quarta-feira, dezembro 31, 2008

2009

Quado tinha dez doze anos, a propaganda salazarista dizia em cartazes enormes que, " Um dia sem vinho é como um dia sem Sol". Pressupunha que o vinho possuía a faculdade de dar a cada bacante a sua luminosidade própria e respectiva alegria.
Hoje foi um dia totalmente sem Sol e foi o úlimo dia do ano 2008. Já não predomina o salazarismo para bem, à sua maneira, interpretar este presságio de um dia de fim de ano sem Sol. Evidente é que, um dia sem Sol não é a noite nem a noite é um dia sem Sol. Entre o Sol e a noite existem as sombras, de tons mais ou menos carregados.
Com um dia destes os augúres pessimistas previrão um ano de sombras escuras onde predominam funestas desgraças. Os optimistas previrão que todas as sombras se esgotaram neste dia e que um ano com boa luminosidade e bonanças se aproxima. E eu penso: como podem os pessimistas ver ou descortinar algo por entre sombras negras?, e como têm os optimistas conhecimento do tamanho do cabaz de sombras para afirmarem que se esgotaram?.
Sugiro que o melhor é cada um pensar pela sua cabeça, deitar contas à vida e actuar conformemente sem predestinações. E brindar com um bom copo à alegria de Baco.

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terça-feira, dezembro 30, 2008

CAVAQUISMO AO SEU ESTILO

No actual contencioso entre Presidente e Governo o que sobressai politicamente à vista não é o facto de o PM ou a Assembleia serem "forças de bloqueio" do Presidente mas, sobretudo, o recusarem-se ser seus "ajudantes".

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quarta-feira, dezembro 24, 2008

UMA HISTÓRIA GORJONENSE II




A DIGNIDADE*

Naquele tempo a jovem tipo vespa obreira era o exemplo de beleza; duas partes carnudas roliças e uma cintura de guita, ao alto uma cara rosada bonita plantada de olhos grados luzentes e pestanudos, uma farta cabeleira preta brilhante, umas pernas gordinhas peludas, dois braços
fortes na courela, na cozinha, no poço e mãos habilidosas para as artes domésticas.

Ela era a exaltação da beleza daquele tempo em carne e osso, disputada por moços pobres, ricos e remediados de olhos em seta. Seus olhos tinham luz própria como carvões em brasa iluminando um sorriso de sonhos felizes. Sua juventude resplandecia atraente merecedora de futuros radiosos, que do pouco passado vivido ela já tinha provado o gosto amargo inscrito no precoce rosto envelhecido de sua mãe, outrora também bela. Era bela e furtiva, pois sentia-se cobiçada pelo corpo e menosprezada pelos parcos teres familiares, eternos valores dominantes da necessidade quotidiana, mas acreditava no amor.


Atingida por Cupido, de alma lavada e pura acreditou encantada nas palavras melosas de um vizinho e levada pelo coração abriu confiante, as preciosas intimidades, condigna e conformemente à primeira doce inclinação do coração. Enganada, disse o povo quando o amor a traiu. Desonrada, pensaram todos que tinham sonhado e sido preteridos e, imaginando facilidades, rondaram a porta e caminhos, na ganância machista de serem segundos, terceiros, quartos, ou apanhar lugar na fila de espera de pretendentes a mais uma punhalada no preciso lugar do amor que já derramara o sangue e o semen sem frutificar.
Abandonada, enganada e desonrada pelo amor gritou ela intimamente ao coração, enquanto a alma lhe amparava a dignidade.

Hoje soube da sua morte súbita, reclinada no seu leito, após a ceia de Natal e uma vida inteira de luta pela sobrevivência própria e dos seus, sempre ignorada pelo amor e esquecida por Deus. Desprezada pelo amor dos outros, ganhou um dorido mas enaltecido amor próprio para suportar estóica e docemente, com ínclita dignidade, a catástrofe de sofrimentos que a vida madrasta e má sorte lhe destinara injustamente.


