terça-feira, janeiro 25, 2011

MARAFAÇÕES LXXXI

A sua convicta e constante auto-proclamação de "honestidade", "honorabilidade", "seriedade", "verdade", acrescentando-lhe a antiga "infalibilidade", indicia e constitui um estatuto de Presidente a caminho da "santidade".
Ora de um "santo" legítimo é esperar perdão e inconcebível esperar que utilize um discurso de vitória para acusar todos opositores de falta dos atributos que possui, e sobre esses ainda o de serem infames.

Ao Dr. Lobo Antunes, reconhecido ilustre neuro-cirurgião, é cuidadoso solicitar-lhe que além de mandatário nacional não descure a sua condição de médico.

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domingo, janeiro 23, 2011

MARAFAÇÕES LXXX

1. - Barreto, pingo doce azedo
Ontem, de passagem por plano inquinado, ouvi A. Barreto, pingo doce para o Soares patrão e azedo para o Soares político, dizer que:
Quando chegava a meio da leitura dos artigos semanais do Soares político, já estava enauseado com as opiniões expressas. E acabou por dizer que: - "Mário Soares não tem legitimidade para dizer o que dizia"-.
Mas qual é, agora, a democracia pretendida por AB? A ele AB é legítimo ter a opinião de dizer quanto lhe vai na alma e o de nunca contradizer o reaccionarismo do Soares patrão, contudo ao Soares político não lhe reconhece legitimidade para ter opinião livre.
Já apelidou Sócrates de fascista por não deixar fumar charutos à vontade, e pela marcha às arrecuas que trilha, ainda chega à conclusão que a actividade de Soares contra o salazarismo e depois em defesa da demoracia, foi sociológicamente uma mal feitoria contra os portugueses.

2. - Jardim de madeira
Há pouco acabei de ver na tv, de novo nada de novo, o recém-restabelecido AJJ afirmar: - " que mal fizemos a Deus para nos dar um tal mau estado do país?"-.
Era mesmo a calhar responder: e que mal fez ele a Deus para lhe dar um ameaço de morte através de um AVC?
Não era?.

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sábado, janeiro 22, 2011

REFLEXÃO EM DIA DO PRÓPRIO


Imaginem que, de repente, deixava de existir no nosso país actual, o seguinte:

- As auto-estradas, IPs e ICs
- Os novos hospitais distritais, Centros de Saúde, Maternidades, médicos de família.
- As novas Universidades públicas e privadas
- As centenas de novas Escolas espalhadas por Cidades, Vilas e Aldeias
- Os novos Estádios, Pavilhões e Parques desportivos com piscinas municipais
- As Redes de Energia Eléctrica, Águas e Saneamento Básico em todas as Aldeias e Lugares
- As novas Centrais Hidricas e as modernas Centrais Fotovoltaicas e Eólicas
- Laboratórios e Centros de Investigação científica
- O polo Industrial de Sines e o polo mulltiplo do Alqueva
- A entrada na UE e os abundantes fundos
- As trocas em Euros mas em Escudos
- As novas indústrias tecnológicas e computadores nos serviços e nas escolas
- A duplicação da riqueza nacional, produto interno bruto duplicado em 30 anos
- Os partidos e os sindicatos com os conflitos de ideologias

e os portugueses não teriam capacidade para ir a Badajoz comprar caramelos quanto mais passar férias em hotéis de luxo no estrangeiro, mas teriamos o Portugal sem dívidas, sem defícite, sem crise, longe do FMI, pelintra orgulhosamente, e sobretudo orgulho de todo saudosista Medina Carreira.

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quinta-feira, janeiro 20, 2011

EM NOVA YORK, COM AMOR E ÓDIO

INQUISIÇÃO

Só porque a psiquiatria faz uma tentativa científica para explicar a mente do homem, acredito mais nela do que na astrologia dos videntes.

