quarta-feira, janeiro 30, 2008

MARAFAÇÕES XLII


ILUMINAÇÕES

É o nosso lugar modesto o mais afastado do concelho mas nem por isso deixou de ter uma bonita iluminação natalícia: duas folhas de palmeira iluminadas em jeito de árvore de Natal. Uma iluminação com a grandeza da nossa pequenez que nos deixou contentes e não nos desonra. Talvez todos os outros lugares tenham tido direito a uma iluminação mais grandiosa, mais adequada à forte vontade e ambições das suas gentes e isso está correcto e é democrático, não nos incomoda.

Contudo, podem os outros lugares ter tido uma iluminação feericamente mais condigna com o seu estatudo social que, de certeza, nenhum teve direito a tanto tempo de Natal iluminado. Ainda esta noite no lugar do Alto, assinalando-o com brilho incandescente luminoso, está içada a palma eléctrica indicando que aqui a época natalícia continua. As outras iluminações podem ter sido mais artísticas e vistosas mas não passaram de estrelas cadentes enquanto a nossa parece ser como que um "sol da noite" que se ergue sempre que se põe o sol do dia, infindavelmente.
A CMF que se esquece à décadas de nos dar o "tubo e penico" para nossa higiéne, dá-nos "iluminação" para descobrirmos como nos desenrascar das nossas "necessidades" mal cheirosas. Espero que seja de propósito e não mais um esquecimento.

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segunda-feira, janeiro 28, 2008

MARAFAÇÕES XLI



CASE STUDY À PORTUGUESA

1. Desde a fundação que o BCP era relatado como caso exemplar da capacidade empreendedora e inteligência portuguesa. Depois com o enorme sucesso de implantação e crescimento do banco todo o mundo académico e estudioso da alta finança, proclamou e aclamou em enormes titulos-trombeta, que se tratava de um case study, tratado e estudado nas mais afamadas universidades do mundo. Era a pedra de toque da superior capacidade da iniciativa privada.
Tinham razão, o BCP agora mais que nunca é um verdadeiro
case study de como ser toque de mão na abundante massa para administradores, à sucapa de depositantes e accionistas.

2. A partir de certa altura também a Câmara de Oeiras de Isaltino de Morais foi apontado e proclamado como um
caso modelo. Outra vez o nosso Portugal dava ao mundo um case study para estudo de universitários em todo o mundo. Foi tão importante e tão proclamado que levou o dito autor do caso a ministro, onde iria aplicar a o seu modelo de elevado grau de desenvolvimento rápido.
Houve realmente um rápido desenvolvimento da riqueza do autor deste
case study. Seria em direitos de autor?

3. O verdadeiro case study que existe em Portugal são os portugueses. Os portugueses perante o facto mais comezinho de irregularidade, imoralidade, fraude, etc., clamam urgentemente pelo exemplar "mata e esfola" de tal heréctica personagem infractora. Se se aplica a sentença do "mata e esfola" logo um clamor de choraminguiçe se levanta contra tal excesso bárbaro.
É o que se passa actualmente com a ASAE, antes de existir devia haver, depois que existe está a mais. O infindável político Mendes Bota, na sua reencarnação juvenil de guerrilheiro do 25 de Abril, já iguala a ASAE à Pide e até o nosso Presidente se permite fazer graçola de mau gosto com a instituição que aplica a Lei que Ele assina e promulga.

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domingo, janeiro 27, 2008

FLORAÇÃO ALGARVIA




A pujança da Natureza pode constatar-se a toda a hora mas os algarvios são obrigados a encará-la de frente todos os anos. E mesmo assim, é sempre um maravilhado espanto quando, quase de repente, damos com o branco limpo brilhando ao sol por entre o tom geral verde-escuro. São as tradicionais amendoeiras floridas que vistas ao longe são como lencóis lavados postos num imenso estendal de rua e vistas individualmente são verdadeiras tochas de flores embelezando a terra. Um verdadeiro hino da Natureza dedicado às terras do barrocal, que só por si vale a sua preservação e cuidados.
Chegado de Lisboa ontem à noite, hoje de manhã quando fui à rua deparei com o sempre magnífico espectáculo das amendoeiras plena e esplendorosamente floridas. O Homem, na sua pressa histórica, inventa continuamente novas tecnologias e com elas promove efémeros pequenos arraiais em jeito de artifícios espectaculosos fúteis e até inúteis, a Natureza com a sua necessária ancestral tecnologia e caminhada cósmica, impassível e misteriosa, repete todos os anos o mesmo grandioso espectáculo de beleza incomparável, delicada e frutoosa.

