segunda-feira, março 31, 2008

VAMPIRISMO


Na mesma última "quadratura do círculo", concordo inteiramente com Pacheco Pereira quando falou acerca da banalização do caso "Carolina Micaelis". Disse, concretamente, que a passagem repetida e repetida repetidamente, das imagens tiradas ao vivo da cena de luta travada na sala de aula, transformava o caso que é "sério" numa "banalização", desvalorizando assunto e suas causas e consequências.
PP tem toda a razão. A tentativa de alimentar mediática e artificialmente as imagens injectando-lhe ondas de choque emocionais, gasta o assunto e desfoca-o racionalmente pelo rápido enfastiamento do olhar, levando a uma irritação da vista como a irritação do ouvido no caso do disco estragado que não sai da mesma espira. A tv, causa não menor das actitudes anti-sociais da adolescência actual, quer em casa, na rua ou nas escolas, escudada na idéia piedosa de que escalpelizar o mal é exorcizante curativo adequado, escalpeliza o mal até à repulsa, não segundo um ponto de vista médico mas pura e simplesmente como vendedor de fármacos e drogas anesteziantes para manter o paciente em estado comatoso o mais tempo possível. Logo que a tv pimbalóide "agarra" um assunto, ou porque o quer impôr voluntáriamente como "facto de falatório"" pela força da imagem ou porque já se tornou "falatório" pela força do assunto, transforma, mesmo qualquer facto fortuito, em espectáculo circense para exploração de audiências com bilheteira comercial publicitária montada à porta de entrada.
À tv pimbalóide, finjindo querer discutir tudo sobre tal caso do dia, pretende tão só, para efeitos comerciais, manter e elevar as emoções e paixões primárias suscitadas, para criar dependências no tele-espectador afim de o manipular e formatar ideológicamente pelo conteúdo do discurso, tornando-o amorfo receptador tanto da opinião veiculada como da publicidade. Lançado o caso na discussão do grande público, à tv e imprensa pimbalóide não lhe interessa mais o conteúdo do assunto mas o seu tratamento pirotécnico-cénico-mediático, concentrando-se em manter no ar, para o pagode apreciar, o falso brilho do fogo de artifício.
Os meios pimbaloíde, sob o disfarçe de fingidos sofredores dos males sociais, são na verdade bocarras de afiados caninos vampirescos sempre à procura de sangue que sorvido e tratado em suas entranhas, voltam a derramar pela cloaca como novo alimento dos já mordidos e infectados. Praticam um vampirismo em moto-contínuo. E este tipo de vampiro nunca esquece a sua vítima, passados anos voltam a atacar o "herói desse dia" para lhes sacar sangue novo sob a forma dum telefilme ou telenovela educativa. Felizmente que a Natureza criou a razão e o entendimento ao Homem, e este ainda não abdicou totalmente de utilizar tais faculdades para julgar.

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sexta-feira, março 28, 2008

BARBARIDADES


Na "quadratura do círculo" de ontem ouvi duas enormes barbaridades sobre Liberdade, acerca da actualidade no Tibet.

