sábado, janeiro 31, 2009

ESTRADA MUNICIPAL 520


"SEM ABRIGO" ROTA E ESFARRAPADA ESTENDIDA DE FARO AOS GORJÕES.
Depois das chuvadas do fim-de-semana, como de costume, a EM 520 já de sí fortemente esburacada e às lascas nas bermas, de ponta a ponta, nas zonas de ladeira onde faz de ribeiro ou nas zonas planas onde faz de lago, a buracaria multiplicou-se e ampliou-se.
Na 2ª feira, na zona de Mata Lobos, caí num buraco com paredes em fio de navalha que me abriu dois rasgos paralelos, de fora a dentro, num pneu. O Jorge Seruca, depois do nosso combate de raqueta e bolinha amarela, que ganha sempre recorrendo a exímias tácticas de defesa e contra-ataque de pés e asas de geometria variável, aplicadas inteligentemente sem dó, ajudou-me na montagem do pneu suplente para poder regressar a casa. À tarde, na casa dos pneus, soube do resultado: duas navalhadas profundas e forte esfacelamento na jante. Mezinha: um pneu novo.
Na 5ª feira seguinte, indo para o encontro de gramar novo "match point" com o Seruca, cruzei-me, ainda no Patacão, com uma brigada ligeira a tapar buracos à pásada de betume a passo de CM(Caracol Manco). Daquela forma, método e ritmo, a abertura de novos buracos será certamente mais rápida que o tapamento deles. Assim, como desde sempre, os buracos da nossa estrada, tornaram-se figuras quixotescas, invencíveis. Temos assim, inapelavelmente, de conviver à força com a buracaria, e há quem diga que evita excesso de velocidade e acidentes, contudo uma condução mais preocupada com buracos que com o trânsito ainda é mais perigosa e custosa. E o correto era poder-se viajar rápido e em segurança, como mandam as regras da Europa onde, afinal, entrámos mas não estamos.
Diz-se das alegres "Charolas", e estas cantam-no imparávelmente, que são uma forte e genuína tradição antiga da nossa Freguesia. É verdade, mas não são, de facto, a maior e mais antiga tradição deste sítio mal-amado-tratado do Barrocal. Essa façanha pertence à longevidade secular do tratamento de abandono que a Cidade deu ao Campo, mormente no que se refere a esta estrada, estendida de Faro aos Gorjões, tal qual um "sem abrigo" roto e esfarrapado.

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quinta-feira, janeiro 29, 2009

MARAFAÇÕES LXVII


FUTEBOLISMO
Abri a TV e de repente dou de caras com Santos, o afofadinho, aquele que tem sempre, depois de alertar o povo para uma coisa importante, outra e outra e outra coisa importante, ou mais importante ainda, a comunicar aos portugueses.
No seu padrão de compostura a afofar-se cuidadosamente sobre o assento como pardal no galho, enfrentando olho no olho a câmara, ouvi o dito importante dizer esta importância acerca de futebolismo português:
"... é sempre assim, em Portugal sempre foi assim e agora volta a ser outra vez".
Fuji destas declamadas importâncias como coelho de furão.


VACALIDADES
Depois do Bloco inspeccionar a situação das vacas colocadas na Praça de Espanha e concluir que o seu estado de prisão, mal-estar e stress, correspondia a uma completa violação dos direitos das vacas, não pude deixar de pensar num novo caso "Guantánamo".
Espero que, logo que as vacas sejam libertadas, o Bloco exija um tempo de quarentena adequado à recuperação física e mental das ditas e sobretudo não descuide os cuidados de acompanhamento do imprescindível psiquiatra.


ATM NOS TRIBUNAIS
É um facto que cada vez mais gente licenciada, professores, doutores, gestores e outros muito escolarmente letrados, acorrem alegremente aos concertos de música pimba, idiotizam-se horas e horas frente às telenovelas de falsa intriga agressivo-melosa, não lêem ou quse, um único livro em toda a vida, de conteúdo educatico literário, filosófico ou científico, nem jornais além de tablóides de escandalos e fofocas políticas, futebolísticas ou males de facadas e amores.
Tudo, ou quase tudo, em Portugal se apimbalhou. A pimbalhice atingiu a maioria dos portugueses, via TV especialmente e outros meios, e já atinge toda a classe média e também muita da média-alta.
Assim não é de admirar que se equipare e coloque ao mesmo nível de serviço cívico, tribunais e supermescados, a casa guardiã da Lei e a casa venda de mercearias, a justiça e a hortaliça. Porque os que deviam velar pela dignidade da justiça também já se deixaram levar pelos ideais pimba de considerar que colocar caixas multibanco nos tribunais corresponde a elevar a democracia e a cidadania das pessoas.
Havendo na tesouraria dos tribunais terminais de pagamento por cartão multibanco para que raio são precisas caixas atm nos átrios dos tribunais. Só se fôr para chamariz dos assaltantes e deste modo garantir a clientela e a venda da produção própria dos tribunais, como está a acontecer.