Como se sabe, a psicanálise foi inventariada e racionalizada a partir dos mitos gregos. E todos esses mitos representavam tragédias que resultavam das DECISÕES E ACÇÕES que os homens, do tempo dos heróis, tomavam ou eram obrigados a tomar na sua vida ao serviço da Cidade. No mito grego intervinha o jogo dos homens entre sí e os deuses, jogo o qual estes determinavam o resultado enredando os homens heróis em equívocos e dilemas sucessivos até os destruirem.

No mito moderno, o jogo é também com os homens entre sí e os valores sociais dominantes que neste caso substituiram os deuses no mito grego. No mito grego os intervenientes eram homens heróis que queriam, a todo custo, fazer juz a essa sua condição. Na modernidade os intervenientes são homens seres comuns que querem ascender, a todo custo, à fama para serem considerados heróis. E o desejo obcecado de se tornarem heróis da actualidade menor, seja sob que pretexto ou juizo de valor fôr numa sociedade que fez do valor de troca o seu deus e culto, leva-os a usar meios fáceis e à mão para atingir objectivos com fins de glória.

Todos os dias os jornais da especialidade noticiam assassinatos horríveis, tão ou mais bárbaros que o praticado em NY, contudo nunca são sujeitos a análises e mais análises de psiquiatras e mais psiquiatras, de psicólogos e mais psicólogos. São assassinatos que têm uma motivação à vista, uma causa-efeito física, uma realidade objectiva, logo de um entendimento fácil e sobretudo de uma explicação e compreensão óbvia, como partilhas entre familiares, divisões de bens entre vizinhos ou casais. etc. Para estes casos os psiquiatras e psicólogos não puxam dos receituários dos tratados e sebentas onde constam a lista das doenças aplicáveis possíveis de explicar os actos cometidos. Nestes casos não há motivações profundas da mente, alterações psiquiatricas momentâneas, surgimento brusco de estados mentais psicóticos, causas traumáticas remanescentes de má infância.

Contudo, penso eu, em todos os casos que levam o homem ao instante extremo de matar, esse homem, nesse momento, já entrou num estado emocional irracional não inteligível, embora possa ser explicável através de interpretações dos modos e motivos.
Explicação que é óbvia para uma motivação física exterior, mas explicação complexa e problemática quando se reduz o acto, meios e modos de matar, exclusivamente devidos a alterações de estados mentais psíquicos abruptos sobrevindos por estimulos no momento, desligadas do jogo de relações sociais e dos interesses individuais.

A humanização do indivíduo constroi-se pela sua vida em sociedade pelo que é esta que vai impondo-modelando o lado animal do homem no sentido de se tornar um ser mais racional e humano. Contudo o homem e a sociedade continuam inescapavelmente vivendo inseridos como parte integrante da Natureza, a qual não faz juizos de valor ou morais e é implacável para quem perturba gravemente o seu ciclo evolutivo. Quando se quebra a relação entre a mente e o entendimento racional, o homem volve ao estado natural primitivo onde não há mais sociedade nem juizos de valor mas tão só sangue e instinto.

Precisamente o lado onde a imposição social mais repressivamente age sobre a nossa natureza é na sexualidade dos humanos. Mas é também o lado onde a sociedade mais desaires acumula e mais batalhas repressivas tem perdido. A força ctónica da sexualidade como natureza de reprodução e manutenção da espécie é irreprimível, e quando é bloqueada ou reprimida, ela irromperá dessa situação violando barreiras e imposições sociais de qualquer ordem.
Todas as religiões de paraíso prometido, se dedicam à domesticação da natureza sexual humana como forte contributo para ganhar o paraíso no céu. Contudo, é impossível banir de nós aquilo que é a essência imperial da nossa condição humana, e como tal nem os próprios pregadores dessas religiões do espírito contra o corpo, resistem à imperiosa tentação carnal. Afinal tanto o espírito como o corpo transportam consigo a mesma origem divina.

