domingo, junho 27, 2010

CAVAQUISMO



E MESQUINHEZ
Um pecado original marca o nascimento do cavaquismo do qual nunca mais se libertou e, antes pelo contrário, cada vez mais se acentua no pensamento e manifesta nas actitudes: a mesquinhez. Tornou-se quase como que um atributo do homem cavaquista.
Cavaco Silva dirigiu-se ao congresso da Figueira da Foz de improviso, praticamente clandestino, sem apoios nem acordos prévios nem qualquer previsibilidade de ser interveniente activo quanto mais decisivo do conclave. E sobretudo, foi para um congresso destinado a eleger o presidente do seu partido, sem uma idéia, um plano pessoal ou de grupo, uma estratégia de apoio ou contestação às combinações de bastidores. Ao arrepio de qualquer idéia de intervenção contributiva ao partido, foi para a Figueira fixado na ideia prosaica e, face ao objectivo e grandeza partidária do evento, altamente mesquinha de ir fazer a rodagem de um carro recentemente adquirido.
No decorrer do congresso as tricas de bastidores entre barões por lugares levaram ao desentendimento dos grupos de assalto e os congressistas acabaram, pelo senso do mal menor, eleger uma figura secundária no pressuposto de rapidamente removerem tal figura, julgada de passagem provisória, e voltarem a repor a sua ordem. Erro fatal, porque os barões habituados a dominarem pelo pensamento e linguagem dominante menosprezaram o poder de atracção que a mesquinhice tem junto dos mesquinhos quando a estes lhes cheira o valor do poder da oportunidade.
Este é o acto, vazio de qualquer idéia ou ideologia, fundador da escola mesquinha que tem formado mental, cultural e comportamentalmente o cavaquismo.
Desde então, e desde logo com Cavaco chefe do governo deu-se iníco aos momentos patéticos entre ideias e actos mesquinhos:

- Nunca tenho dúvidas e raramente me engano.
- Confusão entre Man e More.
- Deixem-me trabalhar.
- Tomar como forças de bloqueio as mais altas entidades do Estado.
- Transformação de estados de alma em tabus sem sentido.
- Censura de livros por preconceito religioso.
- Visão de um Estado constitucional laico subordinado ao seu beatismo pessoal.
- Aceitar e comunicar convencido ao país que o Estado (presidencia) é vítima de espionagem do Estado (governo) sem, como Chefe Supremo mandar investigar e obter provas.
- Deixar-se, parece que infantilmente, enredar em planos conspirativos concebidos entre os seus assessores e a imprensa.
- A falta de franqueza e frontalidade face ao governo, com escaramuças através de dúbias respostas-enigma, insinuações, indirectas, piadas sem jeito, ou dichotes e maneirismos insonsos mal disfarçados.
- A recente actitude de encolhido perante a homenagem a Saramago ao mesmo tempo que anunciava, em comunicado, a grandeza da personagem.
- O novo tabu que mantem ao não assumir-se como candidato quando já existem outras candidaturas anunciadas, contribuindo para a promiscuidade entre ser Presidente e pretenso candidato.
- Pretensa autoridade moral baseada no subjectivismo da honestidade e verdade.
- O facto de ter provocado, sendo PM, um colapso na bolsa ao proclamar que esta vendia gato por lebre e agora continuar a proclamar o mesmo, por outras palavras, sobre a governação criando e estimulando a ideia de colapso do país.
- Etc., (muito longo).

Depois é só ver o rol de eventos praticados pelos mais dilectos alunos do cavaquismo como os casos expoentes do BCP, BPN e BPP e muitos e muitos outros bons alunos andam por aí altamente instalados nas empresas e sobre ricos patrimónios.
E ainda podemos assinalar as heranças políticas no cavaquismo-de-revista santanista e no cavaquismo-de-subjectividades sobre verdade do pachecal-ferreirismo.

A mesquinhice atira-se de cabeça para soluções simplistas de efeito fácil, aquelas que não exigem pensar e tão só trabalho divisionista de lançar culpas a extratos de classes ou a pessoas directamente e, sobretudo, mais dirigidas aos instintos que ao racional. As acções mesquinhas revelam sempre a falta de estatura de quem as pratica e são por norma atiradas ao carácter moral ou profissional de quem se pretende atingir. A mesquinhice é por regra uma actitude moral causada por falta de um domínio cultural fundamentado, neste caso trata-se de mesquinhice por ignorância. O pior é quando o mesquinho obtem êxito pela aplicação sistemática da mesquinhice ignorante e transforma tal actuação como receita do sucesso. A partir daqui resta a mesquinhice manhosa com doses de casmurrice, a pior de todas.
E esta jamais se dará ao trabalho de obter a adesão das pessoas pelo exemplo, pela explicação justa dos factos, pela chamada de atenção no acto da prevaricação, enfim pela persuação. Não, o mesquinho actua como polícia da estrada, como capataz de obras, actua instintivamente pelo método da punição, e é rígido e severo.

