segunda-feira, abril 30, 2007

NOTÍCIAS DO PAU II

1º DE MAIO

No jornal do pau o pessoal comentava o Dia de Maio de amanhã e fazia comparações entre hoje e antigamente.
Os artigos deste jornal oral produzido por uma redacção toda sentada junta sobre o pau, também de apanhar sol além da cavaqueira sobre a actualidade e memórias de trabalho duro e emigração a salto ou carta de chamada, comentavam hoje acerca do Dia de Maio e como se tinha perdido a tradição de festejar o Maio. Os mais velhos contaram como era: O dia começava de manhã cedo com os vizinhos, em jejum, indo a casa uns dos outros para "atacar o Maio". O ataque era efectuado com figos secos, bolos e aguardente de medronho que não se podia recusar. Toda a gente oferecia bolos e aguardente a toda a gente de modo que quando acabava o ataque já havia alegria e cantares na rua.
Após este ataque matinal em jejum, tinha de ser em jejum senão não tinha valia, homens, mulheres, moços e moças, preparavam os almoços da melhor merenda para ir comer para o campo, normalmente junto de algum moinho de vento no alto dum cerro e à sombra de árvores frondosas como pinheiros ou alfarrobeiras. Nesses locais compareciam acordeonistas com o "foles" e após tudo bem comido e bebido soltava-se a alegria do bailarico no terreiro entre pares de namoricos, solteiros e casados, pais mães e avós. Os pequeninos também lá estavam para brincar e vibrar entusiasmados com a alegria reinante de que gostavam imenso e os fazia sentir a vontade de querer perpectuar a tradição.
Contudo, a emigração e a mudança da estrutura familiar baseada no cultivo da terra e apanha dos frutos secos, para uma família baseado no trabalho na construção e no turismo, criou hábitos individualistas com preocupações culturais mais urbanos e a tradição foi perdendo-se gradualmente. Mas a lembrança desse tempo ainda vive e em Bordeira, nos últimos anos, um pouco á semelhança dessas festas do Maio, recriou-se um arraial popular no campo com borrego assado, bebidas e acordeonistas que recordam muito a genuina tradição. A festa rija antiga do Maio era uma recompensa dum ano duro de trabalho, hoje em dia as condições e ritmo de trabalho mudaram e a festa também.


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domingo, abril 29, 2007

POETA ALGARVIO






Ontem na Biblioteca Municipal de Loulé(Biblioteca SMBA) foi lançado o livro "Fragmentos de Babel seguido de Arte Poética" do poeta do mundo mas nascido em Loulé, Casimiro de Brito.
O lançamento contou com a presença do autor que nos brindou com uma lição emocionada percorrida desde os seus inícios poéticos no jornal "Voz de Loulé" até hoje como poeta do mundo e da palavra.
Foi uma dissertação pelo percurso da vida da pessoa e do poeta mas sobretudo como a pessoa e o poeta pouco a pouco se transformam numa entidade única que vive para a poesia compulsivamente.

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sábado, abril 28, 2007

MARAFAÇÕES XVIII

INDEPENDENTES, ISENTOS E ANJINHOS

Acabado de ver os cinco do "Eixo do Mal" na isenta SIC/EXPRESSO do anjinho Dr. Balsemão, onde três deles são jornalistas e os outros dois jornalistas das Produções Fictícias que trabalham para as televisões e suplemento "Inimigo Público" para o jornal Público do também anjinho Snr. Belmiro, não me contive de beata admiração perante tão imaculada família jornalística. Para aqueles senhores todas as ligações dos políticos, e especialmente os do governo, são duvidosas, perigosas, mafiosas, etc., mas as ligações evidentes das notícias com interesses de negócios dos patrões dos meios de comunicação são apenas produto do dever profissional e obrigação do jornalismo de mãos limpas.
Na vida prática do dia a dia toda a gente que tem emprego sabe que precisa trabalhar de acordo com instruções do patrão para manter e progredir na carreira, contudo no jornalismo querem fazer-nos crer que os empregados agem por conta própria, que são independentes de quem lhes paga, que são isentos perante patrões com simpatias evidentes ou filiação partidária, que os patrões da indústria ou comércio investem milhões em meios de comunicação, às vezes com longo prejuizo de caixa, só para dar trabalho a jornalistas incolores e assépticos como a cal da parede, isto é que os patrões dos media são anjinhos. Até têm o despudor de argumentar com o exemplo de Balsemão, também impoluto jornalista antigo, mas que mandou embora o director Marcelo quando este se meteu a criticar o 1º ministro Balsemão e mais tarde atirou borda fora o Carreira Bom por insubordinação jornalística.
E porquê os tais jornalistas branquinhos dão umas notícias e não outras? Porque investigam ministros, políticos, presidentes de câmaras, altos funcionários, etc., mas nunca investigam os milhentos negócios das empresas proprietárias dos media? Porque certas notícias saltam para a rua em tais momentos e não noutros?
Na tal parede que os jornalistas nos querem impingir branca asséptica, com tinta mais ou menos visível, estão sempre escarrapachadas pinturas murais de cores vivas signaléticas.
Ainda uma palavra para a gozação que os cinco brincalhões fizeram com o vídeo do Busch dançando e mimando em palco com um grupo musical negro num espectáculo que, segundo me apercebi, era de ajuda a uma causa justa. O desgraçado até quando representa honestamente a sua pobre humanidade e mostra que é feito da mesma massa vulgar que todos os homens normais, é motivo de grande chacota pela pequenez rasteira.

