terça-feira, janeiro 28, 2014

OS NOVOS SENHORES DA HISTÓRIA

A elite senhora do capital que está em fase adiantada de sua estratégia de dominação dos povos-nações  organizadas, usando o seu domínio financeiro global como ferramenta para construir um mundo submetido a seus interesses usurários, já se sentem como possuidores e construtores da história do futuro próximo.
Sentados nos fofos cadeirões de seus gabinetes dourados ao comando dos "mercados" donos da produção do trabalho manual nas fábricas e do trabalho intelectual nos media, eles implantaram os seus corruptos homens de mão ao comando dos governos, das instituições internacionais, universidades e comunicação social a quem dão ordens que estes, quais paus mandados como marionetes, cumprem com zelo em troca de grossas fatias ou pequenas migalhas do grande pote.
Servindo-se do estudo pormenorizado do modelo capitalista de produção feito por Marx, seus métodos de exploração e suas contradições inerentes; observando o percurso do socialismo real que, não tendo alterado em nada os métodos de trabalho e produção capitalista mas antes alargando-os, refinando-os e brutalizando-os terminou por uma exploração do trabalho a uma escala ainda maior; constatando que o projecto de superar o capitalismo pela anulação da propriedade privada, tomada pelo Estado, e tomar posse definitiva da história substituída por leis sociais científicas falhara e afinal não mudara em nada o processo de produção; confirmado que tal modelo "proletário" científico desembocara, finalmente, no modelo actual chinês de um capitalismo selvagem semelhante ao praticado no tempo de Marx e que lhe serviu de meditação e inspiração para a sua crítica radical;  caído de podre o Muro de Berlim, sem necessidade de continuar a manter e provar a superioridade social e moral do capitalismo sobre o socialismo real, os novos ptutocratas senhores dos "mercados", sem oposição ao sistema e de mãos livres, viram nesse vazio a grande oportunidade de, finalmente, poderem voltar aos velhos métodos do liberalismo selvagem do mais forte e impor a sua lógica de máxima exploração do trabalho. 
Também a elite governante chinesa já enveredou pela grande corrupção armazenando fortunas colossais em nome próprio ou familiar no exterior dando, deste modo, o primeiro passo para se tornarem rapidamente parceiros plutocratas globais dos que já estão instalados. 
Tanta ironia contém a história Marx a qual tu julgaste ter vencido e afinal ela voltou ao teu tempo e pode até regredir ainda mais. Tantos anos a queimar olhos e mente Marx para que, de tão bem intencionados estudos e conceitos, a sua aplicação prática terminasse ou em regimes despóticos hereditários ou no brutal capitalismo selvagem de que tu  querias libertar a humanidade.  
Vencida e terminada a aventura utopista marxista dos burocratas os senhores dos "mercados", viram a sua oportunidade e puseram em marcha a sua própria utopia de cariz plutocrática. Estamos, neste momento, numa batalha crucial, simbolizada na guerra de trincheiras entre Norte-Sul, isto é, entre países ricos e  pobres, com os ricos, amigos e parceiros dos "mercados, a tentarem levar a melhor para colocar ao serviço de seus ilimitados cofres bancários a produção dos trabalhadores dos países mais frágeis do Sul. Para já começaram, tal como fez o socialismo real, pelo empobrecimento e aniquilamento da classe média, símbolo de independência económica e pensamento livre que é preciso submeter, pela proletarização, à sua total sujeição. Sempre foi assim, a classe média onde reside a massa crítica para qualquer empreendimento, inclusive de contestação intelectual e revolta, é sempre considerada a mais perigosa e primeira a abater por ser o maior obstáculo ao monopólio do poder. Antes, tal era feito à bruta por tiranos, hoje, é feito por burocratas utilizando métodos sofisticados de aparência democrática invocando necessidades económico-financeiras que eles próprios provocam. 
Como exemplo de homem de mão nas mais altas instituições internacionais é representativo o nosso fugitivo medíocre que, incapaz de dirigir um pequeno país como o nosso em benefício do seu povo, se albergou sob a protecção e ao serviço dos senhores plutocratas. E agora, o inútil-útil aos donos, o seu forte é dar raspanetes, recados e recomendações sob ameaças aos outros países.
Também o nosso governo, tal como a maior parte deles no mundo, foram domesticados, tomados e ensinados para serem hoje bons executores da estratégia utópica plutocrata em marcha. 
Resta saber se, mantendo-se o voto livre, e estando o povo atento será possível implantar o sistema dos serventuários ao serviço de um governo global sem rosto e oculto. Se se provar a sua possibilidade próxima então os povos do mundo precisam mais de psiquiatra que de pão.

