sábado, abril 25, 2009

Saturday, April 25, 2009

TEMPO ABRIL II


CANTO SEGUNDO
Cheios alma e coração escorriam 1º Maio
pelos olhos, já das bocas saía o 1º ensaio
para amanhãs felizes do povo moleque
conforme Outubro e linha dura do Prec,
cânones vanguarda para educar ignota
massa a levantar-se e mudar de rota
rumo à felicidade certificada na escritura
científica assegurada pela dita ditadura
proletária. Juntos humilhado, camaleão,
mfa, quase tiveram o pássaro na mão
apanhado e só não o meteram na gaiola
prisioneiro dado outro povo outra escola
outro MFA bater-se sem vergar pela via
fiel, limpa germinal liberta de ortodoxia,
sem amplas nem restritas leis de funil,
pela Liberdade pelo Povo e para Abril.
Intentonas a Novembro Março e meses
seguidos nos ideológicos bastidores, teses
democráticas revolucionárias golpistas
contavam espingardas faziam listas
teciam manobras ocultas e multidões
exigiam na rua e gritavam por eleições
livres secretas, e por temor de fracasso
outros lutavam por eleições de braço
ao alto. Na disputa civil já feita profundo
ódio entre golpes e golpes com requintes
taco a taco, venceram os pró-constituintes
a luta inscrita na epopeia: Canto Segundo

sexta-feira, abril 24, 2009

FRASES PULHÍTICAS I

Imitando o estilo da voz do dono, Luis Afonso empregado do "público", no Bartoon de hoje com muito mau gosto sobre o Ensino e sobretudo com os Desempregados:

"O governo aprovou o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos. Acho que é muito curto, devia ser alargada para 40 anos. 40 anos? Repare na vantagem: seríamos todos considerados estudantes, não haveria desemprego a estragar as estatísticas"

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quarta-feira, abril 22, 2009

GORJÕES, 2009 - LUGAR DO ALTO

Nos documentos dos Anais de Loulé, consta um mapa de 1479 referino cinco agregados familiares contribuintes locais, com 70 reais, com o apelido Gorjão e mais um tal Álvaro Eanes Gorjão como sacador das contribuições para o empréstimo concedido ao monarca. Daqui o historiador põe como boa hipótese que o nome Gorjões deriva desse apelido Gorjão que tinham essas famílias de posses. Contudo, dando-se o caso que em 1480 também são referidas várias famílias com o apelido Nexe, neste caso o historidor não conclui do mesmo modo, no que diz respeito a Santa Bárbara de Nexe.
Ao contrário, penso eu que, quer o nome Gorjões quer o nome Nexe, são muito muito anteriores a essas datas referidas, porventura serão designações atribuidas por povoadores primitivos, dum tempo arcaico. E que foram os proprietários de mais posses e influentes que tomaram o nome prestigiante antigo do Lugar como reforço do seu próprio prestígio e estatuto patriarcal local, arremedando a fidalguia rural da época.
O Lugar do Alto é uma centralidade recente do Sítio dos Gorjões. Com o traçado da nova estrada S. Brás - Faro, nasceu aqui um cruzamento de caminhos propício ao desenvolvimento e instalação de mais casais no local, tanto mais que os poços de água ficavam próximos e directos. Aos dois ou três casais existentes vieram aqui construir as suas casas, familiares e ex-combatentes da 1ª Grande Guerra que foram aceites emigrantes em França após o armistício. Depois aqui se implantaram os negócios das "vendas" e "ofícios", de seguida os locais sociais de "bailaricos", e mais tarde a fundação da Sociedade Recreativa Gorjonense em 1943. Os "Mestres" de ofícios e estradas fundadores, adquiriram uma "galena", depois uma "telefonia" e assinavam o jornal "O Século" para se manterem actualizados com as notícias da Guerra. Um grupo restrito, pela noite, ia ouvir a "Rádio Moscovo" para escutar pela calada a outra verdade das notícias.

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segunda-feira, abril 20, 2009

TOCHAS FLORIDAS II

AINDA A FESTA DAS TOCHAS FLORIDAS EM S. BRÁS DE ALPORTEL NO DIA DE PÁSCOA 2009 NUM RESUMO CURTO COM MELHOR DEFINIÇÃO.