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terça-feira, janeiro 27, 2009

MODOS DE ACREDITAR

OU NÃO
No "Abrupto", post "Índice do Situacionismo (13)" Pacheco Pereira confessa o seu venenoso táctico anti-sócratismo, tratando subreptícia e subjacentemente o PM por mentiroso profissional, quando afirma que "...desde o caso do diploma e das casas, que não acredito na sua palavra".
Mas:
- Acreditou piamente no Bush (Durão Barroso), àcerca da existência de armas de destruição maçica no Iraque.
- Acredita que o caso Obama, pelos sinais, não passa de propaganda e espectáculo, sem mais.
- Acredita ainda na bondade da política de Bush e elogia-o na hora da abalada.
- Não acreditou no Santana Lopes, e por tal rejeitou o lugar de embaixador na Unesco, que Durão Barroso lhe destinara, reservara e nomeara.
- Acreditou em Ferreira leite porque esta não acreditara em Santana Lopes.
- Nao acredita em Santana Lopes, por isso mudou de Concelho para não votar no dito.
- Acredita em Ferreira Leite, não obstante esta agora acreditar em Santana Lopes e não obstante ele continuar a não acreditar em Santana Lopes.
- Não acreditou na existência de "vacas loucas" em Portugal, e tentou desacreditar o facto, enxovalhando ignóbilmente António Campos, quando este denunciou o caso em plena Assembleia da República.

Também a minha mulher, face à raiva impotente perante o enigma de haver cada vez maior número de casos de "Alzheimer" entre conhecidos e familiares, me responde sempre que acredita que tal doênça se deve, de certeza, ao abuso público de manter o mercado, escondidamente, infestado de carne de "vacas loucas". Penso que Pacheco P. nunca acreditará em tal, mas ela acredita. Acreditamos sempre naquilo que conforta mais a nossa dor.

domingo, janeiro 25, 2009

TRABALHO COMUNITÁRIO VOLUNTÁRIO



"AJUDADAS"
Ficou o mundo português pasmado quando viu o Presidente eleito dos USA, descontraído de pincel na mão, a pintar paredes em trabalhos para a comunidade. Uma coisa destas feita nos USA e ainda por cima ao nível supremo é um espanto, um nunca visto, um incrível, uma grandeza suprema. Uma coisa destas feita em Portugal seria ridícula, mesquinha e sobretudo propaganda manhosa. Contudo, era eu uma criança de bibe rachado atrás, e já frequentava as "Ajudadas", organizadas para realizar um trabalho voluntário "duro e custoso" em benefício de famílias pobres ou, outras vezes, para realizar um trabalho "leve e de festa" para famílias pequenas e médias proprietárias.
Das "Ajudadas" festivas eram típicas as "desfolhadas" de milho, noite fora, com o povo à roda da "meda" de maçarocas e ao som de cantigas de bailes de roda. Os homens bebiam, as mulheres cantavam, os moços-rapazes namoravam por olhares, toques e encostos de pernas, mas ninguém arredava da roda e do serviço enquanto na "meda" houvesse uma única maçaroca sem bagos rosados a brilhar à luz do petróleo. Outro tipo de "Ajudada" festiva dava-se na ceifa mas especialmente na debulha. No tempo da debulha do trigo, vizinhos e outros, "tiravam um dia" e punham os animais para ir ajudar, na eira "posta em comum", à debulha do pequeno "roleiro" de molhos do modesto proprietário não auto-subsistente, ceifados de "dois pedaçitos" de terra. Esta era uma "Ajudada" especialmente festiva para os moços-miúdos que se juntavam e brincavam perdida e inesquecivelmente por entre os molhos de trigo e os montes de palha.
As "Ajudadas" de trabalhos duros e custosos reuniam os mais capazes, fortes e robustos do povo, para suportarem sem parar, um dia de esforço contínuo no carrego, transporte e manipulação de cargas de "derrear" possantes quanto mais fraquezas. Eram típicas destas "Ajudadas", os domingos ou feriados "tirados" para ajudar na construção da casa de um casal modesto mas bem visto e respeitado no lugar, muito especialmente quando se tratava do "arranque" ou "fecho" da casa habitação própria. Mais tarde esta "Ajudada" de fecho de casa, passou a realizar-se para quando se preparava cuidada e demoradamente o fecho da cobertura da casa por meio da "placa" de ferro e cimento. Preparada e escorada a cofragem, antes do romper do Sol os homens da "massa" arrancavam com as pás de areia e cimento, outros com as forquilhas de pedra britada e outros com baldes de água, tudo atirado umas sobre as outras e rápidamente o conjunto revolvido e revolteado várias vezes, com destreza e força bruta, ganhava a forma dum monte de argamassa de betão. De seguida os homens do "sarilho" baixavam o gancho e os homens dos baldes entravam em acção; cá em baixo uns enchiam baldes que levavam ao gancho, lá em cima outros tiravam do gancho e carregavam os baldes enormes cheios, de fazer ranger ossos, até aos pedreiros que iam compondo a massa e dando forma à placa.
Qual cadeia de montagem chaplinesca, mais que isso trabalhava-se ao ritmo de corrida aos sprints que se repetiam circularmente, sem parar horas e horas, até que os pedreiros dessem por concluida a placa. Quase sempre, este trabalho doloroso mas feito com gosto e abnegadamente, durava de sol a sol, com intervalo para almoço que o dono da casa oferecia, fartamente, a todos os participantes na boa causa da "Ajudada". Após a limpeza dos restos e das ferramentas, os próprios homens cobertos de poeira dos materiais, amassada com suor, mais pareciam estatuária feita de blocos de betão que propriamente figuras humanas. Uma última ida ao bidom da água para uma lavação de mãos com esfrega da cara, cabeça, braços e tronco, deixava-os preparados para a grande ceia. Para celebar a dádiva do desgastante esforço ofertado, havia a mesa da ceia comum posta com fartura de carne pão e vinho, para uma merecidamente ganha comunhão de alegria partilhada ao vivo na hora, e sobretudo no reforço de uma unidade social comum e de um forte sentimento bom de pertença a uma comunidade com sentido de entreajuda entre sí e dada a valores generosos, referênciais duma consciência comunitária com identidade em tradições genuínas próprias. Também as mulheres e filhos garotos participavam da mesa da ceia final comungando da alegria geral, contributo valioso para o fomento e criação de laços de amizade e fraternidade de ambiente familiar. E assim um povoado se tornava um povo.