Barbaridade I
Pacheco Pereira afirmou que, cito de memória, «o Tibet era uma teocracia dos monges onde o resto da população passava fome (ou morria de fome) para quem a invasão dos chineses foi uma libertação». As palavras podem não ser bem assim mas a mensagem era e foi esta.
Tal como faz relativamente ao Iraque, PP continua a exorcisar o seu antigo maoismo perante o presente. Os USA foram libertar o Iraque, o MAO foi libertar o Tibet e como, segundo PP e outros afadigados apologistas, existe um imenso bom governo e desenvolvimento espanhol face à nossa "atávica miséria", um dia destes advoga a libertação dos portugueses pelos espanhóis.
Contudo, no caso da invasão de Timor pela Indonésia e da promoção da independência do Kosovo, pelos USA e Europa, já não considera que se tratou de uma libertação, mas de uma sujeição de povos.
Caro pensador-opinador, também as nossas ex-colónias ficaram bem piores após a independência, mas tinham conquistado o seu direito de ser livres como nação e isso é o mais que tudo para um povo. Trata-se de Liberdade e não de liberdade condicionada a troco do prato de lentilhas. O povo do Tibet, fosse uma teocracia ou o que quer que fosse, têm o direito à restituição da sua Liberdade e a organizar-se social e culturalmente segundo tradições e costumes do seu povo milenário. Nenhuma democracia, nem a mais bem intencionada, jamais levou a liberdade a outro povo quanto mais uma ditadura rígida e feroz perante qualquer contraditório como é a chinesa. Jamais a forma como um povo se organiza, desde que pacífica e não interveniente na vida dos outros povos, deve ser motivo de intervenção de outrem. Só ao seu próprio povo cabe aceitar ou revoltar-se contra o estado de coisas interno. Aos de fora cabe, em nome dos direitos humanos, tão somente apoiar governos ou oposições sem intervir, muito menos militarmente.
A Liberdade é um ideal congénito da nossa origem natural racionalizado pelo nosso compromisso social e tornou-se um bem tão grande e tão estimável que, perdida ela, todos os males chegam em cadeia, e os próprios bens que permanecem perdem inteiramente o seu gosto e o seu sabor.
Heródoto relata que um grego se dirigiu a um persa deste modo: «você não sabe o que é a Liberdade, pois se o soubesse lutaria por ela de mãos nuas se não dispusesse de armas».

Barbaridade II
O homem prático e de accão que é Jorge Coelho deixou-me perplexo sobre o mesmo assunto do Tibet e o possível boicote aos jogos olímpicos. Disse ele que ( e cito novamente de memória) : « então todo o mundo não sabia já o que se passava no Tibet? Então os monges só agora, porque há os jogos, é que se lembraram de se manifestar e põr em causa os próprios jogos?». A mensagem de JC era a de um homem zangado com os monges porque estavam a perturbar agora, oportunisticamente, a realização dos jogos.
Esta, vinda de um político experimentado é mesmo de cabo de esquadra. Então o que é a política senão o saber aproveitar o momento certo, a oportunidade adequada, a conjuntura propícia para passar a "Mensagem" que se pretende? O que fazem todos os governos e oposições do mundo senão "anunciar" a sua mensagem no lugar e momento mais conveniente e oportuno? Acaso aos monges, submetidos à força e, como povo e cultura, há longos anos, sujeitos a uma política de submersão da sua identidade como povo, no grande rio de mais de mil milhõs de chineses, não deve conceder-se nem sequer o direito de se manisfestar para dar a conhecer quão dura é a sua realidade actual? Ao longo de toda a história da humanidade poderá JC perguntar porque é que "só naquela data" se deram tais e tais acontecimentos e não na data que os derrotados nesses acontecimentos quereriam.
Caro JC, porque será que o PS se lembrou de fazer, e bem, um comício depois da manifestação dos professores? O senhor que nele discursou com o seu entusiasmo habitual não pensou um momento sequer na sua oportunidade?
Tudo o resto, acerca da Liberdade, vale o dito acima.

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terça-feira, março 25, 2008

LUTA EDUCATIVA, ELUCIDATIVA (FINAL)


Marcelo Rebelo de Sousa, o maior troca-tintas da actualidade: «foi contra o aborto mas a favor do aborto com pena mas sem castigo, contra e a favor ao mesmo tempo, etc. e tal»; «fui contra o acordo ortográfico mas agora sou a favor porque etc. e tal»; «até nem tenho nada contra acabar com quotas mas Filipe Menezes devia ter falado nisso antes, na altura certa, agora não, etc. e tal»; «na altura defendi a guerra do Iraque, mas sem armas de destruição maçiça nicles, sou contra, etc. e tal»; «já foi candidato perdedor à CML mesmo com banho sujo no Tejo, já foi presidente do PSD mesmo sem Cristo descer à Terra e desistiu por merdas, mas mantem-se potencial candidato a tudo que é alto cargo deste mundo, etc. e tal»; «já fui a favor da ministra mas agora não, porque disse isto e fez aquilo, porque fez assim e não assado, porque a idéia era boa mas aplicou mal, etc. e tal».
Agora disse que a ministra menorizou, desclassificou, desautorizou os professores. Também podia ter dito exactamente o contário sem perder razão. Impagável este troca-tintas.