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terça-feira, janeiro 14, 2014

DESTRUIÇÃO CONSTRUTIVA

MIGUEL REAL

Ontem nos Prós e Contras da RTP um professor (de economia?) defendeu convicto a teoria da "destruição criativa", ou construtiva, a nova ideia coqueluche dos mandatários dos mercados.
O filósofo Miguel Real, também presente no debate, rebateu e desmontou filosoficamente de que estava por provar que tal ideia funcionasse na prática tal como se idealiza, como de resto acontece com a generalidade das construções mentais. Mas sobretudo porque tal ideia aplica-se sobre  alargados grupos sociais de pessoas que reagem sempre a condições desagradáveis impostas à força por meio de grande passividade ou violência até. Isto é, explicando que as pessoas não têm um funcionamento como uma máquina mas sim um comportamento como ser racional.
Miguel Real questionava a frieza desumana contida na aplicação de tal medida considerada como um automatismo, uma matemática ou ciência exacta sem ter o mínimo de consideração pelas consequências sobre a vida das pessoas submetidas à terapia da destruição criativa.
Realmente, neste momento económico, a ideia geral que se quer impor e tornar dominante no mundo é o predomínio do económico sobre o político, que a economia deve comandar o mundo porque só esta cria riqueza para distribuir e fazer ricas as nações.
E as elites dos países estão colaborando activamente na imposição desta ideia de reificação do económico e por via disso do império dos mercados.
 
Faltou Miguel Real lembrar ao professor que, nesse caso, tal ideia deveria ser imposta antes de mais a quem compreende melhor tal teoria pois que, aplicada aos conhecedores profundos dela, não só seria aceite de boa vontade e até com gozo, como o elevado saber desse grupo acerca de destruição criativa multiplicaria exponencialmente a criatividade. Aplicada a ideia sobre tal grupo de sábios sobre destruição criativa estes tornar-se-iam necessariamente de tal modo competitivos que a produtividade criativa seria imparável. Se aplicada sucessivamente a ideia sobre tal grupo de sábios em destruição criativa não só a criatividade seria imparável como, em pouco tempo, o resto das sociedades do mundo ficariam inundados em riqueza criada. E para mais, feita por sábios em destruição criativa, a abundância produzida criativamente seria obtida com o máximo de preocupação sobre a criação para um mínimo de destruição.  
Vamos lá senhores professores, economistas, estudiosos e propagandistas da destruição criativa, deixem os vossos lugares de comodidade e conforto nos  Gabinetes, Escolas, Universidades, Laboratórios e nos Media e deitem mãos ao trabalho. Vós enriquecereis as nações e consequentemente os mercados. Assim vós sereis exemplo de heróis dignos, a História registar-vos-á e o povo erigir-vos-á as estátuas merecidas.
Força, vamos ao trabalho, por uma vez apliquem as ideias criadas nos vossos laboratórios sociais a vós próprios, especialistas que melhor as conhecem, compreendem e podem aplicar com sucesso, em vez de as aplicarem aos outros que são analfabetos de tão rigorosa teoria científica. Por uma vez deem o exemplo e ensinem como se faz fazendo vós próprios em proveito do povo e não obriguem o povo, analfabeto de tal teoria, a fazer o que não sabe para mal do próprio povo, de vós mesmos e dos mercados que vós pondes no altar, reverenciais e adorais como o pote de ouro.  

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terça-feira, janeiro 07, 2014

MORREU O REI, VIVA O ESPECTÁCULO REI.


Questionada pela RTP uma mulher do povo respondeu emocionada acerca das cerimónias fúnebres de Eusébio:
"Foi realmente um espectáculo"
Ela foi ao funeral do Eusébio mas viu, sentiu e emocionou-se com o ambiente espectacular criado à sua volta. A massificação televisiva fez engrossar a enxurrada de espectáculo ao ponto de este, por si mesmo, se tornar num rei do espectacular que destronou o homenageado rei genial do futebol.
Sem o saber fez uma síntese perfeita do espírito do nosso tempo: a sociedade do espectáculo. 

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