Obama, talvez interpretando os sinais dos tempos que correm, de sentido com regresso ao real, à terra chão, o seu apelo aos concidadãos para revisitarem a recém-história dos actos de heroísmo e liberdade dos pais fundadores e o gesto de trabalho comunitário voluntário, estarão carregados de simbolismo para o regresso ao bem-estar e prosperidade dentro da iniludível condição humana natural, não artificial. O regresso aos velhos valores e costumes saudáveis de progresso sem ansiedades, com base humanista, sem processos de dolonia.

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

TÉNIS NA TV

À PORTUGUESA
Há pouco, num jogo de ténis actualmente em disputa na Austrália, o falacioso Bernardo Mota deu o exemplo perfeito do comentador à portuguesa. Ele, enquanto decorre o jogo, vai tecendo uma fábula de invenções dos mais variados atributos ganhadores e de invencibilidade àcerca do jogador mais qualificado ou que está a ganhar, mas logo de enfiada, se o jogo vira e o adversário começa a superiorizar-se, começa a mesma ladainha apologética, agora em sentido contrário ao anterior. E leva o jogo todo, enquanto dura, nesta pancada elogiosa em vai-vem, tal qual a bola de ténis muda de direcção em cada pancada.
Mas a melhor ainda foi aquela, quando um jogador fez um forte e colocado primeiro serviço e o BM afirmou logo: com este serviço já ganhou meio ponto. O aversário respondeu dentro do court, equilibrou o jogo e acabou por vencer a jogada. Contudo, para os portugueses, apenas ganhou meio ponto porque o outro meio já fora atribuido ao adversário pelo serviço, segundo BM, o impagável.

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terça-feira, janeiro 20, 2009

OBAMA, DISCURSO


FRACOTE PARA PORTUGUÊS
Mal o homem acabara o seu discurso, já haviam comentadores a botar palavra sobre o fraco discurso proferido. Afinal o homem não fizera um relatório forte, farto e incisívo de promessas para os próximos tempos, quiçá para todo o mandato.
É o gosto da "política à portuguesa": ter em bloco-de-notas o relambório de promessas do eleito para, dia a dia ir escrutinando uma a uma, fulanizadamente, a conta-corrente do político paga-não-paga-promessas. Face ao discurso, aglutinador de unidade pela referência à história dos passos fundacionais do país, e de largo espectro incluindo as grandes linhas e princípios fundamentais para balizar a futura actuação dos agentes políticos operacionais, os comentadores portuguezinhos ficaram apardaladamente defraudados, e sem capacidade de crítica, "sem comentário" à falta de dados concretos (promessas). Sem comentário porque não entendem um discurso sem afirmações categóricas explícitas, então o seu comentario é comentar que o discurso ficou àquem do que esperavam; fracote. Mas o verdadeiro problema desta gente foi o facto do discurso ter ido para àlem do seus triviais e limitados entendimentos.