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domingo, abril 19, 2009

FESTA DAS TOCHAS FLORIDAS

ESTA FESTA QUE SE REALIZA EM S. BRÁS DE ALPORTEL ANUALMENTE NO DIA DE PÁSCOA, EMBORA INTEGRADA E ENROUPADA NO CIVILIZADO CERIMONIAL CRISTÃO, PELO CONTEÚDO É ALGO QUE LEMBRA DE SOBREMANEIRA UMA VERDADEIRA CELEBRAÇÃO PAGÃ AOS DEUSES DA FERTILIDADE DA TERRA E DAS COLHEITAS.
A FESTA DAS TOCHAS FLORIDAS FEITAS DE FLORES SILVESTRE, EVIDENCIA UMA PROCISSÃO DE HOMENS EMPUNHANDO AS TOCHAS E CANTANDO O MAIS ALTO POSSÍVEL "RESSUSCITOU COMO DISSE" POR UM COMEÇADOR E DEPOIS CANTANDO EM CORO "ALELUIA, ALELUIA, ALELUIA", E ASSIM REPETIDAMENTE AO LONGO DE TODO O PERCURSO. OS HOMENS ESCONDEM NOS BOLSOS DO CASACO O FRASCO DE AGUARDENTE COM QUE VÃO AFINANDO GARGANTAS E AQUECENDO A ALMA.
ESTA MISTURA DE AGUARDENTE (VINHO), DE TOCHAS FLORIDAS (TIRSO E HERA) E DE CANTE AO ESTILO DE DITIRAMBO (SÁTIRO) É UMA BELA IMITAÇÃO E SIMBOLIZA COM MUITO REALISMO APARENTE UMA VELADA CELEBRAÇÃO DIONISÍACA.

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sexta-feira, abril 17, 2009

TRADIÇÕES GORJONENSES - RIFA II

O "CODILHO" É UM JOGO ASSIMILADO DA "LERPA" COM REGRAS PRÓPRIAS, SEGUNDO OS MAIS VELHOS, TRAZIDAS PELOS EMIGRANTES DA ARGENTINA E QUE AQUI É MUITO USADO NA RIFA A REBUÇADOS.
NOS ANOS 40 AS MESAS DE JOGO ENCHIAM UM GRANDE SALÃO ONDE MOÇOS MOÇAS HOMENS E MULHERES JOGAVAM AO "CODILHO", "MONTINHO", "SETE E MEIO" E AO "QUINA". ESTE JOGO HOJE DITO "LOTO" ERA O MAIS CONCORRIDO. NO QUINA TODOS OS NÚMEROS TINHAM UMA ALCUNHA QUE O "CANTADOR" ANUNCIAVA EM JEITO DE CANTE, DAÍ A SUA DESIGNAÇÃO DE CANTADOR. O CANTADOR RODAVA EM CADA JOGADA TAL QUAL COMO NOS OUTROS JOGOS RODA O BARALHO DE CARTAS.
GRUPOS DE MOÇAS ASSOCIAVAM-SE E "TRAZIAM RIFA" NA CASA DE UMA DELAS. HAVIA RIFAS EM CASAS NOS CAMINHOS E LUGARES MAIS ESCONDIDOS QUE SÓ OS MOÇOS NAMORADEIROS E JÁ "ATRELADOS" CONHECIAM E IAM LÁ TER A PÉ COM AS BICICLETAS À MÃO. OS MOÇOS JOGAVAM À RIFA "À SOCIEDADE" COM AS MOÇAS PRETENDIDAS SENTADOS JUNTOS E POR BAIXO DA MESA O JOGO DE TOQUES E ENCOSTOS DE PERNAS ERAM COMPLETAS CARTAS ESCRITAS AO VIVO DE AMOR E PAIXÕES DECLARADAS.
NAQUELE TEMPO A RIFA TINHA UM PAPEL SOCIAL NECESSÁRIO PARA ROMPER O ISOLAMENTO DOS JOVENS DOS LUGARES POUCO ACESSÍVEIS, E TAL COMO OS BAILARICOS, PROMOVER A PROCURA DE PAR E ACASALAMENTO.
HOJE A RIFA É UMA IMITAÇÃO SUPERFICIAL, SEM CONTEUDO E OBJECTIVOS ORIGINAIS, MAS AINDA COM O SENTIDO SOCIAL DE CONTRIBUTO FINANCEIRO PARA O CLUBE RECREATIVO E CULTURAL GORJONENSE.


