segunda-feira, janeiro 29, 2018

JOSÉ PINTO CONTREIRAS NA GUERRA 1914 - 1918

Durante muitos anos o 9 de Abril de 1918 e da batalha de La Lys era comemorado aqui nos Gorjões por várias dezenas de combatentes da Freguesia e à volta com uma grande festa de carneiros assados e pipas de vinho acompanhados por entusiasmadas e vivas troca de histórias e recordações da guerra e das batalhas e desgraças porque passaram. A festa era abrilhantada musicalmente pelo grande Mestre acordeonista e compositor José Ferreiro (pai) de Bordeira, também ele combatente do CEP, Corpo Expedicionário Português.
Nesses encontros anuais havia discursos patrióticos e contavam-se histórias entre os combatentes sobre o percurso de campanha de cada um em França, nos quartéis, nas trincheiras e nos combates. Contudo, nada ficou registado e as suas experiências e opiniões acerca desse passado tão real e vivo como duro e vivido sob metralha constante em condições terríveis de falta de meios e alimentação nas trincheiras lamacentas frente aos alemães, perderam-se no esquecimento com o desaparecimento dos seus intérpretes ao vivo.  
José Pinto Contreiras descendente da família dos "Estancos" com cerca de três séculos de implantação no Lugar a que deram nome de "Estanco" esteve na Grande Guerra de 1914-1918 mas nunca falou com alguém da família ou deixou escrito algo acerca de sua passagem por esse acontecimento maior da História do mundo.   
Hoje, pelo arquivo documental do CEP na net, embora nada conste sobre as condições dos Soldados na Guerra e dos combates ou de suas próprias aventuras em terras estranhas, já é possível saber os registos administrativos de sua passagem por essa terrível experiência de guerra na Flandres francesa a milhares de Kms de sua aldeia natal.
Sabemos que embarcou em Lisboa em 25 de Junho de 1917 como Soldado da 9ª Comp.ª do 3º Batalhão.
Que foi promovido a 1º Cabo na especialidade de "Observador" em 02.10.1917 e colocado no Q.G.B. em 11 de Fevereiro de 1918.
Vai ao fotógrafo fardado de gala a rigor e em 08.11.1917 envia de França a foto-postal acima, já exibindo as divisas de 1º Cabo e os binóculos como arma da sua especialidade, para Santa Bárbara de Nexe dirigida ao seu padrinho José Mendes Pinto.
E relata o seu "boletim Individual" nas "Observações" um episódio não muito perceptível nas suas causas mas que, de certo modo, parecem revelar já o militar de leituras e convicções políticas com fundamentações conscientes.
Diz o relato que foi punido em 26.04.1919 pelo Comandante das tropas de Ombleteux com dez dias de prisão disciplinar porque tendo-lhe sido recomendado pelo Com. do Q.G. em Hendaya que auxiliasse na condução de três soldados portugueses desertores (...) e incumbido de os encaminhar até Ombleteux não só os acompanhou sempre(?) como também, na qualidade de graduado, não obstou que em Paris( ...) metesse os presos no metropolitano dando lugar a que um deles se evadisse, o que constitui a infracção dos deveres (...) do art.º (...) do R.Q.G. E, com referência de disposições do parágrafo 13 do art.º 78 do mesmo regulamento.
Marchou da P.AF.Com. para as prisões afim de cumprir a pena de 10 dias de prisão disciplinar que lhe foi imposta em 27.04.1919.
Presente no C.(...).C. vindo das prisões do mesmo por ter terminado a pena que lhe foi imposta em 08.05.919, seguiu para o T.E. afim de ser repatriado em 12.05.919.
Repatriado com a S.Adidos em 05.06.919.
Presente no Q.G. em 14 de Maio 919 indo adir ao D.A.C.
Nesta fase final os relatos divergem sendo que em um dos documentos se diz que «Posto em liberdade d'estas prisões, por ter terminado a pena que estava cumprindo, seguindo para a Secção Ad.B. onde aguarda o resultado d'um auto pendente , em 1903.919/Q.S.nº 4das prisões do Comando Militar d'Amble (...)   
O que sobressai deste novo acervo de conhecimento acerca da passagem de José Pinto Contreiras pela Guerra 1914/18 em França é o facto de haver dois tempos distintos: um antes de 9Abr1918 e outro depois.
No tempo antes o soldado foi cumpridor e até promovido a 1º Cabo. No tempo depois de La Lys o mesmo Soldado que fora promovido a 1º Cabo tornou-se um mau cumpridor e punido com prisão disciplinar.
Mas, também, deve salientar-se que tal prisão resulta não de um acto directo de indisciplina mas de um acto de má previsão ou descuido na segurança dos desertores prisioneiros que escoltava.
Tais factos configuram ser resultado do terrível ambiente militar de suspeitas instalado nas tropas portugueses pós-derrocada de La Lys. O facto de haver trios de desertores espalhados por França diz muito do que foi a debandada do dia 9Abr2018 e da tentativa de os apanhar e reencaminhar aos quartéis por meios humanos escassos comandados por um 1º Cabo.
Por outro lado, também, configura a provável maior simpatia do 1º Cabo comandante da escolta pelos mais próximos de si soldados desertores que pelos Comandos superiores pouco respeitados e totalmente descredibilizados em La Lyz.
Dado o conhecimento que temos do percurso de vida, leituras e posições sociais progressistas permanentes tomadas pelo ex-combatente do CEP na guerra de 1904/18 o mais crível mesmo é que se tratou de acto de solidariedade para com os soldados desertores e seu corajoso acto de revolta contra a guerra e seus fracos Comandantes Chefes.
Acto que ele próprio, talvez, sentindo culpa de não ter coragem de praticar ao menos teria a coragem de proteger. 