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sexta-feira, abril 27, 2007

NOTÍCIAS DO PAU I


NOTÍCIA DO DIA

Nos Agostos o cão de raça do Izidoro do mini-mercado atacou-o e mordeu-o e quando a mulher o foi socorrer foi também atacada. Foram os dois parar ao hospital de Faro para fazer a cura das "morzadas" do cão que criaram.


HISTÓRIAS DA EMIGRAÇÃO

Contada pelo Reinaldo:
O Manel da Patã que trabalhou comigo em França contou-me que no seu primeiro trabalho em Paris decorou o caminho que tinha de fazer para não se enganar; tomava o metro perto de casa e saía naquela estação que tinha um grande retrato duma vaca. Ora o retrato da vaca era um cartaz publicitário e no dia que o cartaz foi substituido o Manel andou a manhã inteira no metro, para trás e para a frente, à procura do retrato da vaca.
A partir daí todos os dias os emigrantes colegas de trabalho à sua chegada diziam; olha o Manel hoje encontrou a vaca!


Contada pelo Policarpo:
E o meu pai, que não sabia ler, contava as estações uma a uma para saber em qual tinha de sair e poder chegar a tempo ao trabalho todos os dias.

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quarta-feira, abril 25, 2007

GORJEIOS IX

ABRIL ESPERANÇA

Hoje Abril é uma esperança já
morta enterrada blá blá blá
diz a esquerda esquerdina
pré-fabricada porque sua
esperança era uma estrada
à vista em frente e à esquina
estava a esperança toda nua
pronta a florir fecundada
pelos filhos do deus ex-machina
senhores tidos donos da receita
infalível que contem a certeza
da esperança verdadeira feita
caminho radioso directo à mesa
abundante e prometida idade
de ouro fonte de felicidade
farta de fado festa fartança
eterna sem esforço, profecia
barata que tráz no ovo
construir uma esperança
palpável e o homem novo
unidimensional que esvazia
e mata a esperança pró-natura
da humana existência
corporal caixa e fechadura
da esperança que vive e segura
a vida e é sua vital essência.

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segunda-feira, abril 23, 2007