Vasco Pulido Valente, o maior Velhadas do Restelo actual e sua amada dona Constança para os quais ninguém deste mundo tem substânç(i)a, está tudo errado a começar por D. Afonso Henriques faca nos dentes, que teve a má idéia de fundar Portugal e os portugueses, com sua(deles) rara excepção, claro. «O exercício que em Portugal se chama "reformas do ensino" leva sempre à progressão geométrica da perplexidade e da ignorância».( Salvo a sua, claro) ; «Como se pode avaliar professores quando o Estado sistemáticamente os "deseducou" durante 30 anos?».(Os únicos não deseducados são eles, claro, para poder contar como é); «Nunca com certeza preveniram a Sedes que as meninas não reformam o bordel». ( Eles, claro, não são meninas deste bordel) ; «O destino de Portugal, é como sempre foi, apodrecer ao sol».
A última é que, «não me cheira que a aluna do telemóvel bata habitualmente nos pais como bateu na professora. Porquê? Porque não acredito que ela goze em casa a impunidade de que goza na escola» Tudo provém do seu "cheiro" para esclarecer que a aluna não bate "habitualmente" nos pais, só bate quando não lhe fazem a vontade. Também podia ter dito exactamente o contrário, que segundo o meu ponto de vista tinha mais razão. Uma questão de "cheiro", afinal.
E, felizmente, Portugal vai a caminho de mil anos a apodrecer ao sol e os VPV vão a caminho de mil anos de podres à sombra.

Para José Manuel Fernandes, o polícia dos governos e de má-fé contra MST e odiosamente contra este governo, o caso «é uma consequência de termos um sistema público altamente centralizado, que desresponsabiliza (quando não humilha) os seus agentes...»; «A autoridade, na sala de aula, como em qualquer grupo social, ou se tem ou dificilmente se "decreta"» ; «O problema não está na autoridade abstracta do professor, mas nas regras existentes na escola».
Querendo ser diferente a atacar faz uma baralhada de contradições, pois se o que falta são regras claras, o que é uma "regra" senão introduzir uma hierarquia para criar uma autoridade? Se uma autoridade, na sala de aula, não se "decreta" para que raio quer JMF as "regras" na escola? Claro, para este serviçal de Belmiro & Belmirinho, a democracia deste governo é para-fascista estalinista embora não impeça que ele próprio diga as barbaridades que diz, publique e mande outros redizerem e republicarem, mas como bom ex-aluno marxista-leninista-maoista, exige a existência de "Regras" disciplinadoras na escola. Das boas, rígidas e absolutistas à maneira do que ele diz que este governo é, que é como ele faria se fosse governo.

Para Maria Filomena Mónica, a tia-madrinha da Manif dos professores , na Sábado segundo um blog que li, diz «que não há legitimidade na avaliação dos professores porque D. Afonso Henriques maltratava a mãe». Ainda mais insupotavelmente arrasador que a outra explicação psicológica do telemóvel fazer parte da mão, para a juventude, e por conseguinte indecepável. Do seu companheiro António Barreto, desde a célebre catilinária contra a "porcaria" do Algarve no qual fazia a apologia encomiástica do super-mercado "Apolónia", como a única coisa que se aproveitava neste local mal cheiroso, fiquei desconfiado com tal bizantinice e tenho constatado que pouco ou nada de pensamento recomendável sai de tal cabeça envelhecida antes de tempo. Não passa de uma mistura sem sal dos outros todos descritos atrás, uma lástima.