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quinta-feira, janeiro 25, 2018

EM QUEM CONFIA O MINISTÉRIO PÚBLICO !

Face à despropositada, pouco clara e conflituosa tomada de posição jurídica anti-bom relacionamento entre governos da CPLP promovida do alto do seu livre-arbítrio e poder intocável contra a governação na defesa dos interesses do país e de milhares de portugueses, perguntava-se no Blog "O Jumento": 

"Em quem confia a Procuradora Geral do MP".

Da utilização prática do seu poder de características absolutista dá-nos a ideia que a mui douta Joana só acredita em uma e única justiça no mundo: a sua. Aquela que ela aplica segundo a sua livre interpretação da Lei e o seu livre-arbítrio.
Vejamos dois casos modelo.
Caso “submarinos”. Muito trabalharam, investigaram e concluíram na justiça alemã ao ponto de condenarem corruptos e corruptores alemães e darem recado claro à Dra. Joana que havia inevitavelmente corruptos implicados no caso em Portugal.
Resultado: a Dra. Joana leu os papeis alemães, investigou no seu gabinete pela sua própria cabeça e ajuizou por si e todos os seus e sem a mais mínima dúvida decretou; arquive-se que a justiça alemã não merece confiança nem crédito.
Caso "Tecnoforma". Com provas documentais e testemunhais que os cursos realizados foram uma farsa para sacar dinheiro dos Fundos europeus por sua vez não declarados para não pagar à Segurança Social e tudo isto estando o infractor ilegalmente na AR como deputado em "exclusividade" num esquema de corrupção em circuito fechado.
Resultado: a Dra. Joana investigou no seu gabinete de pensador, leu os papeis todos, analisou os dados e as leis e ditou de sua própria cabeça: arquive-se.
Agora a UE reanalisou o caso fez contas e concluiu que houve fraude pela qual ela UE foi burlada em milhões de euros dos quais quer ser ressarcida.
A procuradora-chefe Dra. Joana conhece agora as contas-prova do crime cometido mas, desconfiada da justiça europeia, vai teimosamente mantendo a "justiça" de arquivar ou arguidar pela sua própria lei e cabeça dúplice.     