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domingo, janeiro 20, 2008

O MEU LUGAR XV



E COM PAJELAS DE GORJEIOS

As côres mudaram as parcelas
amaroiçadas, verde e amarelo
são agora côres dominantes.
Searas brilham dignas de vê-las.
Cereal abunda digno de comê-lo
homens e pássaros cantantes.
Plumosos de asa bico e goelas
sonoras, de papo vazio e mui zelo
gorjeador focaram os abundantes
bagos saborosos e sem cautelas
ocuparam o lugar trinando apelo
à família; façamo-nos habitantes
donos aéreos deste lugar e com pajelas
de gorjeios celebremos o lugar modelo.

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quinta-feira, janeiro 17, 2008

CINEMA II


































MANOEL DE OLIVEIRA






Como sócio do Cine-Clube de Faro tinha o convite para assistir ao Doutoramento Honoris Causa de Manoel de Oliveira pela Universidade do Algarve, em boa hora aceite por esta após sugestão do próprio Cine-Clube local. Um imponderável não me permitiu estar presente numa homenagem que faria com o máximo gosto, por isso e embora atrasado aqui deixo o meu enorme apreço pelo grande Mestre do cinema português. Desde os meus tempos de cine-clubista do ABC de Lisboa e leitor atento de revistas de cinema, que frequento os filmes de Oliveira com total aplauso, não obstante mais nuns casos que em outros.
O seu cinema anti-espectáculo mas espectacular, não palavroso mas de palavra, sensual e erótico sem pornografia comercial, capaz de nos oferecer uma erecção intelectual e não muscular, está de acordo com o meu entendimento de cinema. Seus planos contidos e diálogos-mensagem certeiros fazem-nos ver o cinema com a sua pureza original. A sua direcção de actores, muitos de sua escola própria, sem os tiques requentados do Actors Studio, expressam-se frente à câmara com a naturalidade adequada à natureza contemplativa e poética dos seus filmes.
De total acordo com a mensagem do Cine-Clube de Faro também digo:
Obrigado, Manoel de Oliveira
Pelo seu exemplo de criatividade
Pelo seu génio indiscutível
Pela sua força indesmentível
Pela sua perseverança sem par
Pela sua erudição e cultura
Pela sua sensibilidade tocante
Pelo seu estilo único
Pelo seu amor à palavra, à imagem, ao som, à música: ao cinema.

Ainda por cima um Homem sem mácula e português.

A revita "FILME" dirigida por Luis de Pina, nos nºs 54 e 57 de 1963, dedicam-lhe uma atenta crítica cinematográfica já relevante, quando a popularidade de Oliveira era ainda medida pelo anedotário quadrado do pessoal do rectângulo.

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quarta-feira, janeiro 16, 2008