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ALGARVE MILENÁRIO E MORIBUNDO


A ÚLTIMA ROSA




AS PRIMEIRAS FLORES DESTE ANO DAS MILENÁRIAS AMENDOEIRAS ALGARVIAS











O VASTO AMENDOEIRAL QUE JÁ FOI UMA DAS MAIS IMPORTANTES RIQUEZAS DO ALGAVE ASSIM COMO A SUA FLORAÇÃO FOI UMAS DAS SUAS BELEZAS NATURAIS MAIS CARACAERISTICAS CONHECIDAS E APRECIADAS, ESTÁ AO ABANDONO E MORIBUNDO. NENHUM PODER REGIONAL CUIDA DA LENTA E CONTÍNUA AGONIA DA AMENDOEIRA ALGARVIA. OBCECADOS QUE ANDAM ATRÁS DO CRESCIMENTO TURÍSTCO, SEMPRE À PROCURA DE O DINAMIZAR A TODO O CUSTO E À CUSTA DE TUDO, DEITARAM AO DESPREZO ESTA RIQUEZA REGIONAL ÚNICA.

MAS A MARAVILHA NATUREZA NUNCA PÁRA, COM A ÚLTIMA ROSA VOLTARAM AS MILENARES AMENDOEIRAS, QUE MESMO VELHAS E ABANDONADAS, CONTINUAM ALTIVAS E RESISTENTES TODOS OS ANOS, A VIR DAR NOTÍCIAS DO SEU NOIVADO COM O BARROCAL ALGARVIO.

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segunda-feira, janeiro 19, 2009

A DIREITA TORTA

O mexido e sempre-em-pé vigilante e arrebitado Dr. Paulo Portas e o seu partido, nos casos de polícia de rua, quer os delinquentes, vigaristas, assaltantes e mal-feitores sempre na prisão condenados e os polícias sempre ilibados. No caso BPN, esquece-se da mal-feitoria e dos mal-feitores, conhecidos e apanhados, para acusar sobretudo o vigilante porque não apanhou os vígaros em flagrante.
Querendo-se guiar por uma rígida direita, vamos lá saber porquê, entorta para um lado e outro caso a caso.