Um exemplo que é a desmonstração prática e evidente da mesquinhice cavaquista são as referências e medidas tomadas por Macário Correia contra os atrasos, cafés e proclamada calacice dos funcionários da Câmara. Muito especialmente a forma como é publicitada na praça pública numa ostentativa intenção de julgar pelo carácter profissional os funcionários públicos junto da população apenas alfabetizada culturalmente e sempre pronta para vinganças e ajustes de contas com o fantasma dos seus próprios fracassos. Um processo que mete tudo no mesmo saco colocando sob olhares de suspeita todos igualmente perante a opinião pública local.

Tal mesquinha actitude, não é mais do que a repetição da célebre demagógica medida de mandar a frota camarária de Tavira abastecer a Ayamonte para poupar, dizia, cem mil euros por ano. Ainda hoje está por mostrar à população as contas e explicar quanto poupou com o desprestigiante corropio em vai-e-vem do emblema camarário. Creio que, contas bem feitas, tal medida gerou certamente um prejuizo e não qualquer poupança.
Mas isso também não era o verdadeiro objectivo, o que se prtendia e contava era o efeito fácil que tal medida gerava junto da população papa telenovelas. Hoje como ontem, o poder exercido com coragem e grandeza faz grande a pequena gente e fica na História, o contrário conduz à mesquinhice e pequena intriga doméstica das "estórias" mas sem lugar na História.

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quarta-feira, junho 23, 2010

O NOVO CACIQUE, O GRANDE GRANDE CACIQUE

ADÃO CONTREIRAS, A ENGRENAGEM HUMANA

A TRISTEZA DE TODOS OS DIAS


Todos os dias são uma tristeza, um
constante massacre diário comum
do que passa do que diz do que faz
do que não passa do que não diz do
que não faz do bem vestido do mal nu
do que fala do que cala do que age
do quedo do ledo do remexido aliás
do vivo e do que jaz. A opinião opina
explica traduz medeia treslê indica
interpreta avalia dá notas aplica
elevadores sobe e desce setas acima
setas abaixo ao alto ao baixo afina
pelo polegar imperial vida ou morte
contra ou a favor ergue ou abate
sem dó sem dor sem peias que ate
tal pensamento fixo fiel firme forte
martelo malhando no pouca-sorte
fora da tribo. Que para o nosso o canto
é perfeito sem mácula logo portanto
por sim ou não por tudo ou nada
setas ao alto apologia desenfreiada
palavras para sábio notas para santo
carácter nódoa omo lava mais branco.
Matado o Pai Omnipotente a ordem é
matar pais minipotentes eleitos locais
que subidos da liberdade entre iguais
estão à mercê da liberdade do pontapé
igualmente deslealmente vilmente ralé
mente vingativamente invejosamente
ressabiadamente que a mediocridade
não suporta distúrbios na autoridade
académica autorizada corpo docente
escola pensadora vigia e conveniente
serviçal de donos do papel escrito donos
de emprego mãos caneta tinta impressa
palavras-slogan linhas-tortas e vice-versa
alinhadas por serventes servis monos
úteis de empresários sentados em tronos
editoriais clamando liberdades totais
para uso próprio e arma letal de punir
quem se atreva a pôr em causa ou bulir
sequer negócios sob disfarces editoriais
ante-câmaras de abate de malquistos pais.

O novo cacique, o grande grande cacique
disse alto e bom som grosso não fininho:
na minha imprensa manda o dinheirinho.
O resto, o país? Bem, isso que se trompique.

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segunda-feira, junho 21, 2010

SARAMAGO VIVERÁ

OS AMANHÃS QUE CANTAM
Certamente será no mundo da literatura que Saramago sobreviverá ou não. Provavelmente sim, dado o valor ja reconhecido da obra e a projecção universal já atingida e sobretudo com a ajuda da passagem, desde agora, ao reino da mitologia. Sim, porque a partir de agora todas as histórias contadas serão sobre o inteligente e hábil escritor de histórias inventivamente ficcionadas e que inevitavelmente, desde agora, serão ficcinadas sobre o homem moral sem mácula, perfeito.
A mitologia é aquela parte da história do homem que trata, elevando ao divino, apenas a sua grandeza e virtudes relegando à menoridade e esquecimento todas as nódoas que ensombrem tal estatuto de virtuoso em vias para imaculado. É o homem já liberto da sua condição humana, tornado apenas alma e transcendental por via da morte, no seu caso, certamente, uma alma do mundo povoando os amanhãs que cantam.