BCP


CADILHE

Perante a possibilidade de vir a responder perante os tribunais pelas falcatruas cometidas pela administração de que fazia parte, fez de virgem ofendida e, simultâneamente, tentou voltar a ocupar o lugar mais alto do banco numa jogada típica de presidentes dos grandes clubes para estarem a coberto de antigos negócios pouco claros.
Claro, os homens do dinheiro não entram em jogos políticos em público, como tal não jogaram na campanha plebiscitária lançada por Cadilhe um pouco em desespero de causa. Pelo contrário viraram-lhe as costas quase desprezivelmente fazendo-o perder 98 a 2. O seu adversário nem sequer se deu ao incómodo de se deslocar à reunião magna para a gentileza de um aperto de mão. Depois foi ridículo junto dos jornalistas invocando a sua vitória moral, fazer recomendações de como deve actuar a administração eleita, que tinha deixado um programa para a gestão, lutado contra forças de maior ingeridas no banco, etc., etc.
Com gente nova completamente fora das ilegalidades que lesaram gravemente os accionistas em proveito da administração onde estavam alguns dos agora pretendentes cadilhistas, é tempo de pôr o banco a navegar em mão de piloto seguro e honesto, com rota fora de off-shores escondidos.
Lembram-se, já uma vez tinha feito uma lei para obter, ele próprio, um benefício mesquinho na troca de um andar, por tal façanha viu-se obrigado a demitir-se de ministro. Agora, abastado depois de andar por administrações como o BCP, ao contrário, voltou para ocupar o lugar que lhe permitiria estar a coberto de irregularidades de que tinha obrigação de ter conhecimento e denunciar como administrador.
Já são duas vezes a perder e agora que foram os banqueiros a virar-lhe costas, é possível que o voltemos a ver e aturar de novo no jogo político. Espero que os portugueses arrumem de vez no sotão estas velharias políticas que quando falham no privado voltam sempre à pesca de novos altos lugares na babugem da política.

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terça-feira, janeiro 15, 2008

GORJÕES CULTURAL







ARTISTAS A SUL


No dia 12 pelas 18,00h foi inaugurada uma exposição colectiva de pintura de artistas algarvios, regionalmente já bastamente conhecidos e reconhecidos pela sua obra. Bem merecem pública divulgação os nossos artistas regionais pela qualidade dos seus trabalhos como se pode constatar numa visita para ver cuidadamente e sobretudo poder "dialogar" com os trabalhos expostos. A Galeria Municipal de Arte TREM, de novo sob a direcção do consagrado pintor Manuel Baptista, em boa hora reabriu as portas para dar lugar à arte feita e ligada à região.
O nosso lugar, os Gorjões, está representado pelo filho e residente nesta nossa terra, o pintor
Adão Contreiras, há muitos anos professor de pintura nas escolas da região, fundador da galeria Margem em Faro e participante de várias realizações e exposições regionais incluindo Huelva.
A exposição está patente ao público até 17 de Fevereiro de 2008, na referida Galeria TREM na Rua do Trem(Vila-a-Dentro) em Faro.

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domingo, janeiro 13, 2008

O MEU LUGAR XIV

LUGAR DOS SEUS E NOSSOS

E pouco a pouco as parcelas
cercadas de valados grossos
cresceram e do verde escuro
caramuja verdes e amarelas
searas ergueram alvoroços
de cereal bago pão futuro
da tribo criadora de donzelas
parideiras de moças e moços
demarcando muro a muro
novos nateiros forja baixelas
de bronze deixa o sílex e ossos
amassa coze faz do barro duro
paredes casas potes panelas
ergue lugar dos seus e nossos.

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sexta-feira, janeiro 11, 2008

MARAFAÇÕES XL


IDIOTICES

1. IDIOTICE PREPOTENTE
A cigarrada do presidente da ASAE mal entrara em vigor a Lei anti- fumo em locais públicos. Uma verdadeira prepotência à maneira de Luis XIV: a Lei sou eu. Uma parvoice ostentatória de autoritarismo bacoco.

2. IDIOTICE MESQUINHA
A idéia de dividir os aumentos de Dezembro devidos aos pensionistas, pelos 12 meses de 2008, o que dava receber a mais, mensalmente, a cada 60 cêntimos. A mesquinha miserabilice está em conceber que assim o pensionista pobre tinha mensalmente um acrescento de valor na sua pensão raquítica.
Só a cabeça de quem tem milhares de euros ao fim do mês para gastar pode soltar tão piedosa idéia. E digo piedosa e não impiedosa, pensando que, com tal medida, o secretário de estado quereria que o pobre pensionista tivesse disponível mensalmente uma esmola para os pedintes de rua. Uma parvoíce de rico avarento.