O acontecimento complexo foi sempre o resultado simultâneo de um grande número de circunstâncias. Os indivíduos e os acidentes têm um papel na nossa vida quotidiana, porque o caminho e direcção do devir não está previamente definido. O papel das pessoas ou dos acidentes na origem dos acontecimentos é um dado primeiro e imediato, ninguém ainda provou que seja uma ilusão.

De acidente em acidente as personagens vão tecendo a teia comum onde serão apanhadas. Um tinha desejos e ambições de obter fama, glória e proveito rápido numa sociedade que elegeu o dinheiro e seu valor de troca como deus ex-machina. O outro tinha o poder e os meios de satisfazer essa ambição e desejos almejados, ou seja, indiciava ser o tal deus ex-machina que de uma penada lhe daria o famoso futuro. O primeiro encontro entre ambos, qualquer que tenha sido o modo como se deu, já não foi um acidente por puro acaso.

Os passos seguintes já não são da ordem dos acidentes imprevistos, mas sim estudados, calculados e dissimulados sob objectivos diferentes e capa de felicidade comum. O jogo de máscaras sublimado por jogos de sexualidades desviadas e mal definidas ou assumidas, invariavelmente leva a uma espiral de contradições mentais conscientes que tende a evoluir para um virolento tornado, contido na mente e prestes a soltar-se a qualquer instante.

E soltou-se. O ponto inicial feliz nós conhecemos como começou. O ponto final trágico também conhecemos como acabou. Entre o ponto inicial feliz e o final trágico, jamais se saberá o que verdadeiramente se foi passando e que realmente conta para o desfecho fatal. Podem os psiquiatras e psicólogos sacar de todas as doenças contendo conceitos explicativos possíveis, que jamais obterão uma explicação conclusiva.

Quanto ao espanto pela barbaridade da morte em NY, como disse, é tão bárbara como tantas que os jornais noticiam todos os dias. Matar foi desde o início uma condição de sobrevivência e depois de conquista, basta ver a longa lista de guerras bárbaras entre povos ao longo da História da humanidade. Matar foi sempre um meio de auto-defesa individual quer física quer psicológica.
Que é mais bárbaro, matar inesperadamente sob um efeito emocional momentâneo de vingança, ou matar racionalmente, metodicamente, organizadamente, oficialmente, governamentalmente, lentamente, tortuosamente, publicamente, festivamente, horrivelmente, como é o caso da lapidação?

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terça-feira, janeiro 18, 2011

O HOMEM PREVISÍVEL

CARICATURA DE LUIS SILVA

O mais fingido "não-político" da nossa democracia é exactamente o mesmo que mais tem feito uso da política. E usa-a correntemente e de modo constante para se auto-elogiar como político emérito, como economista sábio, como exemplo ímpar de carácter honesto, sério, incorruptível, como liberto de pecado, como espírito moral franciscano, e até, e sobretudo, como detentor de uma verdade "verdade" de tipo religiosa, dogmática, bíblica.

No meio desta imensidão de qualidades incomuns num homem só, o quase ungido candidato Cavaco acima dos portugueses, usando o argumento dos seus correligionários que, ou o detestam secretamente e querem enterrá-lo, ou muito mais que ingénuos são sobretudo estúpidos de grosso calibre, veio, o dito quase ungido candidato, fazer valer o argumento da sua providencial previsibilidade.

Disse ele na tv à Judite que os portugueses sabem o que podem esperar dele, que era um homem previsível e que portanto todos podem estar descansados que com ele nada de novo, ou imaginativo, ou criativo, ou golpe de asa, ou rasgo de ousadia, ou muito menos qualquer toque a rebate para emocionar, entusiasmar e galvanizar os portugueses ao trabalho e sacrifícios necessários para alevantar Portugal do coma financeiro.

Foi precisamente por se ter apercebido da instintiva previsibilidade dos animais que Pavlov descobriu o seu famoso conceito dos reflexos condicionados.