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quarta-feira, abril 15, 2009

TRADIÇÕES GORJONENSES - RIFA

JOGO DO "BLEFE" CORRUPTELA DA PALAVRA BLUFF USADA NO POKER JOGO DO QUAL ESTE JOGO DE RIFA A REBUÇADOS É UMA ASSIMILAÇÃO COM ALGUMAS REGRAS LOCAIS SIMPLIFICADAS.

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segunda-feira, abril 13, 2009

MARAFAÇÕES LXXV


MACARICES E OS LAZERES DE FERREIRA
Para além da nossa discórdia de fundo do caso em questão, quero assinalar que o senhor Ferreira, ao colar a discussão deste assunto, puramente da Cidade nos aspectos do património estético-técnico-social-histórico-cultural-urbanístico, a questões de pensares e camisolas de côres ideológicas, revela argumentação rasca e gosto para controvérsia de tosco senso comum. Do meu post só pode concluir que sou contra o Snr. Macário para presidende da edilidade farense, o resto é argumento de adivinhações tiradas de alguma astrologia que povoa a cabeça do Snr. Ferreira. Mas essa minha opinião já a tinha manifestado também no ADF quando o senhor 1º edil de Tavira teve a mesquinha idéia, altamente indiciadora de cidadão rasteiro com alma raquitica, de colocar a frota camarária numa correria em contínuo vai-vem para ir atestar a Ayamonte. Logo não é novidade a minha posição quanto a isso, e desta oposição apenas se deve concluir que não desejo tão fraca pessoa política à frente do meu município.
A mesma fraca pessoa política, agora pretendente à CMFaro, o que fia mais fino, sem travão na língua vir informar os farenses de que a linha e estação ferroviária devem ser retiradas do local de sempre com o argumento anedótico de que "já lá estão há mais de 100 anos", só vem comprovar a leveza do pensamento macarista. E, na mesma arrancada, o candidato tem outro profundo pensamento, pretenciosamente humorístico, ao apontar aos farenses que a estação rodoviária está sob um hotel "ao lado de um estendal de venda de roupa de grande qualidade e dignidade", ignorando que tal estendal de venda de roupa indigna, para o candidato, é provisória e ocupa o espaço indicado e, provavelmente reservado, para alargar ou implantar de raiz uma moderna e funcional estação rodoviária. Claro que tudo aquilo é uma coisa mal amanhada com muito desleixo à mistura e já devia ter levado uma volta do avesso.
E aqui chegados, com gosto e imaginação a Cidade estaria dotada, no seu interior central e sem apagar a sua história, uma verdadeira estação intermodal. Basta ver que as estações rodo e ferroviária ficariam contíguas, se é que já não o são actualmente. Porque, ao contrário do que diz Ferreira, a linha ferroviária não limita pessoas, muito menos congestiona transito (onde?) e ainda menos cria "dificuldades de lazer" que nem estou a ver o que isso seja, é. Quanto à estação rodoviária ela acarreta, como está, algum entrave ao transito, mas isso deve-se á entrada e saída de autocarros directamente para a Avenida o que é facilmente solucionável numa estação bem remodelada desenhada e integrada numa estação de conjunto único.
Onde já se perdeu imenso tempo e entretanto se criaram, provavelmente, entraves inultrapassáveis, foi na construção de um corredor largo e rápido até ao centro, precisamente junto à linha férrea no prosseguimento da avenida que vindo da Baixa como está, passaria junto à estação e continuaria junto à linha com saída para uma das rotundas da 125. Prevê o plano ribeirinho fazer esse acesso largo e rápido do lado da linha junto à Ria?
Quanto à ideia predominante de que a linha é um obstáculo intransponível e retira a vivência da Cidade com o seu elemento mais natural e algo precioso que é a Ria ou que a linha faz a Ria estar de costas para a Cidade ou que a linha impede qualquer plano arrojado de reestruturação da zona ribeirinha, parece-me mais uma falácia de ideia pré-concebida, de preconceito do portugalzinho embevecido pela pimbalhice das modernidades berrantes. É minha convicção até, que a linha tal como nasceu e está foi, precisamente, a grande salva-guarda, o amparo e anjo-da-guarda, da frente ribeirinha farense. Sem a sua presença inibidora seria impossível, aquele espaço privilegiado, resistir às várias vagas de ataques imobiliários incontroláveis, que houveram ao longo dos anos. Sem a sua presença indesejável e mal-querida à especulação desenfreada da pedreiragem construtora, a frente ribeirinha seria mais uma desgraçada imitação das frentes de Quarteira, Armação de Pera ou semelhantes, e então sim, hoje a Ria estaria totalmente de costa voltadas para a nossa Cidade.
E já agora, junto mais um argumento de autoridade: recentemente, àcerca da controvérsia lisboeta relativa ao facto de os contentores do Porto de Lisboa inibirem a ligação do cidadão com o Rio, perguntaram a opinião de Siza Vieira e ele respondeu, (não literalmente, cito de memória), "acho a actividade portuária um assunto muito interessante para a Cidade", e quanto às vistas tapadas e costas voltadas, disse, "numa Cidade há sempre umas construções que tapam outras, ruas que se seguem a outras, caso contrário não havia Cidade". Felizmente que em Faro houve e há a linha de caminho de ferro que não só não tapa nada como ainda alegra e é igualmente muito interessante para a vida de cidadãos e visitantes como para a presevação da identidade própria e História da Cidade.
E outra questão: porque raio de carga de água tudo que se diz que Faro precisa são espaços de lazer? A Cidade, a Ria, os campos anexos de belas hortas e fruti-horticultura, o Barrocal só existem para serem transformados em espaços de lazer? E um dia vende-se o lazer a quem? Também pensam na idéia de um crescimento infinito para o lazer tal como os donas brancas do mundo nos impingiram para o imobiliário e deu no que se vê e sente? É só uma pergunta em jeito de alerta.

