domingo, novembro 26, 2017

O ISQUEIRO DO PASTOR E DOS POBRES

quinta-feira, novembro 23, 2017

O BEM E O MAL NÃO SE ADQUIRE NO SUPERMERCADO É PRÓPRIO DA EXISTÊNCIA.


 "A puta da política...", "os políticos são todos iguais..."

Quanta santa ignorância ou sabida velhacaria estão imbuídos nestas frases saídas da boca como fumo de escape.
Estas são frases esconderijo para desonestos ou ignorantes opinadores políticos e retrógrados fingirem que não tocam na política para não cheirarem mal: tratarem a política face aos políticos e políticas que não lhes convém, não lhes interessa e que detestam mixordiando tudo e todos em grandes frases de forma velhaca e pensamento nulo mas de significado acusatório dos outros enquanto o esperto opinador se põe de fora.
São frases escape proferidas sempre que um político ou grupo deles é acusado na imprensa de qualquer malfeitoria ou imoralidade face à santa moralidade religiosamente correcta. Quando algum empresário se dedica à paternal "criação" de um deputado, ministro ou primeiro ministro na expectativa de fazer futuros chorudos negócios com o Estado por meio de tráfico de influência ou corrupção política ninguém vai dizer que os 'empresários são todos iguais'. 
Claro que muitos dos que assim se pronunciam assim o fazem porque, ignorantes do percurso do homem na Terra, apenas sabem o que aconteceu no mundo desde que há mundo somente aquilo que se passou em suas vidas. Esses pensam que a bandidagem e maldades na política, como noutros campos, existem desde que eles próprios tomaram algum tipo de consciência política e que antes do homem ser este homem actual desta civilização actual os homens viviam em harmonia quase paradisíaca. Imaginam que o mundo é assim por efeito de Maquiavel e nem suspeitam que o maquiavelismo existe desde que existe o próprio homem.
Também já antes havia todo o tipo de horríveis maldades políticas quase sempre e praticamente disfarçadas sob a capa da moralidade do tempo mas, especialmente depois de Maquiavel, muitos o estudaram e se refinaram na repressão e destruição dos adversários políticos para manutenção do poder que conduz ao enriquecimento pelo roubo e corrupção organizada. 
São, especialmente estes, os que estudam os diversos maquiavelismos para encetar uma progressão carreirista na política com a ideia fixa calculista de atingir cargos de poder público para traficar corrupções e enriquecer rapidamente que, entre uma maioria, são modelo e servem de exemplo para que muitos apontem a culpa à "puta da política" e proclamar indevidamente que "os políticos são todos iguais"
O bem e o mal não se adquire no supermercado é próprio da existência. Existe no homem e solta-se dele sempre que as condições de sua existência quer materiais sensitivas quer psicológicas inteligíveis transbordam da sua capacidade de esperança, paciência e resistência face ao outro, à Sociedade. Logo o bem e o mal na política é da mesma natureza do bem e mal que observamos e sentimos nas nossas vidas particulares.
Realmente todos podemos constatar isso nas nossas vidas particulares onde gerimos os acontecimentos quer adversos quer de felicidade de uma forma o mais pensadamente direccionado aos nossos desejos; isto é, o mais politicamente correcto conforme ao melhor para nós.
E se o caso é tal que nos invade o desespero também somos capazes de praticar o mal aos amigos, familiares ou até a nós próprios.        

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sábado, novembro 18, 2017

IIL ENCONTRO 2017, 50º ANIVERSÁRIO (FILME)

IIL - 2º ENCONTRO 2017 50º ANIVERSÁRIO (COMENTÁRIO)

