sexta-feira, agosto 26, 2011

QUARTEIRA, FELIZ E AMANTE

QUARTEIRA

Cá estou de novo, e vejo e ouço
à volta, na rua esplanada areal
gente ruidosa feliz, um maralhal
de sotaques quase um esboço
dum mundo babel de Portugal
que do nada, como cão e osso,
faz brotar sã alegria em alvoroço.

Tuas casas torres e arquitectura
mal amadas sem medida precisa
do académico, do soto ou do siza,
são obra menor de mão obscura
titulam os guardiãos da balisa
do bom-gosto, os sem-mistura
contigo que és do povo moldura.

Pode sábio e povo ser ignorante?
Não são ambos da mesma massa?
Porquê, então, a mui snob trapaça
criada pela cultura dominante
que te ostracizou como ameaça
cultural? E disse o povo ao pedante:
vai-te, fá-la-ei feliz e minha amante.

Dito e feito. E assim foi e é
nesta vila mal-amada
entre quintas ricas plantada
do mesmo concelho de Loulé.
E o sonho de praia privada,
herança do velho louletano,
foi no progresso pelo cano,
já não há mais esplanada
nem calcinha, o seu café,
nem lota e barcos na praia
ou "brenhos" em lencóis,
que foram a antiga arraia
miúda eleitos heróis
da chacota de doutores
da mula ruça, os pedantes
iguais de hoje já foram antes
os teus donos e senhores,
o mesmo prato,
de que o Aleixo fez o retrato
intocável. E agora, de cachola
e cabeça em baixo dão à sola
para quintas de luxo ao lado,
só porque ter lá casa consola
os e dá-lhes o estatuto amado
d'outrora pensam: mui balofo
pensar do sem raiz sem estofo
de riqueza para par do vizinho
estrangeiro, que pote de notas,
vê o triste e o trata igualzinho
como a um pobre borra-botas.
E penso eu: o seu desempenho
e figura, junto do luxo refinado,
tem o mesmo justo significado
que aqui outrora teve, o "brenho".


Solto, às voltas de sua natureza eterna
como a Terra em volta do Sol
gira o Homem sem parar, vai no rol
do ser e estar, o que muda é a caverna.

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quarta-feira, agosto 24, 2011

E AGORA FELGUEIRINHA?

ADÃO CONTREIRAS, CABEÇA DE CÃO
Face à determinação, depois de investigada, analisada e pensada pelo tribunal de NY, em ilibar DSK de toda acusação e considerá-lo inocente de qualquer culpa e crime, o que terá a RTP e a sua dilecta felgueirinha, filha de felgueirona, a dizer sobre as suas reportagens em directo de NY e sobretudo do seu documentário acusatório, passado com estardalhaço publicitário, ao melhor do indecoroso estilo mmg?
A menina da RTP, como boa aluna da brejeirice tablóide, logo tomou a sua visão-pensamento-ideia preconceituosa como realidade quando ainda só estava vendo sombras. E vai daí faz uma montagem manipulada-manipuladora, quando não inventada-ficcionada, dos factos para passar a mensagem pré-concebida e pretendida de DSK como o terrorista violador de mulheres.
Claro, o facto de felgueirinha ser mulher não conta para se poder pensar que se tratou de uma posição sexista contra o homem-animal antropófago comedor de mulheres. Nada disso, a felgueirinha é muito independente e senhora do seu nariz, pensa pela sua cabecinha e, claro está, logo faz coincidir o seu pensamento com os seus actos e imagens. Pena é que, a reflexão exigida para que um pensamento-idéia possa ter maturação e consistência tenha sido atirada às malvas, mas pior é que uma jornalista armada de de um bestunto modernaço prá-frentex, tenha querido substituir-se, sob o efeito de idéia-feita-verdade-de rajada, ao tribunal competente para julgar na mais medíocre praça pública que é a televisão.
Então a televisão feita por gente como a felgueirinha, e é quase uma generalidade actual, é ao contrário do que devia ser o seu fundamento, uma desinformação criteriosamente manipulada: uma nojice de informação para o nojo de quem a vê com olhar de ver.