O amor enganou-a e desonrou-a, cobrindo-a de uma maldição indespegável da sua sina apesar do nobre combate que travou. Sózinha emigrou para França para servir as madames, e serviu sem queixumes durante anos. Voltou trazendo consigo um português bêbado abandonado que teve de alimentar, vestir e sobretudo dar de beber, servindo nas “villas”, “maisons” e “homes” dos estrangeiros na sua terra, sem lamentações nem queixinhas. Tratou humana e abnegada e exemplarmente do homem alcoolizado e do filho toxico-dependente comprando, ela própria, o alcool e a droga de que os seus corpos arruinados necessitavam para sobreviver, sob ameaças de morte e pancada de cão, sem lamúrias, azias de coração ou imprecações.

Apesar de tanta resignação sem revolta, de tanto sofrimento sem consolo, de tanto amor dado sem troco, duns olhos gastos de tanto chorar, dum rosto coberto de rugas fundas esculpidas por lágrimas de chumbo, a maldição do primeiro amor perseguiu-a sempre. Nada nem ninguém lhe foi bom, nem o país pois era da pensão francesa que vivia, nem do Absolutamente Bondoso e Omnipotente pois quando descansava merecidamente dos duros e injustos tormentos passados, enviou-lhe a morte após a ceia de Natal.

"Coitada, teve sempre pouca sorte", diz o povo. Com pouca sorte ou maldição de amor, envergou o seu farrapo humano sempre limpo e asseado com ímpar dignidade e se é verdade que existe Deus no céu, só pode ser princesa no seu reino.


* Texto escrito faz dois anos pela morte da Freitas.

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terça-feira, dezembro 23, 2008

UMA HISTÓRIA GORJONENSE



CONTADA PELO TIO MANUEL DA CÂNDIDA

Um garoto que uma vez fugiu à escola no primeiro dia de aulas para casa dos avós para ajudar a tratar das terras e do gado, e porque lá era mais fávil matar a fome pois sempre havia na velha arca de castanho e à mão figo torrado para comer, nunca mais deixou o trabalho duro do campo, depois nas pedreiras, depois no transporte de pedra com carroças e depois com camião. Chegado aqui, já homem maduro, precisava tirar a carta de condução para poder guiar. O camião era guiado pelo irmão que fizera exames e tirara a carta na tropa, mas ele também queria ter a carta para manter a sua independência e guiar-se a sí próprio como gostara e sempre fizera com bons resultados.


Foi falar com a professora Otília da escola primária dos Gorjões que lhe propôs ensinar a 3ª classe, necessária para tirar a carta ambicionada. Quaze trinta anos de trabalhos árduos e luta dura na escola da vida pela subsistência do dia a dia, haviam-lhe calejado as mãos e aguçado as qualidades de uma inteligência viva inata, instruida e preparada na nobre rudeza das relações diárias com a natureza e os homens. Frequentada e feita a prova dos nove na escola da vida prática, não precisou mais que seis meses para estar pronto a enfrentar os professores examinadores das provas oficiais da 3ª classe.

Em Faro, posto frente a um júri de três professores examinadores, estava à vontade e confiante que iria responder com conhecimento às perguntas, tinha acumulado saber de duas escolas e com um ou com outro responderia, nenhuma pergunta ficaria sem resposta. Mandaram-lhe fazer contas de somar, subtrair, multiplicar, dividir e até um pequeno problema de tirar, pôr e quanto resta que lhe foi fácil pois já fazia tais contas e problemas "de cabeça" no seu comércio do dia a dia.
Tudo corria bem quando foi colocado perante um gigantesco mapa geográfico e apontando-lhe para uma linha azul que atravessava Portugal lhe perguntaram se sabia onde nascia aquele rio. Aí o nosso aluno puxou do seu conhecimento da escola da vida prática e muito sábiamente respondeu: " à minha porta corre um regato que apanha as águas do alto da Fonte da Murta, do Palmeiral, da Cerca do Lobo, das Raposeiras e da Palhagueira e eu não sei onde nasce o regato como é que posso saber onde nasce esse rio tão grande que vem de Espanha? Não, não sei responder a essa pergunta". Os professores estupefactos com tão natural resposta emudeceram e o aluno, que achava que respondera com total sinceridade e verdade, ficou receoso.