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sexta-feira, janeiro 14, 2011

PERSONALIDADE MINÚSCULA II

O mais fingido "não-político" de Portugal, voltou outra vez com novo tornado arrasador de fingimento ilusionista. Soltou das profundezas de pitonisa de "oráculo do passado", isto é, de oráculo que adivinha tudo que é sabido e está no seu site ou livros, mais uma afirmação de grandeza messiânica de arrebatar as alminhas crentes:
- "Estou aqui para falar do futuro dos portugueses, para tratar do futuro dos portugueses".

Esta personalidade minúscula ocupante de uma figura figurona, anda desde 1980, há 30 (trinta anos trinta) a tratar do futuro dos portugueses como Ministro, Primeiro Ministro e Presidente da República. E pasme-se, passados 30 anos de receitar e aplicar tratamentos de sua lavra, continua a querer tratar do futuro dos portugueses.
Fica agora inteiramente esclarecido o mistério transcendental da sua necessidade de nascer duas vezes. Duas vezes?. Safa!.

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quinta-feira, janeiro 13, 2011

PERSONAGEM MINÚSCULA

Cavaco Silva já parece o suspeitador-mor do reino, o seu falhado conselheiro estratega-intelectual e apoiante Pacheco Pereira. Cada vez que abre a boca é para lançar uma dúvida-suspeita sobre o governo, assim:
- "Espero que o governo cumpra o prometido"
-"É preciso não criar ilusões e falar verdade"
-"O governo diz que está a fazer tudo o que é possível para ..."

-"É preciso que o governo faça tudo quilo que diz estar a fazer
"
Hoje, para além de atirar à cara do governo a hipótese para breve de uma "grave crise política", o que há dois dias dizia como sendo perigoso para o país, contrariado e mal humorado com o sucesso da compra da dívida pública portuguesa, saiu-se com mais esta dúvida-suspeita:
-"É preciso saber quem está a comprar, é importante saber quem são os compradores".
Num tom preocupado e crispado de esgares denunciando uma preocupação de "verdade" e ou qualquer ilisura havida na operação, denunciando também claramente que apostava no falhanço da operação e, consequentemente, do governo. Os candidatos opositores atacam-no, e ele, de espírito vingativo, ataca o governo que quer ver no tapete. Uma pobreza de envergadura política e uma miséria de cultura democrática.
Veja-se que tal personagem não foi capaz de esclarecer quem comprou as suas altamente rentáveis acções pessoais do BPN, mas agora é lesto a querer(pedir) saber quem é o comprador da dívida portuguesa. Talvez penssasse se não estaria o Oliveira e Costa por detrás de tão inacreditável sucesso.
Verdadeiramente uma personagem minúscula para tal figura humana.

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domingo, janeiro 09, 2011

O MISTÉRIO DAS COISAS VIVAS

ÁPIS, O BOI SAGRADO

Como aprenderam as vacas a nadar ao sabor da corrente caudalosa do Rio, tão suave e tranquilamente sem pesadelos de morte, como se fizessem parte da mesma natureza da água, e caminhassem com nobreza para mais uma pastagem verdejante e fausta.
(visto na tv)


Queria conhecer o mistério submerso
sob a pele das coisas vivas.
Queria conhecer o mistério universo
do amor e suas forças atractivas.

Queria conhecer o mistério e sentido

necessário da matéria inerte.

Queria conhecer o mistério do vínculo

animal que sabe sem ter aprendido.

Queria conhecer o mistério do circulo
vegetal tão fiel que nada o subverte.
Queria conhecer da alma do espírito

o mistério como funciona.
Queria conhecer do tempo o veredicto
futuro do hoje à tona.
Queria conhecer porque é o bicho

sempre uma personagem maior
que sua aparente figura.
E porquê o homem de razão e cochicho

fácil gravita sempre ao redor
duma personagem sacana:
ora acima de sí, ora sem estatura,
ora fora da sua real moldura humana.