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sexta-feira, abril 10, 2009

TEMPO ABRIL


CANTO UM
A guerra matava matava durava sem
saída e o povo roto metade refém
amordaçado à força e outra metade
fugindo em busca de pão e liberdade
disse basta e um dia madrugada cedo
perdeu o respeito despiu o medo
vestiu-se de Soldado e sem pavor
foi pedir contas ao mandante-mor
que fôra forte mas agora borrado
tremia fraco frente ao Soldado.
Estava lá vi o Carmo e Trindade
cair sob gritos e cânticos à liberdade
libertada enfim de grades chicotes
balas pides bufos judas iscariotes.
Caladas as sombras e vozes zum-zum
clarões de vivas e rubros archotes
floridos foram poetas e deram motes
líricos à epopeia: Liberdade, Canto Um.

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terça-feira, abril 07, 2009

MARAFAÇÕES LXXIV


MACARICES
Pior do que ser um inábil convencido fanfarrão por desconhecimento é a pessoa que, por atrevimento e falta de concorrente à altura, se alcandorou a lugar de poder e por tal se auto-convenceu de esperteza acima dos mortais. Duma superficialidade cultural magazinesca colada à pressão, são fáceis admiradores do novo-riquismo piroso ostentatório. E usando esse modelo de apresentar obra de "grandezas" aos vizinhos e amigos de igual gabarito e bom gosto, são tomados como exemplo de gente moderna o que na verdade não passa de gente modernaça.
Vem isto a propósito da nova proposta do candidato Macário, de acabar com a actual estação ferroviária "que está ali há mais de 100 anos", a troco de uma grande e vistosa estação "intermodal" fora da cidade. Quase de certeza está pensando na venda especulativa dos terrenos da velha estação para arranjar os meios finamceiros, e deste modo especar neles umas torres "arquitectónicas" de "multiplas funcionalidades" e muitas "formosidades" viradas para a plena fruição da Ria Formosa.
E porque não arrasar a muralha da Cidade Velha, essa velharia mourisca, que já lá está há mais de 1000 anos? E por que não todos os palácios, palacetes, igrejas e casas com mais de 100 anos? O próprio edifício sede municipal e substitui-lo por um "Siza Vieira" ou "Souto Moura" ou outro famoso, com placa à porta informando os vindouros: "mandado executar e inaugurado pelo insigne Predidente Macário Correia"? Porque não criar um terramoto artificial para arrasar a "cidade velharia com mais de 100 anos" e dela fazer surgir uma cidade grandiosa e moderna pelo engenho do novo Marquês?
O grande problema é que muitos farenses alinham neste modo de pensar e consequente modelo para a Cidade. Não lhes passa pela cabeça que a cidade deve crescer e alargar-se integrando todos os constitutivos elementos sedimentados ao longo de séculos os quais lhe dão a sua identidade própria. Que a Cidade deve crescer e progredir de tal forma que atravessá-la seja como quem lê a sua história desde a origem. Alguém viu Lisboa, Paris ou outra qualquer capital ou cidade com História destruir as suas velhas (e notabilizadas por isso mesmo) estações ferroviárias? Pelo contrário, embelezaram-nas enquadrando-as nas respectivas praças a condizer, e integraram-nas na rede de transportes urbanos interligada à rede nacional. Por que carga de água uma futura linha e estação intermodal fora da cidade (até quando?), não pode compatibizar-se com a linha ribeirinha citadina e turisticamente bela para turistas e cidadãos? Os meios técnicos hoje em dia à disposição das necessidades do desenvolvimento devem servir precisamente para que se possa preservar cultural e históricamente a Cidade como um museu vivo. Uma Cidade sem memória viva de sí própria é letra morta.
Andamos arqueológicamente à procura de restos de cidades desaparecidas e ao mesmo tempo fazemos desaparecer arqueológicamente as cidades que temos e onde vivemos. O Macário, depois da tirada ecológica do beijo ser como lamber o cinzeiro, depois da tirada de como 1ª edil responsável duma cidade, fazendo alarde de uma tão elevada cidadania e solidariedade, mandar a frota camarária atestar a Espanha para poupar uns trocos, vem com esta nova proposta de Presidente com "olhões" tapar os olhinhos dos farenses. Quem quizer que compre.