Até o jovem pensador Rui Tavares, que sendo jovem tem muitas vezes pontos de vista sob perspectivas inovadoras, para este caso não vai além de uma tentativa humorística para explicar e solucionar casos como o acontecido. Fala das duas autoridades: a do medo(da violência), e a do reconhecimento. Acha RT que alunos daquela idade e calibre educacional de raiz, organizado em grupo no café, no recreio, nos estádios de futebol, no comportamento, na linguagem, etc., depois na sala de aula, alguma vez alcançam o estado de consciência necessário para aceitarem por mérito e reconhecimento o professor? Eu não creio em tal e por conseguinte, só uma autoridade imposta recta e justamente nos momentos certos pode obstar e aliviar tais situações. E imposta desde que tais criancinhas mimadas começam com toda a espécie de birras para satisfazerem o seu gosto, como se tais imberbidades já tivessem algum gosto quanto mais algum bom gosto. Também, deste pensador, uma decepção.

Resta avaliar os verdadeiros protagonistas do filme. Da aluna e dos seus colegas que se armaram em "heróis do dia" daquela escola, só podemos pensar que dificilmente algum se aproveitará futuramente, caso esta lição prática televisionada e comentada pelo país intelectual, não sirva de toque a rebate de suas juvenis cabecinhas tontas.
Da Professora, que suportou estóicamente a rebelião da turba de leõezinhos viciosamente amestrados, só temos que lhe enaltecer a sua actitude de grande coragem. Pequena e franzina face à corpulenta leoazinha e seus ajudantes, nunca se intimidou nem deixou de indicar o olho da rua á menina mal-criada. Dizem alguns que tentou sair mas não penso assim nem o video o indica. Pelo contrário, manteve-se firme e não largou o telemóvel, suportou os puxões da leoazinha enraivecida, suportou o ultrajante apoio e risota comum do resto da manada, aguentou convictamente a perigosa inferioridade física, aguentou com invicta dignidade e superioridade moral o vil ataque dos energúmenozinhos.
Afinal a "Velha" não caiu. Aguentou a força física bruta e os indecorosos vexames morais e não caiu. Aquela Professora foi um exemplo de integridade moral no exercício da sua nobre profissão, aquela Professora merece admiração e o maior respeito de todos nós. São portugueses como aquela Professora que nunca deixarão Portugal cair ou apodrecer ao sol.

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domingo, março 23, 2008

LUTA EDUCATIVA, ELUCIDATIVA II


Continuam, sob os pontos de vista mais variados, as opiniões sobre a luta de pugilato ocorrida no Carolina de Michaelis. Professores e Sindicatos contra a reforma em curso vêem nas imagens filmadas a ministra na figura da aluna atacante, como se antes desta ministra e antes da reforma em curso não tivessem já havido imensas cenas semelhantes ou piores. Mas muito maior visibilidade para a mente condicionada-deformada de certo tipo de jovens, a somar a outras visibilidades televisivas, cinemetográficas, romancescas, webbianas, tem a destemperada facilidade com que os adultos se desrespeitam e insultam em casa, nos protestos de rua, nas manifestações, nas constestações, nos comícios, nos estádios, etc. que eles captam como ensinamento e legitimação para seu uso pessoal por imitação, reforçada e ampliada pelo desejo do moderno mito que consiste em obter o estatuto de "herói do dia".

Vi na tv uma psicóloga tagarelar sobre que o telemóvel era a extensão do braço dos jovens, que era complicado tirar-lhe(cortar-lhe) essa parte da mão, etc. e tal e tal, etc. e tal. Bem, um dia estes jovens levam a bola para a sala de aula e ninguém lhes poderá tirar a bola de jogar na aula porque a bola será, obviamente, a extensão do seu pé. Quem diz uma bola pode dizer uma pistola, um punhal, uma granada, uma fisga, etc., etc. Este argumento psicológico, dos leitores e intérpretes da mente alheia, é insuportavelmente arrasador.