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sábado, janeiro 17, 2009

UMA HISTÓRIA GORJONENSE III


"SERVIR" NAS HORTAS
Tinha ainda oito anos quando o pai, fugido de França onde tinha outra mulher e filhos, voltou a casa e logo começou a bater nos filhos "moços". O Virgílio, que não tinha conhecido o pai, não gostou do estranho que mal aparecido começara a distribuir "lenha" sobre ele e os irmãos. Não suportava tal tratamento e resolveu tratar da vida por conta própria.
Pôs uma saca às costas com pedaços de pão seco e umas roupas remendadas e meteu-se a pé, a caminho das "Hortas de Faro", onde ouvira falar de "moços" como os da Tia Iria Cavalinha e os Borralho Saltão, que por lá andavam e histórias de outros que se fizeram homens falados pelo seu valor no duro trabalho nas terras de regadio. Nesse tempo haviam muitos vendedores de peixe em bicicleta a pedal, aqui dos Gorjões, chamados os "arreeiros" que iam carregar a Olhão, Quarteita e muitas vezes até em Portimão. Um deles, vendo-o na estrada sózinho, indagou-o e sabendo da sua intenção de "servir" nas hortas, recomendou-lhe uma horta no Rio Seco que precisava de um "moço" para tratar do gado e explicou-lhe o caminho para lá.
Encarregaram-no de dar comida ao gado e tratar das cabanas, vinte quatro horas por dia, a troco de comida, dormida e roupa lavada e remendada. Poucos dias depois passou o seu nono aniversário a tratar manjedouras e cabanas limpando o estrume e fazendo a cama dos animais com palha nova. Era bem tratado pelos donos da horta, as "jantaradas" eram fartas, tinham tanta carne e chouriço como ossos, e dormia numa casa ao lado das cabanas onde não chovia e era quentinha com a ajuda dos animais. Também não faltava a tarimba de palha e mantas de feira onde dormia e descansava nas horas vagas. Rebentara a Guerra e ele ouvia as pessoas falar baixinho sem perceber porquê, o que lhe fazia confusão e metia medo. Contudo, no sossego da sua tarimba, deu em pensar que nunca tinha dinheiro seu para comprar uma guloseira que espreitava na "venda" próxima, onde às vezes o mandavam fazer os "avios" da casa. Andava nesta matutação há meses quando veio para a horta um filho dos donos, moço mais velho e já taludo, que além de o gozar maldosamente começou a bater-lhe a doer por tudo e por nada. Voltou a pensar no pai a quem não consentiu que lhe batesse, e era pai, e agora um aldiaga desconhecido batia-lhe outra vez sem razão.
Ainda não haviam passados dois anos, voltou a falar com o Tio Zé Cuco, o tal arreeiro que já o ajudara antes, contou-lhe que andava descontente e queria mudar de casa de servir. Foi-lhe indicado uma horta de Mar e Guerra, onde uma dona de horta, sua cliente, procurava um moço de servir. Despediu-se dos patrões do Rio Seco, com desgosto destes, e abalou saca às costas, pela "Caldeira do Neto", à procura da tal horta em Mar e Guerra. Mais experiente, disse que donde vinha ganhava, além do habitual, cem escudos por mês e pediu cento e cinquenta para ficar. Ficou a ajudar na lavoura, nas plantações hortículas e sobretudo na rega do milho e continuava a tratar dos animais e cabanas. A senhora dona da horta gostava do seu trabalho e tratava-o bem e ele fazia tudo para que gostassem dele, trabalhando sempre mais e melhor. Ao fim de dois anos passaram a dar-lhe duzentos escudos mensais e ainda podia criar pessoalmente dois borregos dos quais um era para ele. Passados outros dois anos, com catorze anos sentia-se um homem ou, pelo menos fazia o trabalho dum homem, e contudo continuava nas mesmas condições. Entretanto, valha-lhe isso, tinha-lhe passado ao lado, como ecos em surdina, o problema da Guerra, do "racionamento" e da fome que houvera por todo o país, e na casa dos pais os irmãos sentiram.
Na idade da irreverência, um dia depois de receber, sem dizer nada, pegou de novo na saca e no seu borrego às costas e fez-se à estrada à procura de nova horta onde servir. Pelo caminho foi acusado de ter roubado o borrego e refugiou-se numa casa em Mata Lobos. Contou a sua vida dura tão aflito e fielmente à gente boa daquela casa que os próprios lhe deram trabalho de servir na sua horta. Aqui permaneceu, sempre como moço de servir e fazendo todo o tipo de trabalho com animais, varas, lavrar, plantar ou regar, mais cerca de quatro anos quando soube da morte do pai.
Em Mata Lobos contactava com os "arreeiros" que lhe davam notícias dos Gorjões acerca da família e especialmente da mâe, a Tia Furgena, e dos irmãos de quem começara a ter saudades. Também tinha saudades dos matos e caminhos de pedra onde brincara e atravessara quando andou dois anos na escola oficial. Voltou a pegar na velha saca, no borrego e nos magros haveres que possuia, e regressou à casa familiar recebido com alegria pela Mãe e irmãos. Estava um homem forte e capaz de experiência feito. Arranjou trabalho, de sol a sol, a servir de moço para todo o trabalho duro, na "Casa Pinta" dos Agostos. Tão bem serviu esforçada e cordialmente a contento, que lá ficou trabalhando durante dezoito anos ininterruptos.
Nos anos sessenta abalou, a "salto" e de saca outra vez às costas, para França. Sem perceber uma palavra de francês, sem visto de trabalho mem especialização no "bâtiment", sujeitou-se ao trabalho de pau e pica nas valas, buracos, túneis, caneiros e outros piores durante cerca de seis anos, até arranjar trabalho legalizado na refinaria de Lyon, como servente, onde serviu mais dezoito anos ininterruptos, sem arrependimentos ou desgostos de alma.
A sua escola não foi de aprender de carteira e caneta servido por professor mas sim de auto-didacta a servir os donos da terra de enxada e forquilha. Com a mulher de mal incurável, voltou ao sítio e vive cá, viuvo, há dezoito anos, da suada mas seca reforma francesa, na casa com meio hectar de terra que comprou com as poupanças de emigrante, por entre toda a espécie de animais domésticos e os inevitáveis dois borregos que cria cuidadosa e carinhosamente todos os anos.

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sexta-feira, janeiro 16, 2009

RESIGNADA OU RISCADA


As entrevistas de Manuela Ferreira Leite continuam a demonstrar uma senhora sem o mínimo jeito para líder de um partido de governo e muito menos para primeiro ministro que requer outra pedalada, que não aquela cujo pé está sempre a resvalar do pedal. Mais uma vez foi notóriamente perceptível que não tem uma ideia estudada, estruturada sobre qualquer medida tomada ou a tomar como governo, quanto mais sobre um programa completo de governação. Dá a nítida sensação que atira números ao calhar, risca obras ao calhar, nomeia candidatos ao calhar, afirma irresponsabilidades ao calhar e diz que previu e acertou em tudo o que se vai passando sem nunca ninguém ter ouvido ou feito caso. Se calhar porque também, já todos, lhe ouvimos dizer exactamente o contrário do que diz agora, ao calhar do tempo.
Mas na entrevista, a sua saída mais airosa, é precisamente a sua confissão de resignação: o elogio e integração dos "passos" políticos pessoais de Passos Coelho na sua campanha política. Foi como que uma preparação para a passagem de testemunho para alguém em quem, ela ainda acredita, embora que residualmente, possa devolver o partido à glória perdida. Foi o momento da sua rendição política.
Está provado que o Pacheco Pereira, que põe honra engenho e arte de palavra e escrita para tentar ressaltar algo da rasteira banalidade, também ele não tem o mais pequeno faro político para detectar líderes que o mereçam. É altura de ser ele próprio a pôr em prática o seu elevado pensamento político.