MARAFAÇÕES XVIII

DIA DO LIVRO

Andar para cá e para lá na rua com um livro debaixo do braço é um fino sinal social mas também fazer o mesmo com um cão de marca é igualmente fino. Ter em casa uma grande montra com livros ou ter um caniche bem tratado é um sinal de quem está a par da civilização da boa consciência social. Contudo, enquanto o "dia do livro" é aceite com respeito e circunspecção, o "dia do cão" proposto por um nosso ilustre deputado foi mal aceite e ridicularizado. Talvez porque a escrita e o livro representem a história da caminhada humana para a liberdade através da força do pensamento, e nesse sentido é a grande lição libertária, enquanto o cão fechado num andar ou sob trela represente o pensamento primitivo do domínio da força, e nesse sentido a negra lição da servidão.
A ideia de livro está associada à vontade de difusão de uma mensagem e deste modo podemos dizer que os primeiros livros foram de pedra com as suas incrições lapidares. Sucederam-lhe a escrita na madeira, na argila(cuneiforme), folhas de palmeira, couro e peles de animais, e por fim o papiro com os egipcios e o pergaminho na época helenística. A adopção e melhoramento do alfabeto fenício pelos gregos onde se cruzavam os conhecimentos das civilizações avançadas egipcias e do médio oriente fez que estes se predispozessem a interrogar-se a si próprios e a natureza e sobretudo deixar registado em livro o trabalho das suas investigações racionalistas. Foi há cerca de três mil anos, que sobre suporte papiro de tão difícil manuseamento, se escreveram as obras consideradas fundamentais e suporte de toda a civilização ocidental. Depois na época helenística deu-se o desenvolvimento da difusão do livro através da criação de
grandes bibliotecas nomedamente as de Alexandria, o Museion e o Serapeion, e mais tarde a de Constantinopla, onde se copiavam os livros para divulgação dos textos originais. Estes grandes centros de conhecimento foram posteriormente destruidos, queimados, etc., ao sabor das guerras e censuras religiosas e deste modo perderam-se todos os manuscritos dos autores antigos e o que resta dos seus textos é uma ínfima parte do que escreveram.
O aparecimento do papel no Ocidente em meados do século XIV e da tipografia por Gutenberg um século depois multiplicou a produção e expansão do livro por toda a Europa em pouco tempo. O livro iria tornar-se rápidamente um bem acessível às universidades e escolas e também aos particulares e hoje em dia acessível a qualquer pessoa com gosto pela leitura. Mas hoje em dia a produção de livros, revistas, jornais, televisão. etc., não tem a preocupação antiga de servir de transmissão de conhecimento para produzir mais conhecimento mas sim a de ser um objecto de grande consumo para satisfação da curiosidade mexeriqueira e gerar obscurantismo e lucros rápidos.
Por isso é preciso voltar de novo aos clássicos, é preciso estudar as traduções cada vez mais fiéis ao pensamento original dado o cruzamento de dados novos com os antigos e face à análise do pensamento antigo feita à luz da crítica moderna. A nossa civilização assenta nesse pensamento antigo mesmo quando sob a forma religiosa, por isso para percebermos bem o que se diz e escreve hoje é indispensável conhecer os seus fundamentos, sem o qual fácilmente nos venderão gato por lebre.
Como na matemática, se não apreendermos todos os passos necessários que levam à compreensão de equacionar jamais resolveremos problemas, também na escrita se não conhecermos os passos da evolução do pensamento fundador, jamais perceberemos com capacidade crítica a escrita actual.

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sábado, abril 21, 2007

PROCISSÃO DAS TOCHAS FLORIDAS

PROCISSÃO DAS TOCHAS FLORIDAS TRADICIONAL DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL REALIZADA NO DIA DE PÁSCOA TODOS OS ANOS.
TRATA-SE DE UMA MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA DEDICADA À RESSURREIÇÃO DO SENHOR COM A PARTICULARIDADE DE SER RESERVADA SÓ AOS HOMENS OS QUAIS EMPUNHAM TOCHAS DE FLORES APANHADAS NO CAMPO E AS RUAS SÃO IGUALMENTE ENFEITADAS COM PASSADEIRAS DESENHADAS COM FLORES .
VIDEO RELATIVO À PROCISSÃO DO ANO DE 2007.

1ª PARTE: RUAS FLORIDAS


2ª PARTE: PROCISSÃO DAS TOCHAS FLORIDAS

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sexta-feira, abril 20, 2007

MARAFAÇÕES XVII

PORTUGUÊS LUSITÂNEAMENTE

Tivemos um Engenheiro de 20 valores e enxotá-mo-lo para fora.
Agora queremos enxotar para fora um por não ser Engenheiro.

Os romanos já nos topavam há mais de dois mil anos.

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quarta-feira, abril 18, 2007

GORJEIOS IX

Ser ou não ser dr eis
a quetão toda tudo
do dr eco do dono
atrela répteis
portadores de canudo
velho abono
familiar tapa idiotas
superiores fiéis
intendentes zelotas
de doutorais papéis
sem os quais
haverá inquisitorais
busca às notas
estudantis e ligações
até cinco gerações
atrás e ao lado
tudo escrutinado
diligentemente
pelos acusadores
de impiedade elitista
qual Polícrates panfleto
manuscrito repelente
do processo sofista
deposto pelos doutores
Ânitos Lícon e Meleto
malta que sabia que sabia
leis rectórica a pítica
oracular deuses magia
juventude dissoluta
por tal decretou o krater
de cicuta
ao antigo e morte política
ao novo pelo carácter.