O imperador da opinião caseira VPV, diz que os pais não senhor, nada, nicles, qual culpados da mal-criada menina, nem pensar, e diz poquê: «não lhe cheira que a aluna do telemóvel bata habitualmente nos pais como bateu na professora». Este imperial opinador detecta, as qualidades morais juvenis, a longa distância pelo seu dotado e teleguiado "cheiro" com eficácia mui superior ao simples faro dos cães. Por onde anda VPV que não vê nos cafés, nas esplanadas, nos espectáculos, nos jardins, onde quer que se juntem grupos de pais com criânças, pequenezas de 3,4,5,6 anos voltarem-se contra os pais ou avós, levantarem as mãos ou mesmo atirarem pomtapés às canelas dos progenitores? Não conheço os seus relacionamentos que só o levam a pensar pelo cheiro das coisas, mas posso afirmar que nos meus relacionamentos e de outros que conheço e observo, a maldadezinha das criancinhas é muito precoce e tem muita protecção dos pais que a tomam como vivacidade e inteligência. Deixados à solta face ao grupo, à televisão, ao cinema de facadas, sangue e sexo, à webb pornográfica, rápidamente ficam escolarizados e mestrados em comportamentos tal qual a menina de bom "cheiro" para VPV.

Uma opinião cinematograficamente interessante é dada por José Victor Malheiros na crónica"Os valores da câmara". Refere-se á valorização projectada pela mediatização televisiva do acontecimento: os jovens, neste caso, como noutros os jovens, adultos e velhos, onde aparece a tv são como borboletas tontas frente à objectiva da câmara de filmar. O jovem realizador de telemóvel manda afastar do enquadramento da "acção", os colegas que lhe tapam o campo fílmico, e pergunta se a menina não estaria a representar de heroína para o You Tube. Tudo bem, observado sob o prisma da superioridade actual da imagem sobre a ética.
Mas a questão a pôr é a seguinte: e como chegámos a esta sobrevalorização e sobreposição dos valores virtuais da imagem sobres os valores morais e éticos, liames da sociedade? Que se passou entretanto, desde há muitos anos, para se atingir este estádio de representação da sociedade com valores invertidos? Não será, não por acaso, pelo facto de modernamente o "porco, bruto e mau" ser quase universalmente, não o vilão da "fita"(cinema, telenovela, romance, anedotas, histórias, contos, etc.), mas a personagem caída em graça e mensagiada como o herói? A simpatia intelectual pelo revoltado sem causas, pelos feitos de ladroagem e malvadez, pelo drogado social, pela actitude insociável, pela rebeldia velhaca, pela violência gratuita, etc., etc., tantas vezes defendida por realizadores, psicólogos, sociólogos, pensadores e romancistas comerciais, fazem que os homens que labutam honesta e duramente o dia a dia se sintam marginalizados e desorientados face aos valores tradicionais. O desânimo apodera-se da parte sã da sociedade e esta é deixada à voragem da marginalidade. Os "casos" e os respectivos "heróis" começam a surgir em catadupa como é a tendência actual.
Na sociedade da abundância do Estado providência o herói é o marginal, sinal evidente do nosso olhar e pensar decadente actual.