Caídos em sí racionalmente, os examinadores entenderam a viva e límpida lição, nascida da vida e não do caderno da escolástica, contida na resposta deram, logo ali, o exame por terminado. O aluno foi considerado apto com distinção.
A sua história de vida, já longa até hoje, prova quanto os professores tinham razão.



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domingo, dezembro 21, 2008

TRIBUNAL & POLÍTICA


ESTATUTOS & CAVAQUISTÃO
Não sou absolutamente nada dado a bruxedos, teorias de conspiração, acasos obscuros, esoterismos e mistérios, mas sim a explicações racionais para os acontecimentostodos. E sendo assim penso que há-de haver um encadeamento racional que explique o facto do PS não fazer a vontade ao Presidente na questão do Estatuto dos Açores.

No "Público" JMF para cacetar no governo cita a "autoridade" Norberto Bobbio para dizer que " a democracia, antes de ser o governo da maioria, é o sistema político onde existem regras sagradas(?) 'que estabelecem como chegar à decisão política e não o que decidir' ". No mesmo jornal VM diz que "... não é obrigatório suscitar a questão da constitucionalidade, se o Presidente entender que elas são antes de mais políticamente censuráveis, e quizer fazer questão disso".
Destas observações retira-se imediatamente a idéia de que não só houve uma regra, e nessa base um pensamento metodológico, para chegar à decisão política de não suscitar a questão da constitucionalidade e remeter a questão para a política pura, como ainda foi feita questão disso mesmo ao suscitar tão somente, ampliando-a, a vertente política. E a tónica de levar e acentuar o caso como questão puramente política, percebe-se desde logo quando outras questões são levadas ao Tribunal Constitucional, e ficarão resolvidas inevitavelmente, e esta é deixada de fora o que indicia um propósito de decisão política à priori. E novamente salientada ao cúmulo ao ser anunciada por meio de um comunicado inesperado que deixou o país suspenso.
Tendo o Presidente feito do caso uma questão puramente política isso permite ao PS alegar a sua legitimidade de assumir uma divergência política com o Presidente e, conjuntamente com a maioria, não aceitou o ponto de vista presidencial. Se como diz VM, foi um compromisso com César, tal como foi posta a questão, o PS pode dar-se ares de partido de palavra, mesmo sabendo que pode vir a ter problemas com a Presidência, e do despique parece obvio vir obter mais perdas que ganhos políticos. Então o que faz levar o PS a correr tal risco?
Deve haver algumas razões que se tornaram politicamente incorrectas e que por isso se tornaram indesvendáveis para já. Quais? 1) O Presidente, podendo ter resolvido a questão entre ambos, fez caixinha do assunto ao PM para, oportunamente, mostrar independência e poder face ao governo e, aproveitando a mesma cajadada, dar a mão ao seu eleitorado? 2) O Presidente teria solicitado resolução ou compreensão ao governo para assuntos que não viu satisfeitos e aproveitou o caso como demonstração de força? 3) Face a tal, ao PM ter-lhe-á parecido sem graça que o Presidente fizesse tão grande estardalhaço de firmeza de princípios sobre o Estatudo dos Açores e se encolha e nem abra bico face às barbaridades políticas que acontecem na Madeira?
E como o arranque e posterior desenvolvimento deste duelo de espadachim é paralelo com o malvado caso do banco dos cavaquistas, não haverá também neste mercado de espadas uma "manita invisível"? Não esqueçamos que se Cavaco foi a cara limpa, aqueles senhores todos, os que estiveram e os que estão, foram o corpo inteiro e visível que sujaram o cavaquismo. E se se tivesse resolvido o caso BPN por vias "normais e legais", sorrateiramente, o mundo cavaquistão continuava no céu.