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segunda-feira, junho 14, 2010

MARAFAÇÕES LXXVIII

CASSANDRICE I

O Presidente Cavaco tinha avisado: está nos seus altamente considerados, e universalmente consultados, livros escritos. A sua aluna dilecta Manuela fartou-se de avisar: Pacheco Pereira confirma tudo e explica. E eu também acredito que Cavaco sabe antecipadamente muita coisa: certamente andará sempre bem avisado.
Quando retirou imprevistamente o seu investimento do BPN, com que ajudara e incentivara os seus ex-ministros a criar esse Banco, e com lucros excepcionais para acções não cotadas, decerto Cavaco já fora informado e sabia de uma verdadeira situação insustentável. Só que neste caso, fechou-se em copas, safou o dele e não disse nada ao país. Todos nós pagámos as favas e o culpado foi o Governador do Banco de Portugal.
Na cassandrice para assunto pessoal que lhe pode afectar o bolso familiar, actua. Na cassandrice para assunto político-social que pode afectar o bolso do povo, faz de oráculo.


CASSANDRICE II

O cassandreiro mais recente e provavelmente o mais hipócrita já visto, é o Dr. Semedo. Tinha, há tempos, dado uma entrevista em que era categórico que em sua convicção Sócrates tinha mentido. O grande argumento convincente retórico genérico para o povo politicamente normalizado: não era possível o PM não saber.
E agora, nas conclusões constantes do seu relatório ao caso "mentiu/atentou contra o estado de direito", o deputado Semedo, ou sem-medo, depois de preencher cento e tal páginas e depois de meses a ecarafunchar na vida profissional de tanta gente, conclui exactamente conforme às suas convicções anteriormente cassandriçadas: tal qual, sem tirar nem pôr. Mas a mor hipócrisia está em que rediz mais de cem páginas para justificar uma sua convicção pré-definida.
Mais de cem páginas cem para, em mais de cem entrelinhas cem, informar a "opinião pública" que o PM mentiu sem ter a coragem de o dizer escrevendo uma linha incisiva, clara e directa à cara do PM.
Ainda hoje, no "DN", Semedo volta à carga com mais cassandrices: "Se Sócrates tivesse respondido com clareza, nada disto teria acontecido". Obviamente, a falta de clareza do relatório não é sua, é do Sócrates. Outra: "Nesta comissão, acho que a maior parte dos depoentes visava esconder responsabilidades". Obviamente o deputado Semedo, político partidário profissional, não esconde responsabilidades nem representatividades: um anjinho de convicções celestiais é o que é e mais nada.


CASSANDRICE III

António Barreto, velha cassandra, já previu:
que no Algarve a única coisa prestável era o Supermercado Apolónia,
que Sócrates era um para-fascista ao impor a lei contra o fumo em locais fechados,
que o computador "Magalhães" era uma desgraça para as criancinhas,
que Portugal estava em risco de desaparecer,

e foi, conjuntamente com todos os letrados que saltaram do país por causa da guerra colonial e se exilaram na Europa, responsável pela imposição de um pensamento dominante contra quem fez a dita guerra. Nesse pensamento dominante valor e coragem estava toda do lado de quem se recusara combater: o único perfil bastante para ser herói era a heroicidade de recusar a guerra. Se para muitos ou poucos, safar-se da guerra tratou-se ou não mais de um caso de medo que de heroicidade, foi sempre um tabu nunca discutido. E o medo, contudo e sobretudo o medo de levar um tiro no meio do mato sem saber donde veio, mete muito medo a muito herói.
Claro, para ilustrados bem-nascidos e já politicamente educados, definidos e integrados com apoios, era fácil sobreviver como exilado bem sucedido e até lhes amealhava a aura de lutadores anti-fascistas, vivendo mais ou menos regaladamente. O vilão bruto e colaboracionista era o humilde e rude analfabeto das vilas e aldeias remotas que, sem hipótese de fuga, acabavam com os costados todos no mato cercados de guerra por todos os lados. Tal pensamento dominante, foi responsável até há pouco tempo, pelo sentimento de culpa que os ex-combatentes sentiam ao ponto de evitarem falar da guerra por vergonha.
É um sentimento perverso provocando uma sensação estranha de total indiferença e dó de alma, para quem observou atento a este evoluir oportunista ao sabor do sentimento geral gerado pelo olhar desfasado do tempo real. À medida que os factos vão passando à História as cassandras ilustres do tempo real vão, inexorável e paulatinamente, sendo desmascaradas.
Para mim, ver António Barreto fazer agora o elogio dos ex-combatentes da guerra colonial, é um dó de alma tão amargo e doloroso como ver ex-combatentes, toda a vida esquecidos e humilhados, desfilarem à civil em parada militar, escondendo mazelas, raivas e catarzes entranhadas nas profundezas do corpo, em pose e passo de marcha militar pretenciosamente garboso, sob a velha boina identificadora de combatentes guerreiros convictos.