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terça-feira, agosto 23, 2011

O PÍFIO ARGUMENTO DO BANHAS AMORIM

O Amorim, monte de banha em transbordo pela cabeçorra, insurgiu-se contra o possível não "rasgar", "apagar", "riscar" do mapa o TGV, o maldito invento do Sócrates.
O seu argumento é que "o psd e o cds garantiram que se tratava de um investimento ruinoso, agora não podem mudar de opinião, de modo mal camuflado".
Atentem bem na motivação que leva o banhas Amorim a estar contra o seu ministro e governo: disseram que era mau, logo agora não pode ser bom. Há neste argumento algum pressuposto acerca do interesse do país? Alguma interrogação acerca dos compromissos, respeitabilidade e necessidades do país? Nada, tão só a continuação da politiquice sem escrúpulos da gente do actual governo. A sua preocupação é terem dito que era mau, logo é para ser mau ontem, hoje e sempre sem objecções.
Tinham estudado tudo tão sabiamente e agora só têm para argumentar dizendo que não se podem contradizer?
O interesse do país está para o Amorim como a sola dos sapatos: pisa-o do mesmo modo que pisa as beatas, escarros e cocó de cão com o peso-pesado do seu corpanzil de banha de cobra.

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quarta-feira, agosto 10, 2011

MEMÓRIA DE 10 DE AGOSTO DE 1961(*)


NAMBUANGONGO

Percorreram-se, desde Zala a Nambuangongo, 44 quilómetros de marcha contínua, realizando-se a progressão em lances alternados, com o apoio do pelotaão de artilharia que progrediu por escalões. Atingiu-se Nambuangongo às 9 horas de 10 de Agosto de 1961. Durante o percurso levantaram-se imensos "abatizes", destruiram-se instalações inimigas e beneficiou-se uma antiga passagem a vau no Rio Uembia, a 6 quilómetros do objectivo final, por a ponte existente se encontrar danificada, não permitindo o trânsito das viaturas.

Na povoação de Nambuangongo fez-se a ligação com o Batalhão de Caçadores nº96, que alí se encontrava desde as 17 horas do dia 9 de Agosto de 1961, procedeu-se à instalação do pessoal do E. Cav. 149 e deu-se-lhe merecido descanso.

Eram percorridos 180 quilómetros desde Ambriz, numa estrada eriçada de dificuldades, onde campeavam "abatizes" e valas que foi preciso remover e tapar; beneficiaram-se e construiram-se vários pontões; e transitamos por uma zona de população indígena sublevada e activa, como verificamos pelo número de acções realizadas. Mas, com uma vontade férrea, feita à custa de sacrifícios, de auto-domínio e da orientação imprimida pelo comandante da coluna, atingimos, em 16 dias, a que outora fora a povoação de Nambuangongo, transformada em escombros pela fúria destruidora do inimigo.

Sentiamo-nos cansados, mas felizes e cada um de nós fervilhava de orgulho por ter sabido cumprir a honrosa missão para que fora chamado.

Ao contrário do que aconteceu com as outras unidades que progrediram em direcção a Nambuangongo (Bat.96 e Bat.114), que sofreram ataques em massa, o Esq. Cav. 149 não permitiu esses encontros. Foi das três, a unidade mais rápida a progredir e, além disso, actuou no sistema de não criar hábitos que pudessem servir de referência ao inimigo. Nunca estacionou mais de três dias na mesma posição e iniciou a técnica da progressão nocturna.
Estes aspectos, aliados ao tiro de reconhecimento e ao tiro de apoio realizado pelo Pelotão de Artilharia 8,8, durante a progressão, o efeito de surpresa alcançado pelas acções realizadas contra o quartel da Cavunga, devem ter provocado ao inimigo não só desmoralização, como não permitiram a sua organização eficaz, pelo que este passou a actuar no sistema único de emboscadas, servindo-se de abrigos, ou beneficiando das condições do terreno, furtando-se a todo o contacto.

(*) - Do livro "História do Esq. Cav. 149" do Ten. Mil. Médico, Dr. João Alves Pimenta.
Editado em Luanda, 1963.

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