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terça-feira, abril 17, 2007

MARAFAÇÕES XVI

TABLÓIDE DE REFERÊNCIA

Além das alterações de colorido visual num sentido mais apelativo ao popular, já é bem visível que a mudança estética corresponde a uma mudança ética virada para o jornalismo de grandes títulos para pequenos acontecimentos, de destaque do folclórico para esconder o folclor, de muita imagem para pouca reflexão, muito opinativo mas de pouca opinião, de muito texto jornalístico e pouco pensamento. Com a dispensa de colaboradores a opinião foi entregue à prata da casa que se limita a a dar eco às posições da direcção com mais ou menos enfase pessoal.
Passo a passo o jornal Público vai numa tendência de cautelosa tabloidização à procura dos consumidores de telenovelas, fofoquices, acidentes, política de café, etc., num movimento descendente que aliás é geral na imprensa portuguesa, e deste modo o país se torna cada vez mais deprimente. Tão ocupado que anda com o curso do PM ao qual dedica continuamente duas páginas mais o editorial e restantes subserviências jornalísticas do pessoal da casa que se esquece de dar notícias do país. Hoje por exemplo, alem de mais do mesmo acerca da UNI e Sócrates, dá uma página inteira ao homem barricado no banco em Gaia com elevada visibilidade e destina um quarto de página escondida para a deslocação do governo a Marrocos com titulos a despropósito(título) ou insidioso(legenda de foto). Provávelmente daqui a dias alguém do jornal virá perguntar onde está o governo e depois outro afirmará que Portugal já não tem governo. Então talvez o jornal possa nomear um governo à maneira de selecção da redacção.
Nessa altura o jornal será um tablóide de referência obrigatório para todos os portugueses.

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sábado, abril 14, 2007

MARAFAÇÕES XV

O ERRO DE SÓCRATES

Ressalta, após entrevista, de tudo o que tem sido dito e escrito acerca do curriculo do PM que o grande pacadilho do engenheiro do ISEL Sócrates, foi ter ido atrás do pacóvio elitismo português, à procura dum canudo para exibir tal qual fazem todos os pequenos doutores e engenheiros da nossa praça pública e privada. Provávelmente nessa altura, já entre mudos doutores deputados, tendo-se apercebido do "obscuro curso de engenheiro técnico"(VPV dixit) procurou à pressa o tal ensino superior luminoso e obter, o canudo genuinamente nosso, que em Portugal confere um título que vale mais que qualquer saber e competência.
Simultânemente nota-se muita vontade de valorizar a sua preparação de político pelos variados cursos por onde passou e mais, agora, que se sabe que também pretendeu tirar Direito, que como é sabido é o curso que melhor prepara o político para a retórica.
Resumindo, em todo este não-facto-político tentado fazer passar-se por questão de comportamento de pouca honradez pessoal para atacar o carácter do político PM, pelos insancionáveis expert dos média que escondem a sua pequena honradez sob os interesses comerciais dos donos.
Sob o Erro de Sócrates , que não foi além do querer, apressadamente, ser doutor como os demais portuguêses sonham e tentam, jogou-se uma tentativa ilegítima de deitar abaixo o governo legítimo de Portugal. Provávelmente, apesar da desgraça que seria para o país, preferem um qualquer governo duma quaquer anedótica Floribela que lhes permitisse prosperidade no negócio mediático. Também para a nossa imprensa chegou a necessidade do quanto pior melhor.

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quinta-feira, abril 12, 2007

MARAFAÇÕES XIV

ANTÓNIO BARRETO OU BARRETE

O comentário do snr. António Barreto, hoje no Público, revela que a habitual lucidez do senhor anda assustadoramente a perder qualidade. Perguntar:«acha(Sócrates) normal que um deputado, ministro depois, se matricule em curso superior e obtenha diploma académico de recurso em três universidades diferentes, ainda por cima em estabelicimento não reconhecido pela respectiva Ordem profissional!
Perguntar:«um 1º ministro que não percebe que um deputado e um membro do governo não têm os mesmos direitos, ou antes, as mesmas faculdades que os outros cidadãos e não podem nem devem apresentar-se como candidatos a cursos pós-laborais que lhe confiram o estatuto académico a que aspiram!
Perguntar:«Ter tentado justificar o facto de se matricular como "humilde deputado", e de se graduar, como ministro é inútil. Mas revela uma crença perigosa: a de que acha natural e legítimo que um deputado e um membro do governo possam fazer tudo isto!
Fazer tais perguntas revelam dum elitismo bafiento muito mal cheiroso. O professor Barreto provávelmente ao atingir o grau de professor universitário ficou a saber tudo e para toda a vida portanto acha uma desonra voltar aos bancos da escola, e assim deverá ser para um deputado ou ministro ou membro do governo. E em situação pós-laboral? Mas que ignomínia santo Deus.
O dito pelo senhor Barreto não merece comentário e devem ser lidos com atenção e meditação. São perigosamente atentatórios da educação e do direito ao aperfeiçoamento intelectual permanente que qualquer homem racional deve desejar e assumir e por maioria de razão qualquer político responsável.
Francamente nunca vi, por parte dum intelectual, tamanha intifada contra a vontade de obter conhecimento, isto é, contra a cultura.