3. IDIOTICE DESPUDOROSA
É a campanha sem despudor de alguns mestres pensadores da nossa ágora, avisando inflamadamente o povo de que o fascismo vem aí a correr atrás de nós e já pisa a nossa sombra. Todos se reclamam de lutas anti-fascistas (era bom que contassem onde e como aconteceram essas lutas e não vale vir dizer que lidavam ou conviviam com anti-fascistas), mas parece que se esqueceram do que é ou foi o fascismo. Pretendem ressussitar a idéia de um papão fascista que anda por aí mas eles, heróis guardiães atentos, quais hércules portuguezinhos, não deixarão passar. A idéia é fazer crer que o fantasma AOS vem aí mas "não passará", porque eles não o consentirão, a prova está ali no seu escritozinho jornalístico cheio de bravata armada em bravura, estão a ver.
Na guerra a bravura nasce, normalmente do medo, em plena paz e democracia com liberdades garantidas (pela Lei e pela Europa) armar-se em bravo é sinal de mansidão.

4. IDIOTICE IMPANTE
É a maneira como José Rodrigues dos Santos se despede de mim no fecho dos telejornais, piscando-me o olho, sorrindo-me concubinamente e por fim tomando a pose de quem acaba de criar o mundo e ao 7º dia descansou. Ao leitor de teleponto já não basta ser figura conhecida, quer ser figura pública reconhecida, mais quer ser vedeta dona-prima, uma pitonisa de Apolo entre o oráculo e o Olimpo. Tudo cheira a pré-fabricado e encenado postiçamente como nas suas célebres reportagens de guerra feitas do terraço do hotel. Uma idiotice impante de auto-importância.

5. IDIOTICE VIVAÇA
É convencer o povo que a vergonha no BCP não está nas falcatruas da administração mas no BdP. Este, que vigia de fora, era obrigado a saber e actuar a tempo, mas os administradores que estavam lá dentro não sabem, não ouviram, não viram, não deram por nada a não ser abotoarem-se com os mais altos ordenados do mundo, mais os prémios e mordomias pessoais, enquanto retribuiam aos accionistas 3(três) cêntimos por acção. E a idiotice vivaça não fica por aí, já têm lista pronta para voltarem a mamar na teta abundante.
O lema destes vivaços é o privado, o mercado livre, mas quando o privado faz trafulhice e se auto-arruina a culpa é do estado por não intervir. Quer dizer o estado não tem que meter a colher no governo do privado mas se este governa para a falência, aqui del rei que o governo do estado tem de salvar o barco roto. É maravilhoso ser do privado assim, vivaço; a abundância de fartar-vilanagem é privadíssima, a falência é pública.

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terça-feira, janeiro 08, 2008

