sustentar e educar.
Todos os portugueses fora do poder ou não milionários são empurrados para o estado de proletários.
Metade dos portugueses estão na pobreza ou em vias de cair nela.
assim:
Portugal, o país mesmo, tornou-se ele próprio na sua totalidade um "ELEFANTE BRANCO".
Será que vamos esperar, novamente, dezenas de anos como prometem, para resolver este estado de animalidade!

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quarta-feira, abril 09, 2014

GRANDE GUERRA, CEM ANOS (1914-1918), LA LYS.

9 de Abril de 1918, dia da Batalha de La Lys para os portugueses com memória. Na madrugada desta data catorze divisões alemães atacaram numa frente de dezasseis quilómetros após um bombardeamento ininterrupto de vinte e quatro horas. Contra a Divisão portuguesa os alemães lançaram quatro divisões e fizeram 6000 prisioneiros.
A confusão foi total quando os alemães descarregaram 2000 toneladas de gás mostarda incapacitante e gás letal de fosgénio sobre a linha das forças inglesas nas quais estavam incorporadas as tropas portuguesas. A utilização de armas químicas foi uma das inovações desta guerra e uma das armas mais temidas pelos Soldados: matou 85000 Soldados e deixou incapacitados mais de 1000000, sendo a cegueira uma das sequelas mais comum.


Conta a História antiga que a causa da guerra teria sido o atentado de Sarajevo em 28 de Junho de 1914 contra o amigo Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono Austro-Hungaro. Contudo, o historiador alemão Fritz Fischer descobriu documentos que demonstram que em Dezembro de 1912 o chefe da marinha alemã anunciou ao seu governo que em um ano e meio estaria pronto para "O Grande Combate". Desde então os historiadores se inclinam a crer que o motor da guerra foi a Alemanha militarista de Guilherme II. O Kaiser considerava que a Alemanha era um belo bosque destinado a crescer e a França "Um monte de esterco sobre o qual canta um galo", destinado a desaparecer. Assim o seu reinado começou com ruido estridente de botas e fanfarras. O atentado do Arquiduque foi o pretexto.
A 28 de Julho o império Austro-Hungaro declara guerra à Servia, e por motivo das alianças militares existentes, de seguida, a 01 de Agosto a Alemanha declara guerra à Rússia e em 03 de Agosto declara guerra à França. Deste modo se formou a Tripla Aliança (alemães, austro-hungaros, italianos) e a Triple Entende (França, Reino Unido e Rússia).
A primeira guerra industrializada e mecanizada provocou, alem das pilhagens, violações e execuções sumárias de civis, 10.000.000 de mortos e 6.000.000 de incapacitados.
Dos Soldados mortos cerca de 7000 foram portugueses.
 
Alguns dos Combatentes Gorjonenses
Francisco Pedro das Neves
 
José Pinto Contreiras
 
António Rodrigues Cebola

Joaquim Alexandre de Sousa
 
Manuel Viegas

Mais de uma dezena de Gorjonenses estiveram nas trincheiras de La Lys nessa madrugada de 9 de Abril de 1918 e foram submetidos ao brutal ataque alemão. Todos voltaram salvos e capazes com excepção do José Pinto Pires que foi gaseado no ataque alemão. Enquanto foram vivos a maior parte todos os anos eles comemoravam essa data com uma grande festa à volta de uma vaca ou carneiros no braseiro, bem regados a vinho, histórias da guerra e discursos e tudo abrilhantado pelo exímio acordeonista Mestre José Ferreiro(Pai), também ele camarada das mesmas trincheiras.

José Pires Pinto

O José Pires Pinto, abandonado pelo Estado que o recrutara para a guerra, e desde então, sem capacidade de raciocínio como se fora um corpo ambulante sem alma, vivendo em total escuridão mental, sobreviveu a cargo de uma irmã e velhos amigos locais mas, com ares de maltrapilho descalço de barbas grandes, passou a ser considerado um "maluquinho" que embora não fazendo mal a uma mosca metia medo aos meninos da escola primária que tinham recomendações dos pais para não lhe tocarem pois podiam "apanhar o mal" de louco que, pensava o povo, ele apanhara em França e trazia apegado ao corpo.
Afinal o maltrapilha louco maluco de meter medo, o "Zé da Barba Pinta", não fora apenas um combatente Soldado Desconhecido como fora, sobretudo, um combatente Soldado Herói Desconhecido.
Em sua memória e de todos que estiveram na lama das trincheiras de La Lys a comer ratos para sobreviver e por fim submetidos ao horror dos irresistíveis ferozes bombardeamentos alemães, aqui deixamos este relato para avivar memórias.

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sábado, abril 05, 2014

EUGÉNIA LIMA 1926 - 2014

 Aquela que foi grande acordeonista e a maior divulgadora da música de acordéon em Portugal deixou de luto os algarvios, também eles, grande apreciadores de música de acordéon.
Eugénia Lima esteve nos Gorjões em 1949 onde actuou no Salão Ideal, depois Salão da Sociedade Recreativa Gorjonense, e aqui foi recebida com grande entusiasmo do povo que encheu o salão. Tinha dez anos e lembro-me dela obrigar o povo a abrir uma clareira no Salão a abarrotar porque queria tocar para o povo dançar e não só para ouvir e observar o seu virtuosismo.
Por essa altura já tomara conhecimento com o João Bexiga Barra, exímio acordeonista da vizinha Bordeira, através das tournés realizadas pelo país conjuntamente, organizadas pela Emissora Nacional e, mais tarde, se tornou grande amiga de Bordeira e ali viveu algum tempo na companhia inspiradora desses magníficos acordeonistas e compositores de Bordeira, Mestre José Ferreiro(Pai) e o referido João Bexiga Barra com quem partilhava uma grande afinidade artística.
Na sua morte e grande perda para o acordéon e seus belíssimos sons tirados dos dedos desta irrepetível acordeonista e compositora, deixamos esta homenagem singela mas grata.  

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quarta-feira, abril 02, 2014

E O SANEAMENTO SENHORES!

Que se passa com a obra de Saneamento e Esgotos da nossa Freguesia de Santa Bárbara de Nexe, relativa ao eixo Gorjões-Falfosa inaugurada em 07.09.2012, há mais de ano e meio?
A parte referente às águas, apesar de várias roturas e estragos na EM520 que quase a tornam intransitável em termos dos carros de hoje, lá vai correndo pela tubagem e canos até às residências dos munícipes que se atrevem a pagar o preço exorbitante que atinge a conta na factura logo que o consumo se eleva.
Mas e o Saneamento, senhores.
Esta parte da obra que, certamente, custou a parte de leão do valor total da obra dado que obrigou à abertura de valas sempre profundas em terreno rochoso, e cuja rede de condutas foi feita e construída em simultâneo com a rede de águas, porquê passados um ano e meio ainda não funciona nem se sabe quando virá a funcionar.
Que se passa com esta parte da obra que estando a Rede Enterrada e as Estações Elevatórias concluídas há muito ainda não estão em condições de serem colocadas em serviço. Que falhou no projecto ou na coordenação da obra, cujas duas valências de serviço público, Águas e Esgotos, deveriam entrar ao serviço simultaneamente, ou com ligeira diferença conceda-se, uma delas ficou a marcar passo e continua.
Gasto a parte mais substancial do valor da obra na rede de Saneamento o que corresponderá a milhões de euros quanto vai custar mais essa parte da obra pelo atraso na sua exploração.  
Claro, no fim, os custos serão todos contabilizados e fatalmente também serão incluídos na rede e canalizados para os consumidores.

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