segunda-feira, dezembro 28, 2015

GORJÕES, EM MEMÓRIA DO FUTUTO

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sexta-feira, dezembro 18, 2015

PRECs

 
Verdadeiramente a vida dá voltas e cambalhotas inconcebíveis e basta o tempo de uma geração. Quem, ainda no dia das recentes eleições legislativas, previa a possibilidade de uma aliança da esquerda portuguesa?
Nos anos pós 25 Abril, face ao PREC em marcha da esquerda totalitária, toda a direita unida democrática e reaccionária se meteu sob a proteção do chapéu de chuva socialista democrático do Partido Socialista de Mário Soares.
Precisamente quarenta anos volvidos e, face ao PREC em marcha da mesma direita unida retornada ao ideário do salazarismo, toda a esquerda totalitária retornada ao ideário democrático se meteu sob a protecção do chapéu de chuva do socialismo democrático do Partido Socialista de António Costa. 
O que se passou entretanto foi o estudo aprofundado do livro mais importante que relata a história da política da democracia portuguesa nestes quarenta anos, suficientemente claro e educativo, para que tal reviravolta pudesse ter acontecido. 
Especialmente, a rejeição do PECIV na indecorosa aliança da esquerda totalitária com a mais reaccionária direita da recém democracia portuguesa, foi a brutal lição prática que demonstrou ao totalitarismo que a política é um campo potencial criador de um gradiente de forças que se deve ir explorando linha a linha e não tomar de assalto o campo de forças aniquilando-o e às linhas todas de um só golpe.
A lição do PECIV deixou tais mazelas de consciência política e moral que até um velho leão marxista-leninista como Jerónimo imediatamente, perante a iminente catástrofe de mais quatro anos de métodos salazaristas sobre o país e o povo, achou por bem, ainda na noite das eleições, libertar o grito de alma: "o PS só não forma um Governo na Assembleia da Republica se não quiser" e, com tal grito de socorro, colocou o combóio da esquerda em linha de partida.
António Costa montou a linha, preparou a máquina alinhou as carruagens e pôs o combóio em marcha. Espero que daqui a bons e longos anos todos nos orgulhemos de ter embarcado neste combóio e ter feito o percurso, sempre, em viagem tranquila sem PRECs.

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quinta-feira, dezembro 10, 2015

"O PINTO", RECORDAR EM TEMPOS DE ANIVERSÁRIO

sábado, dezembro 05, 2015

A UTOPIA DE JOSÉ PINTO CONTREIRAS 7


JOSÉ PINTO CONTREIRAS

MASSIFICAÇÃO; FALÊNCIA DA UTOPIA

Este entusiasmo de festa e alegria foi constante e cresceu durante anos a fio até atingir pontos altos nos finais dos anos cinquenta do Séc XX.
Nesta altura o país, face à outra Europa em forte crescimento de reconstrução pós-guerra, era muito pobre e o povo vivia com muita dificuldade e miséria. Com a chegada do turismo e depois o surgimento da guerra colonial no começo dos anos sessenta provocaram uma procura constante aos trabalhos na actividade turística junto às praias da costa e, sobretudo, uma fuga em corrida à emigração, nomeadamente, para França.      
A desvalorização dos frutos secos retiraram quase totalmente o rendimento da terra às famílias. As leis de protecção à cidade-dormitório que proibiam a construção nas terras junto das velhas casas de pais e avós forçaram a ida dos jovens para apartamentos na cidade, massificando-a e provocando a inevitável desertificação humana dos sucessores naturais de várias gerações consecutivas dos povoados ancestrais do Barrocal.

A bela e sentida utopia nascida e criada aqui, inspirada nos modelos observados durante a participação pessoal na primeira Grande Guerra, manteve-se viva e actuante como força de modernidade e civilização durante meio Século no Sítio de Gorjões.
Cumpriu plenamente o sonho que se fez utopia e foi futuro no seu tempo.

(conclusão)

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terça-feira, dezembro 01, 2015

A UTOPIA DE JOSÉ PINTO CONTREIRAS 6


EM 1981 AINDA ESTAVA ABERTA AO PÚBLICO, COM SE VÊ NA PORTA DA DIREITA DESTA FOTO, QUE NA FAIXA BRANCA VISÍVEL AO ALTO TINHA INSCRITA A PALAVRA "RETRETE"

ACTUALIZAR A MODERNIDADE, MANTER VIVA A UTOPIA (2)

Também pela primeira vez no sítio uma construção era fechada com uma laje de betão armado. Foram precisos dúzia e meia de homens de muita envergadura e resistência para garantir acabar a placa durante um dia de sol a sol utilizando apenas pás, baldes, sarilhos e muita força e suor humano.
Além desta inovação técnica para a cobertura do “Salão” outra de cariz social estava pensada e era posta em construção para a inauguração. Tratava-se de dotar o moderno edifício de uma rede de esgotos canalizados para uma fossa em local distante no terreno do largo quintal adjacente. E, simultaneamente, aproveitar para instalar também uma rede idêntica na habitação dita "casa dos altos" interligada  à rede do "salão".
Mas o forte entusiasmo e sentir social da pessoa Estanco ficou expresso de forma incomum ao construir, aberto ao público, uma "Retrete" ao serviço da população. Ligada à rede de esgotos da casa dos altos e do salão construiu sob um vão de escada, entre a casa de barbearia e a do sapateiro, uma "Retrete", assim mesmo estava inscrito a tinta sobre a entrada da mesma, com porta para a rua pública e aberta a todo o povo. 

Construído todo o conjunto do "Salão", a "Retrede" e respectivas redes de águas e esgotos que os serviam, ficou estabelecida a sua inauguração, com festa de arromba, para 9 de Abril de 1945 em memória da data da mortífera batalha de La Lys, para a qual todos os camaradas de trincheiras habitantes locais e arredores foram convidados, incluindo Mestre José Ferreiro (Pai), também camarada de guerra, brilhante acordeonista e compositor que abrilhantou a festa.
Foram mortos, esfolados e assados no espeto três carneiros, digeridos com discursos comemorativos, histórias da guerra, episódios das trincheiras, música de corridinhos e valsas francesas durante um dia inteiro.
Esgotaram-se pipa e meia de cem litros e alguns garrafões de medronho escorrendo pelas gargantas dos participantes entusiasmados e população local assistente, declamaram-se versos do já popular Poeta Aleixo e cantaram-se desgarradas ao despique.

Tempos depois, o Poeta Aleixo, que frequentava quase semanalmente o Sítio para cantar e vender os seus versos em folhetos de "Quadras" populares, que já fora o autor da letra da Marcha da Sociedade Recreativa Gorjonense, como habitualmente, veio aos Gorjões e, junto à taberna que frequentava e onde cantava, deparou-se com o nome "RETRETE" pintado no frontespício da mesma.
Inteirado da obra concebida e do Homem que a concebeu, logo ali rematou,

Temos aqui um homem novo
Que sabe bem onde se mete
E que para benefício do povo
Mandou construir uma "Retrete"


(continua)

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