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segunda-feira, abril 06, 2009

DESMOTIVADOS E MOTIVADOS

A SOLUÇÃO
Abre-se uma tv qualquer, uma rádio qualquer, um jornal qualquer e ouve-se ou lê-se, invariavelmente, o chefe da corporação afirmar:

-Os Professores com mais carga horária de ensino e sem a carreira directa ao topo e ano zero, ensinam sem gosto e andam desmotivados.
-Os Guardas Republicanos perderam direito à saúde e medicamentos sem limite para os próprios e família, fazem greve de zelo e não passam multas, andam desmotivados.
-A polícia não recebe horas extra, paga as fardas e não tem meios, anda desmotivada.
- Os militares que se queixam de não respeitarem o estatuto militar dizem-se ultrapassados pelos juizes nas equiparações, andam desmotivados.
- Os juizes que se queixam de corte nas férias, de mais carga horária, do escrutínio pelos resultados, da perda de estatuto de intocáveis, andam desmotivados.
- Os magistrados a quem cortaram mordomias especiais, tais causas motiva-os a uma luta travada de forma subtil, tendente a reivindicar e repôr os seus poderes e direitos a estar desmotivados.
- Os funcionários públicos, com o maior aumento da década e emprego garantido em tempo de grave crise de falências e desemprego, também protestam e andam desmotivados.
- Os psicólogos, leitores e intérpretes de sinais dos cérebros de todas as pessoas e classes acima, face a tanta gente à beira de um ataque de desmotivação, sentem-se impotentes e reclamam um colega junto de cada desmotivado. Como não é possível ficam, também eles, desmotivados.

- Os políticos de poderes, que segundo o povo todo acima e o resto acha, só para lá vão para poderem "encher-se" bem e à grande à sua custa, andam numa correria sem parar ultra e extra-motivados.
- Os fora da lei, assaltantes de bombas e bancos, casas e caixas multibanco, carros e carrinhas de valores, esses andam e são violentamente obrigados a andarem altamente atentos e motivados, dada a especificidade do seu trabalho.

Uma vez que é este o pensamento e maneira de estar do povo arraia-miúda e também já do povo académico, resta cada um e todos alistarem-se num dos dois campos existentes de motivados. O país pensado e falado ficará sincronizado com o país real, uma perfeição mecânico-social. Então, na conversa à roda da mesa do café, toda a gente passa a estar de acordo e ter razão. Àcerca dos outros, claro.

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sábado, abril 04, 2009

NOTÍCIAS DO QUINTAL

FAVAS


AMEIXAS

MEDRONHOS

FIGOS


AMÊNDOAS



AS FLORES PROMESSA DE FRUTOS JÁ SÃO FRUTO VERDE PROMESSA DE FRUTO MADURO PROMESSA DE DOCE E SABORES INIGUALÁVEIS. AS FAVAS, AS MÃOS DE MULHER QUE AS PLANTARAM, REGARAM, PROTEGERAM DO MAU TEMPO E DOS PÁSSAROS, TAMBÉM JÁ AS COZINHAM DELICIOSA E GOSTOSAMENTE DE TAL MODO QUE PITÁGORAS, QUE VIVEU TODA A VIDA CONTRA AS FAVAS, HOJE MORRERIA DE INVEJA POR ELAS.

