segunda-feira, agosto 17, 2015

CONTRIBUTO DE JERÓNIMO PARA O APROFUNDAMENTO DO MARXISMO



Sabe-se, desde que há História com escritura de factos, que no Olimpo mesmo entre os deuses havia classes; deus chefe e seus irmãos deuses maiores, deuses menores já filhos do deus chefe, deuses domésticos e até deuses "ignotos" além de deusas de baixa condição divina como as Musas, as Graças, Nereidas, Ninfas e outros semelhantes ou semi-deuses.
Também nesse tempo igualmente na ordem social sobre a Terra, como no Olimpo e à sua semelhança, a população existente estava dividida em classes; Eupátridas "os bem nascidos"da aristocracia, metecos, periecos e hilotas considerados cidadãos com plenos ou restritos direitos políticos segundo as suas capacidades económicas, e finalmente os escravos "instrumentos de trabalho" sem quaisquer direitos políticos ou sociais.
E, desde sempre, foi a luta entre desigualdades, primitivamente entre a quantidade e qualidade das terras para a caça ou pastorícia, depois as lutas entre "gens" sobrepovoadas pela conquista de novas terras aráveis para agricultura e não mais cessaram as lutas entre dominadores senhores do poder e riquezas e dominados reduzidos a "força de trabalho".
A luta histórica entre desigualdades de classe social assumiu aspectos paradoxais quando foi introduzida pelos pensadores gregos pré-clássicos o problema da "liberdade" e implantada em Atenas uma democracia, precisamente, no interior de uma sociedade esclavagista. Mais tarde dá-se a revolta dos escravos que lutaram pela libertação total do jugo e escravidão imperial de Roma. Sempre com a ajuda dos grandes pensadores clássicos gregos dão-se as revoltas religiosas vitoriosas da implantação do cristianismo, depois a revolta de Lutero Calvino e o Cisma papal dado o mau estado a que chegara o próprio cristianismo o que permitiu pequenos graus de liberdade e avanços sociais, sempre em prejuízo das desigualdades. Por fim, ainda na peugada dos mesmos grandes pensadores clássicos gregos, nasce o "iluminismo" que dá fundamentação à Revolução Francesa, imediata libertação das Américas e um século mais tarde continua o movimento de libertação com as lutas vencedoras da independência das colónias indianas e africanas.
Entretando, um célebre estudioso rato das bibliotecas investigador das lutas sociais históricas, interpretou a constância dessas lutas e designou-as "luta de classe" dando-lhe uma carga política e uma significação social que o levou à descoberta de uma teoria econónico-revolucionária. Marx foi profundo e brilhante nas suas análises sócio-económicas acerca da exploração dos trabalhadores pelo patronato industrial.
Foi longe de mais e enganou-se quando pretendeu ter descoberto uma lei científica que pré-definia o caminho do futuro e respectivo curso histórico da humanidade e que, desse modo, tinha matado e acabado com a dita História.
Houve de seguida uma corrida enorme de entusiastas pensadores a divulgarem e a explicarem a grande novidade politico-sociológica-revolucionária. Contudo, foram sempre mais intérpretes e explicadores do marxismo que propriamente inovadores da nova filosofia; contributos novos para o desenvolvimento teórico do marxismo foram quase nulos.
Em Portugal também houve uma chuva de leitores dos intérpretes e explicadores de fora, o habitual, para nos explicarem cá a grande verdade científica e certificarem o fim da História. O mais interessado deles foi Cunhal, o último marxista romântico, que teve a oportunidade de dirigir uma revolução marxista-leninista e implantar a "ditadura do proletariado", o "kama-sutra" do leninismo que distribui a felicidade em doses perfeitamente igualzinhas a todos sem excepção. Mas o "sol" de leste andava fraco e com falta de energia iluminante e brilho que entusiasmasse pelo que o velho romantismo revolucionário, sem luz do sol de leste, rapidamente apreendeu que melhor era jogar o jogo democrático europeu.
Contudo a sua auréula revolucionária ficou brilhando entre os seus e fez escola nos subditos aprendizes os quais, após o seu desaparecimento físico, lhe foram prestando tributos à obra, ideais e pensamentos. E passados uns tempos indecisos e revistas muitas teorias à luz das novas condições objectivas e subjectivas, chegou ao lugar de direção e comando outrora de Cunhal, o grande pensador Jerónimo de Sousa.
Este operário de tenra idade e depois quadro partidário sempre subindo a pulso pelo trabalho dedicado e pelo estudo da teoria acaba, hoje em dia, de atingir a sua maturidade intelectual filosófica. 
Fazendo a síntese perfeita entre o marxismo teórico mais profundo e os mais populares provérbios da nossa literatura descobriu que, afinal, actualmente a luta pela revolução está simplificada e dá-se apenas entre duas classes; os proletários seus camaradas e os outros que são todos "farinha do mesmo saco".
Os representantes da chamada classe média de quadros públicos e privados, os pequenos comerciantes e proprietários, operários especializados, gente das profissões liberais, pequenos industriais e produtores domésticos e toda uma população transversal socialmente que vive no meio termo onde está a virtude de existir para poder viver como ser humano, são atirados e colocados no mesmo saco onde antes ensacavam os latifundiários, grandes industriais e os grandes merceeiros.
Jerónimo, o pensador simplicista, resumiu as classes a duas apenas e sustentado nessa base teórica, entusiasmadamente alegre e feliz, tenta fazer sentir aos seus que a revolução, a mudança, não só é possível como está prestes a acontecer inevitavelmente. 
Depois dos tempos anti-fascistas e do "sol" de leste que moldaram o pensamento intelectual do austero Cunhal, homem de uma estratégia internacional capaz de analisar mudanças e estabelecer tácticas momentâneas adaptadas a cada situação nova, chegaram os tempos de uma democracia menor, amordaçada e vigiada, que moldam o pensamento popular de Jerónimo, homem de uma estratégia unipessoal, de um só pensamento, de uma só táctica, sempre. 
Depois de um homem cerebral, para os tempos exigentes de tomadas de poder e expansão do socialismo real, veio o homem de sabedoria oracular expressa por ditados populares para os tempos medíocres. 
Tinha, necessariamente, de acontecer.      

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terça-feira, agosto 04, 2015

TEMPOS GORJÕES AVÔ II

A exposição "TEMPOS GORJÕES AVÔ" abriu novamente ao público em 02.08.2015 tendo sido visitada por alguns convidados e especialmente por gorjonenses que não puderam estar na abertura e mostraram interesse em visitar a exposição.
Novamente os trabalhos de vestuário, bordados e rendas foram muito atentamente observados e elogiados e, especialmente, a colecção de roupas interiores usadas pelas avós e bisavós foram objecto de maliciosas observações acerca de comparações entre aquele tempo e o actual.
Foi projectado novo filme "TEMPOS GORJÕES AVÔ, PARTE II" contendo entrevistas com figuras populares gorjonenes já desaparecidas ou quase centenárias, gravadas nos anos'80 com câmara Hi8 e DV.








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