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quinta-feira, janeiro 15, 2009

VENTOINHAS


JORNALISMO VENTOINHA
Esta senhora pá de ventoinha aqui acima, que tem cara de avó e por conseguinte já tem idade para ter juizo, ainda acerca da entrevista do PM na Sic, disse no "público" de sábado passado que "Desta vez, os jornalistas tentaram fazer o primeiro-ministro dançar de forma diferente".
É uma imagem que reporta a memória para os filmes de cow-boys spaguetti, quando o pistoleiro profissional faz o bandido dançar (pular, saltar, rodopiar) ao ritmo dos tiros para os pés. Infelizmente é este o entendimento, hoje em dia, que os jornalistas têm do que é entrevistar um político e pior se se trata dum governante, e pior ainda se se trata do PM do país. A verdade é aquela que o jornalista tomou para sí previamente, democráticamente sózinho no seu gabinete. E porque não estudou outras matérias além das que leva "fisgadas", ou o fez superficialmente (caso normal), atira bujardas para o ar que denunciam a alarvidade da ignorância, tal como: quando na entrevista o PM explicava a vantagem da energia dos aero-geradores para diminuir, estruturalmente, o defíce da dívida pública com importação de petróleo, o jornalista calou terminantemente o interlocutor proibindo-o de falar mais de ventoinhas. Isso mesmo ventoinhas.
Conclusão, Ricardo Costa e São José Almeida, a mesma ventoinha.

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FARO MAROSCA


Francisco Louçã, quer no Parlamento, quer em conferências de imprensa, quer em deçlarações a vulso sobre as medidas do governo, tem sempre um alerta para o povo, sob aquele seu sorriso de mestre-escola pio repeensivo, denunciando em cada medida proposta a respectiva "marosca" implícita. Para FL mãos puras (não toca com um dedo na política suja), não há política sem imoralidade, logo também não pode haver medida política sem "marosca". Ele detecta-as todas pelo seu inato faro marosca.
E por acaso, tal como o seu camarada bloquista Fazenda, já detectou onde está a "marosca" do affair Alegre?

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segunda-feira, janeiro 12, 2009

O MAIS IMPORTANTE


"O CASO" DE VITAL MOREIRA
Como muito bem identificou Manoel de Oliveira no filme "O Meu Caso", o "nosso" caso é sempre o mais premente, o mais urgente, o mais importante. Vital Moreira apenas porque a PT (TMN) não o atendeu convenientemente sobre um pequeno problema de comunicação que tinha no seu telemóvel, redigiu um post em jeito de carta aberta no seu blog chamado "Livro de Reclamações" que protesta contra a falta do serviço, de seu olheiro, da: ANACOM e associações de defeza dos consumidores.
Mas pior ainda, não perde tempo a ameaçar com a suspensão do contrato de telefonia móvel com a TMN porque, segundo afirma "felizmente há alternativas", e não perde ocasião para lembrar outra situação semelhante passada em que cortou com a PT a prestação de serviço de telefonia fixa. Por fim avisa para algum "responsável da TMN" que leia o seu protesto que "tome boa nota" do caso. Esta do pedido ao "Responsável da TMN que tome boa nota", configura obviamente pôr-se numa posição acima de qualquer cliente normal, ou seja numa qualidade superior ao simples povo cliente da PT.
Perante esta ninharia de importância que afectou o seu bem-estar e conforto de comunicar na hora por algum tempo, logo VM se insurge veementemente como se de uma coisa de lesa-majestade se tratasse e invoca os "direitos dos utentes". Tratando-se de uma situação sua, do "meu caso", tornou-se imediatamente indesculpável. Se o caso fôr dos outros, bem, aí haverá sempre um tempo para meditar na coisa e arranjar uma racional explicação moral conveniente, como no caso dos conflitos e guerras passadas ou presentes que não batem à nossa porta com morteiros, obuses e rockets.
Tal como na antiga escola se castigavam os alunos que davam erro em determinada palavra, VM deveria ser obrigado a ver cem vezes o filme "O meu Caso", ou até entender profundamente a metáfora contida no seu discurso cinematográfico.