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sexta-feira, março 21, 2008

LUTA EDUCATIVA, ELUCIDATIVA


O já célebre video da "luta educativa" elucidativa entre uma aluna e professora do Carolina Michaelis do Porto, constituem as imagens mais discutidas e controversas do dia e da actualidade. E dão que pensar. Como foi possível chegar-se a esta situação? Do blog onde visionei as referidas imagens culpa-se a professora por não saber gerir a situação. Então um professor também tem de tirar um curso para gerir insoburdinação, má-formação-educação, levantamentos de aulas de meninos mal-criados? Além de ser sua professora incumbida de os ensinar, o que só por si requer atenção e disciplina na sala de aula, é a pessoa mais velha e sábia na sala a quem deve ser obrigado o devido respeito profissional e humano de adolescentes.
No tempo do velho senhor tal aluna (e alunos) eram irremediávelmente expulsos da escola e provávelmente antes ainda levavam umas bofetadas bem dadas. Por muito menos (não saber a lição)levei réguadas, bofetadas e puchões de cabelos e não me fizeram mal. Se a professora se queixava ao meu pai ainda apanhava mais em casa. Antigamente era assim e não me consta que isso seja, hoje, motivo de má-recordação da professora primária. Má recordação haveria se ela não me tivesse metido na ordem, pois hoje reconheço que o fazia para meu bem.
Hoje em dia, a psicologia, a pedo-psicologia, a meta-psicologia, a psico-pedagogia, elaboram sebentas e livros cheios de palavreado para-científico para justificar que o mais importante é a criança. Ainda não fala nem descirne uma imagem ou ideia e já é rei da casa a quem todos cedem obedientemente achando muita graça à esperteza que os familiares tomam logo como inteligência única. Ganho este primeiro despique, a criança embala e não páram mais as suas exigências, depois o que fazem em casa querem fazer na rua, no café, nas salas públicas,nas escolas.
Nunca percebi por que razão um garoto que ainda não tem saber para articular um pensamento, nem sabe o que quer, nem distinguir o bem do mal, não deve ser coercivamente educado na boa civilidade. Nunca percebi porquê pais e avós educados duramente, e fazem disso causa de exito obtido, se deixam levar por modas pedagógicas que resultam na prática da vida o contrário do pré-concebido livrescamente. Nunca percebi porque uma criança ou jovem que nada ainda compreende do mundo dos adultos e das regras devidas à vida em sociedade deve ser tomado mais prioritáriamente pela sociedade que os adultos que os sustentam, são mais velhos e mais sábios.
Os efeitos são visíveis nas imagens deste vídeo. Agora vai dar-se nova discução interminável acerca das causas de tal comportamento e haverão argumentos para salvar toda a gente e tudo ficar igual.

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quinta-feira, março 20, 2008

MARAFAÇÕES XLVII

APAGÃO
Passar uns dias fora do país sem jornais, rádio, tv, ou qualquer mediática informação do nosso rectângulo bicudo, para quem é viciado em estar diáriamente atento aos acontecimentos politico-económico-sociais correntes, é como de repente ficar às escuras quando se abre um jornal, ou falta "a luz" a um adepto prenho de clubite quando está a ver o seu clube na tv. É um mal-estar que custa a passar, uma espécie de "apagão" no processo contínuo da nossa atenção que já se tornara automático devido à rotina.
Contudo, passados os primeiros dias, com a ajuda das coisas novas e diferentes que os lugares desconhecidos proporcionam à nossa contemplação e sentimentos, a nossa imaginação vai gradualmente substituindo e mudando a nossa atenção crítica diária para o novo ambiente circundante. Neste aspecto, tal "apagão", representa um afável safanão brusco para acordar da rotina e eventualmente retomar forças e repensar. Cheguei esperançado que durante esta interrupção do curso da minha atenção corrente normal, proporcionado pelo "apagão" de mim do meu país, algo bilhante tivesse acontecido neste rectângulo bicudo que tivesse apagado o "apagão" iluminando-o com alguma idéia luminosa.
Ao retomar as correntes leituras mediatizadas caseiras, constato que neste manhoso rio de lágrimas, onde e quando quer que se retome o seu curso, haja apagões ou não no seu percurso, as suas águas lacrimais continuam imutávelmente a correr para o velho lago pessimista que Camões situou no Restelo mas enxameia pelo país.

RECUAR
Agora é péssimo recuar. Quer-se fazer crer que recuar é uma fraqueza, uma inconsequência, um acto de insensatez, por conseguinte são más medidas e mau governo. Até a esquerda leninista, faz tal acusação fazendo-se esquecida da célebre táctica revolucionária de dar dois passos em frente e um atrás para poder avançar passo a passo.
Parece ser este o pensamento e táctica do governo, exige forte e feio à partida para depois de conseguir aceitação no essencial poder ceder no pormenor. Na educação já atingiu esse ponto.

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domingo, março 09, 2008

O MEU LUGAR XVIII


DESTE LUGAR AO SUL

Séculos, homens e passarada
conviveram de maneira
gentil a gozar reciprocamente
da fartura e beleza arregaçada
pelo braço, esforço e canseira
do homem rude e potente
cobridor da terra virgem ciada
mãe de peitos fartos, parideira
de dores e alegrias, vidente
rigorosa de fartura às abadas
grossas paridas da sementeira
prenhe de chuva e sol quente
deste lugar ao sul, guardadas
terras d'amor p'rá vida inteira.