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quarta-feira, abril 01, 2009

O POSTE

TRÁGICO-CÓMICO-REVOLUCIONÁRIO
Teatro. O julgamento do poste. Personagens:

Poste Iluminação (PI)
Poste da Morte (PM)
Poste da Ira Revolucionária (PIR)
Morador (M)

PI - Sou um poste de iluminação que aqui puseram, sem a minha opinião conhecimento ou consentimento. A minha missão é permanecer aqui, dar luz e iluminar a estrada a todos que passam sem olhar a quem.

PM - És o poste da morte. Aqui fica dito para memória futura que és o poste que pode matar e, como tal, desde já és culpado e réu sem desculpa. Se alguém em ti vier bater, morrer ou ficar ferido, serás o responsável e quem aqui te implantou condenado sem defesa.

PIR - O implantador culpado e condenado será enforcado pendurado, revolucionáriamente, no dito poste e este será retirado, exilado e desterrado sem piedade.

PI - Sou apenas um poste de iluminação sem alma, sem más intenções, irracional. Estou aqui simplesmente, sem ofender ninguém, antes pelo contrário, ilumino o caminho aos transeuntes e isso é um bem, porque me hão-de querer mal?

PIR - Representas um acto repulsivo, um perigo incrível e inimaginável que desencadeia iras e raivas revolucionárias de correr com essa gente miserável que te manobra e manipula só para fazer mal à humanidade.

PM - Já disse, vai causar mortes. Deve ser removido, preso e condenado a apodrecer num deserto ou estaleiro abandonado, assim tal como os autores de tal atentado.

PIR - Corridos para o exílio ou levados a julgamento revolucionário, tal como os seus mentores.

PI - Sou apenas um poste de iluminação. Não fui ouvido nem achado mas quando aqui me puseram pensei que ia fazer o bem iluminando quem passa, evitando medo da escuridão, tornando mais visíveis as faixas de rodagem e deste modo evitar acidentes. E vós dizeis que sou promotor de acidentes?

PM - De acidentes mortais, estúpido. Estás em cima da estrada, se de repente alguém de carro precisar desviar-se para a berma enfia-se em ti e provocas-lhe a morte, meu camelo, ou tu não vês isso?

PI - Sou apenas um poste de iluminação. Não falo, não conto, não questiono. Não estou atravessado na estrada como as lombas de betão que aqui fazem, propositadamente, para evitar acidentes. Se não me fizerem mal eu também não faço mal a ninguém.

PIR - Meu fascista, não vês que podes interromper a carreira de um génio dedicado a implantar revolucionária e exemplarmente postes de iluminação? Que, embora sendo a velocidade permitida de 50 Km/h, alguem vindo de uma noitada bem passada pode vir acelerado, ver-te mal apesar da tua luz, ou simplesmente confundir-te com uma gaja e zás. E deste modo pode perder-se um futuro implantador genial de postes de iluminação como deve ser.

PI - Sou apenas um poste de iluminação. Estou aqui, talvez, porque alguém indicado pensou que, entre males e bens, este era o melhor local. Afinal como eu, rente à faixa de rodagem, existem valados, muros, paredes, casas, árvores, carros estacionados, ribanceiras íngremes, separadores de betão, bandas metálicas laterais, bandas sonoras, etc., e até a alguns vós exigis que existam e chamais de "protecção". Porquê tanta inimizade e sanha contra mim? Só eu é que faço mal?.

PM - Que dizes, meu malvado, estás a desculpar-te com terceiros? Não é para aqui chamado quem não está metido no caso, esses não estão às portas da cidade nem à mão do olho das máquinas fotográficas, nem à mão da necessidade de informar e divulgar tamanha ameaça de morte.

PIR - Tamanha falta de educação pró-vida tu tens, meu poste idiota, és um estorvo à vista do bom cidadão cumpridor exemplar e uma grave ameaça à condução "agressiva" (no bom sentido como no futebol, claro) dos que andam a trabalhar ( no bom sentido como o dizem os taxistas, claro). O povo irado não contem a raiva e é capaz de actos inimagináveis contra ti. Pôe-te a pau.

PI - Por favor, sou apenas um poste de iluminação. Matem os culpados, tirem-me daqui, não posso mais.

M - Escutai, ouvi um estrondo enorme!

PM - Pronto foi um acidente. O poste da morte entrou em acção.

PIR - Não, é a revolução, é a revolução, a revolução começou, viva a revolução.

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