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quinta-feira, janeiro 06, 2011

LIVROS PRENDAS DE NATAL 2010

EDUARDA CHIOTE
Da vizinha de Lisboa que se tornou conhecida, depois amiga e grande amiga, depois familiar de portas abertas e chaves trocadas, poetiza celebrada e antologiada, recebi de mão própria, as duas antologias de capa abaixo referênciadas, as quais integram trabalhos seus.

Em República das Mulheres, conta como quando esteve aqui em casa e foi comigo visitar o António "Limpinho" e este lhe dissera: - interessam-me os objectos doentes para cuidar deles, sou um ajuntador de objectos-. EC serve-se dessa alegoria gorjonense para dizer: - também sou uma ajuntadora, uma ajuntadora de palavras, as palavras doentes: rejeição, dor, desamor, sofrimento, ódio, desespero - .




JOÃO BRITO SOUSA
Conterrâneo e amigo desde tempos de juventude, recebi deste poeta e escritor recém-impresso e editado, tão preocupado com a ética da honestidade e dignidade, que se interroga fortemente sobre o estado mau do mundo e como devia ser para ser melhor.
São nesse sentido as palavras ditas neste livro: - a literatura não é História, por isso algumas passagens do romance estão escritos como eu gostaria que fosse - .

FAMILIARES
Outras ofertas várias de familiares próximos.
O prazer da leitura, O cavalo a tinta da china, Entre cães e gatos, Um livro-caderno de notas, e uma agenda de secretária da Efacec. (Empresa onde trabalhei dez anos).






DE MIM PARA MIM
Neste Natal ofereci a mim mesmo, tal como faço ao longo dos meses do ano, os dois livros cujas capas reproduzo abaixo. O primeiro por indicações escritas várias de gente dos livros e conhecedora, o segundo por o encontrar ao acaso e ser de um autor citado, como se fôra um deus, por um blogger revolucionário ideológicamente género Pol Pot. Foi a curiosidade de descobrir, por leitura directa, se Badiou propõe mesmo algo de caracter sociológico tão desumanamente extremista como o polpotismo.


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segunda-feira, janeiro 03, 2011

A "VERDADE" TAPA BURACOS


O senhor Presidente Cavaco diz que "não quer faltar à verdade" e que a "verdade, a pura verdade" está plantada no seu site presidencial, é só lá ir buscá-la.
O senhor Miguel Macedo diz que o Presidente apelou à "verdade" para se resolverem os problemas do país.
O senhor Miguel Sengo da Costa diz que "se o ano de 2011 fôr o ano da verdade" sem subterfúgios o ano estará salvo.
O senhor Bispo do Algarve, que deu a missa de hoje, domingo, aqui na capela de Santa Catarina dos Gorjões, também falou de que é preciso falar "verdade, explicar a verdade" abertamente afim de mobilizar os portugueses para resolver a crise.

Ocuparia linhas e linhas sem conta com opiniões de pessoas ilustres com profundos conhecimentos e elevada inteligência que, por quase tudo e nada, invocam e acenam com a "verdade" como se fôra um poder mágico. Tal como o senhor Bispo, parece que de repente todos são sacerdotes de uma verdade revelada.

Essa "verdade" que têm sempre pronta a usar, basta sacá-la da boca ou pena e, como pozinho perlim pim pim, todo problema em questão fica resolvido. É o outro lado da maior invenção portuguesa neste tempo proclamada, que diz: "é preciso aumentar a produtividade, a competetividade, os bens transaccionáveis", só que ninguém explica como fazer isso. E no como fazer é que a porca torce o rabo.
Ou então dizem, virando de novo a face da mesma retórica: "com a verdade, falando verdade", e disto não saem. Quando para resolver uma situação crítica há, tão somente, um buraco vazio de ideias na inteligência, disfarça-se o buraco com uma tampa e um lustre de "verdade" por cima.