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

MADOFF E DONAS BRANCAS


ANDAM POR AÍ, AFANOSAMENTE
Fora de casa por uns dias, li nos cabeçalhos dos jornais o novo caso Dona Branca em escala global. À nossa "dona" a inteligência caseira tratou o assunto com a habitual professoral e displicente sobranceria como tratando-se de um caso de xico-espertismo à portuguesa. O "Dona Madoff" que copiou e pôs em prática o mesmo "conto do vigário" para fazer ricos os remediados e multimilionários os já ricos, sem esforço e em prosperidade perpéctua, enganou uma elevada dose de "experts", banqueiros, economistas, reguladores, etc., das praças financeiras de todo o mundo e da nossa, inevitavelmente.

Da nossa inevitavelmente, dada a nossa natureza de embasbacamento face ao reputado "cientifismo" económico-financeiro, e outras artes, de personalidades altamente credênciadas e certificadas por sonantes universidades e altos cargos, não obstante terem passado, aqui em casa, pela experiência ao que leva não desconfiar da milagrosa fartura de multiplicação de património de bens, notas ou selos de per si, sem mais. Jamais algum estudioso caseiro poria em causa, ou alertaria para a impossibilidade de tais altos dividendos sem que houvesse fraude no sistema, que não fosse logo catalogado de provinciano, porque nunca ninguém deste cantinho de copistas, pôe a questão a si mesma de que a muita experiência, os muito e altos estudos, a elevada inteligência, a alta reputação das pessoas tanto podem estar ao serviço do bem como do mal, ao serviço do bem comum como do próprio ilicitamente. Os portugueses são dados a olhar a "representação" da figura e não a figura representada, a valorizar o símbolo e não o facto, a reverenciar a liturgia e não questionar o mistério.

Igualmente neste tempo de crise global, muitas espécies de madoffes e donas brancas andam por aí, afanosamente, propagandeando vários modelos e formas de "conto do vigário". São todos aqueles que propôem aos portugueses resolver a crise por simples passo de mágica de feiticeiro político, como assim: o Estado é que deve pagar a crise e não as pessoas. E muita gente aplaude tão desonesta proposição pela firmeza patética da eloquência sem se aperceber da vigarice política que subjaz em tal proposta. No caso de fraude estilo dona branca estão em jogo somente bens materiais, no caso de fraude com o Estado está em jogo bens materiais e imateriais como a liberdade de agir, pensar e sonhar sempre.

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quinta-feira, dezembro 11, 2008

APCGORJEIOS, II ANOS.

HÁ DOIS ANOS COMEÇOU ASSIM

HOJE ESTÁ ASSIM

UMA HISTÓRIA GORJONENSE
NO DIA DO 2º ANIVERSÁRIO DO APCGORJEIOS

Um gorjonense forte e respeitado, quando jovem foi bravo e limpo nas "abarcas" e "jogo do teso" e trabalhou duro sol a sol para comer o "pão que o diabo amassou". Quando velhote, a vida madrasta, ainda mais mal o tratou e obrigou-o a viver de esmolas periodicamente. Nem o trabalho duro de jovem e homem maduro nem a miséria de velhice vergaram a sua integridade de carácter e sentido humano de encarar a vida. Esse sentimento estóico de ver e aceitar a vida, adoptando-a e adaptando-se a ela, sendo e mantendo-se sempre verticalmente o mesmo, ficou assinalado em algumas quadras e versos que fazia, bem expresso nesta quadra que ainda hoje muita gente idosa repete:

Já fui o Manuel Andrade
Hoje o tio Andrade sou
Sou o mesmo é bem verdade
Só o tempo é que passou.



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quarta-feira, dezembro 10, 2008

MANOEL DE OLIVEIRA


EM 1963 ERA ASSIM




HOJE PASSADOS 45 ANOS AINDA É ASSIM E EM GRANDE


NO DIA DO 100º ANIVERSÁRIO DE MANOEL DE OLIVEIRA DEPOIS DO QUE JÁ FEZ PELO CINEMA DESEJAMOS-LHE MAIS ANOS E MUITOS FILMES.