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sexta-feira, junho 11, 2010

OS EXPLICADORES

DA TRETA
Está em marcha a criação de mais um palavroso talento parasitário sabe-tudo no mundo da "explicação" do modo histórico português, do pensamento português, do que é ser português. Trata-se de Rui Moreira, que estruturado no mundo do "pensamento" futeboleirístico de explanar justificações após-jogo e explicar todos os lances do jogo após mil visionamentos televisivos, utilizando o mesmo método de apenas bem reflectir sobre o pós-acontecido, dá exuberantes e conclusivas explicações sobre o que passou ou passa.
O talento parasitário é aquele que, à falta de obra própria, interpreta e explica o passado nos feitos e obra dos outros em proveito de prevalecer a importância da sua pessoa. RM não faz outra coisa nos media senão fazer de talento parasitário, dando explicações à posteriori à semelhança da técnica que utilizam a respeito de prognósticos futeboleiros. Tal como este, são dezenas os "explicadores" da matéria dada pelos factos e acontecimentos reais ou jornalísticos do dia a dia: eles já adquiriram uma tal palavrosa flexibilidade retórica argumentativa que até com os mesmos argumentos condenam ou justificam situações iguais. Autenticos professores estudiosos das matérias que proponham soluções e caminhos coerentes para enfrentar com sucesso as dificuldades, tá quieto. Mas explicadores das desgraças ou sortes alheias são mato a toda a hora nos meios de comunicação. E, à boa maneira nossa, mesmo para explicar qualquer sucesso de alguem fora do seu clubismo, o explicador tem logo à mão os argumentos infalíveis acerca de como poderia ter ssido muito melhor e remata: assim foi uma oportunidade perdida.
O explicador talento parasitário pratica uma habilidosa retórica discursiva de forma a transmitir subentendidamente que se fosse com ele o problema tinha sido resolvido "sem espinhas". Se observarmos com atenção o discurso do explicador de factos o seu sentido tem uma direcção única: por exclusão de partes ele, o explicador, o próprio, é o maior, o de "Olhão", o infalível. Para um observador atento à repetição e repetição e repetição de tal discurso, tal palrador não passa de um tretas.

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terça-feira, junho 08, 2010

OS BRILHARETES DE SODERLING


Sentir-se obrigado é sempre um entrave à criação e expressão da liberdade interior de um indivíduo. Sentir o peso da responsabilidade de uma obrigação intimida a pessoa e condiciona o pensamento inibindo o indivíduo de atingir plena e totalmente as suas capacidades para fazer o melhor que é capaz.
O caso de Soderling no ténis é um caso típico. Em 2009, logo no início do torneio de Roland Garos, sem nada a perder e liberto da obrigação de ganhar foi capaz de bater Nadal. Depois na final, sentindo-se obrigado a justificar a importante victória recente sobre Nadal, frente a Federer, foi apenas uma sombra de sí mesmo como jogador. Agora em 2010, no mesmo torneio de Roland Garos, repetiu-se precisamente a mesma situação: apenas com inversão dos adversários.
O mesmo podemos dizer de Nadal e Federer: a responsabilidade de ganhar é ainda maior dada a enorme carga de obrigação que recai sobre eles. Contudo, enquanto estes dada as superiores capacidades de jogadores conseguem victórias e com elas superar a carga inibidora da obrigação, Soderling ainda não tem esse estatuto de ganhador nato pelo que vai fazendo brilharetes quando é um jogador livre de forças de obrigação.

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domingo, junho 06, 2010

SALTAR O 9º ANO

JÁ TEM OS DETRACTORES HABITUAIS
Já andam à fartazana pelos jornais e mesas de café as piadas sobre a possibilidade de um aluno de mais de quinze anos a frequentar o 8º ano poder fazer uma prova de exame, e se passar, matricular-se no 10º ano. Paulo Portas até já lançou, por mercados, praças, feiras e claro nas tv cloaca aberta, a inevitável campanha demagógica popularuncha à cata dos votos da estultícia.