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quinta-feira, março 06, 2008

NOTÍCIAS DOS GORJÕES

Em tempos arcaicos, jogava-se aqui nos Gorjões, ao jogo da rifa talvez a figos ou amêndoas o que originou dar-se genéricamente depois o nome de "Rifa" a esta velha tradição de jogar às cartas por rebuçados nos anos 50. Durante o tempo de quaresma até à Páscoa, quando não havia bailarico, as moças organizavam-se e "traziam rifa" em casa de uma delas. À noite à hora habitual do bailarico, as mães com as moças dirigiam-se para a Rifa e os moços iam lá ter no encalço de namoricos e derriços já encetados. A Rifa permitia a continuação de encontro e fala e favorecia avanços gostosos de iniciação com toques e encostos de pernas sob a mesa de jogo.
O Clube Recreativo e Cultural Gorjonense fez renascer esta tradição no lugar do Alto e teve uma entusiasta adesão do povo mais velho e dos miúdos, que revive esta sã convivência com entrega ao jogo e grande alegria. Antigamente jogava-se ao "Quina"(loto), ao montinho, ao sete-e-meio, ao codilho. Jogava-se a rebuçados de açúcar a meio tostão cada e agora joga-se a rebuçados de fruta a três euros o cento. O codilho é um jogo parecido à Lerpa mas tem regras adaptadas dos costumes locais e é o jogo mais querido e jogado pelas mulheres. Os homens jogam ao "Blef" (corruptela de "bluff" do poker), pois permite aplicar toda a astúcia na arte de enganar o adversário. Neste jogo, quando os parceiros despicam forte, com jogo ou a fazer blef, o prato dos rebuçados atinge os milhares.
Os videos abaixo ilustram como se vive modernamente esta velha tradição.


JOGO DA RIFA



MESA DE JOGO DO CODILHO 1





MESA DE JOGO DO CODILHO 2




MESA DE JOGO DO "BLEF"

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terça-feira, março 04, 2008

A GUERRA DOS PROFESSORES

1. OS PROFESSORES REVOLTADOS
Foi visível na televisão o estilo dos "professores revoltados". Fardados ao jeito de claques de futebol (mentalidade de pessoal do futebolismo), ou ao jeito de clube de fans de artistas pimba (mentalidade pimba), os ditos professores ainda revelavam, ao nível do traje, outra imagem eloquente de sua hierarquia de grupo: O chefe, homem, (dono da palavra) vestia de camisola branca com legendas pretas e os adeptos (só ou quase mulhreres?) vestiam camisolas pretas com legendas a branco o que deixa entender que naquela quinta, tal como no "Triunfo dos Porcos" de Orwell, embora todos iguais uns são mais iguais do que outros.
A fala do chefe quiz deixar duas mensagem pré-fabricadas que gaguejou assim: a) um director quiz obrigá-lo a passar alunos com reprovação por causa das estatísticas; b) a reforma em curso é apenas um jogo de estatísticas que a ministra quer manipular.

2. O DIRECTOR DITADOR
Instado a dizer o nome do director ditador que lhe quiz impôr a passagem de alunos por força da estatística para se averiguar tal criatura, ficou calado. Até hoje, passados oito dias, na televisão, rádio, jornais, blogs ou outro meio escrito qualquer, ouvimos, vimos ou foi dado a conhecer quem foi esse director mandão.
Acusou a ministra de mentirosa mas ao que tudo indica a mentira estava do outro lado, o seu.

PS: tinha terminado esta observação e fui ver o "prós e contras" de hoje quando foi dada a informação que o dito professor revoltado já tinha confessado a mentira da acusação. Só confirma o que já tinha dito num comentário a um blog: aquela gente não presta como professores-educadores.