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MARAFAÇÕES XIII

ELITISMO, HERANÇA SALAZARISTA

Finalmente, na discussão do curriculo do 1º ministro de Portugal, começa a vir ao de cimo o elitismo salazarista dos pequenos doutores. A discriminação elitista dos antigos senhores entre Liceu(bifes) e Escolas Industriais(costoletas) prolongava-se pela vida escolar ad eternum obrigatóriamente; os das Escolas só podiam ser electricistas, mecânicos, etc., ou chegar a Agentes Técnicos para condutores de obras, e os do Liceu podiam ser bancários, funcionários públicos ou chegar a Engenheiros e Doutores para directores de secretária. Ainda durante a ditadura o poder viu-se obrigado a renconhecer os diplomados dos Institutos Industriais(actuais ISEL) como Engenheiros Técnicos por conveniência de estatística educacional portuguêsa perante a Europa.
Após Abril esta situação mantem-se a mesma; as Ordens defendem ultra-corporativamente a superioridade do ensino superior, não reconhecem outras Escolas criadas, aprovadas e certificadas pelo governo, recusam títulos adquiridos legitimamente, ocupam todos os lugares importantes da Administração Pública e deste modo, por intermédio das relações entre pares, perpetuam-se indefinidamente como classe dominante. A designação "ensino superior", para se demarcar dos ensinos inferiores, reflete e traduz fielmente a mentalidade elitista e a sua manutenção recria e mantem deliberadamente essa mentalidade desejada pela élite dirigente. A mentalidade e comportamento dos nossos nobiliarquicos Engenheiros e Doutores face aos não titulares de tais nobrezas escolares, é culturalmente parecida com a dos cidadãos da antiga cidade grega que considerava constitucionalmente os artesãos próximos dos escravos. Como a escravatura foi abolida e é orgulho nacional, a elite portuguesa de mentalidade salazarista, estabeleceu a discriminação prática através das remunerações; em nenhum país europeu evoluido é maior a diferença de vencimento entre um quadro superior e um oficial operário especializado e correpondentemente a diferênça social. E em Portugal um quadro superior é todo aquele que tem um curso superior e não aquele que tem, reconhecidamente, um conhecimento e capacidade superior.
Hoje em dia, quando todo o saber está e é continuamente publicado em livros e revistas dedicados a cada área específica do conhecimento e aberto a quem dele queira apropriar-se individualmente, é quase uma aberração fazer distinções pessoais a partir de títulos académicos. Aliás, a história da evolução da ciência, prova que quem mais fez avançar a ciência e as artes foram os que foram contra e romperam as regras preconceituosas estabelecidas pelos academistas. Uma das críticas que se fazem, actualmente à Universidade, é que se abra ao exterior, que colabore com as fábricas, com os agricultores, etc., isto é, que aprendam juntos,um com o outro, o teórico e o prático.
A discussão com o 1º ministro anda à volta de ser ou não ser engenheiro, de ter obtido o título numa Universidade criadora de Engenheiros legítimos e verdadeiros cientistas ou numa que fabrica artesanalmente por medida engenheiros condutores mestre-d'obras. Quem propõe tal tema à discussão pública sabe perfeitamente que, o não ter um titulo académico altissonante, é uma desclassificação pessoal perante o português de educação salazarista subserviente. Até com este elitismo salazarento se faz baixa política além dos interesses partidário-comerciais (Sic/Expresso), de negócios(Jornal Público/Sonaecom/Opa Galp), subserviências financeiro-partidárias(Sol), todos em aliança com os desesperados pelo retorno ao poder e suas altas benesses e baixas migalhas.
Veja-se o argumento que, para além da desclassificação doutoral elitista implícita, tenta atingir o carácter moral do governante e que é:«fazer passar-se por aquilo que não é revela uma falha de carácter». Deduz-se que o 1º ministro quereria fazer passar-se por falso engenheiro o que politicamente seria acto de falso-carácter. Ora Sócrates, que se saiba, nunca exerceu nem quiz exercer engenharia, e tem-se dedicado à política como é vizível e sabido. Nenhuma Ordem deontológica, nenhuma Justiça, nenhuma Entidade pública ou privada o pode acusar e processar por falsificação ou abuso profissional.
Mas o mais caricato de toda esta encenação de baixa política é que o homem é Engenheiro Técnico e como tal poderia mesmo exercer e praticar actos de engenharia se o desejasse. E não deveria envergonhar-se, face ao elitismo analfabeto, de se intitular engenheiro com a legitimidade que lhe confere o curso do ISEL. Como disse atrás a ditadura salazarista incluia os formados pelos antigos IIL na lista "engenheiros"que enviava para a Europa para tapar a falta de quadros técnicos formados em Portugal, contudo internamente discriminava-os tratando-os acintosamente, a pedido das élites dos pequenos doutores, como na presente discussão se pretende fazer ao 1º ministro de Portugal. Na ditadura a hipocrisia era imposta pela polícia política, na democracia a hipocrisia é ditada política de polícia.