Na realidade a Dra. Joana não é o que parece. A sua erudição teórica sobre ética e justiça é muito anterior às “ideias” platónicas pré-estabelecidas e reminiscências de anteriores incarnações. Olha-se para o carão de olhos grados encantatórios e poses estáticas com sorrisos indecifráveis de monalisa e topa-se logo que na sua última incarnação a douta senhora foi serpente. Talvez uma das serpentes que ornamentavam as arcaicas Erínias (Fúrias), semi-deusas da vingança, precisamente no tempo em que estas estavam em transito de transformação para Euménides (Benevolentes).
Deste modo a Dra. Joana herdou essa qualidade dualista de ser Fúria e Benévola ao mesmo tempo. O caso exemplar da actualidade, entre uma antologia de outros, prova que a Dra. foi benevolente com Angola ao mandar o Alexandre mandar o Orlando Figueira arquivar o caso do Vicente e depois, porque o caso não se apagou ali, a reminiscente Erínia vingativa colocou-se ao comando de si e virou de avesso a situação.
Tal estado de espírito dualista é, portanto, de sua natureza e herança pré-humana.
Contudo, com inclinações e humores dos humanos.

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domingo, janeiro 21, 2018

PACTO DA JUSTIÇA & CAÇA GROSSA

O Presidente e o seu mundo de afectos jornalísticos ou jornalistas afectos andam numa roda viva acerca do Pacto da Justiça, um cometimento do arco-da-velha do Snr. Presidente.
Mas o que é um "pacto"? Um ajuste, um acordo, uma combinação dizem os dicionários. Na vida prática um acordo entre, pelo mínimo, duas partes e ensina-nos a história que os "o pactos" são quase sempre um acordo entre países que se juntam para lutarem contra outros países coligados igualmente por um "pacto". Durante toda a guerra fria foi um clássico que passava quase diariamente nos media entre o "pacto" da Nato e o "pacto" de Varsóvia que se confrontavam global e omnipresentemente.
A ideia prática de um "pacto" é a de um acordo animistoso contra algo ou alguém. Ora o conjunto das instituições ligadas à Justiça, á margem da opinião pública e de todas outras instituições estudiosas das Leis seu espírito e aplicabilidade, chegaram a acordo num "pacto" para a Justiça. Será tal "pacto" um acordo comum em prol de todas as instituições intervenientes e em desfavor das outras instituições? Um acordo que exige regalias e benefícios repartidos por todas as partes pactuantes que, dada a natureza de poder discricionário e inescrutinável da Justiça, pode ainda acrescentar maior discricionaridade e tornar mais omnipotente o detentor da aplicação da Justiça?
A actuação de estilo corporativo dos magistrados é requerer mais salário e mais meios para uma autonomia ainda mais alargada sem qualquer constrangimento, isto é, total roda livre para actuar. Na actualidade ter-se-á a Justiça portuguesa sujeitado á Lei ou à sua interpretação fulanizada da Lei? Ter-se-á a justiça obedecido ao Espírito da Lei ou limitado a interpretar a Lei de modo que esta obedeça à visão e  espírito do interpretador-aplicador?
O que observamos é que a propagandeada "caça aos poderosos" ou "caça grossa" é propaganda falsa. Aos verdadeiramente poderosos sempre como são os DDT ninguém toca ou apenas tocam quando falidos e caídos em desgraça e, aos poderosos do momento, como são os políticos ousam tocar-lhes quando cidadãos comuns fora do poder e os próprios magistrados se sentem mais poderosos que o cidadão. 
Ou seja, a nossa Justiça faz somente caça a ex-poderosos já destituídos de qualquer poder e caçados pela implacabilidade da vida pelo que mais próprio seria dizer-se que faz, sim, é muito vista grossa.

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quinta-feira, janeiro 11, 2018

CHAROLA ''UNIÃO BORDEIRENSE'' 1991

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segunda-feira, janeiro 08, 2018

PAGAR OU NÃO A DEMOCRACIA

Alguém contra o financiamento dos partidos perguntou, num Blog, se a Democracia Ateniense da Grécia clássica era financiada.