3. AS ESTATÍSTICAS
Este argumento repetido e repetido em modo e contornos de estilo depreciativo é a maior mistificação deste debate sobre a reforma da educação. Faz-se crer que o objectivo da reforma é melhorar as estatísticas só por si, que se prtende tão somente atingir um resultado estatístico à custa de um qualquer fraudulento ensino. É evidente que tal nunca pode acontecer porque isso só seria possível com a conivência dos professores, com a sua colaboração num processo de facilitismo do passar por passar sem mais. Ora tal caso, por ser tão terrivelmente violentador da consciência e honestidade da maioria dos professores jamais a classe aceitaria enveredar por tal caminho.
Mas a dose maior de mistificação está em depreciar o valor das estatísticas no caso do ensino. Na economia, no PIB, no desemprego, no rendimento mínimo, no rendimento médio, no rendimento per capita, na inflação, nas esperas da saúde, no custo de vida, na mortalidade infantil, em todas as comparações com os restantes países da UE se exige que Portugal tenha boas estatísticas e esteja "à frente" mas parece que na educação tentar obter boas estatísticas é tão só uma artimanha dos malandros dos ministros. Se se trata de escolaridade obrigatória porque razão não se há-de lutar para que todos a consigam alcançar? Esse deve ser mesmo uma obrigação da escola e tão fundamental como as demais. O desenvolvimento intelectual dum adolescente não se processa no tempo igualmente para todos. Alunos liceais muito bons foram maus estudantes universitários e vice versa. Eu próprio senti e vivi o tratamento de 2ª e abandono, face aos alunos da cidade já familiarizados com leituras e livros, dos alunos apelidados "montanheiros" oriundos das classes rurais que falavam, pensavam e agiam à maneira do campo e desconheciam livros, cinema, teatro, jornais, desenho, arte, etc., e como tal partiam da meta já com atraso ao qual se juntava o menosprezo dos professores. Einstein é o exemplo universal típico mais conhecido mas eu conheci, e certamente quase todos conhecem alguns, que sossobraram na universidade ou na vida prática após serem alunos brilhantes na adolescência, e o contrário.
É, portanto, preciso não abandonar à rua os adolescentes que numa fase crítica do seu desenvolvimento ainda não descirnem convenientemente as suas aptidões, suas capacidades intelectuais, inclinações e interesses próprios. Todos deverão ter uma base de partida, e se todos conseguirem chegar a doutores tanto melhor, depois na vida real prevalecerão as faculdades intrínsecas e qualidades de adaptação e formação contínua de cada um.
A conciliação de programas e vontadades para atingir este objectivo faria que as estatísticas melhorassem substantivamente e cairia por terra o sentido depreciativo, que no caso da educação, se pretende colar aos ministros insinuando que todos são mal intencionados.

4. UMA GUERRA PERDIDA
Dá uma impressão confrangedora ver professores em multidão pelas ruas acenando com lenços brancos, á maneira das claques futebolísticas, ou pela noite a desfilar empunhando velas, à maneira de procissão religiosa. Num caso querem despedir o treinador ainda antes de jogar e de conhecer os resultados, no outro já rezam e pedem pela alma do morto. Em qualquer dos casos já se despiram da sua individualidade para actuar em grupo encarreirado, já não pensam no que querem mas no que o grupo quer ver de si. A partir deste ponto a disponibilidade para se ser manipulado avivaça a vontade e o objectivo do manipulador que não a deixa cair em saco roto.
De qualquer das formas, podem os professores ganhar as batalhas todas que se seguem a breve trecho, que no final de todas as lutas perderão a guerra. A maioria do povo, com outras dificuldades muito mais comezinhas e terra a terra na sua vida diária, não compreenderá tal obstinação de uma classe que acha privilegiada do seu ponto de vista, e mesmo a grande maioria de outras classes mais desafogadas concluirão que não faz sentido que os professores não queiram experimentar um estudado tipo de avaliação que possa ser melhorado com a experiência no decurso da sua aplicação.
Mais tarde ou mais cedo, com este ou com outro ministro, com este ou com outro governo, o povo estará contra eles e a guerra será inevitavelmente perdida.

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