Fomos dos últimos seus alunos habitantes pois passados dois anos o velhinho IIL da Rua Buenos Aires de Lisboa mudou-se para as novas instalações actuais do ISEL.
Foram quatro anos passados naquelas mal adaptadas instalações tão degradadas que chovia em quase todas as salas e na sala de desenho trabalhávamos com o chapéu de chuva aberto sobre o estirador.
Mas a massa humana de estudantes era da melhor qualidade massa cinzenta que podia haver pois ali se reuniam, quase exclusivamente, os melhores alunos ditos os "dispensados" do Exame de Admissão vindos de várias Escolas Industriais nomeadamente de Lisboa, Leiria e Faro.
Quis o acaso da altura que tivéssemos sorte pois todos puderam escolher emprego entre várias hipóteses e alguns começaram a trabalhar ainda lhes faltava fazer alguma cadeira em segunda chamada. Era o tempo da industrialização pesada como as cimenteiras, as celuloses, a grande electrificação, a siderurgia, os automóveis, o Barreiro, Sines e Estarreja.
Tivemos boa formação muito especialmente em Electrotécnia (energia, correntes fortes) e também em Mecânica de estruturas além do estudo de Electrónica a válvulas (correntes fracas) e ainda de Ventilação e Aquecimento. Logo, nessas unidades fabris ou de montagens onde nos empregámos demos imediatas provas de boas  capacidades técnicas para superintender e dirigir os trabalhos a nós distribuídos.
Pelas nossas capacidades técnicas e inteligência de organizar e dirigir o trabalho rapidamente atingimos o topo de nossas carreiras, especialmente no Estado e também nas empresas privadas que tinham de seguir o mesmo modelo. Porque a mentalidade e organização hierárquica elitista do Estado Novo havia-nos discriminado,  primeiro como Agentes Técnicos e depois, para efeitos estatísticos face à Europa, como Engenheiros Técnicos.
Contudo, apesar das mudanças de título escolar, as limitações de acesso a cargos de chefia não se alteraram em nada  e os cargos de chefia superior foram-nos sempre integralmente interditos. Por tal motivo muitos de nós, logo após o 25 Abril e consequente abertura à possibilidade de completar os estudos, decidiram ir tirar o título académico no IST.
Por isso, para além do grande envolvimento de estudo e trabalho em grupos nos típicos cafés da zona da Estrela onde nos reuníamos e estudávamos, como diz no filme o nosso colega algarvio Granja Coelho, e que permitiu que através da entreajuda mútua nos estudos todos se tornassem amigos de todos houve também depois o mesmo espírito de sabermos uns dos outros e trocarmos opiniões acerca da situação e possibilidades de carreira face à rígida hierarquia imposta pelo Estado e, como exemplo, às empresas.
Perante tão grande cumplicidade e consequente amizade criada durante os quatro anos de estudos entre nós sentimos que perder-nos de vista era uma perda indesejada quer do ponto de vista sentimental quer do ponto de vista de mantermos o estilo de entreajuda por trocas de experiências no trabalho.
E assim alguém propôs, logo em Novembro de 1967, ainda mal acabado o curso, um jantar de comemoração e confraternização. E também logo nessa comemoração ficou definida a realização de duas reuniões de jantares anuais.
Até hoje, mantemos esta comunhão de amizade e troca de dados, ajudas e conhecimentos com a mesma franqueza quer na alegria dos vivos quer na saudade pelos que já morreram.
E assim será pois já não podemos mudar um facto que se tornou um caso de força maior. 

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quarta-feira, novembro 15, 2017

EDUARDA CHIOTE: FIAT LUX


 
 

Foi no dia 10 deste mês que na livraria Ferin foi apresentado o novo livro de Eduarda Chiote, "FIAT LUX".
Eduarda Chiote quando jovem colaborou com alguns jornais do Porto e estreou-se na Literatura em 1975 com o livro "Esquemas" e na poesia com o poema "Estilhaços" incluído no livro "A Jovem Poesia Portuguesa - I".
A impressão que transparece deixada inscrita de forma brilhante neste profundo Fiat Lux de 36 poemas é aquela de sempre e de todos pensadores filósofos, poetas, escritores ou sábios ao longo da vida: o que é? O que é, foi esta viagem pela vida dos humanos que chegamos ao final repetindo sempre as mesmas dúvidas envolvidos nos mesmos mistérios indecifráveis da existência.
Como diz a poetisa: «Um espantoso prazer destrutivo, infectado de vírus, poderá tornar-se, à escala planetária, no desamor e expectativas que tanto nos podem levar à criatividade quanto ao suicídio», ou: «Esquece! É tão néscio querer agarrar o sol quanto o seu reflexo e a vida talvez seja o falo mais feroz de mastigar» ou ainda: « Que era o homem antes do homem, o homem que pelos vistos não tem uma natureza humana a tempo todo, a tempo inteiro».
Em praticamente todos os poemas há uma interrogação acerca do que é este homem que consubstancia em sua natureza capacidades iguais do bem e do mal, do belo e do horrível, do amor e do terrível.
«Como cheguei aqui?» diz a poetisa «onde tudo o que nos acontece já nos tinha acontecido e cuja origem está no fim que não no princípio que lhe consagra os sinais contrários».
Pois é, o mistério de todos os seres viventes.     

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