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sábado, janeiro 10, 2009

CORRUPÇÃO


CONCURSOS, CÂMARAS, CORRUPÇÃO, FINGIMENTO.
Vai por aí uma alta ladainha, outra vez, contra a corrupção a propósito da possível lei, provisória para este período de crise, que permite adjudicações por ajuste directo. Opinadores empoleirados fazem prognósticos de fé que a corrupção vai explodir nas Câmaras. E porque vai ser assim? Porque, explicam prenhes de convicção, se é certo haver corrupção nas Cãmaras, então estas, com tal lei na mão, farão disparar corrupção por todos os lados conhecidos e amigos. Se se pergunta porque são corruptas as Câmaras e como o são, apontam os exemplos de Felgueiras, Oeiras, Gondomar, Marco Canavezes e pouco mais em centenas de Câmaras. Portanto de uns quantos casos, que por sinal estão sob investigação da justiça, deduzem automáticamente que Câmara é sinónimo de corrupção.
Esta portuguezinha mentalidade é também um dos motivos do nosso atraso sócio-económico, cultural, etc. O nosso mesquinho raciocínio é levado logo a concluir que se uns são, então são todos e desta certeza imaginada passamos a desconfiar todos uns dos outros, e depois a ser afirmativos e acusadores inexoráveis. Por outro lado, este modo de ver a corrupção nos outros é um bom alibi para a nossa consciência, ela própria altamente comprometida no alastrar do fenómeno. Nas últimas eleições, um licenciado meu conhecido morador em Oeiras, afirmou-me perentoriamente ir votar no Isaltino porque, embora pudesse ser corrupto tinha obra feita, engrandecera e orgulhava o Concelho. Foi na base de tal "conceito" moral de "corrupção boa" que o Isaltino, a Fátima e o Major, mesmo contra os partidos ganharam as eleições. E são grande parte deste tipo de eleitores, que fazem jogos mentais de conveniência contra a ética e a moral política, os mais exaltados quando se pronunciam sobre qualquer caso de corrupção.
Outra consequência deste pensar mesquinho português é também o facto de promover a idéia da imutabilidade do carácter ético e social das pessoas, e por consequência a imutabilidade do seu comportamento. Nem a mudança das condições de vida das pessoas, nem as leis, nem a justiça, nem a malha do escrutínio público cada vez mais apertada, nem o desenvolvimento tecnico-científico, nem novas concepções mais elevadas e ricas socialmente, nenhuma mudança de circunstâncias, nem a mudança de gerações, nada faz alterar o pensamento unicórneo que um dia, há muito tempo, formou a mente do português. Não é por acaso que gostamos e admiramos muito a "coerência" dos casmurros que não mudam um milímetro o seu ponto de vista mesmo quando o mundo já mudou anos-luz de forma, conteúdo e perspectiva. Deste modo, pensa-se a corrupção como uma pele indespegável da condição humana portuguesa e inerente à nossa própria existência, e jamais como uma condição social susceptível de aperfeiçoamento e melhoramento.
Assim os autarcas, qual pecado original, em Portugal serão sempre apontados como únicos culpados genéticamente corruptos, contudo continuam sendo eleitos sucessivamente pelos emocional e exaltadamente não corruptos e portanto éticamente puros. Um paradoxo só compreensível pelo refinado e alto grau de fingimento da maneira de ser português adquirido ao longo de séculos de decepções de grandezas históricas falhadas.

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quinta-feira, janeiro 08, 2009

VIRILIDADE JORNALÍSTICA II



NO FEMININO
Lembram-se quando o "Independente" de Inês Serras Lopes apresentou um sósia de Carlos Cruz para despistar as culpas deste junto do tribunal onde era defendido, e é ainda, pelo paizinho no processo Casa Pia?.
Pois agora, o Tribunal da Relação de Lisboa, acaba de condenar a jornalesca Inês por "favorecimento pessoal" e por querer "frustrar e iludir" a investigação das autoridades judiciárias afim de evitar a prisão preventiva e qualquer pena ao cliente do papá. O TRL revoga uma decisão tomada em 2007 dado que aquela não estava "devidamente fundamentada nem de facto, nem de direito" e que havia " erro notório na apreciação da prova".
Onde é que eu já ouvi falar anteriormente em "erro notório"?. Parece que alguma coisa mexe na justiça e já nem os jornalistas canhestros com papás importantes no meio conseguem tapar claras desonestidades. Contudo, preocupante, é que esta basta e avantajada jornalista inventona, continua a aparecer, toda descontraída, como comentadora em mesas de opinião política da Sic. E dá-se ao luxo de opinar sobre a veracidade da palavra dos outros, da forma e conteúdo do discurso dos políticos e sobre o que é ou não propaganda dos governantes.
Mas, ainda o mais cómico, é quando a senhora dá em prever estratégias altamente imaginativas sobre as intenções dos políticos. Pela habilidade que demonstrou no caso agora tirado a limpo, massa e imaginação não lhe falta. Falta-lhe o mais importante, ser inteligente para ser séria.