E a cada um a sua "verdade" do momento, conforme a hora, o local e o lado oculto do interesse próprio. Acabei de ouvir no telejornal o ex-estadista e pequeno grande autarca de Gaia, Marco António, outro adepto fanático da "verdade", dizer acerca do novo carro-taxi eléctrico e respectivo posto de abastecimento na sua paróquia e 1º do país, que "é um passo de gigante naquilo que é de modernidade e vanguarda", enquanto se deslocava babado de moderno entusiasmo no dito taxi camarário.

Ainda recentemente, quando o PM Sócrates, fez essa mesma inauguração ou se deslocou à cimeira Nato num carro semelhante, ou ainda antes, quando colocou a 1ª pedra da fábrica de baterias para carros elécticos, tais factos foram analizados, comentados, tomados e criticados como puros actos de propaganda por todos os adeptos da "verdade" de algibeira.
Está na cara que, logo que mude o governo, tudo o que antes fôra propaganda passa automaticamente a modernidade e vanguarda. Mais que mudança de governo vai haver mudança de "verdade".

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sábado, janeiro 01, 2011

ANO NOVO 2011


Outro Ano Novo; 2011. Uns, os pessimistas, dizem que vai ser um ano muito mau, pior que todos anteriores. Outros, os optimistas, dizem que pode ser um ano de rever e corrigir males anteriores, aproveitar novas oportunidades e com trabalho e talento dar a volta à situação. Como é sabido, Aristóteles, analizando a história e filosofia do mundo grego, chegara à concluão que o meio termo era o local de residência da virtude. Em Portugal hoje, o problema maior é que os pessimistas não só são pessimistas por medo de perderem o feliz presente e voltarem à incerteza do futuro, como desejam que o péssimo aconteça para terem razão e exigirem de imediato o regresso à certeza do seu usofruto habitual de bem-estar à custa de exigente trabalho alheio. Os optimistas são-no não por que esperem que o melhor possa nascer do que está e vai mal no mundo e especialmente no país. Sentem, contudo, que tal como para Protágoras, o Homem é a medida de todas as coisas e não as coisas que medem o Homem, tal como burlesca e inviamente, acontece no mundo actual dada a sua ainda malsã organização social. O optimista acredita nas possibilidades humanas para vencer sempre e evoluir favoravelmente no sentido do progresso social. O pessimista, e o revolucionário igual, só acreditam na aplicação dura e pura de suas medidas drásticas sobre os outros, e sob sua custódia. O optimista, tem normalmente pouco a perder, logo está mais predisposto a passar maus tempos para melhorar o fututo, o pessimista, normalmente bem instalado nos bens terrenos, é medroso e quer de urgência endireitar o mundo à sua medida.
Um Ano Novo continua o mundo amanhã. É só uma nova data, mais nada, que o mundo de amanhã será precisamente a continuação do mundo de hoje, sem desvio abrupto ou muito menos qualquer interrupção ou descontinuidade. O mundo de amanhã será à semelhança do que fôr o Homem de amanhã porque, realmente, este é a medida de tudo. E como na existênvia humana não pode haver uma descontinuidade física, igualmente na sociedade humana é o primado da continuidade que prevalece.

Nem o tempo que se considera ilimitado teria existência ou medida se não existisse o Homem para considerá-lo e medi-lo. É a existência e natureza humana que dá dimensão ao tempo e à sociedade. O Ano Novo de 2001, tal como um rio, seguirá o seu curso caudaloso e perigoso, mas estará sempre na mão do Homen actuar quer sobre o curso quer sobre o caudal para minorar a sua perigosidade. Afinal, ao longo da longa história da humanidade, o Homem pensador e inteligente, sempre soube tirar proveito para sí próprio, toda vez que se debruça, matuta e sonha como dominar os males que o inquietam.
A salvação e melhoria do mundo está no sábio saber viver e necessidades do conjunto humano e não nos "salvadores". E hoje, início de 2011, como sempre, assim será.

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