E o que faz pena é ver pessoas esclarecidas, ou que tinham o dever de pensar um pouco sobre o assunto para poder entender que o percurso mental até à maturidade intelectual dum indivíduo não é uma linha recta paralela, sobretudo na adolescência. Posso invocar um caso que serve exemplarmente para explicitar, por experiência de observação própria, o que aprendi a entender sobre tal assunto. Em meados dos 50's, tinha quinze anos, chumbou no 4º ano e o pai tirou-o do Liceu, tal como tinha prometido face a um chumbo, e foi trabalhar para "aprender um ofício". Aos dezanove anos, e meses antes dos exames, alguém lembrou que podia ir fazer o 5º ano ao Liceu como auto-didata. Não era preciso sequer frequentar qualquer colégio, como era usual nesse tempo, para ser proposto a exame pelo colégio como sendo do "ensino externo", como se dizia.

É verdade, bastou o pai assinar a responsabilização da candidatura como auto-didata e foi aceite para fazer a "secção de ciências" do 5ºano no mesmo Liceu que tinha abandonado quatro anos antes. A lei do ensino fascista já permitia a oportunidade de poder dar o salto escolar, em consonancia com o salto intelectual e de responsabilidade que pressentia o seu desenvolvimento mental já dera também. E assim foi que fez aquela secção com nota 13,6 que o dispensou da oral. No ano seguinte, acabado de ser alistado na recruta da tropa fez a "secção de letras", sob a mesma modalidade de auto-didata. E ainda fez outro exame ao ensino médio como auto-didata durante a guerra colonial e outro ao ensino superior como aluno estudante em plena vida profissional.

Portanto, meus amigos galhofeiros, anedotas de passagens facilitistas para estatísticas de maus alunos aos quinze anos, tratados como maus alunos o resto da vida, não passa do ridículo de auto-certificados. Em parte dos casos, é-se mau aluno por juvenil desconhecimento do dever de ser aluno, por naquela idade se gostar mais de jogos do que de estudos, por motivo de uma cultura rural circundante que despreza o estudo, de uma marginalidade de bairro dormitório que despreza os livros, ordem e comportamento, de uma tradição familiar anti-social e anti-conhecimento.

É difícil para os alunos passar em tal situação como diz Guinote, talento parasitário. Pois é, mas ultrapassar difuldades pela convicção e demonstração no valor próprio é que pode criar gente capaz de acrescentar valor à sociedade e não parasitá-la.

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quinta-feira, junho 03, 2010

PERIGO EXISTE

MÁRIO SOARES PODE TER RAZÃO
Ele que costuma ver politicamente muito para além da maioria dos outros políticos, pode vir a ter total razão no facto de o PS apoiar oficialmente a candidatura de M. Alegre. O problema não está popriamente no apoio do partido mas sim de esse apoio vir a contribuir decisivemente para a eleição de M. Alegre. Porque o verdadeiro perigo para o PS pode vir precisamente do poder que Alegre adquiriria a partir do cadeirão da Presidencia.
Alegre já tentou quase tudo contra Sócrates não se inibindo de manter uma guerra aberta quase permanente contra o partido, em nome do ressabiamento pessoal da derrota partidária nas primárias. Não suportou a derrota, ele um velho "histórico" batido por um novato sem história? E para mais, o novato não lhe ia ao beija mão pedir a benção para tomar medidas: uma verdadeira heresia. Mais ou menos o mesmo que se repetiu no Governo com Campos e Cunha: um recém engenheireco ter o desplante de opor-se e ainda por cima dar ordens ao doutor professor? E se repete diariamente com a frenética azáfama dos Patrões dos negócios e dos media e respectivos empregados, atacando para derrubar Sócrates porque este resiste tenazmente a fazer de seu moço de recados, como estavam habituados.
Quanto mais cheio de impante saber "histórico" ou impante saber "económico" está o indivíduo assim igualmente cheio de rassabiamento fica a imaginação da pessoa rejeitada.

Tendo em conta este recém-histórico de Alegre contra Sócrates, quem garante que uma vez senhor de tamanho poder de "persuação" a partir do palácio de Belém, não volta à carga com a tentativa de patrocinar um regenerador "blocalegre" tal como Eanes o fez criando o PRN a partir do mesmo cadeirão? O que não conseguiu, até aqui, por falta de força própria e por o Bloco não querer ser o açucar no café de Alegre, estará brutalmente facilitado dispondo este da máquina de empacotar e distribuir o açúcar.
Se tudo corresse segundo este plano imaginário possível, o sonho aparentar-se-ia grande como Portugal e confundir-se-ia com Alegre: ser o maior portugues dos pequenos portugueses tal com hoje é o maior poeta dos pequenos poetas.

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