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terça-feira, dezembro 09, 2008

PESSOAS CONCRETAS



ESCLARECIMENTO
Num post do seu blog sobre a lei e os professores, O Espírito das Leis, Francisco José Viegas descobriu a enormidade da existência de "pessoas concretas". Segundo FJV, as leis serão feitas por um punhado de "pessoas esclarecidas" que mandam cumpri-las sem mais, mas como os destinatários são pessoas concretas que não aceitam a lei, logo a lei não pode ser aplicada.
Assim, duma penada FJV dividiu os portugueses em "pessoas esclarecidas" e "pessoas concretas". As pessoas esclarecidas percebe-se quem sejam: certamente pessoas como FJV, poeta, escritor, comentador de livros, colaborador de editoras e televisão, enfim um intelectualmente entendido. E quem são as pessoas concretas? Pela análise de FJV as esclarecidas não são pessoas concretas e dado que os professores são concretas, logo não são esclarecidas.

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sábado, dezembro 06, 2008

O MEU LUGAR XXIV



SANTA CATARINA

No Estanco lugar de clima certo
para ficar, no caminho de mulas
carroças e cabras Loulé-S. Brás
onde fica o cruzamento ali perto
com outro caminho onde circulas
para Nexe, cruz e capela erigirás
ao céu de pedra cal e altar aberto
a Catarina e outras santas figuras
guardiães deste Lugar por detrás
de Nexe inspiradoras do concerto
gorjeal da passarada, criaturas
que deram nome que o povo traz.
Erguida no cruzamento deserto
capela a Catarina, feitas as juras
cristãs de fé à Santa, esta dá paz
segura ao Lugar santo e a coberto
desta santidade gentes futuras
plantam casas filhos netos, aliás
plantam Santa Catarina concreto
nome do Lugar. Santo pelas alturas
ilustre pelo valor que sob a terra jaz.

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quinta-feira, dezembro 04, 2008

SUSPENDER-PENSAR-PENSAR-SUSPENDER-PENSAR, ETC.

ATIRAR PEDRAS AO MAR
Estamos na época do parar para pensar, em consequência abriu a caça ao suspender: tudo que não tenha o acordo pessoal de um grupo de pessoas, este declara que o assunto deve ser suspenso para pensar. Agora é MST que quer a suspensão para pensar, no caso dos contentores em Lisboa. Também aqui nos Gorjões as redes de águas e saneamento, há dezenas de anos adiadas, foram novamente suspensas para repensar o financiamento que estava pensado.
Suspender parece uma fixação e um fim em si para nada fazer e alimentar muita conversa, escrita, mesa redonda, muita erudição paralizante, enfim, muito ser português de Portugal: se não é do conteúdo é da forma , se não é do cu é das calças.
Suspender para pensar e pensar para suspender em moto-contínuo é a tradução exacta do ditado popular: esperar pela última moda. É a actitude engenhosa e perfeita para inchar egos e nada edificar, nada inscrever, é como atirar pedras ao mar.
Finalmente ficamos a saber claramente a causa forte porque Portugal é um país sempre adiado e suspenso. Parafraseando outrém bem conhecida, e se se suspendesse semestralmente a suspensão?

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quarta-feira, dezembro 03, 2008

EQUADOR, FILME OU TELENOVELA?

"Importante é o que está atrás", respondia MST à reporter de imagem sobre o que pensava ele da sua participação no filme sobre o seu romance o Equador que a televisão está a produzir. Mirei o écran, para trás dele e de Moniz e não vi bicha, fila nem qualquer grupo de gente, máquinas, palcos, cenários, câmaras, luzes, ribalta, nada.
Então pensei que MST se referia ao que estava por detrás do filme: a máquina técnica de bastidores, actores, figurantes, técnicos, figurinos, electricistas, operadores de câmara, realizadores, enfim toda aquela lista de nomes que aparecem no fim e que nunca mais acaba mesmo a correr à cem metros. De repente corri a cortina da memória e pude topar que por detrás de tal filme estava a tvi, grande patrocinadora da operação filme Equador.
Moniz da tvi, aprendiz de Rangel, reis da introdução e promoção da pimbalhice mais rasca na tv a fazer filmes? Ou a fazer fitas? Ou a fazer telenovela? Ou a fazer um best-seller de xaropadas em episódios?