Claro que a Democracia da Grécia Clássica era financiada. Toda instituição tem de ser financiada de um modo ou de outro e a Grega era-o de diversas formas conforme ao seu tempo.
Começou por nascer financiada pela fortuna da família dos Alcmeónidas a mais rica e poderosa família da Grécia daquele tempo e origem de Clistenes II, pai dessa Democracia e avô de Péricles. Democracia cujas bases económicas haviam sido instituídas por Sólon que, livrando os camponeses de perderem as terras e a liberdade lhes impôs, por outro lado, o pagamento de 1/6 das suas colheitas ao Estado.
Por volta de 477 a.C. forma-se a Liga Ática-Deliana que em breve conta com duzentas cidades que enviam para Atenas uma contribuição de 460 talentos cada uma e vários navios de guerra. Aristides distribuiu tão bem este tributo que foi cognominado "o justo".
Mais tarde Péricles monta a suas expensas a peça de Esquilo "Os Persas" e já como chefe do Partido Democrata e do Governo conferiu um "subsídio" a todos os Juízes cidadãos. Quando atacado e caluniado por todos os escritores, dramaturgos, artistas e por Tucídedes por gastar na reconstrução do Partenón "os tributos destinados a despesas de guerra serem utilizados para enfeitar a Cidade de dourados, tal como uma mulher enfeitada de jóias" , Péricles respondeu, entre outras, que "Se o tesouro ultrapassa as vossas necessidades, é normal que o utilizeis para os monumentos que facultarão à vossa Cidade a fama eterna"
Estava-se já em plena Guerra do Peleponeso e a guerra suja dos escribas opinadores contra Péricles e a Democracia rapidamente levaram a mesma para a decadência e morte lenta.
Precisamente o mesmo que já sentimos pairar no ar do mundo onde ainda subsiste Democracia ou coisa semelhante.
E se não a queremos pagar para que possa subsistir quando voltar a pairar no ar e sentir-se na pele o que a substituirá teremos uma imensa saudade dos partidos, dos políticos e da liberdade.    

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quarta-feira, janeiro 03, 2018

O REINVENTOR


Marcelo igual a ele, sempre. Ele, director do "Expresso", o inventor semanal de pessoalíssimos editoriais criativos de "factos políticos" que deixavam os políticos atarantados, os leitores pensativos e o próprio a olhar extasiado as suas elucubradas criações.
E Marcelo, igual a ele sempre, é de sua natureza não mudar. Se não o deixaram continuar a inventar e criar nos jornais saltou para as TVs e reinventou, pela palavra fácil e modelos expeditos encenados e representados em directo frente aos telespectadores, os novos "factos políticos". Semanalmente reinventava comentários e análises políticas intricadas acerca do tudo e do nada sempre sem dúvidas e pela medida grande entremeando com crítica literária sobre as capas de uma pillha de livros dos mais desvairados feitios e assuntos.
A sua reinvenção como actor político partidário foi mal sucedida. O modelo criativo inventado para a reinvenção como político de carreira partidária com banhos no Tejo poluído, corridas a fingir de condutor de taxi e mais tarde nos afectuosos casamentos políticos como o PP de Portas, outro actor inventivo e reinventivo quantas vezes for preciso, no concurso para primeiro ministro a reinvenção reinventada deu em desastre.   
Mas Marcelo, por natureza imutável criador e inventivo não desistente nunca, não desistiu nunca mesmo. E um dia, vendo o amigo Guterres entretido noutro lado, lançou mão do pecúlio de popularidade amealhado durante anos a reinventar causas, factos, críticas, comentários, apologéticas, lógicas de improvisação,  elaborações para escaramuças, despachos e pareceres tornou-se o sábio e herói do povo embasbacado.
Um Passos Coelho, medíocre retornado vingativo detestado pelo povo, ao rejeitá-lo para candidato tornou-o ainda mais candidato e, por seu mérito próprio de reinventar-se, ganhou à grande.
Do cimo do mais alto lugar do Estado está surpreendendo todos na sua nova reinvenção do cargo. Está-se reinventando como o pai dos deserdados, dos caídos na desgraça e dos desgraçados por causas trágicas. E não pára.
Agora quer reinventar Portugal.    

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