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terça-feira, abril 10, 2007

MARAFAÇÕES XII

SINAIS DECADENTES

Já é de espantar que os senhores negociantes dos média ingleses se batam por comprar a vergonhosa história dos seus marinheiros sem se darem conta que querem expôr ao mundo a vergonha do seu país e por conseguinte a sua própria. Certamente dão-se conta disso mas que lhes interessa a imagem de vergonha do seu país face à possibilidade de obter pessoal ou empresarialmente uns milhões de euros? Venderam, propositadamente, até aqui uma educação tabloide decadente aos leitores afim de os tornarem dependentes de toda a droga mediática que publicam. E tal como a droga se tornou un negócio altamente rentável assim acontece, hoje em dia, com tais porno-mazoquistas histórias.
Mas o mais espantoso é ser um alto responsável a aceitar e consentir a venda em hasta pública da indigna história dos seus tristes marinheiros. Afinal uma história suja, de ambos lados, que todo o mundo viu e acompanhou durante dias pela televisão iraniana. Alem do já visto que mais poderão os média ingleses mostrar que não seja dar mais nojice à porcaria?
Que mais nos reservarão o governo inglês e os seus vendidos marinheiros. Vendilhões vendidos duas vezes, uma por medrice aos iranianos em particular e outra por comércio porno-mediático na praça pública.
Quando eu era criança depois da guerra 39-45 um comediante, quando alguem lhe perguntava porque os alemães tinham perdido a guerra, ele virava-se de costas e mostrava o rabo nú. A Europa parece ir a caminho de igual façanha.

segunda-feira, abril 09, 2007

GORJEIOS VIII

Abril também é hoje
dia de tropa rota
farrapilha em manobras
de guerra que impôs
fome gota a gota
come ratos e cobras
flamengas e sobras
podres das marmitas
fartas dos bretões
ricos e fina migalha
gaulesa prescritas
aos carne para canhões
de boche manda metralha
que mata e espalha
morte súbita e lenta
feita extermínio
do soldado inocente
baleado a gáz rebenta
juizo e raciocínio
dos numca mais gente
com futuro nem presente
como visto em La Lys
e mais veria se não cai
a frente rasca e como quiz
cada qual se viu livre
da guerra abala e vai
à vida e por via de tais vis
fraquezas pude eu ter o pai
forte e distinto que tive.

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quarta-feira, abril 04, 2007

GRAFFITIS DE ABRIL

TEMPOS DE ABRIL.
GRAFFITI DOS ANOS 70 E 80 DO ARQUIVO DE APC.

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segunda-feira, abril 02, 2007

GORJEIOS VII

Chegou Abril que foi nossa
mãe de esperança
quando na rua milhões
soltados do país choça
sob a asa dos canhões
da tropa canta e dança
a liberdade libertada
sempre mal ganha mal gasta
cantada mãe chorada madrasta
mal aceite mal amada
que liberdade não é fada
mágica de varinha de condão
que dá conduto e pão
nem é paleio
nem fim em si é meio
sujeito à humana condição
de ser parte inscrita
na natureza cuja finalidade
é viver e fazer viver em ínclita
liberdade.

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