MARAFAÇÕES XXXIX



FASCISMOS

Acontece sempre que o nosso tempo passa e aquilo que foram as nossas utopias cada vez se afastam mais de qualquer realização à vista ou entrevista. Quando jovens sonhadores pretendemos mudar o mundo, se o mundo não muda de acordo connosco, não segue as nossas bandeiras, somos nós que, derrotados, perversamente mudamos de bandeira. No começo somos guerreiros bota-abaixo de todas as tradições velhas, bafientas e desajustadas do nosso tempo, que foram estímulo e força moral para a acção dos nossos avós, até que novos e contemporâeos pensamentos e ideologias se tornem dominantes e informem a acção dos homens em sociedade. Lutamos para mudar as tradições caducas tornadas entraves do progresso e por isso tidas e ditas reacionárias. E por isso dizemos, dos que ainda estão ligados e se regem pelas tradições antigas, que são reacionários ou fascistas.
António Barreto é um caso paradigmático, ele não sabe se o 1º ministro é fascista mas lá vai adiantando que é a mais séria ameaça contra a liberdade e uma tendência insaciável para o despotismo. Isto é, insinua que caminhamos a passos largos para o fascismo, logo quem sinaliza o caminho do fascimo é fascista. Silogisticamente perfeito para dizer, não-dizendo. Como prólogo do seu retrado semanal lá vem passando a mão pelo pêlo dos que lhe chamaram fascista no seu tempo de alentejana Reforma Agrária, para obter o aplauso deles hoje, desculpando-os mentirosamente ao afirmar que o faziam em nome da liberdade. Em nome da liberdade recém-adquirida, Barreto aceitou vir do exílio e ser ministro da agricultura, então em nome de que tipo de liberdade algum povo o apelidava, definia e colocava nas paredes " Barreto fascista" e " lei Barreto fascista" ? Decerto não era a sua liberdade.
Em 1943, aqui na Sociedade Recreativa dos Gorjões, havia um letreiro-aviso à porta da sala de baile onde se proibia: ter o chapéu na cabeça; cuspir no chão; fumar na sala de baile. E todos aceitaram essas imposições e para os desrespeitadores lá estavam os homens da Direcção. Para os hábitos daquele tempo, num meio rural analfabeto e costumes sanitários ligados à estrumação da terra, foi um avanço civilizacional importante para o sítio. O hábito de cuspir no chão ainda hoje se mantem apesar de há décadas ser motivo de chacota de estrangeiros e estrangeirados. Numa disputa cuspir significa desprezo pelo outro, talvez nos portugueses cuspir para o chão queira significar o constante escárneo e mal-dizer e permanente insatisfação com o seu próprio país.
Barreto, Pulido Valente, Sousa Tavares e tuti quanti, face ao desuso e iminente queda das tradições que fizeram e fazem a sua delícia diária, reagem inflamados de moral e paternalismo, clamando que o fascismo está em marcha e só o medo impede o povo de declarar guerra. Esquecem-se estes palavrosos senhores que a maioria já não é fumador e está-se nas tintas para os prazeres pessoais e vícios de charuto significantes de poder e abastança.
Hoje, tais pessoas, ao quererem manter tradições ultrapassadas para uso e gozo pessoal, tornaram-se reacionárias, o fascismo está na sua mentalidade envelhecida agarrada aos velhos costumes e hábitos que entretanto entraram em perda na caminhada da convivência social. É dentro de si próprios que devem procurar o fascismo e não nos outros ou na Lei.

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sexta-feira, janeiro 04, 2008

A CIDADE E O CAMPO


Em Lisboa

Então filha, tens o jantar quase pronto? Ainda não, estou preparando o que a empregada deixou meio feito, vou pôr ao lume e tu vai com a milú à rua para fazer cocó e xixi enquanto acabo isto. Já vim mais cedo por isso mesmo, até a rececpcionista me perguntou, então Snr. Dr. hoje sai mais cedo, ao que me desculpei que tinha um serviço particular importante a fazer. E vou já, olha onde estão os guardanapos para apanhar o cocó do passeio?

Então filho, a milú fez alguma coisa, parece que ela anda adoentada, ainda um dia destes tens de tirar um dia para ir ao veterinário com ela. Sim parece que não está bem, faz força, faz força e não sai nada. Bem, então pensa nisso que eu não posso, esta semana tenho de preparar a lição da faculdade, fazer o trabalho do mestrado e ir ao cabeleireiro para o fim de semana. É verdade, olha já me esquecia, mas este fim de semana vamos lá abaixo ver o meu velhote, está só e pediu para ir vê-lo. A propósito, também temos de resolver de vez o caso do teu pai, o melhor é pô-lo num lar de acordo com o rendimento dele.


No Campo

Pai, o pai já não consegue governar-se sozinho, se lhe acontece qualquer coisa e os vizinhos não dão por isso morre abandonado, o melhor é ir para um lar uma vez que a gente não tem vida para o ter em Lisboa. Filho, trazes um cão ao colo e a mim queres pôr-me num lar? Pai, tenho a milú ao colo, senão o cão grande do pai, o carocho, mata-a com uma dentada. Ora aí está uma boa idéia, solta essa pulga cabeluda que eu prefiro ser milú na tua casa.

terça-feira, janeiro 01, 2008

O MEU LUGAR XIII


NOSSO LUGAR NATAL

A sílex a braço e canseira
pedaços de mato plano
foram limpos e feitos
semeadura leira a leira
luta a luta mano a mano
entre natureza e direitos
humanos à vida à beira
da terra e desta ano a ano
colher os grãos eleitos
pão duro e sustentadeira
dos avós que a todo pano
sulcaram tiras e estreitos
nateiros ditos Caramujeira
nosso lugar natal humano.

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