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terça-feira, dezembro 02, 2008

AS LIBERDADES DE ODETE


E OS SONHOS DOS SEUS NETINHOS
Ainda hoje, conforme a crença de cada um, se discute a ideia bíblica se "Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança" ou a ideia agnóstica de que "O Homem criou Deus à sua imagem e semelhança" e nenhuma prova existêncial ou trancendental concludente foi encontrada.
Do mesmo modo Odete Santos crê na verdade pintada num viaduto por jovens do seu partido que reclamam a sua vontade de "transformar o sonho em liberdade", e eu tendo a crer e pintar aqui que tal vontade significa reclamar, na prática, o inverso; "transformar a liberdade em sonho". Tenho sérias provas para duvidar da crença da Odete e seus netinhos políticos.
Enquanto no enunciado religioso nada ainda foi provado o mesmo não se pode dizer do enunciado tão querido à Odete e seus jovens discípulos: sabe-se, de fonte viva, que onde o sonho comunista se estabeleceu baniu todas as liberdades incluindo a de pensar e sonhar alto.


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segunda-feira, dezembro 01, 2008

JOÃO BARRA BEXIGA , A HOMENAGEM


O MOMENTO DA ARTE
As coisas grandes são grandes pelo sentimento do merecido, do justo, do belo que nos despertam e tomam a nossa consciência de assalto ocupando-a integral e exclusivamente por momentos que ficam inesquecíveis. O grande é grande não por ser monstruoso mas quando o homem comum, fazedor de coisas normais, sentindo-se ele próprio, conscientemente, pequeno perante a sua constatação do que é belamente grande, se torna admirador assumido racional e sentidamente, do Homem capaz dessa grandeza criadora do maravilhoso gerado na alma e nascida pela mão do Artista. Uma alta montanha é grande pela impressão grandiosa transmitida pela beleza criativa da mãe Natureza, uma escultura, uma pintura, um poema, uma música é grande pela grandeza da impressão que nos transmite a beleza criativa do Artista e que lhe guia a mão.

Na festa do dia 29, no Teatro da Figuras em Faro, de homenagem ao Homem João Barra Bexiga e à sua Obra de compositor de música para acordeão, aconteceu um momento raro de comunhão de sentimentos entre público e homenageado: uma beleza grande, logo um momento inesquecível. Foi uma verdadeira celebração em honra do Homem simples, auto-didata criador duma Obra notável reconhecida por entendidos e não entendidos. Os entendidos reconhecem pela pauta musical, pela composição, pela técnica e pela harmonia, os não entendidos sabem que aqueles sons representam emoções, paixões, impressões, sentimentos, elevados estados de alma inspiradores que eles conheceram ao longo da vida do Artista.

Um momento houve que consagra um Artista, aquele visto através de um filme que mostra o Mestre tocando numa taberna com copos sobre as mesas e gente simple à volta. Num local onde normalmente a conversa e o ruido abafa qualquer outro som, todos escutavam estáticos, num silêncio total submisso e atencioso virados para o Mestre, como que comungando com ele as emoções e sentimentos originais que inspiraram a música que ouviam, sentiam e através da qual se identificavam consubstancialmente com o seu criador. Foi um momento de impacto total entre Arte e o seu efeito, foi um momento hipnótico. Foi O Momento da Arte.

Tudo bonito com um senão: o Mestre João Barra Bexiga devia ter sido chamado ao centro do palco, ele unicamente e só, para receber a ovação merecida por ele mesmo e valor próprio, que não precisa de muletas.

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