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terça-feira, janeiro 06, 2009

VIRILIDADE JORNALÍSTICA

Já tinha reparado que Ricardo Costa da Sic no Expresso da Meia Noite não faz papel de jornalista mas de mais um comentador opinador impositivo ao estilo vivaço.
Ontem na entrevista ao PM, mais ainda, mostrou quanta necessidade tem de estar na pele de prima-dona da política ao ponto de ele próprio querer impôr ao entrevistado conclusões e juizos de valor políticos próprios.
E opunha-se, vivaçamente com argumentos de tasca, como "... aposto que o Tribunal Constitucional vai chumbar". Outro argumento de peso para contradizer o entrevistado foi buscá-lo aos argumentos habituais sobre sondagens, "... estudos há para todos os gostos", sobre um estudo custo-benefício feito pela Universidade de Coimbra. Ainda abusou da fórmula (epidémica do jornalismo português) que é, "Você disse e, ...Você afirmou e...", que só revelam uma superficial preparação para argumentar uma política governativa.
No fundo RC tinha uma preocupação pré-determinada e obstinada, mostrar que ali na sua Sic ninguém nem o PM o bate em matéria de política. E quando um jornalista se preocupa mais com a sua imagem de virilidade jornalística que em estudar os assuntos para colocar questões pertinentes aos governantes, mal vai o jornalismo e mal vai a política.

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segunda-feira, janeiro 05, 2009

GUERRA QUENTE OUTRA VEZ


AGORA O MARTÍRIO VEM DO INIMIGO
Custa escrever sobre guerra a quente despejando toneladas de bombas e televisões despejando quilómetros de imagens de feridos mortos e casas destruidas. Custa-me a mim pessoalmente que fui envolvido numa guerra durante mais de dois anos, contra vontade. Foi há quarenta e sete anos mas ainda hoje dói o coração lembrar que falamos sobre o futuro com um camarada e, horas depois, de repente, uma bala fura-lhe a cabeça por onde escorrem os sonhos o cérebro e a vida sobre a picada. E custa saber também, hoje em dia, que essa guerra poderia ter sido evitada com outra clarividência política, ou melhor, com uma discussão política democrática sobre o ultramar e não com imposições ditaturiais.

E aqui reside o ponto desta guerra actual na Palestina: a questão da democracia e liberdade contra a ditadura religiosa intolerante, inflexível, extremista. É renconhecido, desde os tempos do primeiro testamento bíblico, o direito de ambos os povos àqueles territórios. Se assim é têm obrigação de arranjar uma solução politico-social de coexistência e convivência pacífica. Se uma ou as duas partes não se esforçam empenhadamente nessa solução, ou é imposta à força de fora ou resolve-se pela força entre os contendores. E tudo indica que é esta solução que ambas as partes persseguem, convencidos a curto prazo um, a longo prazo outro, que têm possibilidades de vencer aniquilando o adversário.

Mas esta guerra não tem batalhas, avanços e recuos de trincheiras e linhas da frente, é uma guerra total pela sobrevivência de cada povo, se a coisa der para o torto só o aniquilamento de um deles ditará o vencedor. Por isso custa a crer que os lideres, especialmente os do mais fraco militarmente, não tenham consciência que jogam a vida do seu próprio povo. E, puta maldição, eles sabem mas creem que quanto maior o martírio maior a glória e victória. Eles, a uns individualmente, ensinam que quanto mais quilos de trotil à cintura mais sangue e pedaços de carne espalham com agradecimento e recompensa divina, a outros colectivamente engordam para fazer deles, na hora certa, carne para canhão, sacrificando para obter favores do além propícios à victória. Sacrificiam os seus concidadãos aos seus desígnios político-religiosos terrenos e depois fingem chorar aos berros os mortos que sacrificaram e ostentam para conquistar simpatias alheias.

Pode o povo palestiniano obter simpatia e vir a constituir uma nação respeitada sem deixar de continuar a lutar pelos seus legítimos direitos mas, antes de mais, tem de libertar-se de regimes bárbaros fervendo de ódio a avanços culturais. Pode algum povo do mundo conviver com um vizinho que não só não aceita a sua existência como proclama, defende e aje no sentido da sua destruição e erradicação total; que é fanático-religioso dogmático, irredutível de crença redentora; que lapída quem tem a mais leve diferença de opinião relativamente à sua?
O sistema social mundialmente instalado só pode coexistir com gente deste mundo que dá primazia e baseia a vida no mundo existente e não numa promessa de um mundo pressuposto. Quem cria e quer obrigar outros a viver sob sistemas sociais que representam séculos de regressão civilizacional tem de confrontar-se com vontades opostas e sujeitar-se às consequências. Ensinar que o martírio é superior à vida, incentivá-lo e organizá-lo, e face à morte carpir aos berros sobre o sangue imolado no martírio é uma vigarice completa.







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